|Capítulo 23|
Rustan Abromowitz
Quando eu dou por mim, eu já estava adentrando a sala do comissário político, Borodin Dostoievski, para conversar com ele sobre as últimas notícias que eu havia descoberto. Como um bom soldado, eu não deveria ter feito aquela tal ação impulsiva, eu em outro tempo cheguei a ser quem a minha nação desejasse que todos os homens fossem, mas agora tudo ficou bem diferente para ignorar os meus instintos humanos.
O homem não me saudou a me ver invadir subitamente a sua sala — e nem fez questão de me cumprimentar. Ambos sabíamos o quanto não nos gostava: eu, por causa de sua arrogância e presunção, sempre querendo ser o nosso líder e não se movimentava mais do que se ajeitar em sua própria cadeira. E ele, porque eu representava uma liderança nata, boa, tinha muitos influentes que se juntariam ao meu favor. Ou seja, forças contrárias se chocavam e vencia o que tinha mais perseverança.
— O que devo a sua ilustre presença? — finalmente Borodin pergunta retirando o silêncio da sala, mas a tensão ainda existia ali, frágil e inquieta, pronta para causar uma tempestade naquele lugar.
Eu me aproximo de sua mesa para falar diretamente com ele o que necessitava no momento, precisava ser forte para não agir por mais impulso e acabar com as minhas chances de sucesso.
Explico rapidamente as informações que tinha de Vlad e seus capangas e, observando o comissário, percebo que sua feição não esboça surpresa como eu supunha. Talvez ele já soubesse de tudo o que havia acontecido mais cedo. Deixo de fora o meu envolvimento mais íntimo com Leah, contando somente o que era importante para o contexto.
Ele me escuta atentamente e me permite falar tudo o que havia para ser dito e, só então, quando eu paro e mostro estar disposto para a sua resposta, é que ele esclarece, sem turbar com todos os picos de emoção que presenciei em apenas alguns minutos:
— Eu sei, já fui informado mais cedo pelos meus homens. Não se preocupe, estou mandando uma equipe para ir atrás deles — os olhos de Borodin em nenhum minuto se pousam nos meus para me defrontar como homem que ele vangloria ser. Encaro-o furioso por não se importar o mínimo que fosse pelo bem-estar de uma inocente. Algum segundo depois de notar que eu ficara quieto demais acrescenta: — Deseja falar algo mais, Capitão?
— Mas e quanto a jovem alemã? É nosso dever resgatá-la, sendo que um dos nossos causou todo essa alvoroço, nada mais justo do que ajuda-la e condenar os envolvidos desse crime — argumento na expectativa de surtir efeito com minhas palavras, contudo, mal chegou a sua face um pingo de humanidade.
— Eles estão fazendo um bem limpando essas ruas dessas escórias — murmura o homem a minha frente mais para si do que para mim. Por fim, ele suspira e me encara, penetrando seus olhos nos meus e ordena tempestuosamente: — Já lhe instrui o que o nosso exército fará, Capitão, deseja ir contra as minhas ordens?
Eu me controlo para não cruzar os braços e agir com se discutisse como um amigo próximo, pois sabia que o esse erro me custaria muito mais do que a vida de Leah. Encontro a minha voz e declaro sem medo algum da figura em minha frente recostado em sua cadeira:
— Eles, como o senhor muito bem sabe, irão mata-la. Eu não vim aqui lhe pedir permissão ou discutir o que o senhor pensou em fazer ou não em questão a isso, mas eu vim saber onde eles estão — minha postura de soldado muda para uma mais autoritária e impaciente, encarando-o firmemente até que ele desmanche a pose de soberano e me releve à posição atual deles. — Agora.
Borodin me lança um olhar gélido que não precisaria de muitas palavras para interpretar o que ele queria expressar em voz alta. Suspira e procura em um papel a mensagem que recebeu mais cedo, conforme havia dito anteriormente.
— Eles estão aqui escondidos, somente esperando serem mortos — a sua voz não trazia preocupação por eles, porém, eu não consigo captar nela também a vontade de findar com suas vidas, existia uma linha tênue, de maneira que ao mesmo tempo parecia ser bom que eles fossem mortos e em outra uma pena ter mais essa perda no exército. Conhecendo Vlad e a fama de Borodin, eu não me surpreenderia de acreditar que ambos possuíam negócios juntos e que algum deles ficou em dívida e não conseguiu cumprir antes que fosse tarde demais.
— Obrigado — exprimo não me preocupando com o tom utilizado, deixando certo desdém em minha fala.
Eu me viro para me retirar da sala e ouço-o me ameaçar de maneira singela:
— Ainda irá se arrepender de ter esse nariz em pé comigo, Camarada Capitão. Se o senhor julga que sua arrogância comigo será esquecida pelas suas ações de bravura em guerra, estará fortemente enganado. Fique esperto, pois quando menos esperar, eu mesmo irei me certificar em pisar em seu cadáver.
Eu me retiro do local em completo silêncio, não existia razão para eu rebater boca com ele, ainda mais sendo que ele possui influência e poder. E, por que eu o contestaria devido a uma provocação, se já obtive o que desejava? Às vezes a melhor coisa que podemos fazer em uma situação é nada, simplesmente ouvir e ignorar. O falar é prata, mas o ouvir é ouro.
Naquele momento, por não retrucar, ganhei mais uma batalha, porque ele queria justamente isso, que eu abrisse a minha boca e me expusesse ao ridículo, podendo ter autoridade sobre mim e me condenar pelas minhas próprias palavras. Com pessoas estúpidas, precisamos ser mais inteligentes e combater a força com sabedoria.
Saindo do Quartel General, eu sinto o refresco do ar em meus pulmões, o sol ficando cada vez mais forte por se aproximar do meio dia queimando em minha pele e o alívio libertar a tensão ardente de meu corpo. Todas as vezes que eu tinha que lidar com homens dessa laia, ficava com enxaqueca. No entanto, não estava na hora de pensar em mim e sim em Leah, que se encontrava 6 horas a minha frente.
Conforme a informação do comissário, um grupo de homens irá atrás dos traidores, sendo assim, aproveitaria para me aliar a eles e resgatar a doce Leah do perigo eminente. Estava posicionado cindo soldados armados na frente do Quartel, prontos para a retirada e caçada; eu havia chamado o meu leal escudeiro Aleksandr, para mais uma vez, ajudar-me nesse confronto diretamente com a morte. Ele, por sua vez, balançou a cabeça, incrédulo com os relatos dos últimos acontecimentos e me provocou:
— Como alguém consegue ter ao mesmo tempo tanta sorte e azar como você, Rustan? Primeiro você encontra o amor, só que ela é alemã. Segundo que você é obrigado a comparecer a mais uma batalha e teve que deixa-la em um hospital sem poder nem ao menos se comunicar com alguém. E agora, você volta esperando encontrar e repousar nos braços dela e ela some?! — exclama ele levando a mão na cabeça sem ter palavras para tudo o que eu vivia. — Simplesmente inacreditável. Cada vez mais eu acredito que desde o início foi um plano de Vlad para se vingar de você, irmão.
— Pode apostar que foi mesmo... — confirmo os seus pensamentos aquietando os meus, que me aterrorizavam naquela altura.
— Que a caçada comece!
[...]
Partimos logo depois que eu e Aleksandr nos juntamos ao grupo em busca dos traidores no jeep disponibilizado pelo exército para esse tipo de situação não muito recorrente. Foi-nos informado que Vlad e seus comparsas se escondiam no distrito de Obserchoeneweide, que se localiza a sudeste de Berlim, na região industrial.
Eu, Aleksandr e mais dois homens estávamos em um segundo jeep, logo atrás do primeiro veículo, que não percorria muitos metros a nossa frente. Rompíamos o ambiente mal-assombrado, atravessando as Ruínas de Berlim, com os veículos correndo sobre o solo desregular. Nas ruas não se encontrava uma alma viva, somente a morte pairando sob o lugar abandonado e lotado de escombros.
Era terrível em ver, pois o combate já havia se passado um bom tempo, semanas até, contudo os corpos dos mortos não foram levados para serem enterrados dignamente, deixando o ar com um cheiro podre de decomposição. Misturado aos cadáveres, o odor do cordite e da fumaça dos incêndios se fundem ao fedor dos corpos, transformando o ambiente em uma atmosfera ainda mais sombria. Eu certamente teria pesadelos com esse lugar.
Engulo em seco e desvio a minha atenção de meus pensamentos para as feições de meus companheiros nessa missão. Estar em um combate não provocava nenhuma grande emoção em meu corpo, nem positiva quanto negativa, pois de tantas que já tive de enfrentar não agitava mais meus ânimos. Muito embora meus sentimentos estejam vindos com mais frequência agora que encontrei Leah, a doce alemã, que estendeu a sua mão e me emergiu das profundezas obscuras de meu ser.
No entanto, aquela situação em que eu me deparava é absurdamente descomunal de tudo o que já experimentei, porque eu nunca havia sido mandado para caçar traidores e nem tentei fazê-lo junto de companheiros — mortos hoje. Apesar de presenciar uma vez ou outra esse tipo de acontecimento, sempre busquei estar longe de toda e qualquer confusão, pois sabia que a culpa poderia rapidamente cair sobre mim. Não tem como confiar em outros quando a sua vida está à mercê de terceiros.
As ruas por quilômetros permaneceram silenciosa e vazia, sendo somente frequentadas por alguns soldados soviéticos, que patrulhavam na procura de soldados alemães, fugitivos para o oeste. Os poucos civis berlinenses que arriscaram suas vidas em busca de alimento e água, andavam cabisbaixos e em passos rápidos, como ratos assustados, não confiando em nós que vagavam livremente pela cidade como se fossemos donos.
O som ruidoso do vento invade os meus ouvidos, sussurrando canções mortais sobre o lugar para onde estávamos indo, alertando sobre os perigos que enfrentaríamos.
Meu coração sobressalta em meu peito com receio do que iria encontrar lá. Certamente eu não iria desistir de conseguir resgatar Leah, não pouparia esforços até tal ato fosse concretizado, contudo, o medo toma a minha mente pela incerteza e insegurança do que exerceria ali.
Fico com medo de não ser capaz em conseguir salvá-la. Assustado em fracassar de maneira tão trivial, um erro acometido no minuto errado e colocar tudo a perder. Uma ação banal que levaria simplesmente tudo no fim da linha.
Eu sou a única esperança que restou para Leah. Eu não posso falhar! Tenho a obrigação de vencer os meus oponentes e não fraquejar agora.
Absorto em meus medos e inseguranças, Aleksandr toca a minha perna com o seu joelho, acordando-me para a realidade em que vivia. Olho-o mordendo o lábio, mostrando o meu nervosismo florescer e ele retribui com um sorriso solidário, companheiro de que tudo daria certo, não havia com o que me preocupar.
Agradeço com um olhar sincero e volto a minha concentração no caminho quer percorríamos. Estávamos nos aproximando da Rua Edisonstrasse, onde nos levaria diretamente ao esconderijo deles. Um dos soldados aponta para o antigo prédio administrativo (AEG — uma antiga empresa que fabricava produtos eletrônicos e elétricos), indicando que ali seria o nosso destino. Nós nos preparamos para o que se iniciaria em poucos minutos.
O que um dia poderia ter sido considerava uma grande e bonita construção arquitetônica, neste dia ele não se diferenciava dos demais. O prédio de oito andares fora igualmente destruído pela guerra que o cercava. Parte da fachada ficou destroçada e com difícil acesso, pois o chão todo desnivelado e cheio de objetos não pertencentes a aquele lugar atrapalhava a locomoção. A construção continha em suas paredes externas manchas negras do último incêndio da época. Aquele era o esconderijo deles, havíamos chegado e toda a carga emocional me perseguia não fazendo menção de ir embora.
Com isso, eu apenas suspiro e mentalizo o melhor que poderia acontecer ali, não dando vazão a negatividade e pessimismo. Uma vida inocente precisava de mim; muito mais do que só isso: o amor que o ser humano havia arrancado de mim naqueles tempos de guerra, eu consegui encontrar e não seriam três imbecis que tirariam isso de mim.
Se eu quisesse salvar Leah, eu teria que começar a cavar fundo. E eu, sem sombra de dúvidas, iria conseguir.
[...]
Marat Bogolyubov
O plano poderia parecer muito simples ao vê-lo de fora, pois não dependia de terceiros para sê-lo cumprido de forma rápida e objetiva, contudo, em meio à simplicidade, simplesmente tudo desmoronou e o que era para ser fácil se transformou na mais e exaustiva missão de sobrevivência.
Não me lembro de como foi que tudo desandou, porém, recordo vagamente que foi com a aparição da garota alemã em nossas vidas. Fazia poucos dias desde o episódio do estupro coletivo, só que desde aquele momento até hoje as imagens são mais frescas e tangíveis em minha pele do que deveriam ser. Eu deveria tolerar esse tipo de atitude, ainda mais minha, por não ser a primeira vez de cometer uma atrocidade como aquela. No entanto... Tenho tido pesadelos. Muitos pesadelos.
Esfrego os olhos mais uma vez na esperança de me livrar de meus pensamentos e acordar do sono e cansaço por horas atrás ter lutado contra os soldados da NKVD e não ter tido a oportunidade de descansar. Immanuel me relatou os acontecimentos sucessivos após o meu desmaio, o que não foram muitos, mas eu não me sentia nenhum pouco descansado e preparado para enfrentar o meu Capitão.
Decerto eu sabia que uma hora ou outra isso poderia nos acontecer, ainda mais que basicamente sequestramos a dama que ele estava de olho. Vlad diversas vezes pelo caminho caçoou dizendo como era ridículo ele ter gostado dela, ter sentimentos pela escória berlinense. Muito de meus companheiros chegaram a terem relações com prostitutas alemãs, contudo, não houve sequer um apreço ou preocupação de ambas as partes, por não ter cabimento para aquele tipo de significado maior. Estamos em guerra e não a procura de um amor para o resto de nossas vidas.
Todavia, Rustan foge a regra. E me ficou claro o quanto ele se preocupa com ela ao nível de nos difamar para o comissário político, querer fazer o certo da maneira correta, mesmo com medo de se expor demais e ter mais perguntas do que respostas. Admiro-o por ter tido coragem de enfrenta-lo e conseguir um retorno ao seu pedido. Vlad também comentava o quanto Borodin odiava Rustan com todas as forças.
Meu Capitão é aquele homem que sempre fará o bem acima de todas as coisas, por mais que as consequências não sejam boas. É um homem bom e honesto, justo para os outros e não espera nada em prol, por saber que não receberia na mesma intensidade a sua devoção. Todas as suas qualidades incomodam aqueles que vivem no prazer de exercer o mal. Um pequeno pincel de luz, com seus raios tímidos que ao ser sobreposto no meio de uma escuridão reflete a cor mais nobre de todas, realçando a beleza quase inexistente dos dias atuais. A luz de Rustan, o seu brilho atormenta muitas pessoas, sobretudo aquelas que justamente promovem a crueldade.
Ele é digno de ser chamado um homem honroso, não somente cumpridor de seus deveres a sua pátria, mas também a favor do ser humano. Eu o conheço pouco, nunca houve uma conversa profunda com o meu Capitão, porém, eu enxergo a diferença entre segui-lo e escutar a todos os seus ensinamentos de vida em relação à Vlad e Immanuel com todas as suas perversidades enraizadas em seus corações.
A vida não me trouxe muito júbilo, todavia, eu consigo dizer sem medo de errar que hoje eu vivi um dos melhores dias de minha vida, quando abri os meus olhos para o nível de barbaridade que realizava minuto atrás de minuto sem perceber e pude escolher não cumpri-las mais. No entanto, minha escolha pela paz e bem foi tardia.
Meus companheiros conheciam Rustan e como a mente dele funcionava bem demais, sabiam do "óbvio", que caminhos ele faria e como derrota-lo facilmente. Eu desconhecia o plano, pois eles preferiram não expor o todo para comigo devido a minha instabilidade emocional e mental, por sempre estar discutindo com eles e não ajudando a exterminar Rustan de uma vez por todas.
— Não é melhor fugirmos logo, enquanto temos tempo para isso? — perguntei de novo, perturbando o silêncio enlouquecedor do prédio por não existir por quilômetros nada, nenhuma guerra por perto ou soldados passando, civis correndo de um lado para o outro. Eu sentia a tensão crescer no ar enquanto os segundos corriam no relógio.
— Não iremos a lugar algum, medroso — a mesma resposta de sempre é dita mais uma vez, pacientemente por Vlad Zaitsev, no momento em que ele observava pela janela os nossos convidados que brevemente estariam presente. — Além do mais, se está com tanto medo, por que não aproveita e se distrai com nossa visitante? Aposto que ela tem saudades de meus toques em seu corpo — acrescenta Vlad me deixando com enjoo de sua fala.
Saber que eu fiz isso é repulsivo. Não sei como eu pude forçar alguém a se submeter a mim e meus impulsos animalescos. Nada daquilo que aconteceu foi algo natural. Violentar aquela alemã chegou a ser a minha gota d'agua para esse mundo caótico que me aprisionei na carência de um guia no período da guerra.
Estou confuso e perdido para onde ir, mas sei que não é justo prejudicar outro pela minha indecisão e permitir que outros o façam. Durante toda a trajetória do hospital até o prédio administrativo eu tentei convencer Vlad a deixa-la ir, prendê-la em alguma árvore que encontrássemos no caminho e salvar nossas peles, pois ao menos assim eu teria um pouco de redenção pelos meus pecados. Salvá-la das crueldades de meu amigo limpariam o peso de minha alma aflita.
Contudo, nada foi feito ao meu pedido, deixaram para lá, ignorando completamente a minha existência e meus comentários "absurdos, loucos e paranoicos" — como eu escutei eles chamarem nas horas que eu não estava por perto. Até poderia ser na visão deles, só que eu sentia que a vida dela estava agora em minhas mãos e eu seria condenado por ter destroçado com a alma dela e agora, sua vida.
Não haveria jeito algum para tirá-la da sala e fugir ou então mata-los e leva-la de volta sã e salva. Com isso, eu só poderia esperar pelo resgate do verdadeiro herói. Sei que ele está próximo, pois a cada instante eu sinto a atmosfera gélida diminuir ainda mais sua temperatura, os batimentos instáveis acelerarem nos peitos, o medo sobressaltar os nervos da pele... Mais um minuto se passou e nada deles. Até quando esperaremos? Eu não consigo dispensar por muito mais tempo Vlad ou Immanuel de fazer alguma maldade com a garota... Temo em fracassar.
— Acho que o herói da pátria não irá vir... Enquanto isso, eu irei me divertir — o sorriso malicioso e perverso de Vlad iluminam o seu rosto, seus olhos caem sobre o corpo da inocente, que estava a poucos metros de nós, amarrada com as mãos nas costas de um jeito porco, mas difícil de escapar.
— Não se eu for o primeiro — retruca Immanuel se divertindo com a cena.
— Quer mesmo me enfrentar por uma vagabunda? — o olhar de Vlad o olha com desdém, cético por seu companheiro estar se voluntariando para se relacionar mais uma vez com a moça. — Você mesmo disso que foi uma perca de tempo, que nem era tão gostosa e proveitosa assim... O que te fez mudar de ideia?
Eu já me levanto e aos poucos chego mais perto da garota, ficando frente a frente com os soldados, mas eles ainda não perceberam minha presença intrusa, atrapalhando os planos frios e cruéis.
— Estou no tédio. Tem uma prostituta a vontade aqui, eu quero me divertir também — ele também abre um sorriso malandro refletindo os olhos arrogantes e medonhos. — Aliás, sempre dizem que a primeira nunca é boa, aperfeiçoar que deixa tudo mais gostoso.
— Até parece que quer ficar transando com a vagabunda por horas! — comenta Vlad se virando para me olhar e fechar o rosto rapidamente, cruzando o olhar entre eu e o corpo da garota. — O que o gatinho está fazendo aí parado? Vamos, mova-se!
Eu não o faço e eles me encaram friamente.
— Tem algo a nos dizer, medroso? — Immanuel enfatiza o meu apelido nada agradável, causando arrepios em minha pele por saber que não teria chances de enfrenta-los se partissem para uma luta corporal, contudo, eu não perco a compostura.
— N-não... S-sim... Q-quero dizer, eu... — gaguejo incontrolavelmente, mexendo as mãos na esperança de conseguir falar e impedir um novo estupro. Ela não merecia isso.
— Desembucha, Marat! — Vlad grita vindo em minha direção sem paciência para o meu comportamento medroso e um pouco tímido.
Começo a pensar nas consequências de minha fala, a gravidade das loucuras que eles certamente fariam após eu negar permitir que abusassem da alemã, todavia, eu não posso viver sempre com medo. É preciso despertar e reagir, por mais que doa o que vem a seguir.
— Eu acho que... — sou interrompido pelo líder.
— Não me interessa sua opinião. Vá direto ao assunto — responde grosseiramente.
— Não é melhor ficarmos de olho em qualquer movimentação do lado de fora? Caso algum soldado passar por essa área, nós saberemos antes deles nos pegarem em flagrante. Se vocês forem estu... — rapidamente mudo a palavra por saber que eles não aceitavam chamar esse ato vil de estupro, apesar de souberem bem o que fazem — digo, se divertirem com ela, creio que será favorável fazê-lo em um momento de paz, quando souber que a barra está limpa.
O silêncio descomunal volta a reinar por alguns minutos antes dele decidir o meu veredito, felizmente ele cruza os braços e me encara sem muita alegria.
— Desta vez parece que o sangue subiu para o lugar certo neste seu cérebro imprestável e raciocinou algo inteligente. Eu estou surpreso por você ter conseguido analisar isto.
— Espero que você esteja pensando em nós e não na merdinha ali, porque se eu desconfiar que esteja dizendo isso só para não festejarmos nossa vitória sobre o Rustan, você não gostará nenhum pouco do que lhe acontecerá — ameaça Immanuel impetuoso, sempre atento aos detalhes. Engulo em seco feliz por conseguir por hora afastá-los dela.
Um longo período se passa quando abruptamente escutamos uma forte explosão vinda do lado de fora do prédio, a onde de choque quebra os últimos fragmentos de vidro que estavam intactos nas janelas. Corremos rapidamente para olhar o que havia acontecido e justamente foi uma das armadilhas feitas por Immanuel, por crer que eles iriam nos perseguir e atacar.
Vemos dois jeeps, porém, somente um estava inteiro, enquanto o outro, em pedaços para todos os lados. Alguns soldados da NKVD se encontravam feridos pelo ataque, contava cinco soldados e dentre eles eu não encontro Rustan em parte alguma.
Mordo o lábio apreensivo, mas não tinha tempo para pensar e perder. Pego minha arma corro para o meu posicionamento no local combinado, junto dos meus companheiros. Não tinha mais volta agora. O combate pelos nossos pecados começou.
***
Gente, conversa um pouco séria: eu tô pensando em parar de postar aqui o livro... Mas eu preciso saber, vocês estão lendo e gostando? Eu não sinto que tô tendo um retorno, então por favor, quem está lendo, me manda uma mensagem para eu decidir que vale a pena continuar aqui ou não...
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