[14]
SALVEEEEEEEEEEEE
Espero que curtam o capítulo, votem e comentem se gostarem. Boa leitura! 💕
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Nós ainda passamos uns bons minutos admirando.
Você admirando a vista e eu admirando você.
Você sempre me perguntava sobre algum ponto na paisagem, e até me pediu para mostrar onde exatamente ficava sua casa, mesmo que não desse para ver direito.
Me afastei e tirei o violão das costas, o encostando com cuidado no guarda corpo antes de abrir a capa.
— Há outra coisa que eu quero te mostrar — anunciei, tirando um pano dobrado que eu esmurrei ali dentro para caber.
— O quê? — curioso, me questiona.
Prendi o lábio inferior nos dentes e estiquei a coberta, forrando-a no chão.
— Deite aqui comigo — pedi ao me sentar.
Trouxe o violão para mais perto e tirei meus sapatos – dos quais já estavam machucando meus pés – e esperei que se juntasse a mim. Me deitei de barriga para cima e te vi deixar a garrafa de vinho perto do instrumento antes de se deitar também.
— Olhar o céu assim me faz lembrar de quando éramos crianças — murmurei. — Só que numa versão noturna.
O fato da poluição luminosa não chegar ali em cima facilitava que conseguíssemos ver mais estrelas do que normalmente vemos lá embaixo.
Simplesmente fabuloso.
— Verdade. — Você soprou uma risada baixa. — Faz tanto tempo. — Virei minha cabeça para o seu lado, te pegando com as sobrancelhas franzidas, mirando o céu. — Às vezes parece mais distante que realmente é. — Deitei-me de lado e apoiei o cotovelo na coberta e meu rosto na palma da minha mão, te olhando melhor. Eu gostava de como os pontinhos brilhantes lá de cima refletiam em seus olhos. — Ver nuvens não teve a mesma graça depois que fui embora.
— Nada teve mais graça depois que você se foi — murmurei sincero, ganhando sua atenção. — Voltou tudo a ser como era antes, só que três vezes pior porque meu pai sabia que tinha... — Ergui a mão livre e fiz aspas com os dedos. — "algo de errado" comigo, por ter me visto beijando você.
— Ele não bateu em você, bateu? — Mordi com certa força, trincando o maxilar.
— Não por esse motivo. — Então você tocou minha bochecha com cuidado, alisando suavemente a cicatriz pequena na minha bochecha.
— Foi ele? — Fechei os olhos, suspirando fundo.
— Eu sempre argumentava com ele quando era mais novo. A gente sempre acabava discutindo por alguma coisa. Eu já era um adulto praticamente. Só tinha quatorze anos, mas agia e pensava como um cara de quarenta. — Suspirei de novo. — Ele disse que eu tinha que virar homem, agir como um. Só que o "homem" que ele queria era: você tem quatorze anos e ainda é virgem. Acho que saber que existia a possibilidade de eu ser gay fez ele ficar ainda mais no meu pé por causa disso. — Soprei um riso, ainda de olhos fechados. — Meu pai é doido.
Eu cheguei a essa conclusão antes da que ele não era meu pai.
— Eu me recusei a chamar as filhas dos patrões para sair, como ele queria, e a gente começou a falar alto um com o outro. Ele não entendia que eu simplesmente não queria fazer aquilo. — Seus dedinhos me acariciavam no rosto de uma forma tão suave que eu poderia facilmente sentir vontade de dormir. — No fim, eu acabei por levar um tapa no rosto, chamado de gayzinho de merda de novo e tive que chamar Jooyoung para dormir lá em casa. — Abri os olhos, mas não te olhei diretamente. — Ele tem um anel de família na mão direita. É enorme. O tapa foi forte o suficiente para cortar meu rosto. — Estalei a língua no céu da boca. — Jooyoung foi lá para casa e ficou no quarto comigo e... eu comecei a chorar muito. Foi nesse dia que eu descobri que ela sabia o que eu estava sentindo, porque ela se sentia exatamente do mesmo jeito. — Sorri sem mostrar os dentes. — Acabamos nos dando muito bem depois disso. Até hoje meu pai acha que eu tirei a virgindade dela; e ela, a minha. Quando, na verdade, ela só deu a ideia de chupar o meu pescoço. Jooyoung sempre foi ótima em ocultar coisas, principalmente a verdade.
Você se apoiou no cotovelo também e se inclinou para me beijar na maçã do rosto, exatamente em cima da cicatriz; um risco fino e horizontal quase imperceptível.
— Eu sinto muito que as coisas tenham que ser assim. — Sorri de lado, negando com a cabeça como se dissesse: está tudo bem. — E sua mãe? Você nunca diz muito sobre ela.
Esvaziei meus pulmões de forma lenta e desviei os olhos para sua camisa.
— Ela é como Jooyoung e eu. — Mordi o canto da bochecha. — Uma pessoa incrível que é sugada por esse mundo todos os dias. Pelo resto da vida. Minha mãe vive no automático. — Apertei os olhos. — Eu não gosto muito de falar sobre ela. É pior do que falar do energúmeno do meu pai. É mais... doloroso.
— Tudo bem. Esquece isso. — Colocou meu cabelo atrás da orelha. — Lindo.
Seu elogio sussurrado me fez sorrir de lado e abrir os olhos.
— E você? — Me olhou confuso. — Nunca me disse sobre seu pai. Até ontem eu achava que era Seokjin.
Você gargalhou.
— Seokjin é gay. Tipo, gay pra caralho. — Minha vez de rir alto. — É. Sem chance. — Riu mais um pouco, mas foi parando aos poucos até sumir completamente. — Eu não sei quem é meu pai.
Umedeceu os lábios.
E eu umedeci o meu em reflexo.
— Minha mãe nunca foi do tipo que se apaixona, sabe? — continuou. — Ela só gosta de curtir aquela noite e pronto. Ela sabe que se apaixonar, vai machucar. Porque... nós não ficamos em um lugar por muito tempo. — Como nós dois, Ji. — Então ela só fica com pessoas diferentes sempre que mudamos para algum lugar. — Deu de ombros. — Há vinte anos ela transou com alguém em algum lugar do país e então, opa, aqui estou eu. — Você riu, mas não era engraçado. — Eu não me importo tanto. Como posso sentir falta de algo que nunca tive, não é mesmo? — Ergueu seus olhos para os meus. — Eu tenho uma família que cuida de mim. Uma família enorme bem diversificada. Tem palhaço. Tem mágico. Têm pessoas doidas que ficam penduradas a mais de cinco metros do chão. Até pessoas que cospem fogo têm. — Eu ri, sendo acompanhado por você. — E eu os amo. Não preciso de mais nada.
— Sua família é realmente grande. — Concordou, se inclinando para pegar a garrafa de vinho.
— Vamos tomar logo isso e parar de falar dessas coisas.
— Hm... — Me sentei e você fez o mesmo. — Você trouxe alguma coisa para abrir?
— Ér... — Encarou a garrafa. — Não. Não tinha pensado nisso.
Gargalhei.
— Ok. — A peguei da sua mão e tirei o lacre de plástico que ficava em volta da boca. — Acho que sei como... — Apoiei o vidro no chão e mordi o lábio inferior ao fazer força, com meu próprio polegar, a rolha, empurrando-a garrafa a dentro. E como o pescoço não era tão longo, foi.
Entrou até cair.
— Olha só... — Te olhei. — Até que você não é fraco. A punheta ajuda mesmo.
Descarado!
— Garoto! — Você gargalhou, inclinando a cabeça para trás de forma graciosa. — Eu não me masturbo, para a sua informação. Exercícios com as mãos é só no violão mesmo. — Levei o bico da garrafa até próximo do nariz e, depois de sentir o aroma, dei um gole curto para sentir o sabor.
— É bem gostoso. — Te olhei de rabo de olho, te fazendo rir mais um pouco. — É sério.
— É. Eu sei. Costumam dizer. — Tomei mais um pouco antes de passar para você. — De qualquer forma, não fazer não quer dizer que nunca fiz.
Me olhou surpreso, também virando a bebida no bico.
— E como foi?
Você realmente queria saber disso?
— Foi bom, mas... Sei lá. Eu fiquei hiper envergonhado. Foi uma vez só e acho que tinha quinze anos. — Me inclinei e terminei de abrir a capa do violão, pegando-o. — Eu... não fico excitado com facilidade como garotos da minha idade normalmente ficariam, então não faço. E também porque não sinto vontade de fazer. Não me faz falta.
— Deixa eu adivinhar... — Apoiei o instrumento na coxa e te olhei. — Toma banho gelado quando acontece?
— Não acontece com frequência, mas sim. Banho gelado. — Eu ri. — Ou vejo Jungseok. Ele é desestimulante. Eu o vejo e perco a vontade de fazer qualquer coisa.
Sua vez de rir, abanando a cabeça de um lado para o outro e tomando mais um pouco da bebida antes de passar para mim.
— E você? — perguntei. — Como foi a primeira vez que fez amor próprio?
— Hm... — Pensou e eu bebi. — Acho que foi com quatorze anos. Jin conversou comigo e Hoseok sobre coisas que todos os adolescentes passam na puberdade. — Rimos juntos. — Dentre elas: masturbação, sexo, camisinha e etcetera. Foi bem constrangedor. Hoseok ficou rindo o tempo todo, aquele idiota. — Passou a mão nos fios loiros, jogando-os para trás. — E aí eu fiquei curioso. Fiquei com aquilo na cabeça até uma noite que minha mãe saiu com um cara e eu fiquei no trailer sozinho. — Me olhou com aquele olhar felino. Aquele de águia. É pervertido, garoto! E completamente atraente. Me deixava fora do sério. — Aí eu me toquei. Foi gostoso. Bem constrangedor, mas gostoso. Hoje eu não me importo tanto. Faço sem vergonha mesmo.
— Para de me olhar assim — pedi, desviando meus olhos dos seus e tomando da bebida.
— Assim como? — Pegou a garrafa.
— Você sabe... — murmurei. — Indecente.
— Tudo bem... Sem olhares indecentes. — Ergui meu olhar para você e, de fato, não era mais o olhar semicerrado. Meu bico chamou sua atenção. — Você gosta, não gosta?
Abaixei o olhar para as cordas.
— Do quê? — mesmo sabendo, questionei.
— Quanto eu te olho assim. — Tentei conter o sorriso, mordendo a boca.
— Talvez. — Riu baixinho.
— Sabe... Eu gostei de como me olhou mais cedo. — Voltei minha atenção para você, um pouco confuso sobre de qual momento você estava falando. — Quando eu estava me vestindo na sua frente... — Acho que estou vermelho. — Você me olhava diferente. Não era um olhar... indecente. Nem vulgar. — Arrastei a unha em uma única corda, fazendo um barulho baixo e arranhado. — Carinho e cuidado, talvez. Como se fosse a coisa mais incrível que já viu na vida.
E é, Jimin.
— Você também me olha assim.
— Eu não te vi pelado. — Engoli em seco. — Você teve todas as oportunidades para me olhar de forma suja, mas não olhou. Pessoas agem assim quando veem nudez: perversão.
Inspirei e expirei lentamente, demorando um pouco para dizer algo.
— Eu passei minha... "infância" — soprei um riso nasal e fiz aspas com os dedos quando falei. — e adolescência inteiras lendo romance clássico. Cortês. Garotos da minha idade pesquisando sites adultos e eu passava horas lendo Shakespeare, Homero e Clarice Lispector. — Dei de ombros. — Nunca tive contato com nudez. De forma alguma. Eu sou péssimo nesse lance de sedução. Eu sou lerdo. As pessoas me olham, provavelmente com o intuito de flertar comigo, e eu já acho que é porque tem algo de errado com a minha roupa.
Você riu, negando minimamente com a cabeça.
— Não é uma coisa ruim. É adorável e muito admirável. É muito bonita a forma que você me olha. — Sorri, talvez um pouco sem jeito.
— Eu gosto quando me olha desse jeito — comentei, sincero. — Apenas fico sem graça. Não estou acostumado. Mas realmente não me importo.
Soprou um riso e se inclinou para me beijar. De forma lenta, carinhosa e cautelosa, você envolveu sua língua na minha, me fazendo provar o gosto do seu beijo e do vinho.
Perfeita combinação, diga-se de passagem.
— Toca para mim, amor — pediu num sussurro, contra a minha boca, me beijando de novo logo em seguida.
Tirei minha mão do instrumento e levei até sua nuca, puxando mais seu rosto contra o meu para intensificar ainda mais a osculação.
Eu amo nossos beijos.
— Gosto quando me chama assim — confessei. — De amor.
— É bom saber. — Selei e passei a ponta da língua em seu lábio inferior. Você abriu minimamente a boca em reflexo e eu me apressei em sugar seu inferior com força.
Te escutei resmungar baixinho pela dor, mas voltou a me beijar quando eu soltei com medo de ter te machucado. Já percebeu, príncipe? Nossos beijos ficam mais agitados e nada delicados com o passar do tempo. Começam calmos, mas ficam brutos depois... Não é ruim. Muito pelo contrário.
— Jeon... — Arfou contra a minha boca, deslizando a ponta da sua língua desde a pintinha que eu tenho embaixo da boca até meu lábio superior, de forma lenta e que me tirou o juízo por alguns segundos.
Você se afastou depois daquilo e eu abri minimamente os olhos. Sua boca foi a primeira coisa que me chamou atenção. A forma como ela parecia ficar mais inchada e bastante avermelhada quando nos beijamos demais servia apenas para me deixar com mais vontade de te beijar.
Em reflexo, mordi meu lábio inferior no instante em que você mordeu o seu, e te escutei soltar uma risada baixa quando notou que fiz aquilo, levando a garrafa até sua boca carnuda.
— O que... — Desviei minha atenção dela, voltando a olhar o instrumento. — O que você quer escutar?
Dedilhei as cordas de forma suave.
— Nossa música.
Meu sorriso foi quase inevitável. E então, depois daquilo, eu me dediquei apenas em tocar a nossa música sem me desconcentrar sempre que te olhava.
Cantando aquela para você fez finalmente a minha ficha cair: você estava aqui, bem na minha frente, naquele momento. Nós estávamos no alto de um prédio, quase uma da manhã, finalmente juntos.
Eu esperei tanto por isso, Jimin.
Passei minha adolescência toda imaginando como seria se eu te encontrasse outra vez. Se nos encontraríamos algum dia. E... aconteceu.
As coisas que você me faz sentir apenas por estar aqui ao meu lado me remetem a liberdade e a felicidade. Você consegue me tirar daquela casca; aquela que eu me tranquei há anos e por anos e passei a fazer exatamente tudo o que me impuseram. Você simplesmente me puxou de lá e me mostrou que eu posso sim viver como um cara normal que sonha.
Você me faz bem, Park Jimin.
— Eu amo a sua voz, menino Jeon — você confessou num sussurro, quando a música acabou.
— Eu amo a forma como você parece flutuar, trapezista de Paradise. — Sorriu.
Você simplesmente sorriu.
Eu amo seu sorriso. Me acalma em algumas coisas, mas me deixa eufórico em outras.
Toquei mais algumas canções até sentir falta da sua boca. Deixei o violão sobre a capa e cheguei mais pertinho, de forma que você ficasse sentado de lado entre as minhas pernas; a direita passava por trás de ti e a esquerda sob as suas pernas, por baixo da região posterior do joelho.
Tomei mais alguns goles do vinho e ri quando você deixou escorrer pelo queixo quando bebeu.
— Ah, que merda! — xingou, passando a mão na camisa clara; agora manchada com pingos avermelhados.
— Está com a boca furada? — Me olhou com os olhos espremidos, me fazendo rir mais um pouco. — Está sujo aqui, ó... — Segurei seu queixo com o polegar e o indicador, me aproximando um pouco mais, já que você já estava bastante perto, e toquei um pouco abaixo dos seus lábios com a ponta da minha língua.
Seu olhar ainda estava em minha boca pouco antes de eu me aproximar, e eu estava com os meus mirantes igualmente focados em você quando lambi de baixo para cima. Sua atenção saiu dos meus lábios para os meus olhos. O fato de tê-los me encarando daquela forma enquanto provava o pouco do vinho que manchava sua pele me deixou inquieto.
Você sempre me deixa inquieto.
Semicerrei os olhos e chupei seu lábio inferior, te assistindo abaixar as pálpebras de forma lenta até fechar completamente. Minha mão saiu do seu queixo e foi parar em sua nuca, enquanto a sua livre, visto que segurava a garrafa na outra, agarrava e puxava minha camisa na altura do peito.
— Qual é o nome da última música que tocou? — me questionou baixinho, contra a minha boca quando soltei seu lábio.
— Hã... — Tentei lembrar. — Never be alone. — Beijei o canto da sua boca. — Do Shawn. — Beijei de novo. — Por quê?
Não me respondeu. Na verdade, você me beijou. Findou um instante e se esticou para deixar a garrafa um pouco mais afastada de nós, fora da coberta, e voltou a me beijar logo em seguida.
Foi longo. Acredito que tenha sido nosso beijo mais longo até aquele presente momento. Eu realmente senti falta de ar. Você soprou um riso ao me ver ofegante, mas estava do mesmo jeito, e então sua boca molhada fez um caminho de selos pela minha bochecha até minha orelha. Apertei os fios da sua nuca e arfei quando senti sua língua tocar o lóbulo, me arrepiando inteiro.
— Você está bêbado? — indaguei, fechando os olhos quando chupou aquele local.
Te escutei murmurar em negação, soltando a pelinha mole com um estalo que soou gostoso pertinho do meu ouvido.
— Minha tolerância para álcool é alta, principalmente para vinho. — Manteve o tom baixo. — Arrisco dizer que estou sóbrio até a segunda garrafa. Tomando sozinho. — Quase arregalei os olhos. Eu começava a ficar alegre no fim da primeira. — Mas não posso misturar mais nada. E tomo água também.
— Você é pinguço mesmo. — Riu e concordou.
— Por quê? — Colou a boca na minha orelha, sussurrando: — Quer parar?
— Não — me apressei em dizer. — Estava bom.
— Hm... — Se afastou para conseguir me olhar nos olhos. — Você sabe que... se as coisas esquentarem demais e você não se sentir bem comigo ou desconfortável... pode me parar, não sabe?
Ah, garoto, eu simplesmente amo a forma como cuida de mim.
— Eu sei. — Sorri, beijando sua têmpora. — Nunca me senti desconfortável com você, príncipe.
— Mas se sentir, me avise. — Assenti, completamente encantado por você.
Me inclinei e colei minha boca na sua orelha, como fez comigo anteriormente, para sussurrar:
— Continua.
Você estremeceu sob meu toque.
Devo admitir que os que subsequenciaram aqueles foram bem mais... agitados. Nada castos.
Estávamos esquentando.
Desta vez, contudo, não havia Hoseok para aparecer e nos interromper.
Estávamos sozinhos.
Eu deitei para trás, com a boca ainda na sua, e te senti vir junto. E quando paramos, abrir os olhos me tirou tanto fôlego quanto nosso beijo longo. A maneira como seus lábios ficaram vermelhos, ou como os fios dourados do seu cabelo estavam bagunçados – tanto por minha causa quanto pelo vento tentando levá-los –, ou então, o fato das sardas estarem visíveis pela falta de maquiagem. Seus detalhes me deixaram atordoado.
Sua beleza me tira o raciocínio.
— Está frio —você disse quando me permitiu te despir da cintura para cima.
E quando foi sua vez de me despir, você não olhou para lugar algum que não fosse meu rosto.
Você queria permissão para me olhar.
Talvez, por ser a primeira vez, eu devesse me sentir desconfortável ou envergonhado por tamanha intimidade. Mas eu não me senti assim. Todo o cuidado que exalava de você, durante cada segundo que ficou comigo, me deixaram à vontade. Por isso não me importei, tampouco hesitei, ao me deitar despido sobre o tecido que forrava o chão. E sentado sobre as minhas coxas, você me olhou.
Por inteiro.
Foi lindo, garoto. Você também me olhou com carinho, mesmo com as intenções dos nossos atos. E eu gostei de ter seus olhos em mim.
— Se você não é perfeito, está perto da perfeição — sussurrou no instante em que a ponta dos seus dedos tocaram o centro do meu peitoral. Seus olhos desceram sem pressa pelo meu tronco, acompanhando seu toque.
— Depois eu que sou exagerado.
Eu tenho todas as palavras do dicionário para tentar descrever, mas nenhuma passava a essência do que foi quando deitou sobre mim por completo. Despidos de corpo e alma, compartilhando calor e afeto.
— Mas você é — rebateu, e eu abanei a cabeça de um lado para o outro.
— Não falo nada menos que a verdade, Park Jimin.
— Eu também não, Jeon Jungkook. — Levei minhas mãos até sua cintura, acariciando-a.
Eu não disse nada depois daquilo, tampouco você. Ficamos apenas nos olhando por um tempo. As pontas dos meus dedos correram pelas suas costelas... Depois por suas costas... Cintura de novo... Sem pressa alguma.
Como um violão.
Seu beijo depois disso me deixou completamente mole sob seu corpo. E meu estado de anestesiamento apenas aumentou quando sua boca desceu pela minha clavícula; beijando, chupando e mordendo minha pele.
Eu deveria me sentir nervoso, não deveria? Por ficar seminu diante seus luzeiros e, pelo caminho que aquilo estava tomando, ficar inteiramente despido, tendo em mente que minha castidade poderia não passar de hoje.
Mas não. Eu não fiquei. Eu estava relaxado e entregue. E não, eu não estava ébrio. Eu fico recitando poesias barrocas do século XV quando estou bêbado, é bizarro.
Eu lembro de você pedindo permissão para tirar cada peça de roupa, me observando o tempo todo, como se quisesse ter certeza. Certeza se estava de acordo e confortável com seu próximo movimento, se podia continuar avançando até nenhum tecido me cobrir de forma alguma. E mesmo quando me deixou nu por completo, seus olhos se mantiveram nos meus.
Você não me olhou. Você só olharia se eu quisesse. Se eu permitisse.
— Me olha, amor — pedi baixo, vendo seu pomo-de-adão subir e descer.
— Deveria me chamar assim mais vezes.
Se você soubesse que saiu sem eu ao menos pensar... Foi completamente sem querer, mas eu gostei de como soou. E da sua reação. Você sorriu sem medo, iluminou todo o terraço.
— Você quer continuar? — perguntou baixinho, colando a boca na minha bochecha.
Rodeei seu tronco fervente com meus braços e alisei suas costas, encarando as estrelas por cima do seu ombro.
— Quero — sussurrei de volta, sentindo seus beijos descerem pelo meu pescoço.
Deixei que me guiasse como prometeu que faria, e você realmente o fez. Você aprendeu a me tocar naquela noite. Nós estávamos descobrindo meu corpo juntos, e digo isso porque eu não tinha autoconhecimento algum; pelo menos não em relação a ele. Lembro que o primeiro gemido daquela noite foi o meu.
E você foi o culpado.
Eu nunca havia me sentido despido antes como naquela noite com você e não digo por estar sem roupas, o ponto aqui não são as roupas.
— Você é lindo, Jungkook.
Você não poupou palavras belas ao se direcionar a mim naquela noite.
— Ji — chamei mesmo que estivesse me olhando, e eu aproveitei seu corpo relaxado sobre o meu para me prender mais a ele com os abraços. — Ama-me como se o amanhã não existisse.
Te vi sorrir segundos antes de colou a boca na minha, então você sussurrou:
— Amo.
E me amou, Jimin. De forma lenta, carinhosa e extremamente cuidadosa, me amou. Você parecia ter medo de me quebrar se fizesse algo mais bruto, como se eu fosse uma porcelana. Como se seu único propósito fosse me proteger.
A maneira como me olhava de cima, ou como soltava arfares sem despreocupação, ou como seu corpo movia-se sobre o meu me fez chegar a conclusão de que se o amanhã não existisse eu não me importaria. Porque minha última memória feliz seria de você. Com você.
— Obrigado por estar aqui comigo — sussurrei entre ofegos, contra a sua orelha, me prendendo ao seu tronco suado.
Tirou o rosto do meu pescoço e, por segundos antes que unisse sua boca à minha, eu vi seus olhos marejados.
Estar comigo naquele momento não havia passado da obra do destino ou algo assim. Eu sei machucava saber que não seria para sempre. Que o "estar com você" poderia não acontecer de novo tão cedo. E sei que não deveria te agradecer, mas você me fazia sentir tão bem. Tão humano.
Você me fez relaxar primeiro, e eu não lembrava da última vez em que tive um orgasmo de tão insignificante que foi. Não me recordava de ser tão bom. E você me deixou daquele jeito, desnorteado. Talvez essa palavra me definia ali, mas não somente. Desnorteado, extasiado, entorpecido, grogue. De prazer. De tesão. De calor. De paixão. Por sua causa, Park Jimin.
E me recordo da sensação do seu corpo relaxando sobre o meu logo após, ofegante, e eu soprei um riso antes de te amparar e beijar seus cabelos umedecidos, tendo as estrelas como a melhor vista.
Nossas respirações descompassadas e o sopro agitado do vento eram as únicas coisas que impedia que ficasse tudo em silêncio. Por minutos, não dissemos uma palavra sequer, e não era ruim. Apenas por ter você tão perto, tão colado e ainda conectado a mim, já era mais que o suficiente.
🎪ི꙰͝꧖๋໋༉◈
E aí, anjos! Como vocês estão?
O Jimin enfim falou sobre o pai. E o Jungkook falou superficialmente sobre a mãe dele, mas relaxem que ele vai se aprofundar nisso em um outro momento
Os Jikook fizeru amorzinho 🤧🥰
Tirei os detalhes, não acho que combinam com essa história. Entretanto, deixei a essência desse momento, focando na descrição dos sentimentos do personagem. Achei que combinaria mais. E fiquei satisfeita 🤧
SPOILER: no próximo capítulo terá mais Jikook, e um JK hiper apaixonado contando pra melhor amiga como foi a primeira vez dele hahah vai ser engraçado. Aguardem.
Enfim, é isso. Por hoje
Se amem. Se cuidam. Se hidratem. Se protejam 💜
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