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Massageio as pálpebras sentindo a exaustão se espalhar por todo o corpo, é início de semana, o pior momento para se estar de ressaca. O som do burburinho ao redor, o arrastar das rodinhas sobre o piso de madeira, a máquina de café apitando a todo momento.
- Não sabia que cantava!
Estava tentando manter a concentração na tela do computador a minha frente, quando escutei a voz de Daniel soar ao meu lado.
- Como? - questiono franzindo o cenho confusa.
Daniel aponta para a tela de seu monitor, e eu arregalo os olhos ao focar meu olhar em uma eu muito mais bêbada e com um microfone em mãos, Olivia está a minha direita numa situação um pouco melhor, a gravação parece ter sido feita por um celular pois está trêmula em alguns momentos e a iluminação está uma droga!
Engulo em seco, não era para ninguém ver isso!
- Essa música é muito boa, você e sua amiga mandaram ver!
Não sei se me sinto confortável em aceitar seu elogio, por isso apenas sorriso e volto a me ajeitar em minha cadeira com um suspiro de frustração.
Certamente.O que acontece em um karaokê, não fica em um karaokê!
Levanto da cadeira e vou ao banheiro, fuço dentro de minha bolsa e encontro um analgésico para dor de cabeça, dígito o número de Olivia e espero completar a ligação.
- Hey, Emily...
- Estamos no YouTube! - murmuro com os olhos arregalados.
- Como assim? Você não andou bebendo em seu horário de trabalho, sabe que Meredith não...
- Olivia nos gravaram cantando ontem na noite passada, você tinha me dito que ninguém conhecido estaria lá, mas agora a um vídeo nosso circulando pela internet e você sabe como isso funciona, não é! Em minutos todos os nossos amigos saberão, e maldição! Eu estava muito doida ontem...
- Respire e Inspire, antes que tenha um ataque cardíaco por favor. Enquanto você estava surtando, tive tempo de achar o tal vídeo, e na verdade não estamos tão ruim e eu quase nem percebi ao assistir o video que você estava bêbada, agora pegue o resto de sua dignidade e siga em frente como se nada houvesse acontecido.
Suspirei com calma, Olivia é como um bálsamo calmante para mim, sempre sabe o que dizer para me fazer sentir melhor.
- Obrigado. - agradeci sentindo o peso abandonar meus ombros.
- Imagina! Agora se me der liçença preciso continuar provando esses pares de salto aqui! - escutei a voz de uma mulher ao fundo e sorri balançando a cabeça negativamente.
- Consumista!
Estou a poucos minutos de sair para o meu horário de almoço, Leyla a moça que fica na recepção adentra o primeiro andar da redação com um buquê de rosas vermelhas em mãos.
Olho de relance rapidamente sem dar importância, apenas ergo meu olhar novamente quando sou cutucada, Leyla está parada ao meu lado, franzo o cenho confusa, o silêncio se instalou e o falatório cessou em um passe de mágica.
Claro, porque agora eles calam a boca!
Temo o que está por vir, e Leyla me lança um largo sorriso.
- Emily certo? - questiona com uma fina camada de dúvida.
- Sim, porque? - respondo temerosa.
- Essas rosas chegaram a alguns minutos e há um cartão entre elas destinado a Emily Holt, creio que lhe pertence! - murmurou sem graça passando as rosas para os meus braços.
Mas eu sou a única aqui no direito de me sentir sem graça!
Inalei o perfume das rosas em meus braços e encarei Leyla com as sobrancelhas arqueadas.
- Por acaso você viu quem trouxe? - a curiosidade se tornou presente, mesmo sabendo no fundo a pessoa que enviara este buquê.
- Um entregador de uma floricultura chamada Perfum petals que se encontra aqui perto, eles fazem lindos arranjos, tem sorte de ter quem quer lhe tenha as enviado, agora se me der liçença tenho trabalho á fazer!
Agradeci a gentileza da mesma e a observei sair, o burburinho retornou ao redor agora com muito mais força, sinto minhas bochechas adquirem um tom avermelhado e suspiro sem saber o que pensar a respeito.
- Emily Holt partindo corações... - Daniel murmurou em tom baixo ao meu lado.
Não o respondi, nem achei que merecesse.
Encarei o relógio em cima de minha mesa aliviada ao saber que faltam apenas dois minutos, para o meu horário de almoço, levanto da cadeira ás pressas e abaixo meu olhar ao passar pelas outras mesas sentindo o olhar das outras pessoas queimar sobre minhas costas.
Entro no Bramers e me sento em minha mesa habitual, me disperso dos murmúrios ao redor e o barulho dos talheres batendo uns nos outros.
- Bife bem passado com purê de batatas e suco de melancia? - uma voz um tanto familiar pergunta ao meu lado.
Ergo o olhar e encontro o menino dos olhos verdes sorrindo para mim como se estivesse feliz em me ver novamente. Porém a felicidade dura pouco, assim que seu olhar recaí sobre o buquê em meus braços sua expressão se torna dura, e o sorriso que enfeitava seu rosto desaparece em um piscar de olhos.
- Exatamente, como vo... - fui interrompida de maneira brusca.
- Já lhe trago!
Franzi o cenho confusa com a situação ao lhe ver me dar as costas, não consigo entender o que fiz de errado, se fui mal educada em algum momento, então me lembro do que Leyla disse ao me entregar o buquê.
Um cartão.
Rapidamente me esqueço do inconveniente embaraçoso e coloco o buquê de cabeça para baixo. O cartão branco desliza por entre as pétalas e cai sobre meu colo, coloco o buquê sobre a mesa e o encaro apreensiva, abro nas laterais e respiro fundo antes de ler.
Estou invadindo sua privacidade?
Porque eu não me importo!
Estava aqui pensando (álias isso vem acontecendo com frequência), é quase como se você tivesse rastejado para dentro de minha mente e construído uma pousada.
A idéia de lhe mandar estas rosas veio de repente, simplesmente porque acho que você mereça. E simplesmente porque acho que estou caindo aos poucos por você e o único motivo pelo qual eu não lhe dizer aquelas três palavras tão conhecidas é...
Preciso saber se você sente o mesmo, porque não quero pisar em falso novamente.
Ass: Thomas Howell.
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