•Capítulo Trinta•
Mamãe olhou atrás de mim para o quarto escuro. Pela sua expressão soube exatamente que ela sabia que tinha alguém aqui.
- Está tudo bem, Mariá? - ela perguntou desconfiada.
- Está tudo ótimo mamãe,por quê não estaria? - falei com a minha melhor cara de paisagem.
Por quê sentia que ela não estava acreditando nem um pouco?
Ela semicerrou os olhos,me observando atentamente. Engoli em seco e esse foi o meu vacilo.
Mamãe me empurrou para o lado e passou por mim,entrando no quarto. Ela ligou a luz e olhou por todos os lados. Ela foi até o banheiro,olhou dentro do box,depois foi para o meu closet,olhando entre as roupas. Continuei parada junto da porta,caso precisasse correr. Ninguém conhecia dona Aurora como eu. Quando ela cismava com algo era difícil tirar aquilo da cabeça dela.
Ela voltou para o quarto,seus olhos parando em mim com suspeita. Mas continuei com a minha cara de paisagem,as mãos juntas na frente do corpo.
Mamãe andou até mim, olhando bem em meu rosto.
- Eu ouvi gritos. - ela disse olhando meu rosto,depois olhou o meu pescoço. Seus olhos se estreitaram ainda mais e ela aproximou o rosto para olhar melhor o meu pescoço. Sua mão afastou meus cabelos e ela olhou bem. Meu coração errou duas batidas quando ela olhou para mim de novo.
É claro que ela saberia,mamãe não era boba.
- Seu pescoço está com marcas, Mariá.
Pisquei varias vezes,tentando não me entregar.
- Deve ter sido algum inseto. - "como você é burra Mariá, inseto?".
Mamãe me cheirou,me lembrei daqueles cachorros farejadores da polícia. Ela voltou seu olhar para mim,mudando rapidamente para um estado mais calmo,mas eu vi que ela estava fingindo.
- Inseto. Tudo bem,durma bem e tome cuidado com os "insetos".
Mamãe saiu do quarto, mas antes de descer as escadas ela gritou.
- E não tranque mais a porta!
Suspirei aliviada e fui me deitar. Teria que falar com Giuseppe que era melhor ele não entrar no meu quarto durante a noite,poderíamos não ter a mesma sorte de hoje.
•
Assim que o carro parou em frente da mansão Accappatollo eu saí. Como da última vez,Pietra estava parada me esperando,seu vestido branco esvoaçando com a brisa vinda do mar.
Fui até ela e a abracei. Ela parecia ansiosa,e quando se afastou olhou para todos os lados.
- Tenho que te contar algo que descobri ontem a noite,mas tem que me prometer que não vai contar para ninguém,nem para Enrico ou Giuseppe.
Soltei uma risada sarcástica.
- Não é como se eu conversasse com Enrico,não é Pietra! - ela riu e me puxou para dentro da mansão, olhando para todos os lados.
Ela me levou para o salão,no canto mais afastado.
- Diga logo,estou ficando louca! - incitei curiosa.
Ela deu uma risadinha e mordeu o lábio.
- Eu estou grávida!
Arregalei os olhos surpresa. Pietra "grávida"?
- Meu deus! - exclamei colocando a mão na boca.
Ela riu de pura felicidade,balançando as minhas mãos.
- Não é ótimo? Já sinto um amor tão grande por esse bebê! - disse colocando a mão na barriga.
- Mas por quê...
- Pietra? - ouvi a voz de Enrico perto.
Pietra tirou a mão da barriga bem na hora que ele apareceu no salão. Ele parecia preocupado,e assim que colocou os olhos nela sua expressão mudou para alívio.
- Oi Enrico! - Pietra respondeu alegre,molhando os lábios com a língua.
Ele veio até nós,seus olhos vaguearam rapidamente para mim,mas depois voltaram para Pietra,calorosos.
- Estava atrás de você. Paul me disse que a viu entrando com Mariá. - ele deu um beijo na testa dela e a puxou para ele,passando o braço pela sua cintura.
- Vou ajudá-la com o buffet. - respondeu.
- E..bom,na verdade Giuseppe disse que me ajudaria. - falei olhando para o chão.
- Giuseppe? - os dois perguntaram ao mesmo tempo, não pareciam acreditar.
- Sim.
Enrico semicerrou os olhos.
- Mas quando ele disse isso para você? Pensei que não se encontravam a mais de uma semana. - arregalei os olhos,vendo que sem querer soltei que conversara com ele.
- Ah..e..
Ouvimos o barulho de um carro parando do lado de fora da mansão,o que graças a deus,chamou a atenção de Enrico,o deixando alerta. Ele enfiou a mão debaixo do paletó e tirou uma arma preta,e merda,era grande e eu tinha medo de armas.
Ele puxou Pietra protetoramente atrás dele e a mão em sua arma apertou.
Ouvimos passos no corredor e alguém assobiando. Meu corpo todo arrepiou quando Giuseppe entrou no salão,relembrando como foi tê-lo tão perto de mim,fazendo aquelas..coisas.
Ele parou,as sombrancelhas levantadas quando viu que Enrico apontava a arma para ele. Enrico relaxou visivelmente quando viu que era o irmão e guardou a arma de volta no coldre embaixo do paletó.
- Estavam fazendo uma festa e nem me convidaram?- perguntou com aquele sorriso idiota nos lábios.
Giuseppe olhou para mim ainda sorrindo,seus olhos me avaliando atentamente. Hoje escolhera uma calça jeans preta e uma blusa da mesma cor que me cobria até o meio das coxas.
- Você podia avisar quando chegar. - Enrico murmurou de mal humor.
- Não seja um resmungão. Você nem está tão velho e já age como um. - Pietra disse passando um braço pelo tronco de Enrico.
Dei um leve sorriso para ele e olhei para as minhas mãos.
- Vim ajudar minha noiva com o buffet. - Giuseppe falou,chamando a minha atenção para ele.
Estava lindo com um terno de três peças preto,a gravata em volta dos seus ombros desleixada.
Enrico olhou para o irmão com um olhar de repreensão.
- Nem perca o seu tempo.- Giuseppe disse andando até mim.
Quando ele chegou perto, beijou minha bochecha.
- Como você está ratinha? - me perguntou,um sorriso sacana em seus lábios.
Tentei ignorar o formigamento crescente na minha pele por tê-lo tão perto, tinha que manter a postura,pelo menos perto do meu capo.
- Bom.. já que Giuseppe vai te ajudar,eu vou com Enrico pra sala de reuniões. - Pietra gritou da porta.
Eu ri para ela e acenei. Giuseppe se virou para Enrico e minha irmã quando eles estavam saindo.
- E tranquem a porta! - não consegui segurar o riso quando ele gritou isso,e pior,para o capo dele.
Enrico lançou um olhar mortal para Giuseppe,ele nem se importou. Ele se virou para mim,sua mão procurou a minha e a agarrou.
- Como você está? - ele perguntou de novo.
- Bem. - não consegui olhar em seus olhos, porque me lembrava da noite passada,como esses mesmos olhos estavam me olhando enquanto ele me.. chupava.
Começamos a andar juntos para fora do salão,nossas mãos unidas. Se qualquer um dos outros homens da máfia vissem isso,eles me julgariam e diriam coisas horrendas ao meu respeito,mas eles sabiam o quanto Giuseppe pode ser cruel quando o irritam.
- E a sua mãe? - sua voz estava tranquila,calma,como se estivesse em paz.
- Mamãe desconfiou. - levantei meus olhos para o seu rosto impecável. - Eu acho que ela sabe.
Giuseppe deu uma risada sem vergonha,o som reverberou em todo o meu corpo. Nunca o tinha ouvido rir tão alto antes.
- Acho melhor você parar de pular a janela do meu quarto. - falei rapidamente,o ar preso na minha garganta.
Giuseppe entrou na cozinha me puxando com ele para o balcão,onde tinha algumas apostilas. Olhei para a porta do quartinho que ele me puxara dias atrás,mas diferente da outra vez,a cozinha estava lotada de cozinheiras e algumas pessoas do serviço do buffet,que trouxeram alguns aperitivos.
Giuseppe puxou a banqueta para que eu me sentasse e, assim que o fiz ele se abaixou,sua mão afastando meus cabelos do meu pescoço. Seus lábios roçaram meu ouvido,enviando calafrios pelo meu corpo quando ele finalmente me respondeu:- Como quiser,minha lady. "Senhora".
Fiquei ali petrificada enquanto ele me contornou e se sentou ao meu lado,olhando animado como uma criança para os aperitivos.
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Já tinha se passado mais de duas horas e eu ainda escolhia a comida e aperitivos para a festa. Toda vez que os funcionários do buffet me mostrava um aperitivo ou comida diferente eu falava para Giuseppe provar,e ele nem se importou com isso. Diferente de mim ele malhava e tinha aquele corpo perfeito,ele também disse que perderia todas as calorias que ganhara hoje com apenas dois dias malhando.
Diferente dele,eu me limitei a comer apenas pequenas colheres de cada prato,depois de muito tempo e provas eu escolhi os pratos que queria para a festa,da entrada até o final. As bebidas Giuseppe escolhera,já que era muito bom com isso.
Deixei o bolo por último. Escolhera com a ajuda de Giuseppe um bolo de frutas secas de quatro andares, seria uma grande festa,mas também não tão grande assim,já que não convidei todo mundo da famiglia.
- Ótima escolha minha ratinha. - Giuseppe disse engolindo mais um pedaço da fatia da amostra do bolo.
Ele comia igual um bebê,digamos que não tinha modos na mesa,mastigava de boca aberta e conversava de boca cheia.
- Obrigada. - respondi fechando a apostila. A coloquei em cima da bancada. - Agora, você não acha melhor pedir a alguma dessas pessoas que ensinam boas maneiras na mesa para o ajudar até o casamento?
Giuseppe gargalhou e tomou um gole de água. Ele voltou seu olhar para mim,divertido.
- Não preciso. Acredite ratinha,sei me portar bem na frente dos outros.
Levantei uma sombrancelha desafiante. Não duvidava dele,mas seria eu que passaria o resto dos meus dias com um homem que comia igual um bebê.
- Tudo bem. - falei me levantando. - É melhor eu ir antes que papai me ligue,ele e mamãe não sabem que você veio me ajudar.
Giuseppe se levantou e enlaçou a minha cintura com um braço,me puxando para o seu corpo forte e alto.
- Não pode me agarrar em público Giuseppe. - falei olhando as cozinheiras e as funcionárias do buffet ao redor.
- Não se preocupe. Elas não querem perder a língua delas. - ele falou alto um suficiente para que todas ao nosso redor ouvissem. As mulheres arregalaram os olhos,mas continuaram ignorando nós dois.
Ele me puxou com ele na direção do corredor,e assim que chegamos lá ele me prensou na parede,o corpo duro me esmagando.
- Você tem que se controlar. - falei zombeteira.
Ele riu e acariciou o meu rosto.
- Eu me controlo o bastante. - falou antes de descer os lábios para os meus,reinvidicando a minha boca.
Ignorei o barulho das panelas na cozinha e enrolei meus braços ao redor do pescoço forte,o beijando de volta. Sua língua era mágica,tinha gosto de frutas secas e seus movimentos me lembravam de ontem quando essa mesma língua estava entre as minhas pernas.
Sua mão apertou meu quadril e ele afastou os lábios dos meus.
- Acho melhor a gente não se ver até o casamento. - exclamei ofegante.
Giuseppe me beijou de novo, só então se afastou.
- Também acho. Não consigo manter minhas mãos longe de você quando está por perto.
Sorri,sentindo a realização tomar conta de mim. Estava feliz agora,se eu duvidava antes,eu não duvido mais. Eu amo Giuseppe.
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