Capítulo 3
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Dois dias transcorreram em Olímpia desde que a condessa Penélope havia chegado ao reino. Ela e a princesa Bianca viviam juntas, as vezes caminhando pelos jardins floridos do castelo de Alcaluz, em outras preferiam permanecer em seus aposentos trocando confidências, fato este que irritava profundamente a rainha Cassandra.
Fazia uma linda tarde de verão e o sol brilhava forte no céu azul. Bianca e sua tia se encontravam no quarto dela, saboreando um delicioso sorvete de flocos com calda de morango, o sabor favorito das duas.
— Queria tanto ver o Paolo. — a garota murmurou distraída olhando a paisagem lá fora através da janela.
— Lo se cariño. Sei que sente falta dele, mas você tem que tomar cuidado, ainda mais agora com os preparativos da festa e a chegada do duque espanhol.
— Nem me diga. Mamãe agora só fala nisso, é o duque para lá, duque para cá. Parece que ele é o único convidado ilustre.
— Sim. — Penélope murmurou encarando a sobrinha.
Um pensamento insistente estava em sua mente. Cassandra era ardilosa e nunca dava um ponto sem nó, e se este seu pensamento estiver certo, o romance de Bianca estava seriamente ameaçado.
— Então, me conte, já pensou no vestido que vai usar no baile? — Penélope mudou de assunto querendo animá-la.
— Ainda não. — Bianca admitiu sorrindo. — Mas tenho algumas opções.
— Então vamos lá ver essas opções agora mesmo!
Antes que as duas pudessem chegar à porta, esta foi aberta por Maria, que tinha uma expressão aflita no rosto redondo.
— O que aconteceu Maria? — a condessa indagou preocupada.
— O príncipe Nicholas e a senhora Melissa...
— O que houve com meu irmão? — Bianca interrompeu também ansiosa.
— Eles estão voltando!
— Quando?!
— Ahora mi niña!
Bianca e a tia trocaram um olhar surpreso.
— Acabaram de ligar, eles estão quase no aeroporto!
— É a cara do meu irmão fazer isso! — a moça comentou rindo.
— A rainha Cassandra e o rei Michael estão saindo agora mesmo! Mandaram-me avisá-las.
— Gracias Maria! — Penélope agradeceu já andando pelo quarto. — Peça para esperarem alguns minutos, já estamos descendo.
— Sí señora condessa.
— Bianca vá se aprontar, e ande rápido!
— Sí tía!
...
Mais uma vez Bianca e o pai encontravam-se no aeroporto, dessa vez acompanhados de Cassandra e Penélope, para recepcionar o príncipe Nicholas e sua esposa, a princesa Melissa.
Os dois estavam em uma longa viagem diplomática por países da Europa e Oriente Médio.
— Estou com tantas saudades deles! — Bianca comentou baixinho e a tia abraçou seus ombros, na mesma empolgação.
— Yo también querida.
O casal apontou no fim do longo corredor por onde os passageiros que vinham do desembarque, passavam. Nicholas vinha a frente, acenava e mantinha um sorriso largo no rosto. Era um homem muito bonito, alto, forte, dono de belos olhos cor de mel que encantavam as mulheres. Tinha um charme irresistível e era sempre encantador com o sexo feminino, exceto com a própria esposa.
Melissa caminhava alguns passos atrás do marido. O sorriso meigo que ostentava fazia aparecer covinhas em seu adorável rosto. Nascera em Nápoles, na Itália e mudara-se para Olímpia alguns meses antes do casamento, a fim de ir se adaptando ao novo lar.
— Meu filho... — Cassandra adiantou-se para abraçar o herdeiro.
— Hola mamá.
— Que saudades de você, como você está?
— Estou bem.
Não era segredo para ninguém a preferência da rainha pelo filho mais velho, o sucessor ao trono.
— Mas que surpresa! Hola tía! — Nicholas abraçou Penélope com entusiasmo.
Melissa foi praticamente ignorada pela sogra, mas recebeu o carinho dos outros membros da família.
Seu casamento não era uma união feliz, não foi uma escolha sua, mas assim que viu o futuro marido, se apaixonou por ele e teve esperanças de conquistá-lo. Porém, hoje, quase dois anos depois sabia que isso nunca aconteceria. Nicholas nunca a amaria e só se casou com ela em nome do reino, para estabelecer uma forte ligação com sua família, uma das mais importantes de toda a Itália.
Ela, Melissa, era neta do conde de Anjou, descendente direto da última linhagem real do extinto Reino de Nápoles.
As limusines reais deixaram o aeroporto minutos depois. O casal real e o príncipe herdeiro iam no carro da frente, enquanto Bianca, Melissa e a condessa foram no segundo.
— Mas então, conte-me tudo Melissa! Como foi a viagem? — Bianca perguntou empolgada e a cunhada sorriu.
— Foi boa. Sempre tive vontade de conhecer outros países, novas culturas e poder fazer isso em nome de Olímpia é gratificante.
— Nem me fale! A última viagem que fiz foi para alguns países da América do sul, foi maravilhoso.
Penélope apenas observava as garotas conversando, as duas se deram bem logo que se conheceram e tornaram-se bastante amigas. Para Melissa, ter o carinho e a amizade da princesa tornou sua estadia no castelo bem mais fácil, sabia que podia contar com ela em qualquer situação, assim como também estava disposta a ajudá-la no que fosse preciso.
— E os preparativos para a Festa do Vinho como estão? — Melissa indagou ansiosa.
— Indo de vento em popa! Mamãe está atenta aos mínimos detalhes e eu estou ajudando.
— Que ótimo, também estou louca para ajudar. Tive medo de que não chegássemos a tempo, pedi a Nicholas até para adiantar o fim da viagem para que voltássemos logo.
— Isso que é ser patriota. — Penélope comentou fazendo as duas sorrirem com gosto.
...
Faltava menos de uma semana para a Festa do Vinho e Olímpia inteira estava em polvorosa. Todos os súditos faziam questão de participar e demonstrar amor por sua pátria, e por aquele que era a sua maior fonte de renda, o vinho Perla Olímpia.
As ruas estavam enfeitadas com fitas que representavam a cor da bandeira, verde, dourado e branco. Um grande lagar rupestre estava sendo montado na praça principal. Era uma estrutura antiga que servia para produzir o vinho, onde as uvas eram pisoteadas e a parte líquida separada da massa sólida.
Hoje em dia o vinho não era produzido mais deste modo, o chamado "pisa a pé", porém os olimpianos gostavam de reproduzi-lo em respeito aos seus ancestrais. Ele marcava o início das festividades e tradicionalmente as mulheres da realeza eram as primeiras a realizá-lo, e todos deveriam vestir roupas brancas.
— Mal posso esperar para estar lá de novo! — Melissa comentou empolgada. — Eu gostei tanto de participar ano passado.
— Eu também gosto muito. — Bianca concordou com ela. — É uma tradição que nosso povo respeita e se orgulha. Já escolheu seu vestido?
— Já sim, mas você só vai ver na hora que eu o vestir.
— Ora sua espertinha, eu lhe mostrei o meu.
— Porque quis mostrar.
— Você está mais alegre, divertida, acho que esta viagem lhe fez bem. — Bianca observou enquanto pegava o vestido branco rendado e ia guardá-lo no armário.
— Acho que sim.
— O relacionamento entre vocês... melhorou? — a moça escolheu com cuidado as palavras que iria usar, pois sabia o quanto esse assunto magoava a cunhada.
— Não.
O sorriso que Melissa ostentava se desfez e sua expressão entristeceu-se. Bianca arrependeu-se de ter perguntado e foi se sentar ao seu lado no pequeno sofá de dois lugares.
— Desculpe, não deveria ter tocado no assunto.
— Está tudo bem. — a italiana tornou a sorrir querendo afugentar a melancolia. — Eu apenas compreendi que seu irmão nunca vai me amar, só isso. Sempre foi deixado bem claro desde o início que não seria uma união por sentimentos e sim um acordo entre duas famílias poderosas.
Bianca encarava a belíssima moça morena a sua frente e se perguntava como ela tinha tanto sangue frio a ponto de aceitar esse tipo de situação. Nicholas a tratava com frieza e indiferença, e nunca escondeu que a traía com qualquer rabo de saia que passasse em sua frente e lhe interessasse.
Melissa era de uma beleza meiga, quase angelical. Os grandes olhos amendoados passavam uma sensação de segurança, acolhimento e sinceridade que poucas pessoas tinham. Ela só precisava dar uma caprichada em seu visual e com certeza se tornaria ainda mais bela. Trocar as roupas discretas por algo mais chamativo, talvez um pouco de maquiagem e um novo corte de cabelo, mas sempre que tocava no assunto, a princesa consorte recusava, dizia que estava bem assim. Mas Bianca tinha certeza de que era só fachada e ela sofria calada com medo de perder o marido.
Sabia que sua mãe também não sentia afeição por ela e só permitiu o casamento por Melissa ser uma nobre, do contrário o enlace jamais teria sido feito, e era isso que a amedrontava, o quanto Cassandra era manipuladora e ambiciosa.
— Eu vou ver se sua mãe ou Penélope precisam de ajuda, com licença. — Melissa disse com voz doce saindo do quarto e Bianca a observou até que fechasse a porta.
Aquilo com certeza era algo que não queria para si e jamais desejaria a ninguém. Um casamento fracassado antes mesmo de começar, sem amor ou qualquer afeição por uma das partes.
Certa vez, lhe confessará aos prantos que nunca tivera nada com o marido, continuava virgem e isso a fazia sofrer. Com o coração partido, Bianca lhe perguntara por que aceitava essa situação e Melissa respondeu com voz amargurada que ficaria bem, se tornaria rainha consorte assim que Nicholas subisse ao trono e orgulharia sua família. Bianca pensava que era um jeito triste de se viver, mas não podia fazer nada, já que a própria Melissa aceitava pacificamente.
...
A chegada de Leandro, duque de Castilho y Sevilha era a grande sensação do momento em Olímpia. Seu jatinho particular acabava de pousar em uma das pistas no aeroporto que estava lotado, de súditos curiosos e jornalistas.
Nicholas e Bianca foram recebê-lo a pedido de Michael que estava em um compromisso importante.
A princesa gostaria muito de não ter que fazer isso, principalmente hoje que acordara sentindo uma terrível enxaqueca, e ter que fingir simpatia para um completo estranho não ajudava em nada, só a deixava mais tensa.
— Melhore essa cara irmãzinha, ou o duque vai achar que você não está feliz por recebê-lo em seu reino. — Nicholas cochichou em seu ouvido fazendo-a sorrir discretamente.
— E quem disse que estou me importando com o que o duque acha? — replicou no mesmo tom de voz e ambos riram.
Ele podia não ser um bom marido, mas era um ótimo filho e um bom irmão, sempre foram muito próximos e adoravam provocar um ao outro.
— Assim está bem melhor. Você está muito bonita.
Ela o olhou rapidamente e piscou em agradecimento ao elogio.
O duque apontou no fim do corredor chamando a atenção de todos. Bianca postou-se ao lado do irmão enquanto repassava mentalmente o que iria dizer, já que ela seria encarregada de acompanhar o homem e lhe mostrar Olímpia.
...
Leandro Álvares de Almonte queria poder ter recusado, mas foi um pedido de seu primo ir a Olímpia em seu lugar, representar a família real espanhola.
Até que gostava desse tipo de festividade, ainda mais essa em que o tema era o vinho, mas não estava com cabeça esses dias. Gostaria de poder se refugiar em sua casa a beira mar em Marbella e nunca mais sair de lá.
Os flashes inconiventes das câmeras dos jornalistas o irritavam, pareciam abutres em busca de uma nova caça. Avistou Nicholas, o príncipe herdeiro de Olímpia a sua espera e ao seu lado tinha uma moça morena, devia ser sua esposa, não se lembrava bem das feições dela.
À medida que caminhava, percebia que a garota estava séria, não parecia muito confortável, até que ela sorriu discretamente iluminando seu belo rosto. Leandro a observou abertamente, aproveitando que usava óculos escuros e não seria pego em flagrante.
Ela com certeza era mais alta que a maioria das mulheres, e o salto que usava só a deixava poucos centímetros mais baixa que o homem ao seu lado. O vestido cor de salmão lhe caiu muito bem e quanto ela se moveu para vir ao seu encontro, notou a discreta fenda lateral na saia, revelando um pouco das belas pernas e a pele clara.
Subindo o olhar, Leandro notou a cintura fina e bem marcada pela roupa, o busto bem desenhado por seios médios, os ombros elegantes e o pescoço delicado.
Os longos cabelos castanhos estavam soltos e caiam em uma nuvem sedosa e brilhante pelas costas. Ele teve vontade de correr os dedos por entre as madeixas e sentir a textura, se eram tão macias como prometia.
Os olhos castanhos eram vivos, perspicazes e o encaravam com altivez, um brilho de determinação emoldurado por belos cílios. Os lábios cheios e rosados eram extremamente tentadores e convidativos e quando se curvavam em um sorriso, se tornavam poderosos.
Horrorizado, Leandro constatou que estava sentindo atração por uma mulher casada e procurou se controlar quando o casal parou a sua frente.
— Bem vindo a Olímpia, caro duque. — Nicholas o saudou estendendo a mão.
O espanhol tirou os óculos aceitando o cumprimento, olhando rapidamente para a moça.
— Obrigado Alteza.
— Por favor, me chame de Nicholas. Esta é Bianca, minha irmã.
Surpreso, o duque encarou a garota que agora sorria simpática para ele, estendendo a mão.
— Seja bem-vindo, é um prazer recebê-lo em nosso reino milorde.
Leandro pegou a mão estendida, sentindo a maciez e suavidade. Levou-a aos lábios e deu um beijo suave, sem deixar de fitá-la.
— O prazer é meu, Alteza. Por favor, me chamem de Leandro.
Desviando do olhar intenso do duque, Bianca encarou o irmão.
— Espero que tenha feito boa viagem. — o príncipe disse cordialmente.
— Fiz sim, obrigado. Faz muito tempo que não venho a Olímpia, percebi que muitas coisas mudaram.
Leandro fez aquele comentário olhando para a Bianca e Nicholas tentou não demonstrar surpresa ao notar o interesse do duque em sua irmã.
— Realmente. Bom, vamos indo? Deve querer descansar da viagem.
— Por favor.
Os três saíram do aeroporto rodeados por seguranças que impediam a aproximação do público. Bianca acenou amável para os súditos que aprovaram o gesto, os mais jovens gostariam que ela subisse ao trono ao invés do irmão, que era o favorito dos mais velhos e conversadores.
Um segurança abriu a porta da limusine e a princesa entrou primeiro, seguida do duque e do irmão.
— O percurso até o castelo é rápido. — Nicholas comentou. — Apenas alguns minutos.
Leandro teria preferido ficar em um hotel, mas o rei havia insistido para que ficasse hospedado no castelo. Pensando bem, não era uma ideia de todo ruim, ele pensou encarando Bianca de soslaio.
— Confesso que estou curioso. — o duque puxou assunto. — Nunca participei de um evento como esse, poderia me explicar algumas coisas, Alteza?
Surpresa, Bianca encarou o homem sentado à sua frente. Achou que ele e seu irmão engatariam em uma conversa "de homens" e ela seria deixado de lado como sempre.
— É claro. — respondeu com voz firme. — O que gostaria de saber milorde?
A voz dela era suave, mas firme e decidida. O olhar demonstrava que odiava ser contrariada ou controlada, o que só a deixava ainda mais atraente, Leandro pensou. Fora avisado que a princesa Bianca seria sua companhia durante sua estadia em Olímpia, mas nunca imaginou que a moça fosse essa beldade sentada a sua frente.
— Tudo. — respondeu divertido fazendo com que ela também sorrisse. — Como começou essa festa?
Nicholas apenas olhava de um para o outro, deixaria sua irmãzinha ser a anfitriã, já que essa com certeza era a vontade do duque.
— No princípio de tudo, antes de Olímpia ser um reino independente, os colonos que vieram para essas terras plantar uvas, sempre faziam uma festa em comemoração à colheita, mesmo que ela não fosse abundante. A partir disso, se originou a Festa do Vinho, que até hoje coincide com a data da colheita de nossas uvas.
Poderia passar um bom tempo assim, ouvindo-a falar. Tinha uma determinação em suas palavras, ela sabia do que estava falando e gostava disso.
— Durante a próxima semana que é quando se inicia as festividades, nossos produtores apresentam seus novos produtos. Há barracas com doces, bebidas, tudo a base da uva, algumas oferecem brincadeiras ao público, de tudo um pouco.
— Confesso que estou curioso, é algo novo para mim.
— Espero que seja do seu agrado.
— Tenho certeza de que será.
O duque a encarou intensamente e Bianca olhou para o irmão que tentava a todo custo não dar risada.
— Conte ao duque irmã a tradição que dá início a nossa festa. — Nicholas incentivou divertido e recebeu um olhar "de quem não havia gostado" da garota.
— Ah sim, por favor, estou ainda mais curioso.
Querendo cortar a língua do irmão fora, Bianca voltou-se para o duque tentando manter a simpatia.
— Já ouviu falar em pisa a pé milorde?
— Não estou lembrado, mas me explique o que é. Talvez eu conheça por outro nome.
— Pisa a pé é como antigamente se fazia a prensa da uva para fazer o vinho. Ainda hoje muitos produtores o utilizam como o principal método, evitando o uso de máquinas, preferindo que as uvas sejam esmagadas com os pés.
— Ah sim, conheço sim, só não assimilei o nome a prática. Então vocês realizam esse pisa a pé para começar a festa?
— As mulheres de nossa família mais precisamente. — Nicholas respondeu. — Minha mãe, Bianca, tia Penélope e minha esposa, é uma tradição que o pisa pé sempre comece pelas mulheres da família real.
Leandro encarava Bianca tentando imaginá-la fazendo aquilo, dentro de um recipiente enorme pisando uvas para fazer vinho, era algo inimaginável e inusitado. Sua curiosidade estava aguçada e queria muito ver essa tradição.
— E há uma regra, todos devem usar roupas de cor branca, era algo que os colonos sempre faziam. — Nicholas finalizou a explicação.
— Chegamos. — Bianca anunciou e o duque olhou pela janela.
O castelo de Alcaluz ficava em uma colina e dava o efeito de estar flutuando sobre o jardim florido e muito bem cuidado. A limusine passou pelo enorme portão de ferro e subiu a alameda ladeada por palmeiras.
Cassandra e Penélope esperavam por eles.
Após receber as saudações da rainha consorte e da condessa, Leandro fora instalado em uma luxuosa suíte na ala leste do castelo. Tinha que admitir, era bem mais confortável e tranquilo do que em um hotel. A vista da sacada de sua janela era para o jardim que ficava na parte detrás do castelo e uma piscina rodeada por plantas tropicais e com uma cascata. Era um belo espetáculo.
O banho frio lhe fez bem reduzindo os efeitos cansativos da viagem. Vestiu um roupão branco e voltou ao quarto, suas malas foram desfeitas e suas roupas e pertences cuidadosamente arrumados em um closet anexado a suíte.
Bateram à porta e ele já sabia de quem se tratava, seu assessor Eric, o único que sempre o acompanhava em suas viagens. Detestava ter que viajar com uma equipe grande, Eric apenas era suficiente. O pessoal do seu escritório em Sevilha poderia resolver algo urgente caso necessário.
Leandro abriu a porta e o rapaz magro e de estatura mediana entrou. Carregava uma pasta e um notebook debaixo do braço.
— Se veio falar de trabalho... — avisou e Eric o olhou.
— Eu preciso programar sua agenda para essa semana em Olímpia, ainda não sei quando vamos embora.
— Eric nós acabamos de chegar, quando chegar a hora de ir, eu avisarei. E nada de compromissos marcados, a princesa Bianca será a responsável por me acompanhar enquanto estiver aqui, mas sem datas e horários, nada disso. Encare esses dias como uma folga.
— Se o senhor prefere assim, tudo bem.
— Prefiro sim, trouxe você comigo para o caso de surgir algo. Por enquanto, divirta-se e descanse, é uma ordem.
— Sim senhor. Sendo assim, vou até o meu quarto fazer umas ligações, estarei lá se precisar.
— À vontade.
Eric foi para a porta e ao abri-la deu de cara com o mordomo que trazia uma bandeja.
— Sua Majestade pediu que trouxesse um lanche para o duque.
— É claro, entre. — Eric disse saindo e o homem entrou.
— Sua Majestade pediu que lhe trouxesse um lanche milorde.
— Que gentileza, eu estava mesmo com fome. Pode colocar em cima da mesa por favor?
— É claro, precisa de alguma coisa milorde?
— Não, muito obrigado.
— Com licença.
O mordomo curvou-se e saiu do quarto.
Leandro puxou uma cadeira e sentou-se, a verdade é que estava faminto. A refeição estava uma delícia e ele comeu com evidente prazer.
Enquanto saboreava um delicioso Tocino de Cielo, uma sobremesa típica da região, checava seu celular. Respondeu mensagens de sua mãe e seus irmãos perguntando sobre a viagem. Sua cunhada e grande amiga, Lucrécia, mandava que se divertisse um pouco em Olímpia, esquecesse as preocupações.
Sorrindo consigo mesmo, Leandro entrou no aplicativo do Instagram e foi na área de pesquisas, digitou o nome de Bianca, aparecendo inúmeras sugestões, mas nenhuma era a que lhe interessava. Seria mais fácil ir pelo google, já que não sabia como estava o perfil dela e se ela tinha uma conta.
Procurando por Bianca, princesa de Olímpia, achou o perfil dela. Bianca de Bourbon y Villanueva, Princess of Olympia.
Seu perfil era discreto, nada de fotos chamativas ou ostentando seu título. Decidiu não segui-la por enquanto, pois isso geraria especulação na imprensa e odiava esse tipo de coisa.
O mais interessante é que apesar de conhecer a família real de Olímpia, não se lembrava de Bianca, muito menos que ela fosse tão bonita e atraente. O foco era sempre mais em Nicholas, o herdeiro da coroa, a irmã sempre ficava em segundo plano, o que era um erro. Prova disso era que a herdeira do trono espanhol era uma garota, a doce Leonor e ela se saía muito bem nessa posição.
Conhecera Bianca a poucas horas e já admirava sua postura e o modo como se expressava. Tinha certeza de que ela conquistaria muitos admiradores em nações vizinhas se tivesse mais destaque. Estava curioso para saber se esse modo de viver a sombra do irmão era decisão dela ou fora forçada a isso. Aproveitaria esse tempo ao seu lado para observá-la e conhecê-la melhor.
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