Capítulo 21
ALLAN
Na Coreia as coisas eram totalmente diferentes do Brasil, se lá eu achava que a galera bebia de mais, aqui era muito pior. Eles caíam dentro de seus ¹Soju sem pensar no amanhã, acabei adotando a prática, mas eu não era tão inabalável quantos eles, ficava bêbado rápido.
Certo dia, bebi com uns amigos após as aulas e cheguei em casa praticamente sendo carregado, por sorte não tinha ninguém em casa, os caras me deixaram lá e foram embora rindo e dizendo para eu me cuidar. Quando a campainha tocou após eu deitar no sofá, me lembrei que tinha aula com minha professorinha, fui abrir a porta todo sorridente. Nabi estava lá parada com sua bolsa e as bochechas coradas, parecia uma atriz porn* dos filmes que eu via, puxei ela pra dentro e a deixei surpresa.
— Está bêbado? — ela quis saber, em coreano. A essa altura eu estava muito familiarizado com o idioma, as vezes me fazia de bobo para ela não achar que já tinha que finalizar nossas aulas, apesar dela ter um cronograma.
— Não estou, Nabi — seu nome escorregou sedutoramente pelos meus lábios e me aproximei dela, ao passo que ela se afastou até estar encostado no sofá.
— Já sei o que pensa, mas temos que ter a aula do dia, sou uma profissional — ela falava séria, mas eu a conhecia agora e sabia que era fácil a persuadir.
— Vamos ter a aula, não essa — a empurrei gentilmente pro sofá, fazendo seus cabelos se espalharem pelas almofadas e sua bolsa cair no chão.
— Allan... — ela tentou me parar com as mãos, mas meu peito as empurrou pra baixo e minha boca tomou a sua em um beijo desajeitado e possessivo, eu estava muito bêbado mesmo.
Ela não me impediu, me deixou beijá-la e me enlouqueceu quando ficou ainda mais vermelha, suas mãos eram como seda no meu peito. As minhas passaram para a saia dela e sem serimonia alguma eu a levantei, me erguendo um pouco para ver sua calcinha branca, nada sexy, mas eu não ligava para isso. Sua pele era muito branca, então quando apertei sua coxa, meus dedos fizeram uma marca rosa permanecer lá por alguns segundos, apertei mais vezes.
— Alguém pode chegar e também não acho que você esteja bem para isso — ela disse, eu não entendi quase nada, meu cérebro não estava funcionando muito bem, mas o que ela dizia não contratava com suas mãos segurando o colarinho da minha blusa.
— Você vai ser minha — eu disse em coreano, a fazendo abrir a boca. Fui impiedoso ao subir a blusa dela e maltratar seus melãozinhos os deixando marcado, ela tentou me empurrar, mas só parei quando terminei o serviço.
Eu senti que estava fazendo algo de errado, mas minha cabeça não tenho certeza de qual, só queria finalizar o que tinha começado com ela a meses atrás. Eu era mais forte, então quando ela tentou me empurrar pelo peito de novo, foi em vão, não saí do lugar. Suas mãozinha eram finas e frágeis, apenas ri e levei a mão até sua calçola, comecei a puxar pra baixo quando ela começou a espernear e chutar e vi seus olhos se encheram de lágrimas.
Ela não queria isso.
Atordoado, sai de cima dela e me sentei ao lado, vendo-a se ajeitar de cabeça baixa e rapidamente, tentei ajudá-la, mas ganhei um tapa na mão.
— Não toque em mim, por favor — ela pediu e eu me assustei, o que eu estava prestes a fazer com ela? Nunca a vi irritada comigo, nem com ninguém, na verdade, ela era um doce.
— Nabi, me desculpe — eu disse em português e ela me olhou estranho enquanto pegava suas coisas no chão. Voltei a me desculpar em Coreano e ela simplesmente disse que não voltaria mais e virou as costas, indo embora.
Me senti péssimo, doente, corri para o banheiro e botei tudo pra fora. O rosto de Nabi com lágrimas não queria abandonar meus pensamentos mesmo que eu tentasse muito, eu quase fiz uma merda grande e nunca me perdoaria se acontecesse, e nem ela. Por alguma razão, pensei em Rebecca e franzi as sobrancelhas, a muito tempo que a menina de cabelos coloridos não passava pelos meus pensamentos. Ela achava que eu era uma pessoa ruim e eu quase acabei de me tornar isso, provavelmente algo muito pior do que ela já pensava de mim.
Lutei para não socar a mim mesmo, de repente o passado veio a tona e senti vontade de por tudo pra fora novamente, provavelmente sairia as tripas, pois no meu estômago não havia mais nada, eu quase cometi o que um dia me acusaram de fazer, eu quase me tornei o monstro que me desenharam no passado. Me joguei na cama e chorei, eu precisava encontrar Nabi quando estivesse sóbrio e pedir perdão, se ela não me perdoasse nem eu o faria. Apesar de não ter acontecido muito, eu ainda a tinha machucado quando ela não queria.
***
Um mês depois, eu estava no avião pensando em tudo que tinha acontecido para eu estar onde estou agora. Fui sincero com minha família, me abri para os meus pais e recebi o acolhimento de que precisava, eles denifiram meu comportamento como um desvio por causa da bebida e por causa do que me aconteceu no passado, como se eu estivesse sendo perseguido pelos demônios daquela época terrível que claramente não conseguia esquecer e que quase os deixei dominar minha mente.
Mas eu fui perdoado.
Consegui encontrar Nabi alguns dias depois daquela aula, pois ela se recusava a falar comigo e principalmente a olhar para minha cara, mas depois me encontrou e me perdoou por eu estar bêbado e por ela estar gostando no começo. Mas eu não coloquei a culpa dos meus atos em nada a não ser em mim mesmo, eu não sabia se merecia o seu perdão, mas fiquei aliviado em tê-lo e me despedi com um abraço seu. Eu sentiria falta dela, mas meus dias na Coreia chegaram ao fim mais cedo do que eu imaginava, agora eu queria mudar os ares novamente e ficar bem longe de Coreanas que sempre me faziam lembrar do rosto de Nabi naquele enfadonho dia.
Decidi eu mesmo me expulsar da Coreia depois do ocorrido, mas não me sentia triste por voltar para o Brasil, pelo contrário, não sabia que ficaria tão em paz ao voltar e poder rever alguns amigos. Dylan estava sempre em contato comigo depois que fui embora, ele decidiu que não queria perder nossa amizade, só tinha que conversar com ele sobre futebol, ele jogava bem, não entendia por que ele também não tinha sido chamado para nenhum time.
A boa notícia é que teria pelo menos um amigo na mesma faculdade que eu, meus pais estavam pagando uma pra mim e também um apartamento próximo a faculdade, mas eu não viveria as custas deles pra sempre, tinha que arrumar algo pra fazer. Eu esperaria até poder fazer algum estágio. O importante no momento era me instalar e resolver tudo que tinha para resolver. No momento, eu estava de volta, acabando de pousar em terras brasileiros.
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— Está ansioso? Porr#, estou f#diamante na merda, mal dormi ontem. — comentou Dylan quando estacionava em uma vaga para estudantes no primeiro dia de faculdade. O filha da mãe tinha conseguido um carro enquanto meus pais acharam um abuso eu querer isso também, mas não demoraria até eu persuadir eles por um.
— Claro que estou, ainda mais tendo que me acostumar com o fuso horário de novo. — não fazia nem um mês que eu tinha voltado e ainda estava difícil me acostumar.
— Mas vai dar tudo certo, vou ficar na sua cola, já que é mais inteligente do que eu — ele riu e deu uma cotovelada de brincadeira no meu braço. — Ainda mais depois do ensino na Coreia.
— Realmente lá a coisa é mais feia.
— Olha o quanto isso tá cheio — Dylan me fez prestar atenção no pátio enorme onde pessoas entravam e outras simplesmente paravam para conversar e se reencontrar.
Algumas pessoas estavam entrando e eu reparei de novo nos prédios, aquele lugar era imenso, mesmo assim aquilo parecia um formigueiro, provavelmente por ser o primeiro dia. Achei ter um vislumbre de um cabelo curto e verde, mas descartei a possibilidade da pessoa que me veio em mente. Quer dizer, qual seria a probabilidades? Dentre tantas outras faculdades, inclusive mais perto de onde ela morava? Eu não sabia se ela faria mesmo esse ano, na verdade não sabia mais nada sobre aquela garota, ela podia muito bem já ter um namorado, e pra ser sincero isso já não me importava mais. Eu era um adolescente cheio de hormônios na época e fui fisgado pela garota exótico e intrigante, agora eu era mais maduro, me sentia mais maduro. Contudo, não podia negar que ela tinha conseguido me mudar um pouco, roupas pretas viraram minhas favoritas, eram muito versáteis e músicas de rock eram boas pra fazer academia, já tinha me acostumado.
O primeiro dia foi bem tranquilo, Dylan e eu ficamos meio perdidos com salas e com a grade das matérias do semestre que tínhamos pego, Dylan e eu pegamos quase as mesmas aulas. Fiz amizades logo no primeiro dia com um grupo de orientais, fomos sugados um para perto do outro, quando fomos ver, já tínhamos um grupo formado logo no primeiro dia. Dylan era o único de nacionalidade completamente brasileira. Tinha eu, Park Bo-gum e Mi-Suk de Coreanos, Ken de japonês e Lian de Chinês. Mi-Suk era a única menina e amiga de Park. Ela era linda, mas eu não consegui deixar de compará-la com Nabi, o jeito que me olhou, me fez querer me manter o mais distante possível. Mas fora isso, eu amei a galera, ninguém se importava com apelidos e também se sentiam brasileiros por morarem aqui desde sempre praticamente.
Dylan pareceu se sentir meio deslocado quando começamos a falar um pouco sobre nossas culturas meio parecidas, mas fiz de tudo para enturmá-lo com a gente. No segunda dia o clã já estava inseparável, já estávamos inventando apertos de mãos e esperando um ao outro chegar. Estávamos no pátio esperando e conversando quando vi um grupo de meninas passando, uma delas me chamou a atenção mais do que as outras, pois ela subiu em um canteiro de cimento que protegia uma plantação de flores e começou a andar se equilibrando ali enquanto falava com as meninas em baixo. Percebi que algo ia dar errado quando vi que ela estava desatenta e seu pé por vezes não pisava no vazio...
— Ah, não... — sussurrei para mim mesmo e alguns dos meus amigos do grupo me perguntaram o que era, mas eu já estava correndo em direção a menina, e aconteceu o que eu previa, a parte cimentada acabou e ela estava distraído de mais para perceber.
Assim que seus pés chegaram no vazio, ela se desequilibrou e caiu pra trás, tão logo eu cheguei e já estendi os braços, amparando a menina de cabelos curtos e com luzes verdes que eu já sabia quem era quando a senti em meus braços. Ela estava surpresa por ter sido segurada e olhou pra mim com os olhos arregalados, eu não desviei, pois estava sem acreditar. Era mesmo Rebecca, ela estava diferente, muito diferente; sempre foi linda, mas agora estava mais, senti falta dos cabelos grandes, mas ela não era mais uma menininha, era uma mulher. Estava na faculdade... Na mesma que eu.
Só podia ser ironia do destino.
— Allan? — foi Ana quem perguntou, me fazendo direcionar o olhar para o grupo.
Quase sorri ao ver que seus cabelos estavam exatamente na mesma altura. Mas ali se via uma loira, a minha prima, uma de cabelos pretos, acho que seu nome era Gabi e Ana Paula que não tinha mudado o corte, só o manteve. A única ousada com luzes verdes no cabelo era Rebecca, que parecia ter continuado a mesma garota de personalizado forte, se não fosse os traços mais joviais e o copo um pouco mais avantajado do que antes.
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ℹ ¹Soju é uma bebida destilada transparente de origem coreana. Geralmente é consumido puro, e seu teor alcoólico varia de cerca de 16,8% a 53%. A maioria dos fabricantes da bebida está na Coreia do Sul
❤ Capítulo de hoje dedicado à minha leitora adrielliserraoleal pelos vários comentários emocionantes que compartilha conosco. Eu amo, dou muita risada! 💋
🖤 Gostaram da surpresa, bebês? Kkk🤭🤗 Comente aí pra eu saber o que acharam dos acontecimentos deste capítulo...
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