[19]
SALVEEEEEEEEEEEE
Espero que curtam o capítulo, votem e comentem se gostarem. Boa leitura! 💕
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Eu sempre fui apaixonado por como você me olhava.
Deitado de bruços na sua cama, minhas pálpebras pesadas insistiam em fechar por conta do carinho gostoso que recebia perto da orelha, mas eu via a maneira que me encarava junto às carícias e não conseguia simplesmente parar de olhar.
Era tão bom...
Você parecia não enjoar de me namorando através dos teus olhos. Fazia minutos que estávamos na mesma posição, quietos, e você apenas não os desviava de mim.
— Você é tão lindo — me elogiou ao sussurrar.
Ergui lentamente as pálpebras — essas que se fecharam de novo por causa da sonolência — e te assisti afastar a franja da minha testa, levando-a até a parte de trás da orelha. Só que não ficava, meu cabelo estava curto demais para ficar, como costumava fazer.
— Gguk... — sua voz falhou ao me chamar, e não disse mais nada mesmo que eu ainda estivesse te olhando.
O carinho desceu pelo meu rosto, onde a ponta dos dedos alisaram minha bochecha. Eu notei quando seus olhos castanhos brilharam, se encherem d'água de repente. Então os fechou, prendendo o lábio inferior entre os dentes, e eu me mantive quieto te observando; tentando amansar as batidas fortes do meu coração.
Eu vi uma única lágrima escorrer segundos antes de você os abrir outra vez, sabendo o porquê dela.
Não era a primeira vez que algo do tipo acontecia, passou a ocorrer com uma frequência maior nos dias anteriores. Você chorava sempre que me olhava demais. Ou quando ficamos quietos por muito tempo. E o motivo era sempre o mesmo:
Não iríamos ter isso para sempre.
Não iria ter um nós para sempre.
Você não poderia ficar minutos me namorando como gostava de fazer, em meio ao carinho. Eu não poderia mais escorar em seu ombro para gozar de sua altura com o único objetivo de te ver irritado. Ou então, deixar que meu corpo amasse intensamente o seu e vice-versa.
Sabíamos desde o começo que isso iria acontecer e ali sabíamos que não estava tão longe de acontecer, mas...
Ainda não estávamos preparados.
— Eu acho que eu te amo, Jungkook. — A instabilidade na voz me fez juntar as sobrancelhas e fechar os olhos com força.
Era a primeira vez que falávamos sobre o amor propriamente dito. Eu sabia o que sentia por você não poderia ser nada menos que ele, contudo, nunca tínhamos verbalizado-o um para o outro.
Não que houvesse a necessidade, eu sentia o seu amor sem que precisasse me dizer.
— Eu tenho certeza que amo você — se corrigiu.
Entretanto, porque estava triste ao dizer que me amava? Talvez fosse o que estivesse me causando tanta dor.
— Nós... — Enfiou os dedos nos fios do meu cabelo, acariciando o couro cabeludo. — Amor... — Sua voz ficou mais embargada e trêmula e eu não tinha coragem de abrir os olhos para te olhar. — Vamos começar a... a desmontar tudo depois de amanhã. — Mordi o lábio inferior com força, escondendo o rosto no travesseiro. — A-amor...
Eu sou incapaz de inserir aqui, Jimin, o quanto estava doendo.
Pelo dia seguinte ser domingo, Paradise ainda tinha um dia de espetáculo antes de finalizar, de fato, a semana. Levando em consideração que para desmontar tudo leva uns três ou quatro dias...
Tínhamos poucos minutos juntos ainda.
— Gguk... — Chegou mais perto de mim, alisando minhas costas.
— Você não pode ir — fiz birra, como uma criança.
Pode ser que a cena pudesse até ser cômica, porque te agarrei pela cintura sem pretensão alguma de te soltar em meio a birra, mas talvez meu desespero tivesse me feito agir como uma criança.
— Jungkook, p-por favor... Não faça eu me sentir pior do que já estou — implorou choroso. — A gente sabia. Desde o começo a gente sabia que seria assim.
Eu calei a boca. Não porque eu queria ficar em silêncio, mas porque o nó me impedia de dizer algo entendível. Ou porque fiquei incapaz de formular uma frase que descrevesse meu descontentamento. Desta forma, apenas deixei o silêncio nos afundar.
Uma quietude densa.
Não ter te olhando até o momento não era raiva, Ji, eu apenas não queria ver o que as lágrimas fizeram com seu rosto bonito. Eu não queria ver dor nele.
— Desde quando você sabe? — eu quis saber.
Em meio a um suspiro, você escorregou os dedos pelos curtos nos fios da minha nuca.
— Hoje de manhã. — Alisei seu braço. — Nós... tivemos uma reunião. Os números de ingressos comprados por noite caíram. Temos uma meta mínima e quando ela é batida, sabemos que é hora de ir. — Suspirou de novo. — Vamos apresentar hoje e amanhã apenas, para terminar a semana. E aí...
Não completou.
— Quer sair comigo? — indaguei, querendo fugir daquele assunto que me causava vazio. — Podemos ir em qualquer lugar. No cinema, praia, bar, parque de diversões. Qualquer lugar. Eu só quero ficar com você até o último minuto.
Você soprou um riso e me tocou no rosto, puxando-o para você.
Todo vermelho. Seu rosto estava todo vermelhinho pelas lágrimas.
— Eu vou para qualquer lugar com você.
Seu polegar desenhou meus lábios outra vez e sua resposta me fez sorrir bobo.
— "Duvides que as estrelas sejam fogo — sussurrei em poesia, mantendo meus olhos nos seus. —, duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja mentira, — E, também pela primeira vez, lhe confessei: — mas não duvides jamais de que te amo."
Para a minha surpresa, você recitou em seguida:
— "Que os sentimentos que aparecerem em teu coração sejam como esses do meu peito."
Shakespeare, garoto. Você me recitou Shakespeare!
— Jamais duvide disso — pedi, me apoiando sobre os braços para nivelar nossos rostos ao pairar por cima do seu corpo.
Seus olhos caíram para a minha boca e suas mãos me tocaram na cintura. Com uma das pernas entre as suas, e uma das suas entre as minhas, meu quadril foi de encontro a sua coxa quando relaxei sobre você.
Nosso beijo foi lento quando uní nossas bocas. Acho que foi o beijo mais lento e demorado que trocamos até aquele momento. Me arrepiava por completo.
— Passa o dia comigo.
— Se seu pai–
— Foda-se o meu pai, Jimin. Foda-se alguém verem. Dane-se se todo mundo vai saber. — Apertei a colcha da cama com força. — Você vai embora! Eu só quero ficar contigo.
Eu fui beijando por você com força, tamanha intensidade que pareceu estar com raiva – não de mim ou de você, mas de tudo o resto.
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Me permitindo passar do limite estabelecido por Jungseok, passei o dia inteiro com você. Não te deixei mesmo quando, se aproximando do horário do espetáculo, foi se aprontar. Enquanto se maquiava em frente ao espelho, eu te namorava da cama.
Admirando sua magnitude.
Embaixo da lona, assisti ao espetáculo por completo. A visão que tive, desta vez, foi a de trás do palco. Mesmo após tantas vezes, onde já havia decorado as apresentações, as falas, truques, malabares e saltos, não perdia a graça. Era mágico todas as vezes, inclusive sua dança aérea.
Comparado ao primeiro dia, do qual eu estava, de fato havia uma notória baixa no público. Nos primeiros dias sempre esgotavam as sessões, naquela noite, com capacidade para pouco mais de quinhentas pessoas, metade das cadeiras estavam vazias.
Eu entendia que você tinha que ir.
Eu só não queria que tivesse que ir.
A segunda e última sessão estava ainda mais vazia que a primeira, mas a energia e presença de vocês em cima do palco eram sempre as mesmas.
— Quer pipoca? — te ofereci quando chegou do meu lado ao finalizar sua apresentação.
Você riu e pegou, me dando um beijo rápido antes de comer.
Eu sei que eu não deveria ir tão tarde para casa, porque a possibilidade do meu pai descobrir meus passeios sorrateiros aumentava, mas não queria ficar longe de você.
Embora eu precisasse.
— Posso vir te buscar amanhã para darmos uma volta? — indaguei contra a sua orelha, sendo abraçado pela cintura. — Fui aprovado na última prova, sou oficialmente um habilitado.
— Hm... — Soltou uma risadinha atrevida. — Eu bem que estava esperando você me chamar para dar uma voltinha de carro pela sua cidade.
Sorri contra a pele morna.
— Farei ser inesquecível — prometi. — Eu preciso ir agora.
Você disse que me amava de novo e eu não pude deixar te apertar em meus braços.
Namjoon já havia ido embora há algum tempo visto que precisou buscar minha mãe na empresa do Jungseok, por isso voltei sozinho para casa. Foi bom, minha companhia me agradava em determinados momentos. Naquele, um tanto reflexivo, foi fundamental para as inquietações que rondavam minha cabeça.
Com um suspiro pesado, até cansado — não pela caminhada —, fechei a porta de casa quando entrei. Não me importei em largar desleixadamente meu corpo sobre o sofá da sala.
— Jeon.
Nunca gostei desse sobrenome.
Nem precisei me virar e olhar por cima do encosto do estofado, minha mãe, segundos depois de me chamar, entrou no meu campo de visão. Bem na minha frente.
— Tudo bem? — questionei. — Desculpa chegar tarde.
— Sabe que não precisa se desculpar. — Enfiou as mãos nos bolsos do moletom canguru amarelo clarinho.
Ela nunca me disse, mas sei que é a cor favorita dela.
— Você está muito bonita, mãe. — Ela sempre ficava vermelha quando elogiada. Jungseok não fazia isso e, por ser esposa dele, as pessoas tinham medo de elogiá-la.
Minha mãe é linda, Jimin.
— Obrigada. — Sorriu ladino, meio sem jeito, e não tardou a mudar de assunto. — Se divertiu hoje?
— Uhum. — Soltei outro suspiro, outro sem meu consentimento. — E o Joonie? Não falei com ele desde que saiu para te buscar mais cedo. Está tudo bem?
Ela mordiscou a boca, ato esse que deixou as covinhas tímidas da bochecha amostra; exatamente como acontece comigo quando faço o mesmo.
— Sobre isso... — Me ajeitei no sofá, um pouco alerta. — Eu precisei dele para algo e... o chamei mais cedo.
Permaneci em silêncio, esperando que continuasse.
— Seu aniversário foi há alguns dias... — Franzi o cenho, percebendo as mãos se mexendo dentro do bolso da blusa grossa. — E eu não te dei nada, sabe?
— Porque não precisa.
— Desta vez eu senti que sim, precisava. E a demora foi porque eu estava esperando você terminar de tirar a carta. — Neguei com a cabeça, mas levou tanto a sério. — Vem comigo.
Ao me dar as costas, foi até a porta da qual eu havia acabado de entrar.
Ela ficou me olhando de lá até que eu me levantasse do sofá e fosse junto. E eu me arrastei, Jimin, meu corpo estava tão pesado...
A sensação era de que eu poderia facilmente me deitar na cama e não levantar dela por semanas.
Minha mãe pediu que eu saísse primeiro.
— Uma vez, quando você era pequeno — voltou a falar, mantendo-se parada de costas para a porta. E então me segurou pelos ombros, me colocando de frente para ela e de costas para o enorme espaço exterior da mansão. — me contou que achava muito bonitas as motos que os caras usavam no filme Motoqueiros Selvagens. — Eu ri, a fazendo rir também. — Era seu filme favorito só por causa disso. Mesmo que fosse um filme... idiota.
— Eu tinha dez anos — lembrei, achando graça da memória longínqua.
— Com dezesseis anos você me contou que seu sonho era tirar carteira de moto. Você estava com medo do seu pai, mas–
— Mas você me incentivou — completei. — Disse que eu deveria fazer o que gostasse de fazer, mesmo que meu pai não soubesse.
Ela assentiu fraquinho.
— Namjoon me contou que ano passado você ficou babando na moto estacionada na rua quando estavam voltando da escola. — Abanei a cabeça de um lado para o outro, incrédulo por minha mãe e Namjoon serem amigos ao ponto de conversarem sobre mim.
— E onde exatamente você quer chegar com tudo isso? — Ela soprou um riso, tirando uma das mãos do bolso para colocar um pouco dos cabelos atrás da orelha.
— Então... — Mordiscou o lábio inferior de novo, apontando para além de mim. — Seu presente atrasado. Em meu nome e em nome do Namjoon.
Eu a olhei por mais alguns segundos antes de me virar. A primeira coisa que me chamou atenção foi o Nam, que até então não estava ali, e a segunda foi um laço enorme e vermelho preso no meio do guidão da imensidão em preto-metálico estacionada ao lado do motorista.
— Vocês só podem estar de brincadeira! — exclamei, incapaz de me mover.
— Surpresaaa! — Namjoon soltou baixinho, balançando as mãos perto da moto.
Eu sorri meio abobalhado e olhei para a minha mãe, que apontou de novo para frente.
— É sua, vai lá.
Voltei para Nam e ele balançou as mãos de novo, o que me fez explodir em risadas e finalmente descolar os pés do chão.
— Cacete... Olha isso! — pipoquei até eles, encantado com o brilho da lataria e o tamanho da moto. Meu corpo todo se arrepiou ao que toquei o couro bonito do assento. — É incrível!
— Você gostou?
— Está brincando? Eu mijar guaraná!
— Menino! — Nam exclamou, minha mãe gargalhou.
Eu esmaguei o homem nos braços, levantando-o do chão, e fiz o mesmo quando corri até a mulher parada no mesmo lugar.
— Obrigado, mãe, eu amo você. — Afrouxei os braços e olhei o motorista por cima do ombro. — Vocês dois. Amo muito.
— Nós também te amamos, garoto — ele disse, erguendo a chave. — Não quer dar uma volta?!
Assenti mil vezes a cabeça, mas senti a mão da minha mãe, que ainda estava em volta da minha cintura, me impedir de sair do lugar.
— Eu também amo você, Jungkook — ela sussurrou, acariciando a base das minhas costas.
Quando outro sorriso largo decorou meu rosto, eu a abracei de novo. Nunca na vida que minha felicidade seria por conta de uma moto, o ponto principal pelo qual trouxe esse momento não é o que ganhei de presente de aniversário. Posso te confessar algo? Essa foi a primeira vez que ela disse. A primeira que falou que me ama.
E... Eu fiquei tão... confuso. Completamente dividido e bagunçado em relação ao que sentia. Certamente estava feliz pela declaração, mas magoado e triste na mesma proporção pelo que você me contou mais cedo.
A soltei e, com um último sorriso e um beijo depositado em minha bochecha, eu me distanciei em direção à Namjoon de novo. Ele piscou apenas um olho para mim e me entregou a chave.
— Quem vai primeiro? — questionei, passando a perna direita sobre o assento.
— Desculpa, menino Jeon, mas nem ferrando que eu subo nessa coisa. — Se afastou, arrancando gargalhadas minhas e de minha mãe
— Cacete, é muito confortável! — exclamei, extasiado, mexendo a bunda de um lado para o outro sobre o couro.
— Para com isso, criatura! — Namjoon acertou um tapa no meu braço, rindo.
— Quer dar uma voltinha comigo, mãe?
Ela não hesitou em assentir.
— Só um instante — pediu antes de sumir casa adentro.
— Tira isso... — Nam tirou com cuidado o laço preso no meio do guidão.
Eu mordi com força a boca e enfiei a chave na ignição, me arrepiando pela segunda vez quando escutei o ronco do motor.
— Acho que vou ter um treco — choraminguei.
E então minha mãe voltou com dois capacetes em mãos.
Você sabe, eu tenho eles até hoje, mesmo não os usando mais. Guardo de recordação, me fazem lembrar desse momento sempre que olho.
— Esse é o seu. — Me entregou um. — Namjoon quem escolheu o adesivo. — Apontou para a parte de trás, onde a logo da minha banda favorita decorava; a mesma que ele havia me presenteado com uma palheta no meu aniversário de treze anos.
— Ficou incrível. — Alisei a figura, sorrindo bobo. — Obrigado.
— Para de agradecer e vai logo — ele mandou. — E tome cuidado, pelo amor de Deus!
Prometi, colocando o capacete. Minha mãe também colocou o dela e eu estendi a mão para ajudá-la a subir.
— Está com medo? — indaguei, sendo abraçado pela barriga.
— Nem um pouquinho. Faz tempo que eu não me divirto desse jeito.
— Vamos curtir aproveitar!
Lancei uma piscadela para Namjoon e dei meia-volta, acelerando rumo ao portão. E então, quando esse se abriu, eu acelerei pelo asfalto. Minha mãe e eu criamos novas memórias nesse dia, memórias felizes. Rodamos por horas, o fato de ser noite deixava tudo mais encantador. Até paramos para comer alguma coisa num restaurante que fazia divisa com a nossa cidade e a vizinha. E quando voltamos, em segurança, já passava da meia-noite.
Extasiado como nunca antes!
— A essa altura seu pai já sabe que eu te dei ela — a escutei dizer quando entramos em casa após estacionar na garagem. — Tudo o que acontece aqui e os funcionários veem, passam para Jungseok. — Eu sabia, por isso assenti com pesar. — Não viram Jimin, se não ele já teria surtado, mas eu tenho certeza que vai falar da moto.
— Tenho em mente.
Me parou no pé da escada.
— Não ceda, Jungkook. Pare de abaixar a cabeça para o seu pai.
— Você também baixa! — Ela abriu a boca umas duas vezes sem dizer nada, e sorriu sem força.
— Não faça como eu, Jungkook. Eu nunca tive o apoio de ninguém, eu sou uma mulher. Eu ergui a voz para o seu pai uma vez em toda a minha vida e sei que devo pensar duas vezes antes de fazer de novo.
Engoli em seco.
— Ele... — Temi perguntar, mas temi ainda mais a resposta. — bateu em você?
Os olhos alheios brilharam de uma forma que me deu a impressão de que estava segurando o choro.
— Faz muito tempo... — foi a resposta dela. — Pode não parecer, Jungkook, mas seu pai tem medo de você. Porque ele sabe que não tem chance nenhuma com você quando decidir fazer algo. É por isso que ele te coloca medo. Para que não queira nunca bater de frente com ele e ele poder continuar te controlando. Porque ele vai perder, ele sabe.
— Por que não denunciou ele?
Ela fechou os olhos e eu acompanhei o caminho lento que uma lágrima grossa fez ao escorrer pelo rosto bonito.
— O que eu iria conseguir? Seu pai é cercado de pessoas e todas pensam exatamente como ele. Ele conhece muita gente e tem dinheiro o suficiente para me fazer sair como uma louca nessa história toda. Então... deixa quieto. Não vai adiantar nada.
Abanei a cabeça de um lado para o outro.
— Se eu for, você vem comigo? — Não obtive resposta. — Se eu for embora daqui, foge comigo?
— Não. — Meus ombros caíram. — Não posso.
Não pode?!
— Por quê? Por favor, mãe...
Eu fiquei desesperado com a possibilidade dela não vir. Era uma oportunidade, não era? Como ela disse, de ser livre. Mas ela não podia?
Ainda sem uma resposta concreta, minha mãe segurou meu pulso. Seus olhos magoados pareciam atentos ao redor enquanto saía me puxando escada acima.
— Eu não posso porque... — Fechou a porta do meu quarto quando entramos. Ela suspirou um pouco mais fundo e relaxou os ombros, encostando na madeira branca. — "Se não recordas a mais ligeira loucura que o amor te fez cometer, não amaste".
Shakespeare.
Essa é uma das poucas frases escritas por ele que eu discordo. Mas ela, naquele momento, falava algo sobre a minha mãe que eu não sabia antes. E engoli em seco, sentindo meu coração bater rápido ao entender:
— Você tem um amor... — conclui num sussurro, a vendo fechar os olhos.
— Eu n-não posso deixá-la, entende? — O queixo tremeu e a voz se perdeu. — E se seu pai sonha... — Passou a mão no rosto magoado. — Ele não pode descobrir nunca.
— Eu a conheço?
Assentindo fraquinho, abrindo os olhos sem pressa. Foi a manga do moletom que secou as lágrimas que dele escorriam.
— Ela está comigo desde... — Ergueu os ombros. — Desde que eu comecei a trabalhar com seu pai na empresa, antes mesmo de você nascer.
Eu não sabia o que sentir, fiquei confuso na hora. A única certeza que eu tinha era que não foi coisa boa. A revelação fez meu corpo pesado afundar ainda mais, como se eu pudesse cair a qualquer instante.
Com as duas mãos na cabeça, jogando todos os fios do meu cabelo para trás.
— Sua secretária — concluí baixinho. — É claro.
Agora é.
— Eu gosto dela — eu não sabia o que dizer, mas senti a necessidade de expor a ela.
E ganhei um sorriu menos amuado.
— Jungkook... Quando você amar verdadeiramente alguém, vai entender o que eu estou fazendo. Vai fazer coisas sem se preocupar com as consequências apenas para ficar perto dele. Para vê-lo todos os dias porque é quase que uma necessidade. Eu tenho medo, ok? Não continuo com seu pai apenas para ficar perto dela. Eu continuo com ele porque eu tenho medo. Eu sei que se eu sumir daqui ele vai me buscar independente do buraco que eu estiver, e esse inferno vai ser mil vezes pior. Então tudo bem... Eu sei que, todos os dias, ela vai estar lá para fazer eu me sentir melhor. — Abanou a cabeça de um lado para o outro. — E quando você achar esse alguém... Não pense, só faça. Você só tem dezoito anos. Tem uma vida inteira pela frente. Aproveita.
E então, sem me deixar pensar em algo para confortá-la, minha mãe puxou a porta e saiu, fechando-a outra vez ao me deixar sozinho no quarto que, de repente, se tornou imenso.
Enorme e solitário.
Eu odeio usar a palavra "ódio", usei agora justamente para mostrar que odeio. É tão forte quanto "amor". Mas, porra... Eu odeio Jeon Jungseok.
Não tem outro sentimento que demonstre o que eu sinto por aquele homem que, de pai, só contribuiu com a porra de um espermatozóide e, para completar, da maneira mais nojenta e desumana que existe. Se hoje eu abomino a minha existência, a culpa é dele.
Eu me recordo de muitas loucuras que fiz por ti, Jimin, quando era mais novo principalmente. E sendo bem sincero? Nunca me arrependi de nenhuma.
Aquela não seria a primeira.
🎪ི꙰͝꧖๋໋༉◈
E aí, anjos! Como vocês estão?
JK tá triste...
E descobriu que a mãe dele tem um amor!
Eu sei que vocês querem que o JK vá, e eu também quero, mas a relutância dele se dá pelo fato de que há pessoas que são importantes dos dois lados. Ele não quer ficar longe de ninguém. A mãe do JK não vai pq também tem pessoas importantes (e aquele cuzão lá) e a Jooyoung também pessoas importantes. E o Tae. E o Jimin não pode ficar pelos motivos óbvios; ele jamais deixaria o circo e ficar com o JK vai trazer problema para os dois quando o Jungseok voltar
É uma decisão difícil pro Jungkook
SPOILER: no próximo capítulo... Já pararam para pensar qual seria a reação do Jungseok se o JK contasse que está saindo com Jimin por livre e espontânea vontade? Enfim, aguardem
É isso por hoje
Se amem. Se cuidam. Se hidratem. Se protejam 💜
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