•Capítulo Quinze•
Pietra ficou cabisbaixa,olhando para suas mãos juntas no colo. Me levantei e fui me sentar ao seu lado,ainda atordoada por ter visto aquela cicatriz só agora.
- Pietra - falei calma,colocando a mão em cima da dela - O que aconteceu com o seu pulso?
Me veio na mente a vez que ela tentou se matar quando estava lá em casa. Olhei pra ela atordoada. Pietra olhou para mim,seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas.
- Eu..eu..- ela começou a chorar,me deixando desconfortável por ter feito isso.
Pietra era tão sensível que as vezes eu temia por ela,sempre chorava,e agora começou a chorar porquê perguntei sobre a cicatriz. Deve ter se cortado e escondeu isso de mim por todo este tempo,já que a cicatriz estava mais fechada.
A abracei,acariciando suas costas. Como cuidariamos dos preparativos do noivado? Não tinha como com ela nesse estado.
- Pietra,venha,vou te levar pro seu quarto - nos levantamos,olhei para ela vendo como ficou abatida.
Aquilo só por quê eu vi a cicatriz?
Franzi o cenho,a levando pelas escadas até o quarto dela e de Enrico.
Ela deitou na cama e se encolheu em uma bolinha, seu corpo tremia enquanto ela chorava. Me sentei e fiquei ali observando ela por um bom tempo. Quando pensei que ela estava dormindo e me levantei,levei um susto com seu gemido estrangulado,como se estivesse com dor.
Corri até ela e quando cheguei perto vi que agarrava os próprios braços com as unhas,os rasgando. Pequenos sulcos se abriram em seus braços,seus olhos fechados fortemente enquanto lágrimas saíam abundantemente pelas suas bochechas.
- Meu deus Pietra - exclamei correndo até o banheiro. Peguei um grande copo de vidro que estava lá e o enchi de água.
Corri de volta para Pietra e me sentei ao seu lado.
- Tome um pouco de água - ela começou a falar coisas incoerentes,murmurando palavras que eu não entendia,suas unhas rasgando a carne de seu braço - Oh Jesus! Pietra,pare com isso!
Estava me desesperando já,ela não parecia estar no seu estado mental normal.
Coloquei o copo na mesinha de cabeceira e agarrei suas mãos, fazendo-a parar de se machucar. A puxei para cima e quando ela abriu os olhos eu a soltei,me assustando. Ela não parecia a minha irmã,seu olhar estava desfocado,olhando para todos os lados,seu rosto amassado e molhado pelo choro.
Como um raio, rapidamente,Pietra deu um tapa no copo,o jogando no chão. Quando ele se transformou em mil cacos no chão ela se lançou contra eles,sua pele impecável se rasgando. Gritei desesperada e pulei em cima dela,bem na hora que ela pegou um pedaço de caco de vidro e ia se cortar.
- Pietra! Pare! Meu deus,pare com isso! - gritei desesperada tomando o caco de vidro da sua mão.
Ela se encolheu de novo,se encostando na cama enquanto balançava para frente e para trás,murmurando palavras incoerentes.
- Oh meu deus - chutei os cacos para longe e olhei ao meu redor. Tinha que chamar Enrico,só ele a acalmaria.
Vi o celular dela em cima da cômoda. Corri até lá e o peguei,voltando para perto dela. Pietra não estava em seu estado mental bom. Eu nunca a tinha visto assim. Seus braços sangravam por causa dos cacos de vidro e das suas unhas,alguns cortes pequenos e outros grandes,sangrando,gotas carmesim que caíram pelo chão.
Desbloqueei o celular de Pietra e fui na lista de contatos,indo direto no nome de Enrico. O celular dele chamou até cair,tentei mais uma vez e nada. Bufei e olhei Pietra no chão,parecia destruída,tão pequena e enrolada ali.
Fui na minha última alternativa. O celular chamou e Giuseppe atendeu no quinto toque.
- Ciao? - "olá?". Ele atendeu.
Ignorei o arrepio que percorreu o meu corpo e fui direto ao ponto.
- É Mariá - a linha ficou em silêncio,então me apressei - Preciso falar com Enrico agora!
- O que está acontecendo? - ele perguntou,ouvi o barulho no fundo - Você está bem?
- Estou ótima! É Pietra que não está bem,preciso falar com Enrico agora,merda! - ouvi o barulho de uma porta se abrindo no fundo.
- Ratinha atrevida - falou e a linha ficou muda por alguns instantes - Pietra? - Enrico atendeu.
- Não,sou eu, Mariá! Preciso que venha pra cobertura agora!
- Agora? - perguntou confuso.
Passei a mão no rosto,olhei de novo pra Pietra no chão,agarrando os cabelos loiros com força,então os puxou. Ofeguei e me abaixei na frente dela,tentando detê-la com a mão livre.
- Sim,agora! Pietra não está bem, está surtando! Já tentou se cortar com caco de vidro e eu não sei mais o que eu faço! - ouvi o barulho de algo batendo contra a parede do outro lado e a linha ficou muda.
- Estamos indo - a voz de Giuseppe falou antes de desligar o celular.
Prendi a respiração e me forcei a continuar firme,eu precisava deles para ajudar a minha irmã.
•
Depois de vinte ou trinta minutos eu ouvi o barulho do elevador e os passos pesados e apressados subindo a escada.
Olhei pra porta bem na hora que Enrico entrou, Giuseppe logo atrás. Olhei pra ele rapidamente,ignorando seu olhar para mim e voltei minha atenção para Enrico,que se aproximava atordoado.
Saí da frente de Pietra,que continuava a se balançar para frente e para trás,seus olhos desfocados,as lágrimas rolando em suas bochechas e caindo pelo queixo.
Enrico se abaixou na frente da minha irmã e segurou seu queixo com delicadeza,fazendo ela olhar para ele.
- Ei, il mio amore - sua voz era tão suave,que não reconheci por um momento. Os olhos de Pietra ao pouco foram tomando foco,se concentrando em Enrico - Vamos dançar?
Franzi o cenho quando o ouvi. Pietra não parecia ela mesma,parecia outra pessoa,uma criança.
Fiquei olhando estupefata enquanto ela se levantava com ele,me perguntando por quê eu não pensei nisso?
Ele a abraçou forte,o corpo pequeno de Pietra sumindo no meio daquela massa de músculos coloridos. Senti meu coração inchar vendo o quanto ele a amava,a guiando naquela música silenciosa que apenas eles ouviam.
- Com esse já é o terceiro surto que ela tem - me assustei com Giuseppe atrás de mim,sua boca próxima do meu ouvido.
Olhei pra ele,qualquer vestígio de tranquilidade saindo de mim. Conversaria com Enrico sobre isso depois,ela tinha que ter comunicado os familiares. Mas agora tinha que sair dali e ir pra casa.
Chamei a atenção de Enrico e acenei com a mão,dizendo que ia embora. Ele meneou a cabeça concordando. Antes de sair dei uma última olhada no casal que dançava tranquilamente,Pietra parecia absorta em Enrico,o abraçando como se fosse a sua vida.
Saí do quarto e bufei quando ouvi a porta se fechando e os passos de Giuseppe atrás de mim.
Desci as escadas rapidamente e fui para a copa,peguei minha bolsa e quando me virei dei de cara com Giuseppe.
- Precisamos conversar - ele disse sério.
Revirei os olhos e fiz que ia sair,mas ele colocou a mão no meu ombro,me impedindo de me mover.
Olhei para ele.
- Eu não tenho nada pra falar com você - respondi seca.
- Sim, você tem. Não acha que deve me explicar direito o que você me disse na noite de natal?
Uma gargalhada escapou da minha garganta. Olhei pra ele, cuspindo sarcasmo.
- Por quê eu devo satisfação pra você, Giuseppe? Não acha o contrário? - perguntei com ironia.
Ele se aproximou mais,me fazendo inclinar a cabeça para olhar para os seus olhos,que agora estavam como fogos,queimando-me.
- Deixe-me dizer uma coisa - ele disse chegando mais perto,deixando seu rosto a centímetros do meu - Eu sei que o que me disse é mentira,você não perdeu a virgindade porra nenhuma,conversei com seu pai e ele me disse que você não tem saído de casa..
- Tem certeza disso? Ele disse isso porque me vê todos os dias,mas e durante a noite? Não foi você mesmo que me levou pra casa aquele dia?
Ele estreitou os olhos,duas fendas me queimando. Podia sentir sua raiva de onde estava,pura e crua raiva. Estava ganhando, com certeza,estava o deixando louco.
- Você não ousaria me desafiar - ele vocíferou no meu rosto - Você é minha!
- Eu não sou sua,e nem de ninguém! - praticamente gritei no seu rosto - Eu só vou me casar com você porquê sou obrigada,seu idiota! Pode continuar com as suas vagabundas e me deixar em paz até lá!
Passei por ele,correndo para o elevador. Apertei o botão e esperei ele abrir. Quando eu já ia entrar ele segurou meu braço,me virando para ele,colando meu corpo contra o seu.
- Eu sei que você mentiu aquele dia - ele disse,como se a vida dele dependesse disso.
- Você é um idiota Giuseppe! Só quer a minha virgindade,canalha! Eu te odeio,você não sabe como eu te odeio! - gritei sentindo meus olhos lacrimejarem.
O empurrei com todas as minhas forças e entrei no elevador quando as portas começaram a se fechar,sentindo meu coração na mão,vendo de relance seus olhos achocolatados,os olhos do homem que eu amo,me observando com raiva e tristeza.
&+✓
Tô empolgada kkkk tô fazendo vcs ficarem com raiva do Giuseppe,depois vai ser difícil de perdoar ele né kkkkkk até daqui a pouco.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro