•Capítulo Quarenta e Um•
Abri os olhos e a luz do sol que entrava pelas frestas da cortina fez os meus olhos doerem. Os fechei instantâneamente,gemendo de dor. Parecia que tinha uma pedra na minha perna, já que tentei levantá-la e uma pontada aguda de dor percorreu todo o meu lado.
Ignorei a dor que começava a latejar em meu ombro. Cerrei os olhos com força. Se eu soubesse que ia doer tanto, teria ficado escondia em vez de andar para a morte,mas agora estava bem satisfeita por estar viva.
Abri os olhos de novo,lágrimas desceram pelas laterais do meu rosto enquanto eu os forçava a ficar abertos. Com um suspiro,olhei ao redor. Estava no meu quarto com Giuseppe no apartamento dele. Lembro-me vagamente de estar na mansão,a dor excruciante enquanto alguém mexia nas minhas feridas.
Decidida a me sentar,prendi a respiração e me impulsionei para cima em apenas um braço. Onde infernos estava Giuseppe?
Quando consegui me sentar dei uma olhada na minha situação. A ferida da bala na minha perna era na parte de trás,estava enrolada com uma faixa e esparadrapo. Meu braço estava imobilizado por um negócio azul,que estava me impedindo de mechê-lo.
A primeira coisa que senti,foi fome. Sim,estava com fome. Molhei o lábio inferior com a lingua e fiz uma careta. Minha boca estava com gosto de madeira,horrível.
Engoli em seco. Tinha que escovar meus dentes,isso era essencial nesse momento.
Me sentei na beirada da cama,um gemido estrangulado saindo pela minha garganta quando apoiei a perna ruim no chão. Tinha me esquecido completamente disso.
Giuseppe entrou no quarto como um furacão,seus cabelos bagunçados e olhos avermelhados me encararam por um momento,e ele suspirou aliviado. Quando ele começou a se aproximar eu estendi a mão boa,desesperada. Não,ele não podia chegar perto de mim ainda,eu tinha que escovar meus dentes.
Ele parou,suas sombrancelhas se unindo com confusão.
- O que foi? - ouvir a sua voz foi como um bálsamo. Meu corpo inteiro relaxou e eu sorri,não consegui evitar.
Apenas neguei quando ele começou a se aproximar novamente.
- Nem pensar. - disse ele com teimosia. - Você ficou dois dias apagada,agora vou ficar perto de você por cada maldito segundo.
Revirei os olhos quando ele veio para perto de mim. Estava chocada por ter ficado dois dias desacordada,mas depois da dor que passei tinha uma idéia do tanto de remédio que eles me deram.
Ele se abaixou na minha frente,seu corpo vestido com nada mais do que uma cueca box preta,e esculpido roubando a minha atenção. Okay,estava machucada demais para transar,mas não custava nada admirar.
Giuseppe tocou meu rosto com seus dedos suaves,seus olhos tão atentos.
- Está se sentindo bem? - ele perguntou. Apenas concordei. - Quer alguma coisa?
Eu apontei o banheiro com a minha mão boa.
Ele riu.
- Por que não fala?
Olhei para ele com uma carranca. Não era óbvio para ele?
Tapei a boca com a mão boa e ele gargalhou,seus dedos deixando meu rosto.
- Só você mesmo.
Levantei uma sombrancelha para ele.
Giuseppe me pegou com cuidado, como uma princesa, e me levou para o banheiro.
Ele parou na frente da pia,mas não me colocou no chão.
Olhei para ele com o meu melhor olhar questionador.
- Quer que eu a coloque no chão? - ele perguntou com ironia.
Quando eu não respondi, ele me abaixou com uma risada.
- Não apoie sua outra perna no chão. Eu vou te segurar para que possa escovar os dentes.
Ignorei completamente quando suas mãos seguraram minha cintura em um aperto firme e ele colou seu corpo na minhas costas.
Escovei bem os dentes e depois de terminar, Giuseppe me levantou de novo em seus braços. Passei o braço bom pelo seu pescoço e sorri.
- Pode falar agora,ratinha? - sua voz era doce,suave,longe de qualquer insinuação maldosa. Ele parecia desesperado apenas para ouvir a minha voz.
- Sim,seu boboca! - exclamei acertando um tapa na sua nuca.
Ele arregalou os olhos surpreso.
- Você me bateu? - suas sombrancelhas quase tocavam seu couro cabeludo.
A expressão no seu rosto era impagável,e me fez rir como nunca,tinha até me esquecido da ferida no meu ombro.
- Bati. - pisquei os cílios de maneira encantadora.
Ele meneou a cabeça negativamente.
- Você tem muita sorte,ratinha. - disse maldoso.
- Cale-se homem. - falei aproximando meu rosto do dele. - E me beija.
Nem um segundo depois, Giuseppe estava esmagando seus lábios contra os meus. Naquele momento nada mais importava,apenas os lábios milagrosos do meu marido.
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Quatro meses depois..
- Não me irrite, Giuseppe! - avisei pela milésima vez.
Entrei em nosso quarto como um cão bravo, Giuseppe sempre atrás de mim rindo.
- Eu estou falando sério! Infernos,cadê a chave?
Cruzei os braços na frente dos meus seios, voltando a minha atenção para ele. Giuseppe estava parado na porta do quarto com aquela expressão - que ele achava - inocente.
Tinha combinado de sair com Pietra hoje,era sábado e já fazia algum tempo que não saíamos juntas. Sua barriga já estava bem grandinha,era uma linda mamãe. Eu achei que ela ficaria com raiva de mim quando soubesse que eu disse para Enrico que ela estava grávida,mas ela me surpreendeu quando disse que não ficaria com raiva de mim,ainda mais porque eu fiz o certo e pensei no bem dela e do meu sobrinho. Ela não teve nenhum surto desde o ataque meses atrás,e todos nós estávamos tranquilos sobre isso. O terapeuta disse que agora que ela tinha algo para ocupar sua mente,que era normal as reações que ela estava tendo.
- Ratinha. - disse se aproximando de mim com aquela expressão de cafajeste dele. - Eu não sei onde ela está. Lembra-se? Você ficou até mais tarde com Pietra ontem na cobertura,deve ter esquecido a chave em algum lugar.
Eu me lembro de ter chegado,trancado a porta do apartamento e colocar a chave no chaveiro ao lado da porta. Quando fui sair agora a pouco ela não estava lá mais e Giuseppe estava com aquela cara de quem aprontou.
- Mas eu a deixei no chaveiro ao lado da porta! - praticamente gritei jogando as mãos para o ar.
Estava nervosa ultimamente,e isso era estranho porque eu era uma das pessoas mais pacíficas do mundo.
- Você deve ter esquecido onde colocou,meu amor. - olhei bem para Giuseppe.
- Eu me lembro bem. Isso é armação sua para mim não sair.
Giuseppe se aproximou com aquele olhar de safado,que sempre me fazia derreter.
- Podemos aproveitar algum tempo juntos agora. - ele agarrou o meu quadril e me puxou para ele. Espalmei as mãos no peitoral musculoso,sua pele quente me fazendo esquecer por um momento que estava brava com ele. - Já tem algum tempo que a gente não..
- Sem essa, Giuseppe. Transamos essa manhã. - empurrei seu peito forte e ele me soltou. Dei a volta por ele e fui para a porta do quarto. -Tem que arrumar uma desculpa melhor se quer me levar para a cama.
Saí do quarto em disparada. Fui para a cozinha e olhei em todas as gavetas dos armários, até dentro do forno eu olhei,e nada da chave.
- Ratinha. - ele choramingou.
Mas sua voz grossa naquele tom fez uma corrente elétrica percorrer meu corpo de cima a baixo com puro tesão. Ignorei meu corpo e continuei a procurar a chave.
- Vamos lá, só mais uma vez. - me virei para encará-lo.
Não era possível,um homem daquele tamanho fazendo birra tudo porque queria fazer sexo.
- Você não se cansa homem?
Dei uma risada. Então olhei para o armário na minha frente. Era bastante alto. Estreitei os olhos. Apenas alguém alto como Giuseppe conseguiria alcançá-lo.
- Não tem como me cansar de você. - disse chegando por trás de mim sorrateiramente.
Esperei com um sorrisinho e quando ele ia passar os braços pela minha cintura eu me desviei e ele agarrou o ar. Um grunhido áspero saiu dele,o que me fez rir.
- Pare de me perseguir. - não conseguia parar de rir. Era gratificante ter Giuseppe me perseguindo. - Eu preciso de um descanso,sabia?
Ele se recostou no armário,seus lábios se curvando em um sorriso sacana.
- Seus peitos estão maiores,não tem como resistir a eles.
Reviro os olhos e bufo. Onde céus,eu fui merecer esse homem?
- É coisa da sua cabeça. - dei a volta na bancada e peguei uma das banquetas.
A levei até Giuseppe e a coloquei no chão.
- O quê você está fazendo? - perguntou,seu corpo enrijecendo.
- O quê você acha que eu estou fazendo? - fiz a minha melhor expressão que dizia "duh" e subi na banqueta. - Estou pegando a chave que você escondeu de mim.
Quando alcancei o alto do armário a vi lá. Com um sorriso vitorioso,peguei a chave e desci da banqueta,a estendendo na frente do seu rosto.
- Toma essa! - gargalhei quando ele tentou pegá-la de mim,mas corri para a sala e destranquei a porta. - Até mais tarde querido. - gritei abrindo a porta.
Quando já ia sair ele agarrou meu braço e me puxou para dentro,girando o corpo e fechando a porta com ele. Giuseppe me puxou contra seu corpo duro,me fazendo arfar.
- Onde acha que vai,querida?
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