•Capítulo Dezoito•
Abri os olhos quando senti os raios do sol em meu rosto. Olhei ao redor do quarto na Spazio Blu. Achei que tinha sonhado com aquilo tudo,mas agora vi que não era sonho,era real.
Me sentei na cama devagar,sentindo minha cabeça latejar. Alguém batia na porta repetidas vezes.
- Espere! - gritei nervosa - Inferno!
Saí da cama murmurando maldições. A essa altura papai já estava surtando,e mamãe se estripando por minha causa. Eu não queria deixá-los preocupados,mas sabia que o primeiro lugar que Giuseppe iria era na minha casa. Uma hora dessa a Cosa Nostra inteira está atrás de mim. Só faltava um último detalhe,algo para finalizar com chave de ouro.
Abri a porta e um homem uniformizado com a blusa da boate e um avental estava na porta.
- O que foi? - perguntei impaciente.
Peguei meu celular e entrei na caixa de mensagens. Tinha várias mensagens de Pietra,de Giuseppe,e de papai. Engoli em seco e desliguei a tela,voltando minha atenção pro homem.
- Já estamos fechando a boate, senhorita - ele parecia um espantalho ali parado,parecia com medo,seu corpo magro tremendo levemente.
- Por quê está assim? Não sou nenhum bicho papão não tá!
Ele engoliu em seco e continuou olhando para mim.
- É que..a-a sua foto está estampada lá embaixo no painel da boate - Arregalei os olhos e olhei pelo corredor.
- O que!?
- Um painel..
- Não,eu entendi! - passei a mão pelos cabelos - Droga! - me voltei para o homem - Escuta,seja o que for que eles estão oferecendo,não me entregue...
- E-ele está lá embaixo - ele disse apontando com o dedão - Estão todos lá embaixo.
Franzi o cenho confusa.
- Todos quem? - perguntei entrando mais no quarto,para não correr o risco de ser vista.
- O-o senhor Enrico,e-e o-o irmão dele..tem um homem mais velho também,alguns seguranças e-e duas mulheres.
Coloquei a mão no rosto. Merda. Mil vezes merda!
Olhei para o homem de novo.
- Não desça de novo,se enfie em um desses quartos e espere até que eles venham me buscar,para não prejudicar a você,vou dizer que ninguém veio aqui - ele concordou desesperado e saiu,se enfiando em um dos quartos.
Fechei a porta e peguei meu celular. Entrei novamente nas mensagens e fui direto em Giuseppe. Me assustei com a quantidade de mensagens que ele tinha deixado ali.
"Onde você está"
"Mariá, isso não tem graça,seus pais estão preocupados"
"Não me faça adiantar o casamento"
"Me responda por favor,preciso saber que está bem!"
"Vou trancá-la quando aparecer!"
"Deus me ajude se algo tiver acontecido com você"
Franzi o cenho,vendo que tinha um recado de voz dele na minha caixa de chamada. Me encostei na porta e coloquei o celular no ouvido,minha boca seca quando ele começou a falar.
"- Ratinha, você me deixou furioso hoje,mas eu posso dar uma trégua se você aparecer ilesa e bem,sem nenhum arranhão. Temos que conversar sobre o que vem acontecendo. E-eu..eu quero que você saiba que não estou ficando com mulher nenhuma,ontem..ontem eu não queria,mas de toda forma não ia conseguir,eu não consigo parar de pensar em você. Desde o natal eu não fico com ninguém,e ontem depois de você me rejeitar e ficar com aquele..enfim - ele suspirou - eu perdi a cabeça e achei que uma mulher resolveria meu problema,mas a verdade é que eu não sinto vontade de ficar com nenhuma delas..eu odeio esse olhar triste nos seus olhos,e eu odeio mais ainda saber que você está assim por minha causa...eu só quero que você por favor,me entenda. Se você estiver disposta a tentar de novo,eu vou com você,eu só não quero que desista de mim - ele parou de falar por um instante. Engoli em seco,sentindo o nó na minha garganta - Eu fui um filho da puta,e eu entendo isso. Vou te dar seu espaço,eu prometo..apenas..apenas volte para mim e esteja bem."
Fiquei olhando para a janela coberta pela cortina. Ele poderia estar falando a verdade,ou não. Poderia ser apenas um jogo para me achar..mas..a forma como ele falou,parecia realmente preocupado.
Passei as mãos pelos cabelos e fechei os olhos,reunindo coragem para escrever uma mensagem para ele.
"A noite foi ótima" hesitei um pouco na hora de enviar,mas estava determinada. Depois disso,ele me deixaria em paz e eu iria para casa,ouvir papai xingar e me deixar de castigo até o meu casamento.
Entrei na conversa com Pietra e escrevi uma mensagem para ela.
"Suba,apenas você,não fale para eles,quinto quarto a direita na área vip".
Deixei o celular no chão entre as minhas pernas e senti meu coração martelar quando vi que Giuseppe tinha visto a mensagem. Ele não respondeu,e isso era o sinal de que tudo tinha acontecido como eu previ. Suspirei e deixei a cabeça cair contra a porta,fechando os olhos e refletindo.
Não havia dúvidas de que eu gosto dele,a única coisa que nos impedia era "ele". Para isso dar certo,ele tinha que mudar,mudar as atitudes dele comigo. E agora,depois da minha leve vingança,eu poderia descansar em paz trancada no meu quarto.
Não tinha mais colégio e nem Tricy para me preocupar,apenas eu e a solidão,até o meu casamento. Onze meses,eu tenho onze meses para ficar em paz.
Alguém bateu na porta e pelo jeito fraco sabia que era Pietra.
Me levantei e a abri,vendo a minha irmã ali,com calça de moletom e blusa de frio fina,os cabelos recolhidos em um coque e os olhos inchados.
Ela se jogou contra mim me abraçando, eu a abracei de volta,me sentindo acalentada.
- Estava muito preocupada com você - ela disse, fungando nos meus cabelos.
- Me desculpe,eu precisava fazer isso - acariciei suas costas com as mãos e me afastei um pouco,enxugando algumas lágrimas que escorriam pela sua bochecha - Eu estou bem, dormi aqui. Bom,não dormi exatamente porque os gritos das mulheres nos outros quartos estavam me matando.
Ela riu com meu comentário e então ficou séria.
- Precisa descer,mamãe está quase colocando a boate abaixo.
Concordei com a cabeça e peguei o par de saltos altos e a segui para fora do quarto. Descemos juntas a escadaria até a parte inferior da boate.
Assim que entrei no grande salão vários rostos se voltaram para me encarar. Gianni estava perto da entrada no celular,e quando me viu seus olhos brilharam. Enrico estava parado perto de papai com a expressão séria,e papai não estava muito diferente. Ele me olhou desapontado e triste,aquilo quebrou meu coração. Eu sabia que teria péssimas consequências,mas confesso que não estava preparada para isso. Esperava gritos e xingos,mas não todo esse silêncio.
Ao lado de papai estava Giuseppe. Seu rosto estava marcado pelas linhas de cansaço,seus olhos em mim não expressavam nada,"nada". Pareciam vazios de qualquer emoção,até da raiva. Aquilo me atingiu como uma bofetada,mas eu o olhei do mesmo jeito,fria.
Mamãe correu até mim e me abraçou em silêncio. Apenas fechei os olhos e a abracei de volta. Eu escolhi tomar essa decisão,e agora lidaria com as consequências.
Mamãe se afastou e acariciou meu rosto,Pietra ao meu lado sorriu,mas não era um sorriso alegre, contagiante. Era apenas um sorriso,apenas isso.
Papai se aproximou e tocou meu rosto,me fazendo estremecer. Ele suspirou com pesar e olhou para o chão.
- Mariá - engoli em seco ao ouvir sua voz, papai estava muito sério - Você não devia ter feito isso,sair sem o consentimento da sua mãe e eu.
Olhei para o chão e juntei as mãos na frente do corpo. Todos olhavam para mim,mas o pior era a forma que Giuseppe me olhava. Ele praticamente se declarou para mim e eu retribuí com aquela mensagem. Não me arrependia,apenas..sentia um sentimento estranho dentro de mim. Ele errou primeiro,e devia reconhecer isso. Não é porque ele é homem que isso vai mudar.
- Não podemos mais confiar em você - papai deixou a mão cair e começou a se virar - É por isso que decidimos, Enrico, Giuseppe e eu,que você se casará em três meses.
Arregalei os olhos e olhei para mamãe. Ela apenas olhou para o chão.
- Mas papai,meu aniversário é apenas em julho...
- Atitudes infantis,requerem medidas drásticas Mariá - disse com tom de repreensão - Até lá você está proibida de usar seu aparelho celular,não irá sair de casa para nada,ficará no quarto,meditando sobre o que fez.
Ele me estendeu a mão e eu coloquei meu celular na mão dele, séria.
- Agora,vamos para casa.
Segui papai,olhando todos enquanto passava. Quando cheguei perto de Giuseppe,parei e olhei em seu rosto.
- Espero que cumpra tudo que disse naquele recado - minha voz saiu fria,cheia de raiva,quando na verdade,eu me sentia perdida,perdida entre a raiva,e a paixão.
- A deixarei em paz,até o dia do nosso casamento - respondeu sério. Prendi o fôlego quando ele tocou meu queixo delicadamente,seus olhos agora brilhando de emoção - E não se preocupe,meu coração é só seu.
Soltei o fôlego devagar, trêmulo,sentindo minha barriga dar um nó quando ouvi sua voz,sua declaração.
- Mariá! - papai chamou.
Giuseppe se inclinou, colocando os lábios no meu ouvido e disse:
- Eu serei fiel a você,minha ratinha,como é comigo - ele colocou uma mecha de cabelos atrás da minha orelha e beijou minha bochecha,me fazendo fechar os olhos com aqueles lábios mornos - Agora pense,pense e me dê mais uma chance.
Ele se afastou e eu saí,mamãe atrás de mim.
Eu não queria acreditar no que ele disse,não queria. Mas isso dentro de mim,esse sentimento, me dizia que dessa vez ele seria fiel a mim,e me agarrei a isso,estava dando essa última chance a ele,mesmo sem ele saber.
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Ah pessoal! Estou triste comigo mesma😔!
Mas enfim,mas tarde volto com outro capítulo,espero que gostem bastante meus xuxus! Não esqueçam de me seguir no Instagram.
Aaaaaahhh,gente,se alguma de vocês forem autoras,se inscrevam no concurso que eu deixei lá na minha lista de leituras,Concurso Colorful,vou amar ter vcs lá!
Até mais tarde!
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