Capítulo 01
Na maioria das conversas quando os personagens dizem: achara paz, subiu, sobe ou verbos similares eles estão falando sobre o céu, de conseguir sair da terra e enfim reencarnar.
♪⋆O DNA nas minhas veias me diz que você é quem eu venho procurando — DNA
07/12/2016
Mais uma vez acordo assustado depois de sonhar mais uma vez como eu morri, é isso mesmo que ouviram eu morri. No dia do meu aniversário eu senti uma grande falta de ar e acabei morrendo, me lembro de fechar os olhos e quando abri eu estava aqui neste cemitério.
Foi apavorante no começo tentar falar com alguém mais ninguém me escutar ou ver, porém eu acabei encontrando Weixin Wang, uma fantasma chinesa.
Foi assim que descobri que tinha morrido e me tornado um fantasma, e desde então ando tendo sonhos com a minha morte o que é muito estranho já que fantasmas não podem sonhar e nem sentir mais sentimentos como uma pessoa viva.
Coloco meu fone e caminho em direção a recepção que tem no cemitério, outra coisa que não deveria estar comigo, meu walkman, pessoas mortas não levam coisas materiais para o pós morte.
— Ei! Jimin. – Me viro quando escuto Weixin me chamar, vou em sua direção. Como sempre ela está sentada embaixo de uma sombreira com Kim Seokjin.
— Aonde você estava? Por um segundo a gente pensou que você tinha conseguido achar a paz e subido para o céu. – Weixin me olha toda sorridente. Ela morreu muito antes de mim, e quando eu a encontrei foi impossível não criar uma amizade.
— Ah, eu já disse que só subo depois de me despedir de vocês. Eu só acabei dormindo e tendo um sonho. – Dei uma pequena risada antes de me sentar ao lado deles.
— De novo você com esse negócio de sonhos? Ji, eu já te disse que isso de se sentir sozinho e sonhar é coisa de gente viva, mortos não sonham. – Seokjin me alertou como sempre, ele morreu um dia antes da Weixin e acabei me tornando amigo dele também. Eles são fantasmas muito engraçados.
— Eu também não entendo isso e nem sei por que acontece, talvez um dia eu tenha uma resposta para isso. – Digo meio confuso os encarando, eles concordam comigo balançando a cabeça.
— Verdade, mas deixando isso pra lá, vocês acham que vamos receber muitas oferendas dessa vez? Ou esqueceram que hoje é o festival Qingming. – Ela nos encara.
— Talvez alguma das minhas exs namoradas apareça, porque eu não sei se vocês sabem, mais esse rostinho lindo aqui era muito famoso entre as mulheres quando eu estava vivo. – Todo convencido Jin termina de dizer.
— Para de sonhar “senhor bonitão”, com certeza você vai assaltar o túmulo de alguém que já encontrou a paz, seu sem vergonha. Às vezes acho que é por isso que você não sobe. – Ela termina de dizer olhando para ele com desgosto, eu não consigo segurar a risada.
— Mas se eu não pegar vai estragar, metade dessas pessoas já subiram para o céu e mesmo assim os parentes deles ainda trazem comida e várias coisas. Eu só estou pegando emprestado. – No festival Qingming os familiares costumam vir ao cemitério orar, fazer oferendas e limpar os túmulos dos falecidos.
— Eu vou dar uma volta. – Digo já me levantando. Eu já sei que sempre que começam alguma conversa assim só terminam depois de muita briga.
Aceno para os dois e caminho em direção ao meu túmulo. Com o festival tudo fica mais animado e colorido, durante esses anos vejo várias pessoas e às vezes até acompanho o seus envelhecimentos vindo e fazendo as oferendas para seus entes queridos, eles não fazem nem noção de que alguns já subiram para o céu e eles estão vindo pra não encontrar ninguém, diferente da gente os fantasmas que não foram.
E por que a gente não foi? É simples, todo mundo sabe que quando você morre e não encontra o céu só pode ser por três motivos.
O primeiro, quando o seu tempo na terra não foi o suficiente e você acabou morrendo antes da hora. O segundo, quando você não sabe a causa da sua morte e por último quando nenhum parente vai visitar o túmulo ou não faz oferendas.
Eu sei como morri, então só me resta a primeira e a terceira opção. Contudo parado em frente ao meu túmulo acho que a terceira é a mais provável, quando nenhum parente vem visitar o túmulo ou não faz oferendas.
Desde que morri a nove anos atrás não me lembro de ver ninguém vindo me ver ou algo parecido, o que só me faz crer que é por isso que nunca subi, tenho estado sozinho todo esse tempo.
Sentado perto do meu túmulo vendo as pessoas passarem as vezes eu ainda crio esperanças de que alguém irá vir me ver, eu não deveria, mais crio.
— Vovó essa daqui é a minha namorada, tenho certeza que vamos nos casar. – Olho para o túmulo ao lado vendo um casal se abraçando e sorrindo, solto uma pequena risada, essa já é a quinta menina que ele traz e diz a mesma coisa. Ele realmente é um pestinha, tenho certeza de que se a vó dele estivesse aqui já teria o puxado pela orelha.
Volto a minha atenção ao meu redor e encontro um homem junto a um garoto passando por minha direção, o garoto para perto do meu túmulo e acabo prendendo minha atenção neles.
— Pai, porque esse túmulo está todo cheio de mato e sem nenhuma oferenda? – O garoto parece verdadeiramente curioso, e se aproxima um pouco mais.
— Provavelmente ninguém vem o visitar ou os familiares dele já morreram meu filho. – O pai o explica, acabo fazendo um pequeno biquinho involuntário quando escuto, e o garoto parece chocado.
— Pai, você tem muitos incensos aí? – O garoto o perguntou esperançoso e seu pai o olho em dúvida.
— Pai! – O garoto o chamou de novo. — Ei, se acalme tenho sim, aqui estão. – Mesmo com uma expressão de dúvida, o pai do garoto ainda o entregou três incensos.
O menino pegou um isqueiro no saquinho que estava com o pai e os acendeu colocado em um pequeno pote em frente ao meu túmulo logo prestando preces. Um sorriso se formou nos meus lábios assim como no do pai do garoto.
— Agora que você prestou às preces o que você dará pra ele comer? Ele ficará triste se não tiver nada. – O pai do garoto disse meio divertido vendo o desespero do filho e eu acabei rindo também quando ele começou a mexer nos bolsos.
— Pai, você acha que o hyung ficará bravo se eu der isso a ele? – Ele mostrou algo na mão para o pai mas eu não conseguia ver.
— Vai sim, e como você sabe que ele é o seu hyung? – Seu pai o perguntou. — Está escrito aqui no túmulo que ele morreu com 23 anos pai. Aqui hyung. – Ele deixou algo em frente ao túmulo e eu me aproximei para ver o que era, não contive o grande sorriso que apareceu quando vi cinco balinhas de caramelo.
— Espero que não fique mais triste hyung. – Um arrepio se passou pelo meu corpo quando ele passou por mim sorrindo e dizendo isso, olhando nos meus olhos.
Isso não é possível, um choque se passou por todo o meu corpo com um arrepio .
Ele…
Me viu?
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