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Girei minha chave na fechadura sobre a iluminação fraca do corredor, e suspirei adentrando o apartamento, os ombros tensos, minhas mãos tatearam a tomada e o espaço todo foi banhado por uma luz levemente amarelada.
- Finalmente você chegou! - a voz familiar exclamou um tanto quanto acusadoramente - Quase cheguei a pensar que tivesse tido um repentino apago na memória e estivesse perdida por aí em algum lugar em Chinatown sem saber como voltar para casa. - Thomas está claramente de gozação com a minha cara.
- Primeiro: Acredito eu que essa coisa de apagões repentinos seja bem impróvaveis, há não ser claro que eu fosse uma princesa dos contos de fadas da Disney e houvesse uma bruxa tremendamente malvada á minha encosta tentando me alcançar com um feitiço de perda de memória para me fazer esquecer de ir a minha festa de casamento e me casar com o príncipe encantado. E segundo mas não menos importante: O que faz aqui? - apertei os olhos em sua direção esperando soar um pouco como um felino prestes a atacar e arranhar todo o seu belo rosto com minhas longas garras.
- Se eu te dissesse que peguei uma chave reserva debaixo do tapete você acreditaria?
- Com certeza não!
- Se eu te dissesse que sou o homem-aranha e que tenho este poder de soltar teias e escalar os prédios você acreditaria?
- Thomas, pare de enrolar ou eu...
- Foi Olivia! - ele gritou deixando os braços caírem ao lado do corpo exasperado.
Arregalei os olhos e balançei a cabeça em descrença.
- Porque ela faria algo assim?
Está certo que Olivia tenha recebido mais do que uma ou duas palmadas no bumbum do médico quando nasceu e tido algumas quedas durante sua vida, mas esse ato implicaria que talvez eu tenha que a levar a um manicômio o mais depressa possível.
- Ela me deu sua cópia da chave de seu apartamento, quando disse á ela que queria te fazer uma surpresa para quando chegasse do trabalho.
Eu deveria estar com raiva? Deveria estar irritada? Porém, de alguma forma algo dentro de mim me impedi de dar um sermão em Thomas, em vez disso me aproximo de seu corpo sentado á mesa da sala de jantar e me acomodo sem dizer mais nada em seu colo, inclinando minha cabeça e a escondendo em seu pescoço, meu nariz roça suavemente a pele abaixo de sua orelha, consigo facilmente sentir o aroma amadeirado impregnado em Thomas.
- Não está gritando escandalosamente? Não está me xingando? - Thomas parece um tanto quanto surpreso.
- Sinceramente, estou cansada de discussões - ouvi o seu suspiro - Pelo menos, por ora...
- Quer que eu prepare o jantar ou ligue para algum lugar? Pizza talvez... O que você prefere?
Retirei meu rosto do meu novo e mais gostoso esconderijo secreto, e pisquei algumas vezes pensativa, por fim encarei seu rosto e sorri:
- Podemos apenas nos deitar.
- Deitar? - suas sobrancelhas se ergueram com surpresa - Só deitar ou...
Corei com a insinuação de Thomas de que talvez pudéssemos ter algo a mais está noite, a verdade, pura e um pouco humilhante de minha vida sexual, é que realmente, ela não existe.
Nunca me deitei com nenhum homem, nunca experimentei aquilo que a maioria das pessoas chamam de "prazer sexual", nunca tive meu corpo tocado por mãos fortes e másculas, mas pensando mais sobre isso, talvez eu goste de ser tocada por Thomas...
- Emily? - sua voz me tirou de meus devaneios, corei novamente.
- Sim?
Thomas não me respondeu, em vez disso seus braços fortes me rodearam me erguendo no colo, sorri com a sensação e o mesmo atravessou a sala de estar na direção de meu quarto, a luz fraca do corredor pareceu piscar algumas vezes, ouvi dizer na rádio enquanto estava vindo em um táxis que está noite, a lua estará cheia e luminosa sobre New York.
Thomas empurra a porta com o ombro esquerdo e me coloca gentilmente sobre minha cama.
- Já acabou o passeio? - exclamo um pouco triste.
- Você está ficando mal acostumada! - Thomas retruca e fecha a porta.
Parado no centro do quarto, consigo ver se comprimir bem meus olhos, seus dedos se movendo com agilidade para se ver livre da camisa, desabotoando botão por botão sem pressa, a camisa desliza direto de seus ombros para o tapete felpudo.
Tentei fazer o máximo para esconder meus olhares impertinentes e agradeci aos céus por está noite estar escura, podendo assim ocultar minhas bochechas que coram vergonhosamente neste momento.
Thomas se aproxima do pé da cama, após retirar os sapatos e a calça, na penumbra da noite seus olhos se mantiveram fixos em mim, suas íris azuis se destacando em meio a escuridão.
Seu típico sorriso continua fixo em seus lábios, fecho meus olhos por alguns segundos e assim que os abro Thomas já se encontra ao meu lado, deitamos um de frente para o outro, pigarrou para afastar o silêncio que ameaça se instalar entre nós.
- Hoje é noite de lua cheia sabia?
- Bom, não se preocupe não há nem a mínima possibilidade de que eu me transforme em um lobisomem.
Soltei uma risadinha, imaginando a cena em minha cabeça, se Thomas tivesse de ser alguma criatura, teria de ser um vampiro, um vampiro extremamente convencido e dono de si.
- E quem lhe garente que eu não possa ser uma loba? - questionei comprimindo os lábios.
Thomas me encarou por longos segundos pensativo, ponderou sobre minhas palavras.
- Mesmo que você fosse, eu tenho certeza que ainda sim estaria seguro ao seu lado, sabe, os lobos tem essa coisa de amar e proteger quem amam.
- Thomas - chamei pelo seu nome - Tem algo que precisa ser dito, estamos em um relacionamento, por isso não acho que deveria haver segredos entre nós.
Hesitei por um milésimo de segundo.
- Eu... Eu...
- Você nunca teve relações sexuais não é, também nunca esteve tão próxima intimamente de um homem antes, certo?
O encarei surpresa, como se Thomas estivesse lendo cada um de meus pensamentos.
- Como soube?
- Eu olhei no seus olhos, e enxerguei a verdade por trás das palavras não ditas. Eu posso até ser um cretino convencido, mas sei respeitar uma mulher. Quando estiver pronta para avançar este passo, estarei aqui com você.
Senti vontade de chorar em meio a voracidade de suas palavras, me transformando em um rio transbordando.
- Thomas. - chamei por seu nome novamente.
- Sim?
- Você não é mais apenas um cretino. Você é o meu cretino!
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