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SALVEEEEEEEEEEEE

Espero que curtam o capítulo, votem e comentem se gostarem. Boa leitura! 💕


🎪ི꙰͝꧖๋໋༉◈


— Ji — chamei em tom baixo, encolhendo os ombros ao sentir sua boca tocar meu pescoço.

Você soprou um riso contra a minha pele, o arrepio foi inevitável por todo o corpo, e acariciou minha nuca com a ponta dos dedos.

— Acho que me empolguei, desculpa. — Afastou o rosto do meu pescoço, foi o suficiente para eu conseguir ver seus olhos.

— N-não. É que... — Eu sabia que havia ficado vermelho, e te ter tão perto, me olhando daquele jeito que só você parecia fazer e que me deixava sem jeito, contribuiu; os olhos semicerrados como uma águia. — E se alguém aparecer? Sua mãe...

Você soprou uma risada baixa e selou os lábios nos meus.

— Estão todos ocupados, não vão vir. — Tirou a mão da minha nuca. — Mas ok, acho que consigo me segurar.

Seu tom era divertido, havia um sorriso afetuoso moldando teus lábios. Confesso que a forma como passou a mão entre os cabelos loiros me fez perder a linha de raciocínio por segundos.

Jimin, eu com certeza não queria que você se afastasse.

— Eu não disse para se segurar. — Talvez o leve desespero, somado à euforia que seus beijos selados no meu pescoço tenham me causado, transfigurou-se em falta de vergonha na cara da minha parte. Além de admitir, eu toquei e puxei sua nuca, seu rosto voltou a ficar a centímetros do meu. — Gosto dos seus toques, querido.

Eu vi seu sorriso aumentar e seu olhar cair para a minha boca segundos antes de ser beijado, mais uma vez, por você. Fazia um tempo desde que havíamos entrado. Nós até ficamos uns minutos com os outros do circo, mas guiado por você para dentro de um dos trailers. O seu quarto. Desde então, ali estávamos: você e eu, sentados sobre a cama.

A questão é que sua boca ia parar no meu pescoço todas as vezes. Você é completamente sem vergonha. Eu adorava a firmeza dos teus toques, não tinha como esconder. Contudo, me causava nervoso a possibilidade de sermos pegos por alguém. Não que estivéssemos fazendo algo de mais ou errado, mas... não seria legal se fossemos interrompidos.

Com a mão ainda sobre sua nuca, agarrei os fios claros entre os dedos quando sua boca sugou meu lábio inferior. Uma de suas mãos me acariciou na costela, somente aquietando-se quando agarrou a lateral da minha cintura.

Houve uma época da minha vida, ao longo dos seis anos que você não esteve comigo, que questionei se havia algo de errado em não me sentir à vontade com os rapazes com quem me envolvi. Não foram muitos, eu desisti em algum momento. Relembrando agora, enquanto escrevo, percebo que independente do esforço que eu tivesse feito para conhecer outros homens, não seria o suficiente.

Eu continuaria não me sentindo confortável, tampouco me causariam sensações como as que senti contigo.

Uma curiosidade apenas, gostaria que tivesse noção o caos que você me causou com seus atrevidos toques e beijos no pescoço.

E, cá entre nós: você estava se segurando, não estava? E eu, impertinente, estava te provocando. Não era de propósito, juro. É que... Acho que descobri ser fissurado na textura macia da sua pele. Deve ter ficado nítido com a voracidade com que desci beijos do maxilar até seu pescoço, exatamente como havia feito comigo minutos antes.

Eu sentia sua pele fervendo sob meu toque.

— Caralho... — É, eu alcancei o seu limite de sanidade. — Acho...e melhor... — Senti sua mão sair da minha cintura e deslizar pela minha coxa quando toquei sua clavícula. — parar.

Com um estalo, soltei a pele morna. Num piscar, ela ficou avermelhada, exatamente no formato da minha boca.

— Não está bom? — questionei baixo, de repente sem jeito. Não melhorou quando senti seus dedos apertarem minha coxa.

— Está. E é exatamente por isso que devemos parar. — Se afastou um pouco, o suficiente para conseguir me olhar. — Não estamos sozinhos, certo?

Só notei que havia mudado o rumo dos toques quando tocou o lado direito do meu rosto. Com os olhos alinhados aos meus lábios, seu polegar pressionou meu inferior e o puxou para baixo sem pressa.

Ansioso, engoli em seco.

— E se estivéssemos? — Eu quis saber mesmo com a secura que tomou conta da minha garganta. Você suspirou e arrastou a ponta do dedo até o canto da minha boca. — O que aconteceria se estivéssemos?

— Você poderia me fazer seu. Se você quisesse. — Ergueu os olhos para os meus. — Me faria seu?

— Me guiaria? — Meu questionamento deixou as suas sobrancelhas ligeiramente tensionadas. — Eu nunca fiz.

Eu não tinha vergonha disso. Nem um pouco. Eu era por total e plena opção minha. Ao contrário de mim, Jungseok surtaria se soubesse. Assim como surtaria se soubesse que todas as mulheres que eu beijei, na verdade, eram rapazes. Eu nunca beijei uma mulher. Todas as histórias que eu inventava eram baseadas nas ficadas com garotos. Jooyoung e eu dávamos cobertura um ao outro. Nós saímos juntos todas as vezes, mas ela ficava com elas e eu ficava com eles. Entretanto, no meu caso, nunca passou de beijos.

Eu queria ser tocado por uma única pessoa em toda a minha vida até o fim dela e eu não me importei em esperar anos por isso. Até que a pessoa certa, a que me fizesse sentir confortável para tal aparecesse.

Você estava ali agora, Park Jimin, eu enfim seria tocado por você.

— Confia tanto assim em mim? — Nem hesitei ao assenti. — Guio. Eu vou cuidar de você.

— Tenho certeza que sim.

Com um sorriso bonito, você me beijou. Não na boca. Não no pescoço como fazia. Seu beijo foi depositado de forma suave, porém demorada, na minha testa. Depois me abraçou. Sentou-se mais próximo de mim e me envolveu nos braços. Por minutos, sem dizer uma única palavra.

Quem findou o silêncio confortável foi, na verdade, meu celular que começou a tocar. Eu atendi e não deixei que você se afastasse quando ameaçou, sorrindo ao sentir sua boca deixar infinitos pequenos beijos na minha bochecha.

Você é uma pessoa incrível e eu te amo muito. Se pudesse, eu ressuscitaria Shakespeare só pra te dar um autógrafo e–

— O que você quer, Taehyung? — Ele riu do outro lado da linha.

Vou sair com uma pessoa no domingo. Me cobre? — Suspirei. — Por favorzinho, Jungkook!

— Tudo bem. — Comemorou, repetindo o quanto me ama. — Qual é a história dessa vez?

Então... Eu estava em algo como: "bença, mãe, então... Jungkook e eu vamos fazer um trabalho de geografia na casa dele". — Ri, encolhendo um pouco o pescoço ao sentir seus toques lá de novo. — E aí eu peço para dormir na sua casa com a desculpa de que vamos juntos para a escola na segunda-feira.

— E posso saber com quem você vai passar a noite?

Ele soltou uma risadinha, seria obsceno da minha parte descrever o teor de malícia nela.

Com o filho daquele advogado. O Min, sabe? — Arregalei os olhos. — É. O que todo mundo acha que é hétero macho alfa e o caralho a quatro.

— Ah, como eu amo as mentiras do mundo rico. — Gargalhou e concordou. — Ok, Tae. Trabalho de geografia no domingo.

Valeu, maninho. Você é maravilhoso!

— Eu sei. E usa camisinha, idiota.

Deixa comigo.

Foram suas últimas palavras antes de finalizar a ligação.

Eu deixei o celular de lado, sobre a cama, e envolvi ambos os braços ao teu redor, te escutando resmungar por esmagar de amor seu tronco contra o meu.

— Será que vossa alteza me daria a honra de ter tua magníssima presença em meus aposentos?

Sorri ao te escutar gargalhar.

— Traduza, por favor.

— Quer ir na minha casa?

A simplicidade em minha voz me agraciou com mais uma risada sua.

— Alteza? Eu não sou rei. — Soprei um riso, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

— Alteza não é rei. Rei é majestade. Alteza é príncipe. — Toquei seu nariz. — E você é um príncipe.

— Eu sou? — Assenti. — Hm... Você não iria fazer... trabalho?

— Então... — Suspirei, apoiando as duas mãos para trás no colchão ao desfazer nosso abraço por completo. — Era uma desculpinha para caso os pais do Tae, meu amigo, perguntarem onde ele está. — Te vi abanar a cabeça de um lado para o outro. — Enfim... Jungseok não está em casa, então não tem problema. Minha mãe é tranquila.

— Por que mentem tanto?

Relaxei a cabeça para trás e encarando o teto.

— Nossos pais foram criados praticamente juntos. Ou seja, possuem o mesmo pensamento. Seja sobre imagem, sobre casamentos, sobre trabalho, onde homem deve ficar, onde mulher deve ficar. — Respirei fundo outra vez, desviando-os para ti. — Eles são bem... arcaicos. Mesquinhos. Não pensam em nada e nem ninguém além deles mesmos e do dinheiro e poder que têm. Se Jooyoung contar que está namorando uma menina e que o maior sonho dela é pilotar aviões, o pai dela acaba com ela. Eu meio que sou o futuro marido dela. Duas famílias ricas mais um matrimônio entre elas é igual a mais dinheiro e poder.

Sorri sem força, agora fitando a sua mão sobre minha coxa.

— Se eu contar para os meus que estou completamente apaixonado por um garoto de circo... Acabou. Eles casam nós dois, nós querendo ou não. Isso se ele não arrancar minha cabeça. — Dei de ombros. — Não vivemos, Ji. Nós aguentamos, e aguentamos, e aguentamos, até não dar mais e eles conseguirem o que querem: nos transformar neles. E isso se repete com Taehyung, com o cara que ele vai sair, e com várias outras pessoas. Precisamos mentir. Até não dar mais.

Você continuou o carinho, me olhando em silêncio. Eu não sabia te ler, não fazia a mínima ideia do que sua expressão queria dizer ou o que você estava pensando. Contudo, não era necessariamente nisso que eu estava focado. Você estava tão lindo... Ficar te admirando não seria esforço algum para mim.

— Eu sinto muito que as coisas sejam assim para vocês.

— Eu também. — Beijei seu rosto. — Não vamos falar sobre isso, está bem? Quero ficar com você sem lembrar que um dia serei exatamente como ele.

— Não será. Você é incrível demais para ser. — Sorri, te fazendo sorrir junto. — E aceito. Eu quero ir na sua casa.

— Magnífico!

Mas então quer dizer que você está apaixonado por um circense? — Meu rosto queimou numa velocidade impressionante, acompanhou sua abrupta mudança de assunto. Te fez gargalhar, acho que não deu para esconder como tuas palavras me deixaram. — Não se preocupe, ele também está completamente apaixonado por você.

É claro, derreter foi inevitável.

— Eu só... não sei se isso é bom — confessei. — Quero dizer... É bom, mas vai doer muito. Em algumas semanas você pode não estar mais aqui e... eu não faço a mínima ideia de quando vou te ver de novo. — Enruguei a testa. — Eu quero tanto, mas tanto, ficar com você, Jimin.

Quando me beijou, a maneira como deitou para trás e me levou junto me mostrou que não como os beijos que trocamos até então. Todos, certamente, de forma lenta, cautelosa, carinhosa e apaixonada, mas aquele... Quando suas costas tocaram o colchão, eu estava sobre você.

Lembro da sensação das tuas mãos me tocando por cima da jaqueta que eu usava, poderia dizer que ela não tinha mais utilidade de quando decidi vesti-la. Na verdade, serviu apenas para deixar tudo ainda mais quente.

— Jeon — me chamou numa espécie de sussurro, nossas bocas ainda próximas.

— Hm? — murmurei, tentando recuperar o fôlego.

Você não disse nada e afirmo que não foi necessário. Eu senti suas mãos forçarem as lapelas do jeans para fora dos meus ombros, e o beijo que veio depois me fez esquecer que estávamos dentro do veículo.

Cobri todo o seu corpo com o meu e terminei de puxar a peça pelos meus braços, tirando-a inteiramente e ficando apenas com a camisa por baixo.

Sem a jaqueta, pude sentir suas mãos nas minhas costas mesmo que por cima da fina camisa.

— Vocês não vão querer fazer isso aqui. E nem agora.

Mesmo com o esbanjo de humor no tom de voz, eu praticamente saltei de cima de você para longe. Graças a todos os deuses, não era sua mãe.

Seria infinitamente mais constrangedor se fosse.

— Idiota... — você resmungou, arremessando o travesseiro na direção do rapaz, a risada alheia tomou conta do veículo.

— Olha que adorável, está todo vermelho!

Hoseok olhava na minha direção e, sorrindo, jogou o travesseiro de volta. Eu consegui agarrá-lo antes que acertasse meu rosto.

— O que você quer, hein? — você perguntou, sentando-se.

— Nada. — Soprei um riso quando jogou outro travesseiro nele. — É brincadeira! Calma. Nam está te chamando. Ainda bem que eu me ofereci para vir...

— Não estávamos fazendo nada demais.

— Não, é claro que não. — A ironia no tom de voz fez meu rosto esquentar mais. — Era só isso mesmo.

Como apareceu, Hoseok se vai; de repente.

— Acho que Jooyoung e ele seriam ótimos amigos — comentei quando ele sumiu, levantando da cama. — Aliás, ela vem amanhã te ver.

— Eu não acredito que eu enfim vou conhecer a sua namorada.

Rolei os olhos, você gargalhou.

— Não a leve tanto a sério, ela é meio sem noção às vezes.

Vesti a jaqueta de volta.

— É. Ela e Hoseok com certeza se dariam bem — por fim, concordou comigo.

Ao deixarmos o trailer juntos, você não soltou a minha mão nem quando abaixei para me despedir das pequenas gêmeas. E, com os dedos entre os seus e vice-versa, caminhamos sem tanta pressa até a entrada do picadeiro.

— Estou ansioso para amanhã — falei apenas para que você escutasse, parando na sua frente quando encostou na bilheteria. — Park Jimin de Paradise? Sonhei com esse momento todos esses anos.

— Eu também. — Segurou a jaqueta jeans pelas laterais e me puxou um pouco mais para perto de você. — Queria tanto poder ver sua reação. — Mostrou um bico manhoso. — Mas eu vou dar o meu melhor lá em cima.

— Tenho certeza que sim, alteza. — Estapeou meu peito sem força.

— Não sou um príncipe.

— É. É sim. — Toquei seu rosto. — Meu príncipe.

— Hm... — Mordeu a boca e soltou uma risadinha meio sem jeito, se inclinando para frente para que seus lábios alcançassem os meus. — Tá bom. Seu príncipe.

— Já acabaram?

Namjoon, que até então conversava com Seokjin, nos provocou.

Eu ri junto de você e lhe dei um último beijo. — Até amanhã, Ji.

— Até.

Mesmo assim, como em todas as vezes, você não me deixou ir sem um abraço.

Despedidas nunca foram o nosso forte, né, garoto? Era sempre a pior parte. A cada passo que eu dava para longe de você, aumentava a vontade de dar meia volta e te abraçar de novo. Para nunca mais soltar, desta vez.

Mas eu não podia.

— E aí? Já se beijaram? — Para ocupar minha mente, engatei um assunto com o Nam.

Além do mais, eu não perderia a oportunidade de provocá-lo.

— Quem? — O olhei como se a resposta fosse óbvia. — Jin e eu? Não.

— E está esperando o quê?

— Eu nem sei se ele quer...

Inacreditável.

— Ele quer. Ele quer sim. — Dei tapinhas nas costas dele. — Beija ele. Talvez você não tenha outra oportunidade.

Nam suspirou com certo pesar, os ombros caindo.

— É. É verdade.

Nós dois estávamos sendo afetados por essa situação de Paradise ter que ir embora em algum momento, príncipe, mas eles também estavam. Namjoon gostava do Jin desde aquela época e eu não tinha dúvidas de que era recíproco.

Gracioso, eu sei, mas eles também iriam sair machucados no final.

Naquela tarde, em casa, eu larguei meu corpo na cama. Me sentindo leve, flutuando, fitei o teto pensando em você. Na sua voz. Na sua risada. No seu cheiro. No seu toque.

O que teria acontecido se Hoseok não tivesse aparecido? Teríamos nos amado?

— Onde estava?

Distraído, fui pego de surpresa ao escutar, de repente, a voz de minha mãe. Sequer a escutei abrir a porta.

— Não foi trabalhar? — indaguei, me ajeitando contra a cabeceira da cama.

— Fui. Mas seu pai não está aí, então não há muito o que eu fazer lá. Voltei mais cedo — respondeu do limiar. — Onde estava?

Mordisquei o canto da boca. — Saí com um amigo.

Meu pai questionaria quem, onde, fazer o que e porque demorei.

— Tá. — Já a minha mãe...

Ela só queria saber para o caso de Jungseok questionar, ela me ajudava nas mentiras sempre que eu precisava. Como eu com Taehyung e Jooyoung.

— Mãe — a chamei ao que me deu as costas, pronta para sair.

— Sim? — Me olhou ainda segurando a maçaneta.

Enrolando os fiapos das fendas da calça jeans na altura do joelho, suspirei sem pressa.

— Eu sou gay — falei, mantendo os olhos nela.

Eu não saberia qual seria a reação da minha mãe mas, com toda a certeza do mundo, não seria como Jungseok.

— Eu sei. — Encostou o ombro e a lateral da cabeça no batente da porta, os olhos em mim. E quando eu achei que não diria mais nada, Jihyo solta: — Eu também.

Das incontáveis respostas que eu imaginei que minha mãe diria, "eu também" sequer passou pela minha cabeça. Eu sabia que ela não queria casar, que tudo aquilo era um matrimônio por causa do dinheiro – como Jooyoung e eu seremos –, que ela era infeliz, que não gostava do meu pai e que, muito menos, queria um filho dele. Eu só não sabia o motivo.

Eu soube ali, exatamente naquele instante.

— Não se preocupe, não vou contar a ele — garantiu, desencostando-se do marco. — Apenas tome cuidado, sim?

— Mãe — a chamei de novo quando estava prestes a sair. — Eu sinto muito.

Ela sorriu sem mostrar os dentes. Sem força, sem humor.

— Eu também, Jungkook. Eu também.

Sem adiar mais, saiu do quarto e fechou a porta.

Sozinho, fitei a madeira branca uns dois segundos. Um formigamento desconfortável no peito, uma sensação bizarra na boca do estômago. De supetão, levantei da cama e alcancei a porta em passo largos; com rapidez.

Jihyo estava no corredor, encostada na parede. Ela secou rapidamente a bochecha quando me viu e desencostou.

— Vá para o banho, daqui a pouco o jantar estará servido — disse com seu doce tom de voz, como sempre quando ia me ver ao voltar do trabalho; a diferença era que seu tom estava ligeiramente quebradiço.

— Ele sabe? — Ela negou. — Eu não vou contar, não se preocupe.

Ao erguer os olhos para mim pude ver o quão vermelhos e magoados estavam.

Minha mãe é tão bonita, Jimin...

E ao mesmo tempo tão trágica.

— Por favor, Jungkook, você é um garoto incrível. — Balançou a cabeça de um lado para o outro. — Não o deixe te transformar nele. Por favor, vá embora na primeira oportunidade que tiver.

Eu, sem ter e sem saber muito o que falar, me aproximei e puxei a mulher estilhaçada para um abraço. Poucas foram as vezes que trocamos afeto depois que cresci, físico principalmente, e eu lembro de me sentir imensamente feliz por ela não ter me afastado. Por ela ter retribuído sem hesitar.

— Me promete que vai fazer isso? — insistiu, a voz baixa e embargada. E não pude deixar de sentir meus olhos arderem com o carinho que passei a receber nos cabelos.

— Prometo, mãe.

Por que as coisas tinham que ser tão complicadas?

Dormir aquela noite não foi fácil. Eu estava aliviado por ter contado a ela sobre mim, porém, mal por ter descoberto sobre ela. Não por Jihyo ser como eu, é claro que não. Mal por saber que ela não queria nada daquilo e, mesmo assim, suportou todos os anos sem poder fazer nada a não ser obedecer.

— Que foi? — Jooyoung questionou.

Por cima da carteira, apoiou os braços na minha mesa, sobre o meu caderno, e me olhou. Minha mente avoada isolou, durante a manhã inteira, todos os ruídos sonoros ao meu redor.

Eu passei o dia perdido.

— Está quieto hoje. — Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Precisei engolir em seco antes de respondê-la, apesar disso sentir que minha voz não sairia.

— Minha mãe é lésbica.

— Oi? — Fechei os olhos, apoiando o cotovelo na mesa. Com um suspiro longo, passei a mão no rosto.

— Agora eu sei porque ela não queria nada disso. Ela... — Eu lembro de não ter coragem de olhar nos olhos de Jooyoung. — Joo, eu juro que não quero acreditar que sou fruto de um... de um... — Abanei a cabeça de um lado para o outro. — De um es–

— Não fala. — Cobriu minha boca antes que eu terminasse.

— Joo, ela não queria. Não queria casar com um homem. Não queria transar com um homem. Não queria ter um filho de um homem. Ela não gosta de homem. — Ergui os ombros. — O que eu estou fazendo aqui? — Ao erguer, vi os olhos alheios se encherem d'água. — Eu não deveria estar aqui, entende? Não era para eu ter nascido.

— K-Kookie... Não diz isso, por favor.

Eu não queria chamar a atenção de ninguém. Estávamos na sala e mesmo que a maioria dos alunos estivesse conversando naquele momento – já que o professor não estava explicando matéria –, eu ainda estava em sala.

E eu precisava sair dela.

— Sr. Jeon! — O homem exaltou-se ao me ver deixando a sala sem pedir autorização, mas não me importei com a possibilidade de tomar uma advertência.

Com a mão cobrindo a boca, apertei o passo ao sentir o estômago dar algumas voltas dentro da barriga. E foi ali mesmo no corredor das salas, na primeira lixeira que me apareceu pela frente, que eu coloquei todo o incómodo e nojo para fora.

Apertei as bordas da lixeira grande com as contrações involuntárias da minha barriga, desejando mais do que tudo que aquilo passasse logo. Vomitar não me apetecia. Me causava medo, na verdade.

Entretanto, eu não estava sozinho. Apesar do clima de merda, a carícia que senti nas costas me fez lembrar que nunca estive. Que eu não passaria por nada daquilo sozinho.

Mas a minha mãe passou, não passou? Por um tempo me questionei se ela não teve ninguém que a consolasse.

— Eu te amo, Jungkook. Eu te amo muito. Se você está aqui é porque tem que estar. Para mim — Jooyoung disse quando a ânsia passou, tirando os fios longos do meu cabelo da frente do meu rosto. — Eu não seria ninguém sem você.

Jooyoung é uma pessoa incrível. Simplesmente maravilhosa.


🎪ི꙰͝꧖๋໋༉◈


E aí, anjos! Como vocês estão?

Devo fazer pontuação: o Hoseok é o maior empata foda da fic KKKKKKKK

E eu pesei um pouco o clima, né?

Jungkook tirou um peso das costas ao se assumir para a mãe, mas ganhou outro no lugar

As coisas serão melhor esclarecidas mais para frente em relação ao JK e a mãe dele, prometo

SPOILER: no próximo capítulo a skin de papai preocupado do Nam vai entrar em ação. Aguardem.

Enfim, é isso. Por hoje

Se amem. Se cuidam. Se hidratem. Se protejam 💜

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