•Capítulo Trinta e Dois•
Doze dias depois.
Me olhei no espelho mais uma vez. Estava estonteante, realmente,essa era uma das poucas vezes que eu me achava linda.
Meus cabelos estavam recolhidos em uma trança embutida,formando um arco na minha nuca,alguns fios soltos ao redor do meu rosto. Pietra fizera uma maquiagem leve,usando sombra cor de creme e um esfumaçado preto ao redor dos meus olhos, destacando o verde grama. Meus cílios estavam mais longos e espessos,meus lábios de um suave rosa-avermelhado,dando a impressão de cor natural.
O vestido abraçava meu corpo como uma segunda pele,a saia branca de pano liso descia delicadamente por minhas pernas,tampando os saltos altíssimos brilhantes que eu estava usando.
Pietra permanecia atrás de mim com um sorriso em seus lábios. Já fazia algum tempo que ela não surtava,e o terapeuta falou com Enrico que isso era um bom sinal. Essa notícia deixou todos nós tranquilos,no fim das contas,Pietra não estava tão mal,com o esforço e ajuda de Enrico,ela estava melhorando.
Pietra usava um vestido branco colado de uma alça longa,a saia descia até os joelhos,e em seus pés usava saltos prateados. Como minha única madrinha de casamento,Pietra estava estonteante.
- Você está de tirar o fôlego, irmãzinha. - disse.
Ela segurava em suas mãos o buquê de lírios verdes. Depois de muita discussão com a minha mãe,consegui o buquê de lírios. O segurei em minhas mãos quando ela me entregou e sorri,me sentindo realizada.
Olhando todas as minhas brigas e confusões com o meu noivo,vi que aquilo serviu para provar a nós dois que fomos feitos um para o outro,e eu lutaria até o fim para esse casamento se concretizar,com muito amor.
- Está quase na hora. - falou emocionada. Uma lágrima escapou de seu olho direito e ela a limpou rapidamente. - Tenho que fazer o meu pequeno discurso para você, então, lá vai.
Rimos juntas. Senti meus olhos pinicarem com lágrimas não derramadas quando ela começou a falar.
- A gente vai se ver quase todos os dias agora,então nem sei por que motivo estou sentindo que estou perdendo você. Talvez seja porque Giuseppe não vai deixar você um minuto que seja fora do apartamento dele,ele é um tarado pervertido. - ela tocou meu rosto,acariciando a minha bochecha. Molhei o lábio inferior,sentindo uma lágrima cair pela minha bochecha.
Pietra estava tão feliz com a gravidez que eu nem conseguia pensar em magoa-la,nem deixar alguém magoa-la. - Mas eu estou muito feliz por você,sei que você o ama e não duvido que ele sinta o mesmo, Giuseppe te olha com corações nos olhos. Enfim,eu quero que você seja muito feliz,e quero que me dê muitos sobrinhos lindos.
Gargalhei entre o choro.
- Eu não vou engravidar tão cedo,pode esquecer. - Pietra balançou a cabeça negativamente limpando as lágrimas.
- Nunca se sabe. - ela riu.
Todos já estavam do lado de fora da mansão,no vasto jardim. Giuseppe deveria estar no altar,os convidados se arrumando nas cadeiras.
Pietra olhou as horas em seu celular e voltou seu olhar para mim.
- Já são quase oito da noite. A noiva está atrasada. - ela correu até mim e beijou minha bochecha,passando a mão em meu rosto molhando. - Você está proibida de chorar até o fim dessa noite,não quero que estrague mais a maquiagem que passei horas fazendo em você. Papai está esperando do lado de fora.
Acenei para ela e saímos juntas. Papai estava no corredor me esperando,e assim que me viu veio até mim,tão maravilhado quanto eu pensei que estaria.
- Minha filha, está linda. - elogiou.
Sorri,olhando para o chão.
- Obrigado papai.
Ele estendeu o braço para mim e eu o peguei,segurando o buquê na outra mão.
- Vamos. - disse com um suspiro.
Começamos a andar pelo amplo corredor do segundo andar da mansão Accappatollo.
- Você sabe minha filha. - começou enquanto desciamos as escadas. - Eu quero que seja feliz apesar de tudo. Vi como você olha para Giuseppe,mesmo depois de tudo que ele te fez.
Olhei pra ele surpresa que ele soubesse tudo o que aconteceu.
Papai deu uma risadinha e olhou para frente,parando enquanto eu levantava a saia longa para descer o último degrau.
- Não ache que eu não sei o que andou aprontando nos últimos meses. Estou bem ciente de que pulou a janela para ir a boate durante a noite.
Arregalei os olhos, parando.
- Giuseppe o contou? - perguntei horrorizada. O mataria hoje a noite,não acredito que ele contou para o papai.
- Não. Mas foi bom saber que ele a estava acobertando durante todo esse tempo.
Engoli em seco. Eu sempre tinha que fazer alguma merda.
- Então, quem o contou?
Papai parou comigo quando chegamos na porta dos fundos,que dava para o jardim. Pude ouvir a leve melodia tocando e o som das várias vozes ao redor,o barulho era mais alto agora.
- Eu nunca revelarei. - disse com um sorriso cruel.
Mamãe apareceu,linda com um vestido vermelho até o meio dos tornozelos,seus cabelos espessos e loiros juntos no alto da cabeça em um coque elegante.
- Mariá! - exclamou abrindo os braços para me abraçar,mas mudou de ideia no último segundo e se afastou rindo. - Não posso te arruinar com um abraço.
Ri também, sentindo o aperto em meu coração. Não moraria mais com a mamãe e o papai,mas moraria com o homem que amo.
- Erga a cabeça e mostre para todos filha de quem você é, agora,uma Piassa,e em breve,uma Accappatollo. Estou orgulhosa de você,meu amor. - Ela se aproximou e deixou um beijo na minha bochecha. - Vou avisar que a noiva chegou.
E com isso,mamãe saiu e sumiu no jardim.
Papai segurou a minha mão que descansava em seu braço e sorriu.
- Eu te amo,minha filha.
- Eu também te amo,papai. - o jardim ficou silencioso e meu coração martelou dentro do meu peito.
A marcha nupcial soou alto do jardim,pude ouvir o barulho quando todos se levantaram.
- Vamos lá. - papai disse antes de começarmos a andar para fora da mansão.
Minha boca secou quando entramos no jardim e todos os convidados voltaram o olhar para mim. Queria que Gianni estivesse aqui,mas infelizmente ainda estava preso,trabalhando para Enrico dentro da cadeia.
Andamos pelo gramado em volta dos convidados até o arco de lírios montado,que dava para o pequeno corredor que nos levava ao altar. Assim que chegamos ao arco eu o vi,lindo,de pé me esperando. Giuseppe usava terno preto de três peças,os cabelos penteados e bem arrumados,e, por um momento, vi um olhar furioso passar por seu rosto,quando Giuseppe avaliou-me,seu olhar descendo sobre o vestido. Então sorri,e como se aquele olhar nunca estivesse lá,ele foi substituído por um bem diferente. Amor.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro