Capítulo 11
REBECCA
Ana Paula enfim parou de rir quando olhava pra mim no meado da semana, ela percebeu que já não havia mais graça já que ninguém estava rindo com ela. Então nós três nos encontramos na praça depois da aula para fazer um trabalho de artes que era em dupla, mas conseguimos convencer o professor a nos deixar fazer em trio. O trabalho era pra entregar na semana seguinte, mas queríamos fazer logo e ficar livre para possíveis outros trabalhos que pudessem vir até o fim da semana.
E não é que estávamos certos? Tivemos mais trabalhos para nos ocupar até o fim de semana, então foi mais uma desculpa para Ana ir pra minha casa, os pais dela sempre deixavam mesmo. Dessa vez o trabalho que tínhamos pra fazer era de ciências e era em dupla, então então fiquei com Ana como dupla e Cris ficou com um nerde que sentava próximo da gente. Sorte a dele.
— Antes de fazer o trabalho, vamos por o nosso plano em ação? — eu disse a Ana, era sábado de manhã e eu estava super empolgado para acabar com a paz de Allan, ainda mais porque ele sempre sorria de um jeito debochado pra mim no colégio, parece até que sabia que eu estava aprontando alguma. Mas duvido que realmente soubesse.
— Só não vamos escrever o trabalho, hein!
— Eu lembro a vocês — a voz de vovó atrás da gente me fez pular de susto, não tinha ouvido ela se aproximar. — E qual é o plano?
— O plano? — eu me fingi de desentendida, olhando dela para Ana e dando de ombros.
— Vamos passar trote, se a senhora não se importar.
— Ana Paula! — eu a fuzilei com os olhos, que menina bocuda.
— Eu já tive a idade de vocês, não tinha telefone em casa, mas a gente batia na porta das pessoas e fugia. Podem ser rebeldes, só não causem problemas — Vovó me supereendeu ao dizer e simplesmente voltou para seu quarto. Nós deixando na sala com o telefone e o coração batendo acelerado.
— Eu ligo, sei fazer voz de homem — Ana anunciou, e eu me grudei perto dela para ouvir. Ana discou o número que estava na lista telefone com o nome da família dele e esperou alguém atender.
— Alô? — ouvi uma voz fina atender, devia ser o irmão, cheguei mais próximo ainda do telefone para ouvir melhor.
— Oi, tem entrega para Allan Jorel, estamos aqui fora esperando do lado de fora – Allan falou com uma voz muito grossa mas que era muito mal feita, então ela desligou o telefone após ouvir algume gritar o nome de Allan e corremos pra janela da sala.
Estavamos rindo muito antes mesmo de ver Allan abrir a porta. Quando ele saiu e olhei para os dois lados da rua, Ana e eu colocamos a mão na boca para não rir alto. Vimos quando ele voltou pra dentro de casa e só então saímos da janela rindo alto.
— Isso é tão engraçado! E agora? O que vamos dizer? — quis saber Ana. Eu rói uma unha pensativa antes de falar.
— Muda para uma voz bem melosa mesmo e diz que a Melody da turma 206, ela é linda. Tenta marcar um encontro com ele para hoje.
— Você é uma gênia — Ana pulava e ria e depois se preparou para ligar para Allan, dessa vez colocando o telefone mais perto do meu ouvido também.
Allan quem atendeu no segundo toque.
— Oi, Allan? Sou eu, a Melody da escola — Ana disse, com a voz mais fina que conseguia.
— Melody? Sua voz tá diferente — Allan respondeu, eu revirei os olhos, então ele conhecia ela, eles deviam ser amigos ou até ex namorados e eu não pensei nessa possibilidade.
— Estou resfriada. Então, gostaria de saber se você não quer sair comigo hoje a noite... — eu fiz um som com a boca, quase rindo, mas tapei ela com a mão.
— Sair? Só eu e você?
— Sim — Ana também mal se aguentava querendo rir, mas ela fingia suspirar para se recuperar.
— Sinto muito, Mel, mas já tenho namorada.
Ana e eu nos entreolhamos com as sobrancelhas erguidas, então sem que eu falasse nada, Ana perguntou:
— Quem? — só que ela se esqueceu de mudar a voz. Era bom que ele não tivesse gravado a voz dela.
— Rebecca. Rebecca será a minha namorada, na verdade, se ela aceitar sair comigo.
Ele sabia que era a gente. Peguei o telefone e coloquei coloquei de volta no lugar, encarando a ligação.
— Ai meu Deus! — exclamou Ana, com os olhos risonhos e a boca escancarada.
— Ele sabia que era a gente, que idiota — eu virei de costas e fui até a cozinha beber água, precisava me distrair e pensar em um plano melhor. Ou era só para me livrar da sensação que as palavras dele causaram em mim.
— Se sabia mesmo, então talvez você deva sair com ele e gastar todo o dinheiro dele, como uma vingança maior, você não acha?
Bebi minha água devagar para pensar nas palavras dela e não responder rápida. Claro que era uma má ideia, além do quê eu nunca tinha ido a um encontro, nem sabia o que as pessoas faziam em encontros. Éramos adolescentes, provavelmente iríamos na esquina tomar açaí. A água acabou e eu não tinha uma resposta para dar a Ana, que me olhava com expectativa, como se soubesse que eu estava considerando a proposta.
— Ele não me convidou pra sair, só está sendo o babaca de sempre, ele sabia que estamos trollando ele.
— Vamos tirar a prova então! — como uma louca de pedra, Ana Paula saiu de casa e foi até o vizinho, eu não tive escolha, tive que ir atrás, mas tentava mudar a ideia louca dela.
— Volta aqui, Ana Paula!
Ela já estava tocando a campanhia da casa. A ideia tinha sido péssima, pelo visto, pois quem abriu a porta foi um garoto do colégio, um dos amigos babacas de Allan, e dava pra ouvir os gritos de outros meninos dentro da casa. De boca aberta, eu consegui ver Dylan passar atrás do menino corroendo com uma arminha de água na mão.
— Sinto muito, a festa é para meninos — o garoto disse, ele estava com a camisa molhada e não devia lembrar da gente do colégio, pois não pareceu reconhecer nem um pouco enquanto sorria abertamente.
— Quem é, JP? — Allan apereceu também atrás do amigo, colocando a mão em seu ombro. Ele também segurava uma pistola d'água.
— Vocês estão brincando de água dentro de casa? — eu não consegui me segurar e perguntei, aquilo era loucura, cadê os pais dessas crianças?
— Oi, meninas, querem se juntar a nós também? — Allan disse nos olhando de cima a baixa, me senti com vergonha por estar de short jeans surrado e com uma regata.
— Agora está com você! — o tal de JP gritou enquanto espirrava água de sua arminha na minha blusa, me fazendo abrir a boca em um grande "O", mas não tive tempo de dizer nada, pois ele correu pra dentro da casa.
— JP! Você é um idiota! — gritou Allan, olhando pra dentro enquanto eu olhava pra minha camiseta.
— Que loucura! — Ana disse, mas ela não parecia nem um pouco chateada, estava quase sorrindo, enquanto tentava ver dentro da casa.
— Estava tentando se vingar de mim com a ligação, Rebecca? — Allan me olhou sorrindo. — Não acreditei que era Melody nem por um segundo, conheço a voz dela e conheço muito bem o seu respirar. Sabia que era vocês desde o início.
— Está mentindo — eu fiz cara feia.
— Pense como quiser, mas o convite está de pé...
— Qual convite? — Ana foi quem perguntou, nós dois olhamos pra ela sem entender.
— Que pelo telefone, é claro, ou você espera que as convide pra entrar? — ele olhou pra Ana como se ela estivesse falando abobrinhas e bufou. Mas foi aí que tive a melhor ideia, talvez servisse como vingança.
— Eu espero, sim. Vamos, Ana — antes que Allan pudesse processar o que estava acontecendo, eu já tinha pegado a arma em sua mão e corri pra dentro da casa com Ana logo atrás de mim.
A sala estava um caos e tudo estava molhada, eu não podia acreditar naquilo. Os pais deles iam surtar, a minha mãe com certeza surtaria e me mandaria pra fora de casa. Os garotos apareceram juntos, chamando um ao outro, tinha pelo menos 4 meninos do colégio e o irmão de Allan.
— Meninas? — o menino do colégio que eu não sabia o nome, nos olhou com nojo. Sem pensar duas vezes, levantei a arma e atirei água bem na cara dele. Os meninos começaram a rir e apontar pra ele.
— Você é um comédia, bolo fofo — Dylan ria também, ele não parecia bravo por ter meninas presente, não como Allan e tal de "bolo fofo"
— Está comigo, sou Henrique, mas vocês podem me chamar de Henri — o outro menino que vinha passei a saber o nome disse, correndo até Ana e entregando uma arma a ela. Depois pegou uma pra si e outra pra Allan.
— Elas não vão participar, já estão de saída — disse Allan, entrando na nossa frente de cara feia.
— Então está com você — eu atirei água nele com a minha arminha e todos saímos correndo para se esconder.
Me acharam fácil, o tal de JP me chamou e disse que estava com ele, me olhando logo em seguida. Ele gritou que basicamente não tinha regra, era só melhor quem você visse primeiro e se divertir. Reparei que eles não tinham lugar para brincar, independente se fosse a cozinha, a área de trás que tinha uma piscina pequena ou o andar de cima. Era realmente uma loucura, mas foi muito divertido.
Consegui acertar muitas vezes o irmão de Allan, que eu não sabia o nome ainda, por ele ser o menino, era fácil achá-lo. Menos não, mais novo, porque Ana era praticamente do mesmo nome que ele. Ana estava correndo atrás de Henri sem parar, eu reparei nisso, porque estava muito na cara, então imaginei que ela estivesse encantada por ele também. E eu achando que era só por Allan ou Dylan.
— Não dorme, fadinha — Allan falou atrás de mim, enquanto eu me escondia no topo da escada, achando que todos estavam lá em baixo e eu atiraria de cima com a arma de água.
— Fadinha? — eu me levantei e encarei ele, com a arma apontada em sua direção.
— Tem una borboleta nas suas costas. Seu sutiã é de borbeleta? Que fofo — ele estava certo, meu sutiã tinha um desenho de asas atrás, era tão vergonhoso que eu não consegui nem responder. — Quer uma camisa seca minha?
— A-ha que engraçado.
— É sério, sua blusa é transparente.
— É só pano — eu disse, para fingir que não estava ligando para meu sutiã que estava aparecendo sobre a blusa molhada.
— Os garotos não vão achar isso — ele franziu a testa e se virou, entrando no próprio quarto. Olhei pra baixo, todos corriam pra lá e pra cá, então fui atrás de Allan. Ele já estava com uma camisa na mão quando entrei, coloquei a arma na cama e vesti a camisa dele por cima da minha.
— Achou que eu ia tirar a minha blusa na sua frente, não é? — eu disse, só para deixar o silêncio que estava menos constrangedor.
— Não, achei que você usaria o banheiro — ele respondeu sem sorrir, então eu dei de ombros e fui pegar arma, mas óbvio, ele pegou antes de mim.
— Não tem graça — eu falei, tentando legar a "arminha" que ele segurava no alto. — Me da a minha... Allan!
Disse seu nome quando caí em cima dele na cama ao tentar pegar a arma. Ficamos naquela de encarar um ao outro sem saber o que fazer ou dizer. Então ele ergueu um pouco a cabeça e sua boca já estava na minha antes que eu pudesse puxar mais uma respiração. Eu poderia ter levantado, mas minha mente não estava comandando o meu corpo e eu não me mexi enquanto ele me dava beijos lentos nos lábios. Aquilo era bom, Allan devia ser o mestre dos beijos...
— O que está acontecendo aqui? — uma voz fina soou da porta e eu caí no chão quando nós dois tentamos levantar apressados.
Eitaaaaa! Vocês tem algum palpite de quem seja? Kkkk
Dica: alguém que está na casa.
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