[15]
SALVEEEEEEEEEEEE
Caraio, nos últimos cinco capítulos (somando todos os cinco) só teve UM comentário. Isso me entristece de tal forma...
De qualquer maneira: espero que curtam o capítulo, votem e comentem se gostarem. Boa leitura! 💕
🎪ི꙰͝꧖๋໋༉◈
— Te machuquei? — baixinho e manso, você perguntou. A cabeça ainda apoiada em meu peito.
Eu alisei suas costas e sorri para o céu cheio de estrelas.
— Não, foi perfeito. — Te senti mexer a cabeça e quando desci o olhar, você me encarava. — Mas acho que vou sentir dor nas costas por um tempo.
Sua risada gostosa era o que faltava para deixar tudo beirando o perfeito, e descobri isso quando a escutei cortar o vento.
— A próxima vai ser numa cama, eu prometo. — Espremi os olhos com a sua suposição que sim, haveria uma outra vez, e te olhei. — O quê?
— Nada.
Me inclinei e selei sua boca, depois sua testa. Já você beijou meu peito antes de se levantar. Outra vez eu me estiquei, desta para procurar meu celular perdido entre nossas roupas.
— Vai dar quatro da manhã — murmurei ao acender a tela do aparelho, rindo da sua expressão de surpresa.
— Meu sono é justificável então. — Te admirei piscando lento.
Adorável.
— Melhor irmos para casa. — Deixei o celular de lado, me aproximando um pouco mais para puxar sua nuca para mim, sorrindo ao te sentir sorrir contra a minha boca.
Não me importei em ficar de pé mesmo estando sem roupas e na sua presença. Eu gostaria que não tivéssemos esse tipo de vergonha.
Ao me vestir, usei o celular para chamar um Uber enquanto você se vestia. Eu não voltaria andando nem que me prometessem todas as flores do mundo.
E como bem sabes: sou apaixonado por elas.
— A vista desse lugar é absurda — te escutei dizer. Quando olhei, você estava debruçado sobre o guarda-corpo devidamente vestido.
Soprei um riso e vesti a jaqueta, colocando o violão de volta na capa assim como a fina coberta que nos protegeu do chão puro com um sorriso bobo.
— Vamos? — chamei, me achegando para observar a cidade junto contigo.
— Uhum. — Não hesitei em te abraçar ao que grudou em mim.
Nós descemos sem tantas cerimônias mais. Após trancar a última porta do prédio e passar pela grade, andamos pela rua paralela pouco iluminada até a principal.
— Eu chamei um carro, já está chegando — anunciei, parando na calçada depois de jogar o lixo que produzimos na lixeira mais próxima.
— Obrigado, eu não estava a fim de voltar andando. — Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Atrapalhei você, não foi? — Franziu o cenho. — Ainda é sábado, você deveria estar descansando para se apresentar mais uma noite.
— Tranquilo, eu posso descansar durante o dia. — Segurou a minha mão. — Sério, não se preocupe. Eu faria isso todos os dias sem pensar duas vezes.
Eu iria me inclinar para te beijar, porém um carro vermelho parou próximo de nós e abaixou o vidro, perguntando se havia sido nós que pedimos a corrida. Confirmei após um boa noite e puxei a porta traseira, esperando que você entrasse para ir logo depois.
Sua cabeça foi sobre meu ombro a viagem toda. De carro não era tão demorado como andando, embora tivesse sido o suficiente para te fazer cochilar.
Desculpa, eu tive que te acordar.
Pedi que a mulher me esperasse e te acompanhei até a entrada do picadeiro, me despedindo com um abraço demorado e um beijo de boa noite. Seus olhinhos ficam ainda menores quando está com sono, além de ficar coçando-os a cada dois segundos.
Algumas manias não mudaram com o tempo e é uma graça.
Eu voltei para o carro quando você entrou em casa e peguei o celular na capa do violão.
— Desculpa por isso, gata — falei comigo mesmo quando começou a chamar.
— Jungkook?
A voz soou sonolenta ao me atender.
— Eu sei que são quatro e meia da manhã, mas eu preciso voltar para casa com você. — Olhei pela janela. — Não podemos chegar sozinhos.
— Droga, é verdade. — Obrigada, Joo, por entender todas as vezes. — Eu estou na casa da Sana ainda.
— Apronte-se. Eu te busco e você dorme comigo.
Resmungou alguma coisa entendível, quem pelo sono, antes de dizer que estaria me esperando. E ela já do lado de fora da casa da namorada quando o carro encostou.
— Ser sua amiga é sempre uma aventura, sabia? — zoou, ligeiramente extasiada, ao que abri a porta enorme da mansão. A essa hora o sol já estava quase nascendo.
— Ser eu ainda mais. — Me empurrou em meio ao escuro da casa, onde fui obrigado a acender a lanterna do celular para iluminar o caminho sem precisar acender as luzes.
E ainda para evitar chamar atenção, subimos a escada na pontinha dos pés e entramos no meu quarto.
Sem a permissão de Jungseok, e nunca agradeci tanto por ele passar a maior parte do tempo no trabalho, eu mandei revestir meu quarto em espuma acústica há uns dois anos. Desta forma, eu poderia tocar violão sem ser ouvido ou precisar esperar certo horário para subir para o sótão e tocar naquele lugar empoeirado, como eu costumava fazer quando era mais novo. Então, naquele momento, mesmo estando noite, Joo e eu não nos importamos em falar em tom normal ou gargalhar alto. Não precisávamos ter medo de sermos escutados.
Porque não iríamos.
— E então, como foi a noite? — indaguei, deixando o violão no canto do cômodo enquanto ela se esparramava na minha cama.
— Incrível, como sempre — respondeu, encarando o teto como se pudessse ver as estrelas.
Toda apaixonada.
— Você ainda vai pedir essa garota em casamento.
Enquanto tirava os meus sapatos, as meias e a jaqueta, percebo o olhar da garota cair sobre mim carregando aquele ridículo sorriso. Aquele que ela usava todas as vezes que queria bisbilhotar.
— Que foi, criatura abominável? — perguntei, pegando a toalha.
— Que foi?! — Sentou-se, empolgadíssima. — E você? Me conte! Como foi a sua noite?
Mordi o lábio, falhando ao conter um sorriso eufórico, e vi os olhos dela brilharem em antecipação.
— Parece que alguém foi desvirtuado — enfim contei, rindo quando arregalou os olhos e abriu a boca.
— Jungkook! — gritou quando pulei para dentro do banheiro. — Vem cá, seu besta! Me conta! — Choramingou atrás da porta.
Já eu não consegui segurar a risada.
— Daqui a pouco! Deixa eu tomar banho.
Ela parou de choramingar e eu fui para o box com um sorriso meio bobo na boca, tirando toda a minha roupa pela segunda vez naquela madrugada. Meu banho foi mais demorado do que pretendia. A verdade é que fiquei navegando pelo que aconteceu; desde que cheguei no circo e assisti ao espetáculo, até quando te deixei em casa depois de uma noite transcendente.
— Achei que iria morar no banheiro — ela resmungou ao que finalmente saí. — Então a noite foi boa...?
— É. — Abri o guarda roupa. — Foi incrível.
— Ah, meu Deus! Você está muito boiola! — Gargalhei. — Quero tudo detalhadamente.
— Puta merda! — Catei o pijama na gaveta.
Meu pijama favorito.
— É fofo como você está prestes a me contar sobre a sua primeira transa e está vestindo um pijama da Marceline do Hora de Aventura.
Eu ri e coloquei a toalha de qualquer jeito no banheiro após me vestir, ocupando o lugar ao lado da garota na cama logo em seguida.
— Eu não tive infância, me dá licença. — Encostou na cabeceira e me puxou pelos ombros para que eu deitasse contra o peito dela, quase como se fosse me ninar até dormir. — E eu gosto muito da Marceline.
— Eu sei, gato. — Beijou o topo da minha cabeça. — Agora me conta. Deu ou comeu?
— Cacete, Jooyoung! — Cobri o rosto com as duas mãos, querendo morrer com as risadas dela.
— Ok. Ok. Me conta do seu jeito, neném.
— Sim, eu sou um. — Peguei o celular quando vi a tela acender, os toques baixos anunciavam novas mensagens. E sorri ao ver que era você. — Hm... Nós fomos para o prédio andando. Conversamos sobre várias coisas. Eu cantei para ele. Conheci mais um pouco dele... Tomamos vinho e... — Cliquei para abrir a mensagem. — começamos a nos beijar muito. — Pelo fato de estar explicando, não li de imediato o que havia me mandado. Era um textinho. — Tiramos nossas roupas e fizemos. Não é assim que faz?
— Ah, Jeon! — A olhei já rindo. — Conta direito.
Suspirei e assenti, franzindo a testa ao lembrar dos momentos. E eu amo a Joo, Ji, mas tem coisas que ninguém além de nós dois precisa saber. E não digo por questão de intimidade apenas, mas sou possessivo com nossas memórias. Nossos momentos juntos.
São únicos porque são exclusivamente nossos, não tem graça mais pessoas saberem além de nós mesmos.
— Ele é tão perfeito. Eu não fiz nada, ele tomou conta de tudo. — Sorri fraco para o nada. — Não poderia ter sido melhor. Mesmo. — Fechei os olhos e bufei. — Até os gemidos dele são majestosos. Que raiva!
Ela soltou uma risadinha e me apertou mais nos braços.
— Estou feliz por você. Muito mesmo. — Beijou minha testa de novo. — Eu desejei por anos te ver assim, feliz. E eu nunca te vi sorrindo tanto, e falando tanto, como tem feito desde que ele veio. Por favor, não deixe esse garoto. Ele desbloqueia um Jungkook que nem eu consigo.
— Não diz isso, eu sou eu mesmo com você. É só que... Jungseok me cansa. Não dá vontade de viver perto dele. E você sabe que eu não posso fazer nada em relação a isso.
— Pode. Pode sim. Você sabe que pode. — Fechei os olhos com mais força. — Mas não vamos falar sobre isso. Vou cuidar de você hoje.
Soprei um riso.
— Você parece ser a mais velha, às vezes.
— E eu sou. Você ainda é um bebê. — Rolei os olhos. — Está se doendo? — Confuso, a olhei para tentar descobrir sobre o que exatamente estava falando. — Seu traseiro.
— Garota!
— O quê?! Ouvi dizer que dói.
Revirei os olhos de novo, só que com mais vontade desta vez, o que a fez rir mais e me deixar ligeiramente tonto.
— Não, gata, meu traseiro não está doendo — garanti.
Desbloqueei o celular de novo, agora a fim de ler sua mensagem. E meu sorriso foi inevitável, esse que cresceu a cada palavra capturada pelos meus olhos.
Príncipe:
|"Pegue um pedaço do meu coração e torne-o todo seu. Assim, quando estivermos separados, você nunca estará só."
|"Quando sentir minha falta, feche os olhos. Posso estar longe, mas nunca fui embora. Quando você cair no sono hoje à noite, só se lembre que nos deitamos sob as mesmas estrelas."
[Mídia]
[4h54]
Não precisei fazer esforço para identificar a letra da música que me perguntou o nome. A música que eu cantei para você. E seguido da citação havia uma fotografia que não tinha carregado. Então, quando cliquei para baixar, sorri o dobro ao ver que era a foto que tiramos juntos em cima da ponte.
— Esse garoto ainda vai te tirar do sério.
Suspirei, derretendo.
— Ele já tirou.
As estrelas são testemunhas do que fizemos sob elas|
Oh, trapezista... Como faço para diminuir a vontade de passar a noite inteira ao teu lado?|
Você não tem o direito de me fazer tão dependente da sua companhia, é desumano|
A noite de hoje foi a melhor da minha vida, nunca esquecerei|
Tenha uma boa noite, príncipe. Espero que esteja descansado quando tiver que apresentar mais tarde|
[5h27]
— Posso ser a madrinha do casamento de vocês?
— Vamos dormir, Jooyoung.
⚜️ི꙰͝꧖๋໋༉⚜️
— Você é insuportáve... — resmungou, a voz rouca, quando joguei uma das pernas sobre ela.
— Bom dia para você também, gata — murmurei, ainda sonolento e de olhos fechados. Em resposta, Jooyoung soltou um suspiro longo.
— Que horas são?
Ela era um ogro pela manhã.
Com um esforço tremendo, abri os olhos e rolei para o lado oposto ao que a garota estava para pegar o celular no móvel de cabeceira.
— Quase meio-dia — respondo ao ver os números grandes com a visão ainda embaçada por ter acabado de acordar. — Merda...
— Volta a dormir.
— Eu tenho aula de carro — resmunguei de volta, rolando em direção a ela de novo e abraçando-a como se abraça um travesseiro.
Ela odeia quando a agarram quando está dormindo, e é três vezes pior quando é a famosa "conchinha".
Como eu estava fazendo naquele exato momento.
— Então vaza, criatura abominável! — Soprei um riso, puxando-a pela cintura para mais perto de mim. — Jungkook... Vou te descer o cacete!
— Conheço pessoas de mau humor, mas você quando desperta é o cúmulo. — A beijei no topo da cabeça antes de me sentar na cama. — Levanta. Vamos tomar café da manhã.
— Mais cinco minutinhos.
Neguei com a cabeça, sorrindo, e me arrastei até o banheiro do quarto. E durante o banho, logo pela manhã, meus pensamentos foram para você. Você e a noite anterior. Não tenha dúvidas de que fiquei uma parte impressionante da minha vida após isso, relembrando este momento. Depois de escovar os dentes, lavei meu rosto e, só então, decidi tomar banho logo. Minha aula era às 13h00, então não teria muito tempo visto que ainda tinha que comer algo.
Quando voltei para o quarto, Jooyoung estava deitada de barriga para baixo. E da uma maneira que metade do rosto estava amassado contra o travesseiro, ela sem dúvidas havia voltado a dormir.
— Só você, Joo... — murmurei sorrindo, abrindo meu guarda-roupa.
— Eu ouvi isso, tá? — soltou sonolenta.
— Ouviu nada. Não falei nada. — Joguei a toalha no ombro quando vesti a peça íntima. — Não vai descer para comer comigo, não?
— Hm... — murmurou apenas, me fez soprar um riso.
— Eu posso te deixar em casa antes de ir para a autoescola. — Resmungou de novo. — Meu idioma, Joo. Fale em algum idioma que eu entenda, por favor.
— Eu não quero ir para casa. — Vesti uma calça branca e peguei uma blusa de lã bege de gola alta antes de me virar para a cama. — Tenho um evento beneficente dos meus pais para ir. Ai, gato... Sem cabeça para sorrir e fingir que está tudo... bem.
Vesti a blusa e me sentei na beirada da cama. Com a minha aproximação, a garota abriu os olhos e me fitou ainda com a metade do rosto enfiado no travesseiro.
— Quer que eu vá com você? — Tirei alguns fios bagunçados da frente do único olho que me olhava, arrumando-os atrás da orelha. — Você sabe que não precisa passar por isso sozinha. Eu te acompanho.
Ela soprou um riso.
— Deveria ficar com o seu garoto. — Sorri sem mostrar os dentes.
— Não posso dormir mais uma noite fora de casa. Posso ficar um pouco com ele depois que voltar da aula e ir para a sua casa pela noite. Me diga o horário apenas e eu apareço.
— Mesmo? — Arqueei uma das sobrancelhas com o tom que, de repente, tornou-se extremamente arrastado e manhoso.
— Hm... — Acariciei o cabelo preto, vendo-a quase fechar os olhos. — Se eu não te conhecesse bem, diria que está... Tensão pré-menstrual, não é? — Toquei sua testa. — Está até mais quente que o normal.
— Sério, Jungkook, eu fico inconformada com o quão bem você me conhece. — Gargalhei. — Nem minha garota me conhece tanto.
— Eu conheço você desde pequena, pirralha. Ela pode até ser sua namorada, mas eu sou seu esposo. — Foi a vez dela rir. — É sério, gata. Eu vou com você. Você me ajudou ontem, eu te ajudo hoje. Nosso matrimônio funciona assim.
Ela choramingou antes de se declarar: — Eu te amo, Jungkook.
E eu me inclinei para beijar a testa morna.
— Eu também amo você. — Levantei-me. — Agora vá tomar um banho, sim? Tem uma remela monstruosa no seu olho.
Me jogou um travesseiro. — Eu te odeio!
— Estarei te esperando para o café. — A olhei da porta. — Prometo te dar uma cesta cheia de chocolate e biscoito, mas levanta.
Jooyoung comia doce que é uma beleza quando em seu período pré-menstrual. Era assustador às vezes.
— Eu realmente não me importaria em me casar com você.
— Até que você não seria uma esposa ruim. — De forma irônica, riu.
Após isso, deixei o quarto e desci para o térreo da mansão.
— Boa tarde, Sr. Jeon! — Valentina, a governanta da casa, desejou quando me viu descer a escada.
— Bom dia! — Ela franziu o cenho. — É que eu não almocei ainda, então é bom dia.
E então sorriu.
— Está de bom humor hoje... Nunca te vi sorrir assim. — Pigarreei e ela mudou imediatamente de assunto. — O almoço já está pronto, estava apenas aguardando o senhor acordar. Namjoon disse que iria te esperar.
— Muito obrigado. — A beijei na testa. — E a minha mãe?
— Foi resolver algumas coisas na empresa para o seu pai. — Suspirei e, por fim, assenti.
Ao me despedir de Valentina, atravessei a sala a tempo de ver Namjoon entrando pela porta principal. Ele sorriu para mim enquanto fechava-a.
— Já iria subir para ver se vocês estavam bem. — Sorri e deixei ser beijado na cabeça por ele.
— Eu estava cansado. Apaguei.
— Que horas chegou ontem? Fiquei preocupado. — Junto dele, caminhei até a mesa de jantar.
— Desculpa, eu esqueci mesmo de avisar. — Me sentei à mesa e ele fez o mesmo, na cadeira de frente para mim. — Quase cinco. — Arregalou os olhos. — Deixei Jimin em casa e peguei a Joo. Vou deixá-la em casa antes de ir para a aula.
Valentina apareceu outra vez, desta perguntando se poderia servir a comida, eu assenti e agradeci.
— E você se divertiu? —
A pergunta de Namjoon me fez sorrir.
— Sim. Bastante. — Tirei os braços da mesa quando essa passou a preenchida pelas tigelas. — Eu... gosto muito dele.
— É. Eu sei que gosta. — Inclinou um pouco a cabeça, o olhar ligeiramente cerrado. — Está escondendo algo, não está? Você nunca gostou de blusas assim.
Eu precisava tomar cuidado com quem ouviria o que saísse da minha boca. Peguei o pano dobrado sobre a mesa para forrar meu colo, torcendo o pescoço de leve.
— A gente meio que...
Limpei a garganta, não completando a frase.
— Entendi — concluiu, e eu o vi sorrir de lado. — Precisamos ter uma conversa sobre proteção?
— Pelo minha sanidade mental, não! — Ele gargalhou. — Por favor, poupe-me dessa constrangedora conversa.
— Ok! — Ergueu as mãos em rendição. — Mas só me responda uma coisa... Vocês usaram camisinha?
— Namjoon! — o repreendi e ele riu de novo, e eu olhei para o lado a tempo de ver Jooyoung entrar na sala de jantar.
Eu só não pude deixar de notar que, embora eu quisesse mesmo mudar de assunto com Namjoon, Joo vestia uma camisa minha, essa que ficava grande o suficiente para quase cobrir o short jeans por completo.
— Mais uma? — questionei quando sentou na cadeira ao nosso lado, na extremidade da mesa de seis lugares. — Você pegou a minha camiseta da Arctic Monkeys há dois anos e não devolveu. Na verdade, sinto falta de umas cinco camisas minhas.
Fez um bico debochado.
— São minhas agora — respondeu, numa chocante simplicidade, e direcionou a atenção para Nam. — Bom dia, Nam.
Neguei com a cabeça, me inclinando para destapar uma das tigelas bonitas e me servir.
— Você não me respondeu, pequeno — o mais velho lembrou após cumprimentá-la.
— Sim. Nós usamos, Joonie. — Enfiei uma folha enorme de alface na boca, arrancando risadas dos dois à mesa.
Ao fim da refeição, Namjoon me levou até a aula e deixou, no caminho, Jooyoung em casa. E até que eu era bom naquilo, pegar no carro do Nam de vez em quando me deu um pré-aprendizado. Era a última de carro, embora eu não pudesse solicitar a carteira por ainda ter algumas de moto para fazer.
.Certamente, sem o consentimento de Jungseok. Ele não precisava saber de tudo o que eu fazia.
Na volta para casa, pensei que pudesse acalmar o comichão no peito te ligando.
— Amor? — Mal sabia eu que só pioraria ao ouvir sua voz.
— Oi. — Mordi o lábio inferior numa falha tentativa de mascarar meu sorriso. — Dormiu bem?
— Dormi. — Te escutei soprar um riso do outro lado da linha. — Muito bem. E você?
— Melhor impossível. E desculpa não ter falado com você mais cedo, acordei atrasado para a aula.
— Relaxa, querido, eu acordei não tem nem meia hora. — Eu havia terminado a aula há alguns minutos e te liguei. Se tivesse te ligado assim que ela começou, você ainda estaria dormindo provavelmente. — Chegou bem em casa?
Namjoon quem estava dirigindo e eu sentia seus olhos em mim de vez em quando, e ria de gargalhar quando eu falava alguma coisa com você.
Kim Namjoon nunca foi tão insuportável.
— Quero te ver — murmurei e, mais uma vez, o motorista riu de mim.
Então o escutei dizer:
— Meu Deus, quanta melação!
Revirei os olhos e, é claro, o ignorei.
— Eu não vou ensaiar hoje, então... Você pode ficar comigo. Eu vou amar.
Eu também iria, por isso confirmei minha ida até você. E não posso negar que tentei ficar agradável para você, de tal maneira que até o cabelo não deixei passar. Você não parecia fazer esforços para ser bonito, eu queria despertar coisas boas em você quando olhasse para mim. Como fazia comigo.
E andando, Nam e eu fomos até o circo.
— Já beijou o Jin?
— Garoto!
Não segurei a gargalhada atrevida.
— O quê? Qual é... Deveria beijá-lo logo.
— Espera... Você está mesmo querendo me dar aulas?
Ergui as duas em rendição.
— Não, claro que não. — Puxei um dos lados da lona, passando para o lado de dentro. — Jamais.
Ele riu atrás de mim, mas não disse mais nada. Cumprimentamos as pessoas que ali estavam, algumas ensaiando inclusive, e eu fui para a parte dos fundos já que me disseram que você estava no trailer. Namjoon ficou para trás, Seokjin fazia parte dos que ensaiavam.
Ouve uma hesitação quando parei em frente a porta da sua casa-móvel. Não necessariamente ruim, apenas uma pontada de ansiedade e leve nervosismo ao saber que nada além de uma porta nos separava.
Você naturalmente me deixava nervoso, e esse nervosismo se agravou com a nossa noite.
— Parece que faz semanas que eu não te vejo — entretanto você confessou quando abriu-a para mim e tudo foi embora. Na mesma velocidade que me causava inquietação, você me aquietava.
— Eu tenho essa mesma impressão — devolvi, segurando sua mão quando a estendeu. — É uma tortura, príncipe.
Você suspirou e me guiou para dentro para, só então, me abraçar. Ah, tão bom... Seus braços me rodearam na cintura e eu te abracei pelos ombros, onde até mesmo seu rosto encaixou-se em meu pescoço.
— Ah, Jungkook... — sussurrou junto de um suspiro longo, me apertando.
Foi naquele momento que eu cheguei a conclusão de que se meu pai sumisse do mundo, como uma gota de água quando cai numa chapa quente, resolveria metade dos meus problemas. Na verdade, arrisco dizer que resolveria TODOS os meus problemas. Entretanto, já percebeu que coisas boas não acontecem com tanta facilidade quanto coisas ruins?
Te odeio Lei de Murphy.
Eu não sei exatamente quanto tempo nós ficamos abraçados, mesmo quando me conduziu até a estreita cama. Ela ficava camuflada na parede e, quase magicamente, você puxou o compartimento para baixo, fazendo com que a parede virasse sua cama. Já com o colchão e devidamente forrada, apenas os travesseiros você não ficavam sobre ela; mas bastou abrir um dos armários acoplados para pegá-los.
Era curioso para mim, tudo novo. Eu ri quando vi você, literalmente, tirar sua cama da parede do veículo.
— Eu... — Deitei de lado, com o cotovelo servindo de apoio no colchão, e enfiei a mão livre no bolso da calça. — Trouxe um... — Soprei um riso e estendi a embalagem na sua direção. — Um doce para você.
Você sorriu daquele jeito que sabe quando estou sem jeito.
— Amor... — Você estava deitado, de frente para mim. — Eu não posso comer–
— Leite. Uhum. — Virei a embalagem e te mostrei. — Sem lactose.
Me olhou surpreso.
— Você lembrou? Porra, você é muito fofo. — Se inclinou para me beijar na bochecha. E depois na boca. — Eu amo doces.
— Imaginei. — Sorri ao ver seus olhos miúdos brilhando ao pegar a embalagem da minha mão. — Sério, você devorou os algodões-doces naquele dia. Parece uma criança.
— É que você não sabe, mas... — Me olhando com uma expressão super fofa. — eu ainda sou uma criança.
Minha vez de rir.
— Besta. — Toquei sua cintura, acariciando-a sobre a camisa. — Eu quero muito ficar aqui até mais tarde. Adoraria te assistir de novo, mas terei que acompanhar a minha esposa num jantar de engomadinhos.
Achou graça, me agraciando com a cena de você mastigando com as bochechas cheias; como um esquilo.
— Sua esposa é sortuda. — Arqueei uma das sobrancelhas. — Imagina o quão gostoso você deve ficar usando aquelas roupas formais. Todo importante.
Abanei a cabeça de um lado para o outro, inconformado com a sua sem vergonhice.
— Para de ser pervertido.
— Você já ficava uma graça quando era mais novo e usava. — Soprei uma risada, escorregando sorrateiramente a mão para baixo da sua camisa. Sua pele estava morna.
— Eu nunca gostei — fui sincero. — Hoje eu não me importo tanto, mas detestava quando era mais novo. Porque crianças não usam aquele tipo de roupa, sabe? Eu odiava parecer um adulto. Ao contrário do meu... — Comprimi os lábios. — De Jungseok.
— Você era uma criança quando estava comigo. — Alisei sua pele num carinho suave, sorrindo e assentindo.
— Só com você.
— E–
Meu celular tocou, te interrompendo. Ele estava sobre a cama, entre nós dois, então "Jungseok" brilhando na tela não foi visto só por mim.
— Falando no capeta — murmurei desgostoso, pegando o aparelho.
Eu suspirei fundo antes de atender, colocando no viva-voz. Queria que tivesse uma experiência do que eu aguentava todos os dias.
— Senhor — falei no automático, olhando para você.
— Onde levou Jooyoung que chegaram às cinco da manhã? — Jungseok sabia de tudo mesmo estando a milhares de quilômetros de distância.
E está aí uma coisa que eu não queria que você me visse fazendo: mentindo.
— Balada. — Vi seus olhos saírem da embalagem e me olhar. — Bebemos demais e acabamos perdendo a noção do tempo.
— Achei que tivesse a chamado para dormir lá em casa para...
Ele soltou uma risada maliciosa e eu o cortei antes que continuasse.
— Não precisamos estar em casa para fazer... essas coisas. — Te vi engolir em seco. — Só me ligou para isso?
— Hm... Não. — Ele deu ordens a alguém do outro lado da linha. — Imprestáveis! — e reclamou. — Você vai assumir uma das minhas empresas quando eu voltar.
Merda...
Fechei os olhos.
— Eu vou mandar terminar aquele prédio o mais rápido possível. Enquanto isso, você trabalha comigo para ver como faz. E quando ficar pronto, você comanda sozinho. — Apertei o aparelho nos dedos. — Está na hora de crescer, Jungkook.
— E a faculdade? Achei que quisesse que eu terminasse antes.
— Você não vai passar quatro anos da sua vida só na faculdade. — Abri os olhos quando senti sua mão tocar e acariciar meu rosto. —Não iria fazer nada mais que isso mesmo.
Na verdade, ele nunca perguntou o que eu realmente queria.
Diferentemente dele, Namjoon sabia da minha paixão pelo violão e pelo canto, e que meu sonho era ter uma moto bonita.
Te ofereci um sorriso sem mostrar os dentes, querendo mostrar que estava tudo bem.
— Tá, o senhor manda. E... Hm... Eu vou participar do evento beneficente dos pais da Jooyoung. Vou acompanhá-la, na verdade.
— Excelente, garoto. Finalmente! Cause uma boa impressão, pelo menos.
— Pode deixar.
— E corte esse cabelo ridículo.
— Mais alguma coisa?
— Sim. — Tombei a cabeça um pouco para o lado para sentir melhor seu carinho. — Na verdade, não. Podemos conversar sobre isso quando eu voltar.
— É sobre o meu casamento com Jooyoung, não é?
— Quando eu chegar, Jungkook. — Então a chamada foi finalizada.
Eu suspirei fundo e larguei o celular na cama de novo, me inclinando para deitar com a cabeça em seu peito. Você se ajeitou de barriga para cima e me recebeu com um carinho na cabeça, correndo os dedos pelos fios compridos do meu cabelo.
Mais três dedos e bateria no ombro.
— Eu amo seu cabelo grande assim. — Não era um segredo que gostava, mas me senti melhor por escutar você dizer para mim.
Fechei os olhos e mordisquei o lábio inferior.
— Acha que as coisas podem piorar? — perguntei baixinho.
Você suspirou sem pressa antes de dizer com pesar: — Não quero responder.
Sua resposta me fez fechar as pálpebras com mais força. Eu sabia que tinha como piorar, e sabia que era exatamente o que você havia pensado. A questão é que não era que poderia piorar e sim que iria piorar. Era um fato e eu não precisava ser um vidente. Quando você não estivesse ao meu lado, mesmo que ainda mantivéssemos contato, iria ser um inferno.
Iria ser insuportável.
🎪ི꙰͝꧖๋໋༉◈
E aí, anjos! Como vocês estão?
Esse capítulo machuca um pouco, ao mesmo tempo que é uma transição para o Jungkook no sentido de que ele começa a perceber que Namjoon é mais pai do que o próprio pai. Por isso passa a chamá-lo pelo nome e não mais de "pai"
E não tem ninguém que quer mais ganhar a aposta que o JK kakaka incentivando o Nam a beijar logo o Jin, socorro
SPOILER: no próximo capítulo o Ji vai conhecer a sogrinha dele. Aguardem
Enfim, é isso. Por hoje
Se amem. Se cuidam. Se hidratem. Se protejam 💜
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