Prólogo
- Isa! - Minha mãe me atendeu - O que está acontecendo? Você está passando mal?!
- Mãe... - Tirei os cabelos do rosto e tirei do bolso o pequeno teste de gravidez, que continha os dois riscos um tanto visíveis - Eu... Não sei como te contar isso, mas... Eu estou grávida!
- Isabela... Isso... - Sua voz demonstrava horror - Você só tem 15 anos! Me diz que isso não é verdade...
- Mãe, me desculpa - Solucei, passando as mãos pelos cabelos, não tinha o que dizer.
- Isabela... O que vamos fazer agora, menina?! Fala pra mim!
Respirei fundo, não iria abaixar a cabeça agora, eu sabia que estava errada. Foi um erro meu, porém eu estava disposta à assumir as consequências disto.
- O que você acha que vai acontecer agora?! Meu Deus... Eu sempre te aconselhei, te dei diversos conselhos....
- Māe! - Exclamei, fazendo-a se calar - A culpa não é sua! Eu que fui uma irresponsável, calma.
- Me diz, Isabela, como você deixou isso acontecer? Você sabia diversos métodos, se você queria transar com ele, pelo menos se prevenissem! Você acha que esse seu namoradinho vai fazer o quê agora?!
- Eu e o Rafa transamos desde os meus 12 anos - Falei baixo - Sempre nos prevenimos, acho que a camisinha deve ter estourado, apenas isso.
- Meu Deus... - Ela começou a chorar - 12 anos! Você era uma criança, Isabela... Você é uma criança!
- Olha, eu vou falar com o Rafael agora, a culpa foi toda minha e do Rafa. Preciso desligar, eu te amo.
Desliguei o celular e me levantei, retirando o avental do trabalho. Peguei a minha bolsa e sai daquele banheiro, adentrando o corredor estreito que levava para a lanchonete.
- Isabela - Nicole entrou em meu caminho, encarando-me com uma cara de acusação, essa era minha chefe - Onde você vai?
Oh merda, agora não.
- Surgiu um grave problemas e eu preciso urgentemente resolver, por favor! Depois eu faço hora ex...
- Esse problema envolve essa suposta gravidez que você estava discutindo com a sua mãe? - Gelei dos pés à cabeça - Olha Isabela, você é uma ótima funcionária, nunca recebi quaisquer reclamação de seu atendimento, muito pelo contrário, sempre foi uma moça muito simpática e educada. Mas por um motivo não mantenho funcionárias gestantes, sinto muito... Venha amanhã aqui pela tarde e resolveremos o seu pagamento.
Minha boca se fechou, engolindo em seco assenti e sai porta afora, em direção à casa de fumo. I
Era uma notícia atrás da outra! Isso não podia estar acontecendo. Eu era nova demais, cheia de planos para faculdade, porém desde que conheci Rafa, tudo havia mudado, mas eu amava-o e sabia que ele me daria forças para encarar a situação, e juntos criaríamos o nosso bebê.
****
Todos aqueles olhares em cima de mim me enojavam, todos com um baseado nos lábios.
- O que a mocinha quer aqui? Maconha? Pó? Cocaína?
- O Rafael está aí? - Perguntei, a voz firme.
Tentava de tudo para ignorar aqueles olhares nojentos em cima de mim.
- Ele tá com outra agora, se quiser espe...
- É a mina do Rafa, otário! - O mano J se aproximou, me pegando pelo braço - Tá fazendo o que aqui, moça?
O mano J era um negão alto e magrelo, o cabelo de trancinhas escondido por trás do boné, por volta dos 1.80, ele vestia uma calça rasgada e uma camiseta preta, nos pés uma havaiana branca.
Era um dos traficantes daqui.
- Como assim ele está com outra agora?
Me desvencilhei dele e entrei na boca. Encontrei Rafael nos fundos, uma garrafa alcóolica em uma das mãos, enquanto uma garota estava em seu colo, beijando-o, no meio de todos os caras.
O repúdio que senti foi imenso ao ver aquilo, observava o quanto Rafael era um cafajeste, quantas vezes mais ele me traiu nestes quatro anos juntos?
- Bonito isso, não?! - Falei alto, fazendo a garota pular de seu colo - Parabéns para você, Rafael! Seu filho da puta!
- Isabela - Ele se levantou, furioso e assustado - O que você está fazendo aqui?! Não é lugar pra tu não! Não era para você tá trabalhando agora?
- Foda-se! - Peguei o teste de gravidez e joguei bem do seu colo - Você acabou de me perder! Agora fica aí com as suas marmitinhas! Por que uma mulher firmeza como eu, você não vai encontrar não! - Tirei o cabelo do rosto - Eu larguei tudo para ficar com você!! Desde os 12 anos eu sou sua, Rafael! AGORA ME DIZ SE VALEU A PENA, RAFAEL!
- Olha como você fala comigo! Nem sabia que ele namorava! - A garota falou, ajeitando a roupa.
- Se preocupa não, que meu rolo é com aquele lixo ali! - Falei, nem olhando para a cara da garota.
- O que é isso aqui?! - Ele levantou o teste de gravidez - Você está grávida?!
- Grávida aos 15 anos - Esbocei uma risada amarga - Perdi o meu emprego, e agora acabei de ser traída.
- Vamo relaxar ai, porra - Mano J se aproximou - Pega uma água para a loirinha aqui, a mina não pode passar nervoso não, tá grávida!
Me sentei em uma cadeira, respirando suavemente e bebi um grande gole da água gelada. Eu tremia e sentia o coração acelerado. Sentia que tudo em minha vida estava desabando, todos os meus planos, minha vida inteira estava desabando aos meus pés e eu sentia que precisava fazer algo, porém não sabia o quê, ou por onde começar.
- Isabela... Vamos conversar - Rafael se ajoelhou em minha frente, neste momento percebi que as atenções eram todas voltadas para nós, suas mãos em contato com as minhas.
Encarei o mesmo. Rafael, com seus 1.67 de altura, era branquelo, possuía olhos verdes e cabelos loiros espetados, era o grande amor da minha vida desde os 12 anos. Mas agora eu só conseguia sentir nojo, as cenas se repetindo em minha mente.
- Rafael... Olha só onde a gente tá Engoli em seco - Olha em volta, você sabe que eu odeio confusão ou atenção, e olha onde chegamos! Eu te disse, não admito traição, foda-se se você é bandido! Com quantas já você me traiu?! - Ele se calou, o que me fez levantar bruscamente - Pois é.
- Isabela, você tá prenha, fica calma, eu sempre quis um filho, você sabe disso.
- Nada vai mudar, não posso te proibir de ver seu filho e nem vou.
- E nós? E a gente? - Ele me encarou com dor no olhar.
Aquilo sempre foi considerado uma fraqueza, o que sempre me fez ir atrás dele, porém agora só queria distância dele.
- Não existe mais "a gente".
Peguei toda a dignidade que eu possuía e me levantei, saindo daquele lugar.
A partir de hoje, era apenas eu e meu filho, não cabia a mim depender de minha mãe, a consequência era minha.
Eu iria me virar.
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