Prólogo
Encarei meu reflexo no espelho da necessarie, no banco de trás do táxi a caminho de mais um encontro ás cegas, o local em questão é um restaurante mexicano.
Tenho motivos para estar irritada e posso citar um por um sem problemas: 1. Minha melhor amiga Olivia acha que estou encalhada e tem medo que fique para titia (embora ela não use necessariamente esse vocabulário) 2. Estou prestes a conhecer o quarto cara nesse mês de março (e eu não aguento mais!!!) 3. Vocês devem estar se perguntando, o porque de eu aceitar essa ideia absurda e esse é o motivo 4. Passou a ser divertido cada vez que mudo meu visual com cada cara que me encontro, mostro uma das minhas "eu" e eu tenho várias 5. Posso ser Patricinha e esnobe, gótica que parou no tempo do colegial, hippie, dona de casa, viciada em anabolizantes e etc.
Uma das razões pela qual eu faço isso, é pelo fato de que de uma maneira até meio cruel eu goste de os ver se retorcendo em seus acentos com expressões nada gentis causadas por minhas respostas rápidas e afiadas, e no fim da noite "os Bradleys" ou "os Dennis" fogem de mim as pressas com a certeza de que sou uma megera mal amada.
Entreguei uma nota de vinte ao taxista, e o vi se afastar fazendo uma curva na próxima avenida, quis correr atrás do mesmo e pedir para voltar e me levar para casa, mas estou de salto e correr de salto no chão recém coberto por gotas de chuva seria um desastre.
Soltei um suspiro e ergui a sobrancelha, tenho que lidar com a situação, tenho que fazer como das últimas vezes, usar meu talento como expert em afastar os homens e a noite acabara comigo tendo que ouvir Olivia desabafar do outro lado da linha telefônica do quanto é ruim mais um cara ter desistido do encontro assim que eu abri a boca, e as palavras começaram a sair.
Me virei para a fachada do restaurante, algumas mesas do lado de fora parcialmente vazias, apenas com algumas poucas pessoas conversando sobre a manchete do dia do "The New York Times" ou como será o resto da noite se divertindo em alguma boate no centro, parte de mim sente inveja dessas pessoas, porque elas não tem de passar pelas mesmas situações que eu tenho.
Balançei a cabeça contrariada e adentrei o local chamado "Cabeça del diablo", meu estômago se revirou como se houvesse acabado de ver a parte de dentro de uma pessoa recém morta, todos os pontos nervosos, o fígado e o coração ainda pulsando. Olivia só pode estar de brincadeira!
Apenas o nome do lugar foi capaz de arrepiar os fios de minha nuca, afastei os maus pressentimentos que o lugar causa e escolhi uma mesa mais afastada da porta. Estou sete minutos adiantada, e espero que a pessoa que terei o desprazer de conhecer seja no mínimo pontual.
Batuquei com os dedos na mesa e com o cotovelo esquerdo apoiado sobre a mesma deixei a cabeça cair de lado, falta um minuto e se ele não chegar nesse um minuto, eu vou ter que me retirar, porque eu não tenho paciência para es...
Fui cortada de meus pensamentos quando vi um homem de estatura média passar pela porta, o cabelo loiro em um topete, trajando terno e gravata, como um executivo talvez, a imagem me fez lembrar daquele filme com o Will Smith " MIB Homens de preto ". Senti uma irritação em meu nariz, algo que acontece sempre que sinto um mau pressentimento, dei uma leve coçadinha no mesmo e abaixei o olhar, geralmente os homens ,são atraentes, o que não me impedi de querer fazer com que eles saíam correndo.
O homem correu o olhar pelo estabelecimento e senti seu olhar queimar sobre mim, levantei a cabeça e ergui a sobrancelha como se estivesse o desafiado a algo, o homem veio caminhando até mim lentamente, certo do charme que emana.
- Emily Holt?
Eu não deveria ter sentido um arrepio passar por minha espinha ao ouvir sua voz rouca pronunciar meu nome de uma maneira tão... Sexy!
Mas senti!
- Sim! E você? - perguntei fazendo o possível para parecer desinteressada.
- Thomas Howell.
Concordei com a cabeça e fiz um gesto com as mãos para que o mesmo sentar a minha frente, e assim ele faz. Seus dedos longos puxaram a cadeira para trás e ele se sentou com certa elegância, a postura ereta, e um olhar de tirar o fôlego. Porque além de ser irritantemente atraente a genética ainda tinha que adicionar um par de olhos azuis ao seu rosto bem emoldurado.
Peguei um dos cardápios sobre a mesa, e o levantei encobrindo meu rosto.
- Hm oque você acha? - ele perguntou e eu mordi a parte interna da boca.
- Acho que o nome desse restaurante é no mínimo assustador e de muito mal gosto!
Thomas ignorou meu comentário com uma alisada nos cabelos castanho.
- Eu me referia ao cardápio? - ele retruca divertido.
- Qualquer coisa que não envolva pimenta.
- Bem sinto lhe informar, mas caso não tenha reparado estamos em um restaurante mexicano e a pimenta é o ingrediente principal!
- Pois bem. Quero um copo de água e uma salada.
- Salada com molho picante? - questiona arqueando a sobrancelha.
Deixo o cardápio cair de lado e o encaro visivelmente irritada. Mas Thomas apenas da de ombros e chama o garçon.
Encaro sua boca se mexendo enquanto ele faz o pedido, e sinto meu estômago embrulhar. Dou um tapinha em minha cabeça para fazer com que os neurônios voltem a funcionar e quando dou por mim estamos sozinhos novamente.
- Emily Holt! - ele repeti meu nome e soa tão bem saindo de seus lábios
droga! - Oque você faz da vida? Claro além de sair em encontros a cegas com homens que você ao menos conhece!
Encaro seu rosto chocada, e comprimi o olhar como se pudesse soltar raios lazer em sua direção.
- Claro por que você tem direito pra falar alguma coisa! Me diz você que tipo de homem aceita ir a encontros a cega?
- O tipo de homem ocupado com um trabalho importante no departamento de justiça de Nova York.
- Tão humilde! - debocho.
- Obrigado.
- Isso não foi um elogio!
- Apenas me diga um pouco sobre você? Seus gostos são um tanto... Peculiares!
Seu olhar percorreu meu visual de hoje e eu sorri maldosa.
Look de hoje: Periguete sem noção, com direito a casaco de pêlos falso.
- Tenho 22 anos, sou filha única, meus pais moram na Califórnia, Trabalho como colunista em uma revista de moda e... - faço uma pausa passando a língua entre meus lábios - Odeio restaurantes mexicano!
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