Capítulo 3
— Lizzy, você enviou as fotos? - Jane quis saber.
— Não enviei, Jane. Pra que? Nem vou ganhar mesmo... - Respondeu Elizabeth, colocando outro biscoito na boca.
Jane a encarou por alguns segundos em silêncio, na sequência sentou ao lado da irmã na cama.
— Como pôde não enviar, é a sua oportunidade. Com certeza essa não é a Elizabeth que eu conheço. A minha Lizzy não desistiria sem ao menos tentar. - Ponderou.
Elizabeth voltou o olhar para a irmã que tanto amava e sorriu de canto, Jane sabia como usar as palavras para persuadi-la. Conseguia puxar sua orelha sem perder a doçura que a mais nova tanto gostava.
— Você está certa, quem é essa Elizabeth que você viu? Nem conheço! Vou enviar agora as fotos e você vai me ajudar a selecionar quais. - Deu um pulo da cama para abraçar Jane.
Logo pegou o notebook para entrar no site do concurso.
Ficaram durante algum tempo escolhendo quais seriam as fotos ideais para o envio. Jane definiu algumas, mas Lizzy não queria aquelas. Alegando que eram as que fotografou assim que ganhou a câmera e ainda estava se adaptando ao novo equipamento.
De modo que, olharam mais algumas que Elizabeth havia tirado há pouco tempo. Enquanto isso, Jane não queria que suas fotos fossem as selecionadas. Entretanto, Lizzy insistiu, afirmando que a irmã era extremamente fotogênica e tão linda que iria encantar qualquer jurado, até mesmo os "Darcy".
A mais velha acabou se conformando, avaliando as fotos escolhidas, ambas decidiram que haviam selecionado as melhores já tiradas por Lizzy. Tanto pelo cenário, quanto pela luz natural do Sol ao entardecer. Elizabeth escolheu a primeira foto de Jane com os cabelos soltos ao vento. A iluminação suave e difusa, proporcionava sombras e brilhos interessantes à fotografia, dando o efeito "Golden hour" que os fotógrafos tanto amavam. As duas outras fotos também de Jane, eram um pouco mais simples. Porém, não deixavam de salientar a beleza e os traços delicados da modelo, além da sensibilidade e do profissionalismo da fotógrafa.
Lizzy; portanto as enviou, preenchendo todas as informações solicitadas, enquanto Jane permanecia ao seu lado, dando apoio. Agora só restava aguardar, as Bennets deram risada uma para a outra e se jogaram na cama.
Ambas estavam felizes e esperançosas, Jane por torcer pela felicidade da irmã mais nova e Elizabeth por imaginar como seria esse meio semestre em São Paulo, se ganhasse o concurso.
As semanas seguintes passaram voando, mesmo com a ansiedade extrema das irmãs. As duas queriam saber logo qual seria a resposta referente ao trabalho de Elizabeth. Por sorte essa não tardou a chegar, naquele mesmo dia.
Lizzy estava pulando de alegria dentro do quarto com o notebook aberto na cama, quando Jane chegou da livraria. Assim que a porta foi aberta, Elizabeth pulou em cima da irmã cantando e puxando os braços de Jane para uma dança desengonçada.
— Eu vou para São Paulo eu vou ô ô ô ô ô.... - Lizzy cantarolava alegremente e Jane começava a entender o porquê de tanta felicidade.
Após alguns minutos de euforia mutúa, Jane finalmente perguntou sobre as novidades, já prevendo a resposta.
— Me conta Lizzy, me conta. Quero saber tudo!
Elizabeth havia recebido um e-mail da produção do concurso, explicando que precisaria estar em São Paulo em três dias para a entrevista com a Sra. Catherine Darcy.
Lizzy não conseguia conter a felicidade, só havia uma coisa que não permitia que estivesse ainda mais alegre. Ambas precisavam contar aos seus pais.
(...)
Os três dias passaram e Elizabeth desembarcou na rodoviária Tiete em São Paulo, por mais incrível que pudesse parecer, os Bennets aceitaram até que bem a notícia. E, apesar de torcerem o nariz no primeiro momento, ambos entenderam que aquela oportunidade seria muito boa para a filha quase maior de idade e muito ajuizada.
Lizzy prometeu ligar sempre, se comportar e se alimentar bem. Além de jurar não fazer nada de imprudente. Ela ficaria hospedada com os outros selecionados em um hotel na Avenida Paulista, até finalizar a primeira parte da seleção. Se passasse, teria uma semana para resolver o que fosse necessário, buscar seus pertences e iniciar o laboratório no próximo mês.
(...)
— Bom dia, meu nome é Elizabeth Bennet, tenho reserva aqui e aguardo a entrevista com a Sra. Darcy. - Anunciou para a recepcionista simpática do hotel.
— Sim, bem-vinda Elizabeth. Você ficará com a outra selecionada, Charlotte. Pode aguardar um pouco? Já virão acomodá-las. - ouviu em resposta.
Lizzy olhou para o lado e avistou duas silhuetas, uma masculina e outra feminina também na mesma situação. Aproximou-se deles sem saber o que esperar, até que a garota se virou, sorridente. Ela possuia cabelos escuros e franja acima dos olhos, parecia bem simpática. O garoto de estatura mediana, era meio travado e demonstrava incômodo pela presença das duas. Porém, foi o primeiro a estender a mão e cumprimentar Elizabeth.
— Olá, meu nome é William Collins, prazer. - Disse tentando empostar um pouco a voz, o que fez Lizzy rir internamente.
Estava claramente tentando impressionar.
— Oi, meu nome é Elizabeth Bennet, prazer.
A segunda a se apresentar foi Charlotte Lucas, Lizzy gostou dela de imediato. Costumava ser muito intuitiva, quando não tinha uma primeira impressão boa, não importava o que aconteceria depois, dificilmente mudava sua opinião. Jane achava que a irmã era "cabeça dura" e um pouco orgulhosa por jamais dar o braço a torcer. Mas, essa era a personalidade de Elizabeth e ela não cogitava nenhuma mudança em seu temperamento.
Após alguns minutos de espera, um funcionário do hotel chegou e eles seguiram para os quartos. Como tinha duas garotas e um rapaz, William ficaria separado e elas dividiriam o mesmo quarto, conforme informado previamente pela recepcionista. O que não gerou incomodo algum, visto que não estavam pagando nada de seus bolsos e, também, a afinidade entre Elizabeth e Charlotte foi latente desde o primeiro momento.
Ambas passaram os olhos ao redor, com certeza não era nenhuma suíte presidencial. Contudo, o quarto era muito aconchegante, havia duas camas de solteiro, uma televisão de aparentemente 40 polegadas, frigobar, um abajur muito bonito e banheiro bem amplo. Lizzy informou que iria tomar um banho e a outra concordou, afirmando que iria em seguida.
Ao final da noite Lizzy e Charlotte já se sentiam amigas, contando como descobriram o concurso e porquê se inscreveram. Compartilharam seus sonhos e planos e falaram sobre suas famílias. Charlotte, um ano mais velha do que Lizzy, morava sozinha em São Paulo e estava no último ano de fotografia. Apesar da competição pela vaga de estágio, nenhuma delas sentia-se ameaçada pela outra. Concordaram que independente do que acontecesse, manteriam contato.
Na manhã seguinte às 8:00h em ponto, os três estavam devidamente vestidos, aguardando na recepção do hotel a chegada do funcionário da Fotografia & Conceito. Eles seriam levados até o estúdio para a entrevista particular, tudo fora minimamente programado. Pois nem tia nem sobrinho toleravam atrasos ou imprevistos.
Todos estavam elegantes, mas William exalava nervosismo pelos poros. Frequentemente mexia nas mãos e levantava o calcanhar num gesto de ansiedade. Lizzy e Charlotte, apesar de estarem um pouco nervosas também, conseguiam controlar melhor as emoções e permaneciam com uma expressão de naturalidade.
Quando chegaram ao estúdio, os três ficaram extremamente admirados. Tudo era muito bonito, na recepção algumas fotografias emolduradas - provavelmente trabalhos do estúdio - jaziam penduradas de forma distribuída para não poluir a decoração.
Cores neutras como creme e branco preenchiam as paredes e alguns locais tinha grafiatos bem sutis. Além das poltronas extremamente confortáveis para quem aguardava no local. Após alguns minutos, uma secretária educada e muito bem vestida apareceu para conduzir o primeiro entrevistado; no caso, William Collins. Em seguida seria Charlotte.
Elizabeth seria a última, o que aumentou sua ansiedade em demasia, por não conseguir ponderar se isso era algo bom ou ruim. O tempo a mais permitiria que ela acalmasse os nervos para agir de forma mais natural na entrevista.
Por outro lado, Lizzy ficaria por último, sentindo o peso da responsabilidade de ter que agradar mais do que os anteriores.
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