[2]
SALVEEEEEEEEEEEE
Espero que curtam o capítulo, votem e comentem se gostarem. Boa leitura! 💕
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O resto da tarde eu também fiquei pensando em você.
A questão era que eu queria te ver de novo.
Já passavam das cinco da tarde e, conforme dizia no carro que passou anunciando o espetáculo, a primeira sessão seria às seis e meia da noite e a segunda, e última da noite, às oito e meia.
— Mãe. Pai. — Os dois estavam sentados na sala. Minha mãe em uma poltrona e Jungseok em outra. Ele no notebook. Ela com um tablet.
Apesar de ser criança nessa época, eu já sabia que eles não se amavam desde... Sei lá, desde sempre. Eles sempre estavam distantes um do outro.
— Vem cá. — Diferente de Jungseok, minha mãe era carinhosa comigo. Independente do quão ocupada estivesse, ela iria parar o que estivesse fazendo para falar comigo.
— Eu queria saber se... — Sentei no colo dela. — se vocês podem me levar no Paradise.
— Paradise? — ela questionou, confusa, e Jungseok tirou os olhos do aparelho para me olhar.
— Circo — esclareci. — É pertinho daqui. Por favor. Eu quero muito ir.
Tirei os olhos dele e a olhei.
— Jeon, eu... queria mesmo te levar, mas... estou resolvendo um problema. Não posso parar aqui. — Eu nunca conseguia ficar chateado com ela. Ela era calma e cuidadosa até para me negar algo. — Precisa mesmo ser hoje? Posso te levar amanhã.
E não, ela não me chamava de filho. Nunca. Nem mesmo para me apresentar a outras pessoas. E quando entendi o motivo, abominei a minha própria existência por anos.
— Eu quero muito ir hoje.
Fiz bico.
— Vá sozinho.
— Jungseok — minha mãe soltou em repreensão ao que foi dito, mas vi que abaixou o olhar quando o homem a olhou de forma dura.
— Ele faz treze anos em duas semanas, já sabe se virar. Namjoon o deixa na entrada e o pega na entrada. — Eu já sabia que ele não iria. Mesmo se estivesse desocupado, o que raramente acontecia, ele não iria. Ele nunca ia.
Eu já estava acostumado a ser acompanhado por empregados. Não me recordo quando foi a última vez que foram à uma reunião de pais na minha escola. Os empregados que iam.
Acho que nunca foram, para falar a verdade.
— Chame Namjoon, conversarei com ele — foi o que ele ordenou, ignorando a tentativa de repreensão da minha mãe.
Era aquilo ou nada, e eu só queria te ver de novo.
Enquanto o motorista conversava com Jungseok, eu estava em meu quarto me arrumando.
Sem terno desta vez.
Vesti uma bermuda jeans na altura dos joelhos, uma camiseta e tênis. Nada mais. Nem arrumei meu cabelo daquele jeito estranho que Jungseok gostava. Eu preferia ele bagunçado.
E fiquei um pouco mais aliviado quando desci e notei que minha mãe e Jungseok não estavam mais na sala.
— Posso ser sincero? — Namjoon perguntou quando abriu a porta do veículo para mim.
— Pode.
— Você fica muito melhor vestido assim. — Sorri e ele também, fechando a porta logo depois.
E nós fomos. O fato era que a maioria dos lugares para estacionar carros perto do circo estavam ocupados. Paradise realmente chamou a atenção das pessoas.
— Você quer que eu entre com você ou fique te esperando aqui fora? — questionou quando conseguiu uma vaga, me olhando por cima do banco.
— Eu não sou meu pai, Joonie. Você está livre. — Ele sorriu. — Se quiser entrar, entre. Se quiser ficar, fique.
— Eu prefiro ficar. Tenho medo de palhaços. — Ri, mas ele parecia realmente estar falando sério. — Mas posso te esperar do lado de fora.
— Como quiser. — Ele saiu e eu não o esperei para abrir a porta.
Namjoon me acompanhou até a entrada e ficou ao meu lado enquanto eu comprava o ingresso.
— Você tem certeza que vai ficar aqui fora? — o perguntei quando chegou a minha vez na bilheteria.
— Tenho sim. Eu realmente não gosto de palhaços. — E só então eu paguei pelo único ingresso.
— O palhaço daqui é legal — garanti, mas ele não pareceu muito convencido.
Eu estava ansioso, por isso entrei logo. Havia um bocado de pessoas já. E eu não sabia o que fazer. Era a minha primeira vez num circo e eu estava sozinho.
Por sorte, encontrei uma única cadeira vazia na frente, perto do palco principal.
Eu não sei se estava mais ansioso para ver um espetáculo de circo pela primeira vez ou se estava ansioso para te ver.
— Jungkook?
Meu coração já estava acelerado apenas por estar ali e eu juro que senti ele na boca quando te escutei me chamar.
Olhei sem cerimônia para o lado, onde escutei sua voz sobressair à conversação daquele monte de gente, e sorri quase que no mesmo instante que te vi.
Você vestia uma regata branca justa, tendo uma calça de bolinhas coloridas segurada por suspensório. Você estava muito fofo, Jimin.
— Vem — me chamou com um sorriso, chegando mais perto para me segurar pelo pulso e me puxar dali.
Eu levantei às pressas e me deixei ser guiado. Você corria na frente e me arrastava consigo.
— Onde vamos? — indaguei quando chegamos na parte de trás do palco e você puxou a lona com a mão livre e passou para o lado de fora. Exatamente como mais cedo.
— Tenho que terminar de me arrumar. — Corremos entre os motorhomes até você parar em frente a porta de um deles.
— Mas... vai começar. — Apontei para trás, para o circo.
— Ainda temos dez minutos — foi o que disse, sorrindo e abrindo a porta. — É rapidinho.
Eu olhei para trás e mordi o canto da boca antes de entrar no carro também.
— Onde você foi, moleque? — uma mulher questionou e eu engoli em seco quando ela colocou as mãos na cintura e encarou nós dois. — E onde você arranjou esse menino?!
Você sorriu e olhou para mim.
— Jungkook é meu amigo... Não é? — Um pouco nervoso, assenti. — Viu? — Voltou a olhar para a mulher. — Mãe, cadê o Jin? Eu ainda não fiz minha maquiagem.
Ela suspirou e bagunçou seus cabelos castanho-escuros, apontando para trás.
— Está ali, pintando o Hoseok. — E então ela saiu da frente, deixando que você fosse até os fundos do trailer, onde o palhaço pintava o rosto de outro garoto. — E você é...? — perguntou a mim.
— Jungkook. — Estiquei a mão para cumprimentá-la. Ela pareceu surpresa, mas apertou.
— Filho de Jeon Jungseok, o empresário — você anunciou, engrossando propositalmente a voz e fazendo um gesto no pescoço como se estivesse ajeitando uma gravata imaginária.
Depois você riu.
— Oh! — ela exclamou, parecendo ainda mais surpresa. — Espero que Jimin tenha te recebido bem. Ele é sem educação às vezes.
— Não sou, não! — Você fez bico antes de sentar de frente para Seokjin, que acenou e mexeu o nariz de plástico para mim, me fazendo rir.
Sua mãe me disse para ficar à vontade antes de anunciar que iria checar como estavam o restante das coisas para o espetáculo.
Eu cheguei mais perto e fiquei olhando o palhaço pintar o seu rosto, fazendo de você um palhaço também; assim como Hoseok que, naquele momento, terminava de arrumar a roupa dele.
Hoseok parecia não ser tão mais velho que nós dois.
— Pronto. Eu preciso ver como está o palco uma última vez. Não demore tanto, já está quase na hora — Seokjin disse quando finalizou. Num momento ele estava levantando, noutro estava saindo do trailer.
— Jimin — te chamei meio sem jeito.
Você ajeitou o suspensório em frente ao espelho e sorriu quando me olhou, colocando um narizinho como o de Seokjin.
— Ficou legal? — perguntou, dando uma voltinha.
— Uhum — tímido, confirmei. — Você se apresenta também?
— Hoseok e eu somos os palhacinhos do Jin. Somos como... ajudantes nas palhaçadas dele. — Sorriu. — Mas não sou tão engraçado como os dois. Eu gosto de voar, Jungkook. — E lá estavam seus olhinhos brilhando. — Mas sou novo demais para me apresentar como trapezista. Mas um dia eu vou. Como a minha mãe.
— Eu não... Nunca vi. — Mordi o canto da boca.
— Você nunca viu um show de trapézio?
— Na verdade, nunca nem fui a um circo. Essa é a primeira vez. — Agora você parecia incrédulo.
— Você deu sorte então. Seu primeiro espetáculo vai ser no Paradise. É o melhor circo de todos! — Você parecia ter orgulho de nascer e viver em Paradise. — Vamos. Vou te mostrar onde é o melhor lugar para assistir.
Você passou por mim e me levou junto quando segurou meu pulso de novo, saindo do veículo grande. Do lado de fora, só não estava tudo escuro por conta das luzes dos carros e as que rodeavam a parte externa da lona; afinal, era noite.
Voltamos para o interior, agora cheio de pessoas, e nos esgueiramos pelas filas de cadeiras e subimos as arquibancadas, sentando no último degrau que, notando que ninguém mais além da gente estava ali, não era feito para sentar. Entretanto, de fato, dava para ver tudo.
— Jungkook... — Me virei quando me chamou. Você estava sentado ao meu lado.
— Hm?
— Você fica muito mais bonito vestido assim. — Engoli em seco. — Não parece um velho.
— Eu não pareço um velho quando estou de terno — resmunguei.
— Parece sim. — Riu, provavelmente do meu bico. — Ok. Eu vou ter que ir para lá agora porque o Jin é o primeiro a se apresentar. Mas, quando acabar, eu volto para assistir com você, está bem? — Assenti. — Não sai daqui.
E aí você se foi.
Contudo, eu te vi de novo quando as luzes foram focadas apenas no centro e Seokjin subiu ao palco, se apresentando depois do narrador ter desejado a todos um bom espetáculo.
Ele era mesmo engraçado. Achei que Namjoon gostaria dele, apesar do medo.
Quando vocês três finalizaram, um homem e uma mulher apareceram jogando coisas para cima e as agarrando com classe e precisão, sem deixar cair uma vez sequer.
Malabaristas.
E aí você apareceu ao meu lado e sorriu, me perguntando como tinha se saído.
— Você é engraçado sim, Jimin — foi a minha resposta. — Eu gostei.
Depois, assistimos todos os outros números juntos. Malabaristas. Mágicos. Equilibristas. Mais palhaços. E às vezes você até me falava quem eram as pessoas que estavam se apresentando.
— Eu assisto isso desde pequeno e nunca me enjoo dessa parte — te escutei falar.
Você sabia a sequência das apresentações, já eu não fazia ideia que parte era essa. As luzes estavam apagadas e eu não conseguia ver nada.
Todavia, minha curiosidade foi sanada quando as luzes focaram no alto e a voz grave do narrador anunciou os três dos melhores trapezistas do Ocidente.
Sua mãe estava lá em cima também, junto de dois homens. Do outro lado, mais dois outros caras – pareciam bem mais fortes comparados aos outros – estavam sentados sobre um trapézio cada um.
— Os dois e a minha mãe, que estão desse lado — você começou a explicar, apontando para o lado esquerdo. — São os volantes. Eles que fazem as piruetas e giros bonitos e ficam pendurados nos trapézios. — Eu te olhei e você também me olhou. — É o que eu quero ser. — Voltou a olhar para frente sem tirar o sorriso da boca e apontou para o lado direito da estrutura — Os outros dois que estão sentados são os portos. São eles que seguram os volantes quando voam de um trapézio para o outro. Hoseok é meu porto. A gente treina junto. Ele até malha para ficar fortão e conseguir me segurar.
— Ele é seu amigo?
— Também. — Você me olhou de novo. — Ele é meu irmão. Não temos a mesma mãe, nem o mesmo pai, mas é meu irmão. Meu irmão de circo. E todos eles são minha família de circo. Eu fui criado por eles.
Era poético. Eu iria dizer alguma coisa sobre como era bonito, mas você não deixou. Você colocou o indicador sobre os lábios cheinhos e apontou para cima.
— Vai começar.
Acho que agora entendo porque você era encantado por trapézio. Porque eu também fiquei. Era tão suave, tão belo, a forma como eles se balançavam e se equilibravam apenas por uma barra de ferro e duas cordas. Numa altura absurda. Era tão leve a forma como soltavam o trapézio e, por milésimos de segundo, voavam sem nada. Até serem amparados pelo porto que, de cabeça para baixo, segurava as mãos do volante para, juntos, se balançarem de um lado para o outro. Como uma dança.
Só que no ar.
Eu juro, Ji, que fiquei imaginando como seria se você estivesse lá. Pensei em como ficaria tão bonito quanto, se não mais.
— A minha mãe é incrível — você disse, vidrado na mulher lá em cima. — Quando eu crescer, quero ser igual a ela.
Te escutar dizer aquilo me fez pensar: eu quero ser como meus pais quando eu crescer?
Ele, um empresário egocêntrico. Egoísta. Quer tudo o que o dinheiro puder dar a ele.
E ela trabalha para ele. É submissa a ele não só no trabalho. Não faz nada sem a autorização dele.
Ah, eu não queria ser como eles. Na verdade, nessa época, eu ainda não sabia o que queria ser.
No final do show dos trapezistas, eles pularam lá de cima dando mortais bonitos antes de serem aparados por uma rede. Quando todos os cinco já estavam no chão, agradeceram com uma reverência e foram muito bem aplaudidos, inclusive por mim e por você.
— Você gostou? — perguntou, empolgadíssimo. Eu me permiti parar dois segundos para admirar o brilho em seus olhos.
Ficam ainda menores quando você sorri.
— Eu amei, Ji — e minha resposta te fez sorrir muito mais.
Sorrisos bobos e felizes foram arrancados de mim com facilidade nos poucos minutos de espetáculo que seguiram, até encerrar as apresentações. Arrancados de mim e de você. Eu sempre te olhava entre uma apresentação e outra só para ter certeza de que seus sorrisos e seus olhinhos meia-lua estavam onde deveriam estar.
Mas então acabou. Infelizmente.
Você, junto dos outros, subiram uma última vez ao palco para reverenciar e agradecer a presença de todos. E, aos poucos, os presentes foram saindo dos assentos e esvaziando a lona.
Eu fui um deles.
— Jungkook? — Eu já não estava mais na arquibancada, porém você veio até mim.
— Hm? — Senti que meus olhos fossem sair do meu corpo quando os arregalei ao me sentir ser abraçado.
Você jogou os braços sobre meus ombros e me abraçou como se fosse simples assim. E talvez fosse para você, mas para mim foi como se você estivesse invadido uma área que eu não deixei que entrasse.
A minha zona de conforto.
— Obrigado por vir — você agradeceu baixo, enquanto eu ainda tinha os olhos mais abertos do que nunca e mantinha o corpo rígido, com os braços largados ao lado dele.
— E-eu — gaguejei. Sem saber o que falar nem fazer, me mantive quieto e parado até que me soltasse.
Quando se afastou, não fiquei surpreso ao que o sorriso não havia sumido de sua boca.
Você gostava mesmo de sorrir, não é?
— Vem brincar comigo amanhã? Eu te apresento o Hobi e a gente pode brincar de pique-esconde! Vai ser legal!
— Eu não... n-não sei. Tenho que pedir ao meu pai. — Você fez bico. — Mas eu acho que venho sim.
— Mesmo?! — Assenti. Mesmo com o nervosismo do abraço, me senti satisfeito por te ver empolgado.
— Sim, mas... só durante a tarde. Eu estudo de manhã. — Pendeu a cabeça para o lado. — Tudo bem?
Você assentiu vezes seguidas antes de dizer:
— Tudo bem.
Jimin, eu realmente não entendia como seu sorriso podia me fazer sorrir junto. Era nublado para mim naquela época, mas hoje eu entendo. E não era pelo fato de, algum tempo depois, eu estaria me apaixonando por você. Era por outro motivo.
Ninguém ao meu redor sorria como você. Quando apareceu, rodopiando com toda essa empolgação com o mundo, também me tirou da zona de conforto. E eu percebi que a minha zona de conforto, na verdade, era fora dela.
Dentro era minha zona de pesadelos.
— E-eu... preciso ir — anunciei e, junto a você, andei até a abertura na lona pela qual todos saíram.
Acenei para Seokjin em cima do palco e enfim saí, deixando sua, enorme e repleta de magia, casa para trás.
— Até, Kookie!
Me virei e sorri, acenando.
— Até, Ji! — foi a última coisa que falei antes de me virar e ir até Namjoon, que estava parado ao lado do carro exagerado.
Ele abriu a porta para mim e só disse algo quando também entrou no veículo, só que no lado do motorista.
— E como foi? — perguntou, me olhando pelo espelho retrovisor.
Eu sorri e ele sorriu junto mesmo sem saber a resposta, mas essa não demorou para vir.
— Foi mágico.
🎪ི꙰͝꧖๋໋༉◈
E aí, anjos! Como vocês estão?
Enton... O mini JK ainda vai arranjar muito problema com essas saidinhas pra ver o mini Jimin, relaxem akakkaa
Pra quem nunca viu um show de trapézio ou ficou boiando na parte que o JK narra, vocês podem pesquisar um vídeo sobre no YT. É mt bonito. Eu só assisti presencialmente uma vez, há muito tempo, quando o Circo Marcos Frota veio pra o meu estado e foi mágico!
SPOILER: no próximo capítulo haverá momentos de tensão e agonia, Jungkook vai compartilhar com vocês uma das dores dele: o pai. Aguardem.
Enfim, é isso. Por hoje
Se amem. Se cuidam. Se hidratem. Se protejam 💜
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