Capítulo 03
♪⋆Quantas noites mais terei que permanecer acordado até que eu possa te ver? — Spring Day.
Os dias e anos começaram a passar mais rápido desde o encontro com o garoto. Oque me deixava feliz já que poderia o ver mais rápido, sem que eu percebesse acabei criando um carinho por ele mesmo sem nem saber o seu nome.
O que de certo modo me deixava com medo já que começava a querer mais do que seria possível, queria que ele me enxergasse e ouvisse, talvez até me ajudasse a saber quem eu sou. Mesmo que não devesse querer eu ainda crio essas expectativas e sempre que as crio elas não acabam bem.
Infelizmente minha vida foi repleta de decepções. A primeira foi assim que eu nasci e descobri que não viveria normal como as outras pessoas e a segunda foi quando perdi meus pais em um acidente.
Com isso sempre fui alguém cauteloso que sempre pensava bem antes de entrar em algum relacionamento tanto romântico quanto social. Tenho medo de me machucar, apesar das decepções terem feito parte da minha vida não estou acostumada com elas, por isso evito criar esperanças e até me relacionar.
Contudo dessa vez é diferente, eu quero ser amigo do garoto, eu quero que ele me enxergue. O sentimento de esperança acabou me inundado sem que eu percebesse. Me sinto estranho sobre isso porque como um fantasma eu não deveria me sentir assim, porém tem algo nesse garoto que me atrai, e sempre acabo me sentindo diferente quando penso ou o vejo.
Solto um longo e pesado suspiro, acho que estou pensando de mais, ele não pode me enxergar, e estou bem com isso. Se possível quero ver o garoto crescer saudável, casar com uma boa pessoa e ter lindos e saudáveis filhos e quem sabe até venha me visitar. Apenas isso já me deixaria feliz.
[...]
Mesmo que eu tenha tentado me convencer de que estava tudo bem ele não me enxergar eu ainda continuava tendo esperanças, e esse sentimento cresceu mais depois desses anos, o garoto sempre me trazia chocolate e carne e esse ano não foi diferente.
Ele trouxe uma barra de chocolate e espetinho de carne. Contudo o garoto ainda não parecia me ver ele encarava minha lápide enquanto acendia mais incensos.
— Eu não sabia oque trazer pra você quando pensava em vim te ver, mas enquanto conversava com minha mãe decidi trazer oque eu gosto já que não sei oque você gosta, então caso não tenha gostado por favor avise nos meus sonhos hyung.
Não consegui conter a expressão de decepção que se formou ao saber que ele não me ouviu, porém logo deixei isso de lado ao perceber que ele gosta das mesmas coisas que eu. Com isso minha força de vontade e esperança ficaram maiores.
— Você pode me ver garoto, certo? – Me aproximei mais dele me ajoelhando ao seu lado, porém ele continuava imóvel com os olhos fixos no meu túmulo, sem me dar respostas. Um pouco nervoso e magoada levei a mão a boca roendo as unhas enquanto o encarava, me levantei e fiquei em sua frente, estiquei o meu braço e passei minha mão em seus cabelos. Mas minha mão atravessou o seu corpo.
— Vejo você no próximo ano hyung. – Com sua voz doce ele disse, logo sorrindo.
E como se nada tivesse acontecido se virou para o seu pai e se preparou pra ir embora. Em um momento desesperado e nervoso da minha parte, eu corri em sua direção e estendi a minha mão no seu ombro.
O garoto parou por um momento, e uma sensação estranha se apossou de mim, logo minha mão atravessou o garoto e ele pareceu acordar do seu transe e seguiu o seu pai.
[...]
O cemitério voltou a ficar deserto depois que o festival acabou era sempre assim uma imensa solidão.
Com os pensamentos cheios resolvi dar uma volta pelo cemitério, aqui é bem grande e eu já visitei a maioria dos lugares, sendo um fantasma eu não me cansava mas acabava ficando entediado e por isso me sentei em lugar já costumeiro.
Em um pequeno monte atrás do templo que dava uma linda vista do por do sol, quem passasse as preças por aqui talvez não notasse mas pra quem tinha paciência ou já vivesse aqui a muitos anos como eu, conseguia contemplar a magnífica vista. Eu sempre me sentava aqui pra pensar, principalmente nesses últimos anos e depois desses acontecimentos.
Acabo me sentindo triste ao pensar sobre isso e sem que eu perceba acabo deitando e adormecendo.
[...]
Acordo sentindo mãos no meu ombro.
— Achei que não acordaria mais. – Weixin risonha como sempre me encarava.
— Se você já não estivesse morto, eu teria achado que você tinha morrido. – Jin riu como se fosse a piada mais engraçada já contada. Não contive um revirar de olhos.
— Muito engraçado. – Weixin deu um tapa na sua cabeça caminhando até o sombreiro e eu a segui deixando Jin gritando para trás.
— Você quase perdeu o QuingMing, já está quase começando. – Ela me disse. Para nós fantasmas os dias e anos se passavam em um piscar de olhos ou adormecer. Fantasmas não são obrigados a dormirem contudo eu ainda continuo com esse hábito humano e quase sempre acabo perdendo os dias por dormir de mais.
Ao saber que já estávamos no festival a animação de poder ver o garoto me consumiu. Porém ele não apareceu, as horas foram se passando e nenhum indício de que ele estava presente apareceu.
— Jimin, fique tranquilo, ele só deve ter se atrasado não se preocupe. – Weixin me conforta e Jin concorda com ela.
— É, talvez. – Magoado resolvo dar uma volta pelo cemitério, talvez o contato que tivemos no festival passado tenha o assustado de alguma forma. Sentando em algum túmulo aleatório triste, acabei adormecendo.
— Hyung! Socorro. – Olhei em volta e já estava de noite com uma grande quantidade de neblina. Escutei alguém gritar de novo e sai a procura, a cada vez que eu me aproximava a voz ficava idêntica ao do garoto.
— Ei! Garoto, a onde você está. – Não conseguia o encontrar mesmo que seus gritos estejam cada vez mais perto. Senti uma grande dor no peito e falta de ar, conseguia ouvir meus batimentos cardíacos assim como no dia em que eu morri quando estava prestes a aumentar…
… Eu acordei. Isso tudo foi um sonho? Na verdade estava mais para um pesadelo.
Olhei em volta e o céu estava para entardecer, me levantei e fui em rumo ao meu túmulo. Que estranho, eu sempre tive pesadelos com o dia em que eu morri mais nunca com o garoto.
— Hyung! A onde você está? – Já a alguns metros perto do meu túmulo avistei o garoto ali, parado olhando em volta e chorando. Coçei os olhos em descrença, porém aquilo não era um sonho. Corri em sua direção.
— Oi! O que… – Sou interrompido quando ele corre prós meus braços e me abraça, ainda em choque eu só consigo o encarar.
— Hyung, meu pai morreu. – Com uma grande quantidade de lágrimas escorrendo por seu rosto ele me disse, me tirando do estado de choque. Então eu o abracei de volta, o mais forte que eu consegui.
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