Capítulo 27
ALLAN
Já estava na terceira garrafa de cerveja e sentia meu corpo cada vez mais quente de raiva ao notar que Lian estava comendo Rebecca com os olhos. Ele nem disfarçava e ela estava claramente desconfortável, mas porque então estava com tanta pele exposta? Engoli um pouco da raiva pelo meu amigo, pois já tinha olhado pro mesmo decote diversas vezes depois que chegamos no bar. Não lembrava que aqueles peitos estavam pulando pra fora durante as aulas, ela com certeza tinha feito algo.
Quando vi Lian com o braço na cadeira dela e sussurrando em seu ouvido, não pude mais me segurar. Se ela estivesse gostando do flerte, eu não poderia fazer nada mesmo que quisesse muito, mas ela estava vermelha e rindo forçado. Como aquele imbecil não estava percebendo isso? Pensei até em chamar ele pro banheiro e lhe dar um aviso de que a menina não estava gostando, mas ele poderia achar que eu só estava com ciúmes, então quando vi Park levantar e chamar Leth pra dançar, em um impulso, fiz o mesmo.
— Quer dançar, Rebecca? — eu me levantei e estendi a mão para ela, vendo suas sobrancelhas ergueram de surpresa. Não só a dela, mas a da maioria ali que percebeu, o restante já estava longe de mais para notar qualquer coisa.
— Acho que sim — ela levantou e Lian foi obrigado a sair para ela passar, seu sorriso grande não estampava mais seu rosto.
Bom, muito bom.
Peguei Rebecca nos braços e tentamos nos mover no ritmo da música, mas foi péssimo, não sei qual de nós dois era pior nisso. Resolvi a conduzir para o meu lado do bar onde tinha menos espaço e estava mais cheio para que a nossa falta de sabedoria em dançar não fosse vista.
— Obrigada mesmo — ela disse perto do mim, o rosto baixo, parecia estar com vergonha. Ergui uma sobrancelha, será que ela tinha entendido que eu a estava salvando do olhar grotesco e ignorante do meu amigo?
— Não posso deixar de admitir que nós, homens, somos a pior raça — eu comentei, querendo fazê-la rir e tinha dado certo. Meu corpo voltou a esquentar muito e a senti bem com a proximidade dela.
— Homens das cavernas — ela brincou também e olhou pra mim, nossos olhos estavam atraídos um pro outro, sem conseguir desviar. Eu estava a poucos minutos de perder a cabeça e beijar aquela garota ali mesmo, f*da-se quem estivesse vendo.
Ela foi a primeira a desviar o olhar, mas sutilmente seu corpo encostou mais no meu, então me senti no direito de descer um pouco mais a mão das suas costas para a base de sua coluna. Meu dedo se prendeu no passador do cós de sua calça.
— Resolveu me ouvir e não se embebedar? — alfinetei.
— Já estava pensando em fazer isso antes de chegar aqui — ela teve que falar alto no meu ouvido e eu fiz o mesmo, roçando os lábios propositadamente em sua orelha. Pude jurar que senti seu coração bater mais rápido no meu peito.
— É bom, pra sua segurança — eu sorri para ela, que fez o mesmo.
— Queria perguntar algo, mas estou com vergonha — ela admitiu, eu sorria igual um idiota, se ela não falasse logo o que era, iria arrastá-la pra fora e a incurralar na parede até ela dizer.
— Não tem o porque, sou só eu.
— Aquele dia... sobre o chupão — só a menção do acontecido fez meu amigo acordar, achando que já estavam lhe chamando. — Fui eu?
Olhei bem em seu rosto antes de responder, ela não conseguiu me encarar, mas consegui ver suas bochechas mudarem de tom enquanto as luzes piscavam acima de nossas cabeças.
— Não se lembra mesmo? — resolvi perguntar, para vê-la ficar ainda mais tímida.
— Eu já falei que não.
— Sim, foi você — foi só o que disse, me segurei para não dizer pra ela que não precisava se preocupar, pois eu tinha gostado e muito.
— Não sei onde estava com a cabeça — ela abaixou o rosto de novo, mas sorria.
— Em nenhum lugar, estava bêbada, já disse que não precisa se martirizar por isso, mas... devo acrescentar que me sinto no direito de devolver o presente.
Pronto, fiz a garota quase passar mal de tossir, corar e tropeçar no meu pé, ela não parava de me pedir desculpas, com certeza aproveitando para fugir do assunto. A verdade é que eu queria levá-la de novo pro meu apartamento, sóbria, e mostrar que minha cama pode amanhecer bem mais desarrumada e seus cabelos também. No momento eu estava pouco me lixando que não queria mais me envolver com ela, porque a verdade era que eu queria e muito, só precisava entender se meu jeito era o mesmo de antes. Se só para me satisfazer ou se para trazer sentimentos antigos a tona também.
Ela ainda era a mesma. A mesma garota que despertava curiosidade em mim, mas agora despertava também meus mais safados desejos sexuais.
Para a minha sorte e sanidade mental, fomos interrompidos por Letícia. Eu podia amá-la ou odiá-la agora, pois Rebecca ainda não tinha me dado uma resposta. Decidi que ia pensar depois no que sentia no momento por minha prima que já agarrava minha companhia pela mão.
— Desculpa se estou interrompendo, mas nossa amiga está precisando de nós — Letícia não esperou minha resposta e saiu puxando Rebecca consigo, que olhava pra trás enquanto se afastava de mim.
Não pude fazer mais nada a não ser voltar pra mesa e perceber que não tinha mais nenhuma menina nela, pelo que fui informado, todas estavam no banheiro.
***
REBECCA
"Devo acrescentar que me sinto no direito de devolver o presente."
Allan tinha dito e era só nisso que eu conseguia pensar enquanto Leth e eu seguíamos para o banheiro feminino. Ele estava diferente mesmo, com palavras mais maduras, mais safado também. Me perguntava se ele queria isso mesmo, porque eu queria, e como queria!
Alcançamos o banheiro que estava cheio de meninas, umas duas delas eram desconhecidas e estavam se olhando no espelho, ignorando a crise logo atrás. Gabi chorava sem parar e assoava o nariz com um paninho. Mi-suk e Ana tentavam acalmá-la, sem sucesso.
— O que acontece? — eu quis saber, me aproximando das meninas com Leth.
— É o Biel, ele postou uma foto com uma garota com a legenda "sou feliz por ter encontrado você" — Leth respondeu, tentando falar baixo, mas Gabi ouviu e parece que chorou mais ainda.
— Caramba! Oh, Gabi, não fica assim — eu abracei ela, que me abraçou de volta.
— Ele podia ter me avisado, não estávamos bem, mas é horrível ter que ver algo assim sem estar esperando — Gabi chorava em meu ombro e as meninas faziam carinho em suas costas.
— Eu te entendo, amiga, pode chorar o quanto quiser.
— Verdade, amiga, faz bem. Mas depois vai ter que deixar a tristeza de lado e seguir em frente. Vamos beber muito! — Leth falou, para diminuir a tensão no banheiro.
— É desperdício chorar por homem com tanto p4u por aí que você pode sentar — a garota que estava se olhando no espelho falou pra Gabi, depois jogou o batom na bolsa e saiu com a outra.
— Nossa, que insensível — Mi-Suk comentou, eu concordei balançando a cabeça.
— Ela está certa, não sou mais virgem, por que eu ainda fico me segurando pra transar só com quem estou saindo? — Gabi comentou, secando as lágrimas, agora estava mais calma. Nós estávamos bobas com suas palavras, mas Letícia só ria. Eu nem sabia que ela já não era mais virgem.
— E essas caras, vocês ainda são virgem? — claro que Letícia ia querer saber, ela adorava por lenha na fogueira.
— Eu sou — Ana disse, rapidamente. Eu sabia que ela era, se não fosse ela teria me contato.
— Eu também — falei.
— E você, Japinha? — Leth mirou Mi-Suk, que era a nova integrante do nosso grupo.
— Não sou japonesa e nem sou mais virgem — ela riu e colocou a mão no rosto que estava corado.
— Pra que a vergonha, garota? É muito bom, vocês estão perdendo! — Leth disse olhando para Ana e pra mim.
— Menos papo e mais caça, meninas — Gabi retocava a maquiagem e fizemos o mesmo. Fiz um delineado gatinho e passei mais lápis de olho, depois voltamos pro bar. Já estava de noite e o local estava cheio, barulhento e com cheiro de maconha.
Nem voltamos pra mesa, as meninas pararam pra dançar e eu fiquei com elas, tentando imitar seus passos e a movimentação de seus corpos. Acho que estava dando certo, muitos caras vieram dançar, na verdade já estavam perto né, mas o pessoal que estava na mesa vieram também. O Ken começou a dançar com Gabi e o Park Bo-gum com Leth, o restante dos meninos deviam estar na mesa. Dançamos muito, até cansar o pé, depois voltamos pra mesa, vi que Allan me olhava com uma cara curiosa e Dylan estava com uma garota ao lado, falando em seu ouvido.
— Esse cheiro está me deixando tonta, acho que já vou embora — Mi-Suk disse, se referindo ao cheiro de drogas, estavam mesmo forte e deixando geral meio tontos. Então foi minha deixa, infelizmente não tive mais tempo com Allan e nós acenamos para eles quando fomos embora.
— Obrigada por me convidar pra dormir na sua casa — eu comentei quando entramos no Uber.
— Não precisa agradecer, gosto muito de todas vocês, são muito legais — ela sorriu pra mim.
— Você também é muito legal — eu sorri para ela. Eu já tinha avisado a minha avó e ela estava bem, disse que podia dormir na minha amiga.
Minha avó era muito boa, não me proibia as coisas, sabia que eu tinha que me divertir e aproveitar a idade. Tínhamos ido ao médico recentemente e ela estava ótima de acordo com os profissionais, se cuidando direitinho. Eu ficava preocupada com ela e me sentia mal por não dormir em casa e passar quase o dia todo fora, mas agora que fazia faculdade, minha mãe ou alguma tia minha estava sempre indo lá de dia cuidar da minha avó ou ver se ela estava precisando de algo. Isso era um alívio e me deixava mais tranquila.
Chegamos na casa de Mi-Suk, era em um lugar bonito, a casa dela também era muito show, todos estavam dormindo quando chegamos. Acho que ela tinha um irmãozinho, mãe e pai, que sabiam que eu dormiria com ela. O quarto dela era fofinho, a cama forrada de rosa e com vários ursinhos, na parede tinha pôsteres de vários coreanos bonitos e ela tinha várias revistas de mangá na mesa. Reparei que ela enfiou todos na gaveta quando viu que eu reparava, me senti invasiva.
— Fique a vontade, eu já estou com sono, então vou só tomar banho e dormir.
— Ah, eu também. Pode me dar algo para forrar no chão?
— Eu tenho um colchão atrás da porta, pode pegar ele e colocar ao lado da cama, vou pegar cobertas pra você.
Eu fiz o que ela disse, peguei o colchão leve enrolado atrás de sua porta e abri no chão, ela tinha subido em uma cadeira para pegar as roupas de cama em seu armário e depois me entregou
— Acho que minhas roupas de dormir vão ficar apertadas em você, porque sou pequena, mas vou ver alguma que seja mais folgada — ela foi verificar seu armário e voltou com um short e uma blusa verde, ficaria apertado mesmo, eu estava com umas gordurinhas a mais e ela era pequena e magrinha, mas serviria.
— Está ótimo, obrigada — eu peguei a roupa e fiquei parada.
— Pode tirar, não ficar com vergonha, somos mulheres. Tudo que você tem, eu tenho — ela sorriu e eu achei engraçado uma menininha tão doce falar assim.
Mas deixei a vergonha de lado e tirei minhas roupas, ficando com o conjunto vermelho, ela olhou meu corpo de cima a baixo.
— Você é linda, quem me dera um corpo desses!
— Como assim? Você é linda — será que ela estava de deboche? Ela realmente parecia ter uns 15 anos e era baixinha, mas quem não queria parecer mais nova?
— Ah, eu queria ser mais alta — ela também tirou as roupas, era toda magrinha e tipo corpo de adolescente, mas era muito bonita. — Posso tirar umas fotos suas?
— Minhas? Assim? — ergui a sobrancelhas.
— Sim! Eu amor tirar fotos, meu celular é bom, e você vai ver como é linda.
Bom, eu aceitei, estava precisando mesmo de algo para aumentar a minha alto estima, e se ela disse que era boa fotógrafa, não tinha porque não aceitar que ela me fotografasse. Colocamos música, porque ela disse que assim eu ia me soltar mais, ficamos rindo e brincando de fazer pose, eu tirei em pé com as mãos na cintura e sorrindo. Depois ela achou que seria legal eu sentar na cama e se posicionou para tirar a foto, cruzei as pernas, depois deitei de costas e depois tentei fazer uma pose sexy deitada de lado.
— Ficou linda, vamos ver! — ela me mostrou a foto, ficou combinando com o lençol claro dela, as fotos tinham ficado boas mesmo, me sinti um pouco melhor com meu corpo. Ela não era uma pressional, mas gostei das fotos e pedi para ela me mandar.
— Você é mesmo boa! — eu sorri.
— Obrigada — ela ficou tímida e desligou o som. — Vou tomar banho, você pode dormir se quiser.
— Vou tentar caçar o sono, boa noite.
Vesti as roupas que ela me emprestou, ficaram mesmo um pouco apertadas. Ela pegou suas roupas de dormir e foi para um banheiro que tinha em seu quarto, eu deitei na cama e fechei os olhos, o sono pesou meus olhos e dormi.
Palpites sobre tudo isso? Quero ver vocês tentarem adivinhar o que está acontecendo... kkkk
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