|Capítulo 22|
Rustan Abromowitz
Os soldados me parabenizavam pela conquista sobre os alemães, quando voltávamos para a base para, por fim, ter o devido descanso merecido pelas nossas obras. Eu apenas sorria amigavelmente pelo carinho deles, mas não sentia como um vencedor, já que matar não me trazia aquela sensação de vitória.
A única coisa que me reconfortaria seria ver aquele encantador sorriso da doce Leah, que ficou a minha espera. Por mim, eu nunca mais pisaria em um campo de guerra, porém, certas coisas não funcionam dessa maneira e eu tenho que aceitar — com muito pesar, mas tenho.
Reencontro em caminho para o hospital, muitos amigos alegres pela vitória e demonstração de força para os USA, uma vez que os combates destruíram grande parte de nossos armamentos. Respondo animadamente que a sorte estava ao nosso lado e completo em pensamento que um ser maior que nós, humanos, mantinha Seus olhos sobre nós, nos guardando a cada passo que dávamos. Todos me dão tapinhas nas costas e ri por saber que o fim está próximo.
Solto o ar esperançoso. O fim está próximo. Eu mal via a hora de levar a Leah para um verdadeiro encontro, passearmos de mãos dadas pelos campos e nos deliciarmos da experiência simples e muito significativa para ambos. Apresso o meu passo com o coração acelerado, ansioso para o meu reencontro com ela, a dona de meu coração.
No meio do caminho eu penso em inúmeras falas e como iniciar aquela nossa conversa sem parecer estranho ou apressado demais, contudo, eu não encontro a sentença perfeita e coço a cabeça me sentindo abobado por me preocupar com esses mínimos detalhes. Limpo às mãos pela calça mostarda e no ato eu paro de efetuá-lo para reparar que eu estava sinceramente apreensivo, nervoso para aquele momento tão aguardado.
Eu mal me recordava do que era um encontro, como é sair com uma garota e entretê-la, fazê-la se sentir a garota mais especial do mundo. Meus anos de juventude foram turbulentos, já que eu quando menor não queria responsabilidade alguma ou compromisso, somente gostava de conversar com as meninas e me divertir. Não cheguei a me comprometer e vivenciar um relacionamento sério, com isso, eu estou completamente despreparado para o que virá acontecer.
Minha mãe teria rido de mim agora por me ver entrando em pilhas de nervos por ter que me relacionar com alguém que eu tenho muito apreço. Um lapso repentino surge em meus pensamentos e eu me recordo de algo muito antigo, uma lembrança que eu nem sabia que ainda existia em minhas memórias: um momento ímpar com a minha mãe, pela tarde após papai sair para trabalhar, ela estava cozinhando em nossa casa a comida preferida de meu pai e conversando comigo sobre garotas e sobre uma que eu iria me encontrar mais tarde.
— Eu não te ensinei para ser medroso, filho meu não é conhecido pela covardia. Então, meu amor, se apronte da melhor forma, encha esse peito de ar, postura e coragem. As garotas gostam de homens decididos.
— Mas, mãe... — eu respondi meio apreensivo — eu sou tímido, como irei conversar com ela e fazê-la gostar de mim?
— Rustan, meu amor, você tem um coração enorme, lindo de se ver. Acredite em si mesmo, seja você mesmo que dará tudo certo. Vai por mim, você tem um charme que será irresistível para as garotas. Aposto que qualquer uma que te ver, irá se apaixonar por quem você é. Para a garota certa, não importa se você é alto, baixo, magro ou gordo, pois ela estará olhando o que você tem aqui dentro — diz apontando para o meu coração. — Ela te dará o valor que você merece, então nunca aceite menos do que você realmente valha.
— Mas como eu saberei quem é certa?
— Você saberá. Mas eu vou te dar uma dica: ela sorrirá mais do que aguenta, as bochechas viverão coloridas, o coração acelerado parecendo uma marcha... — mamãe olha para mim, contudo, eu sentia que sua mente estava em outro lugar bem longe daqui. — Todo amor que realmente valha a pena de lutar, será posto a prova. Eu nunca vi um relacionamento durar sem nenhuma luta, pois não é o natural. Tudo o que é importante, nós teremos que batalhar para conquistar. Lembra-se daquele ditado: tudo o que vem fácil, vai fácil.
— Obrigado, mamãe.
Sorri feliz pelos conselhos dela e sai animado para o meu encontro. Hoje, anos depois daquele dia, eu não me sinto mais aquele garotinho de apenas 12 anos, pronto para enfrentar um batalhão sozinho pela garota. Apesar de meus ânimos serem positivos, o resultado do acontecimento foi bem diferente do que o imaginado: a menina não gostou muito e me deu um fora.
No entanto, eu tenho que ser mais realista para o que estou vivendo: eu sou um novo homem, com uma mulher totalmente diferente daquela que eu gostei quando garoto, no meio de uma guerra. As circunstâncias são outras e não existe razão para eu me preocupar, porque eu sei o que eu sinto e o que ela sente. Dará tudo certo.
Suspiro expulsando o nervosismo e adentro no hospital. O primeiro impacto que eu tenho olhando para aquele lugar foram o silêncio e a paz que habitavam ali, eu havia me esquecido de como os meus dias com Leah foram quietos se comparados aos incontáveis dias que batalhas que enfrentei. As explosões zunindo os ouvidos, a inquietante sensação de perigo, a fome e sede... Tudo se esvai quando eu entro no cômodo.
A notícia de meus atos chegou rápido aos ouvidos dos soldados feridos, pois todos se levantam e caminham até mim, entoando alguns cânticos de nossa pátria. As comemorações preenche o som do ambiente com festa e felicidade, sentimento quase esquecido por nós no meio de toda essa confusão local.
— O herói da pátria chegou, saúdam o capitão! — grita um dentre eles e todos prestam reverência a mim, mostrando respeito e fidelidade pelas coisas que fiz por eles.
Um soldado não foi treinado para chorar, porém, acima de todos esses títulos dados a ele, ele é um ser humano, precisa sentir e deixar fluir as verdadeiras emoções carregadas em seu peito. Eu me emociono ao ver os meus homens confiando suas vidas em minhas mãos e prestigiando com orgulho a honra que tem ao me servir, ser meu aliado, meu braço direito.
— Vocês não têm mais nada para fazerem? — retruco escondendo a voz embargada de meus companheiros. — Vão beijar uma moça bonita do que me atazanar!
— Capitão, o problema não é achar uma moça bonita, mas é fazê-la querer beijar esses trastes velhos — Piotr, um amigo meu, provoca a todos e nos leva a rir ainda mais.
Eles riem e me cumprimentam, recebendo com prazer entre eles para que eu compartilhe minhas experiências e sabedoria com eles. Sem tardar, eu conto todos os acontecimentos vividos nas últimas horas, somente deixo escapar propositalmente o meu encontro com Ted, o americano, pois eles certamente não iriam compreender as particularidades que executo.
Os minutos se passam e a ansiedade volta a afligir meu coração com fortes badaladas no peito, eu necessitava vê-la. Despeço de meus amigos e caminho costumeiro para a minha antiga cama, passando pelos outros enfermos e chegando até a cama vazia. De sobressalto, olho para a segunda cama, parecia intocada, sombria, como se nenhuma alma tivesse repousado ali. Mas eu logo aquieto a minha mente por saber que Leah poderia muito bem estar se banhando, o que era rotineiro dela preferir se limpar logo pela manhã a ao entardecer.
Sento em minha cama e aguardo pacientemente, esse seria o momento perfeito de descobrir como começar aquele diálogo sem constranger a ambos. Poderia iniciar com um simples e simpático "Bom dia, querida Leah", depois acrescentar "Como vai a senhorita? Dormiu bem?", e, por fim, no desenrolar da conversa eu corajosamente perguntar: "Uma das grandes lições que eu aprendi por causa da guerra é que a vida é bela, esplêndida dependendo da maneira que a enxergarmos. Pessoas virão e outras deixarão o mundo, não é algo que podemos controlar, mas eu também aprendi que no meio a tudo isso, podemos criar o nosso caminho, planejar o que queremos alcançar... E o mais importante do que a chegada é a caminhada, as pessoas que aparecem em nossas vidas para nos mudar e acrescentar algo bom e sincero. O que eu quero dizer é: sempre teremos receio do que o futuro nos aguarda, iremos muitas vezes querer fugir e largar tudo, mas também somos nós quem faremos essa decisão. Eu escolhi hoje viver e agarrar o melhor da vida e quero fazer isso com a senhorita ao meu lado. Deseja viver o inesperado comigo? Criar a partir de agora memórias para nossa velhice e... Se a senhorita se cansar de mim, poderemos recomeçar tudo de novo, até ter um apreço a mais do que apenas amizade para comigo".
Coço a cabeça me sentindo brega por pensar cautelosamente nessas palavras, eu nem saberia se ela iria gostar, contudo, valia a pena arriscar. Por ela, eu esperarei pela vida toda. Não importa onde eu estiver e como forem às circunstâncias, eu sempre retornarei para o meu lar.
Viro a cabeça à procura da alemã loira saindo do banheiro, mas eu não encontro nenhum vestígio. Estranhando pela demora, eu me levando e vou a sua busca, alguma enfermeira saberia me informar o paradeiro dela. Meus olhos procuram pelas àquelas que se lembrariam do rosto de Leah, pois seria mais fácil de perguntar e ter uma resposta do que aconteceu.
A ironia da vida nunca me incomodou mais agora do que toda a minha existência, porque a enfermeira com quem eu mais impliquei seria justamente aquela que se lembraria da civil. Eu a encontro junto com duas outras enfermeiras do outro lado do cômodo, ajudando a limpar uma criança toda suja de sangue, vômito e sujeira das ruas. A guerra afetou a todos nós, principalmente os menos privilegiados.
Peço desculpas por estar atrapalhando o serviço delas e chamo a moça para um pouco longa das demais. O olhar dela recai sobre mim um pouco impaciente, visto que se lembrava de quem eu era perfeitamente.
— O que o senhor deseja, soldado? — ela cruza os braços sobre o peito e não tira o semblante de poucos amigos.
— Gostaria de uma informação muito importante para mim, é a respeito da alemã que esteve comigo há dias atrás — revelo o assunto, mas nada em seu rosto muda. — Aquela mulher loira, a senhoria sabe me dizer onde ela está?
— Não. Se não está entre os enfermos, deve ter já ido para casa.
Meu coração falha uma batida pelo desespero por saber que ela poderia realmente ter ido embora e não tivemos a chance de nos reencontrar. Um medo sobrenatural toma o meu peito e eu sinto falta de ar, Leah não teria ido, teria?
— Então alguma de vocês informou isso para ela, que poderia ir embora? — a pergunta estava carregada de urgência, medo e apreensão. Qualquer que fosse a resposta, aquilo não seria capaz de aquietar o meu coração.
— Não, soldado, a garota não conhece nossa língua, mas deve ter imaginado que já poderia ir, porque foi avisada pela Kira que dentre dois ou três dias seus ferimentos já estariam sarados e que não precisaria mais de cuidados.
Repenso rapidamente todas as informações que Leah me contou sobre ela e onde morava para saber aonde começar a procurar, se essa nova enfermeira não me trouxer nenhuma afirmação a respeito do paradeiro dela, ao menos saberei por onde começar.
— Sabe me dizer onde eu posso encontrar essa outra enfermeira, Kira? — questiono olhando todas as pessoas do hospital tentando descobrir sozinho quem seria essa, todavia, eu estaria chutando um palpite, eu precisava que a moça conversasse comigo e me indicasse quem é a sua colega.
— Infelizmente, eu receio que ela não vá querer conversar com nenhum soldado no momento.
— Por que diz isso?
— Houve uma tragédia hoje pela manhã... Não sabemos ao certo como aconteceu, mas pelo o que entendemos sair da boca de minha amiga foi: ela estava voltando do alojamento de descanso e chegou a ser surpreendida por três homens. Eu não sei todos os detalhes, mas pelo o que eu entendi um dos soldados a caçou para mata-la, por sorte outro soldado há encontrou algumas horas depois...
— Quem é esse soldado, eu posso conversar com ele? — naquela altura eu nem mais sabia o que pensar a respeito de toda confusão que aconteceu em poucas horas. Meu subconsciente me avisava que alguma coisa estava errada, só que eu ainda não tive todas as peças desse quebra-cabeça para conseguir juntar tudo e desvendar esse mistério.
A enfermeira aponta com a cabeça em direção de Piotr e frange a boca formando uma careta desajeitada, parecendo não confiar muito na opinião dele. Olho de soslaio para ele e não encontro à ameaça que ela anunciava silenciosamente — contudo eu nunca mais diminuiria o sentimento do outro, pois eu fiz isso com Leah no dia da visita dos três ordinários, acreditando em mim mesmo e falhei com ela miseravelmente. Se eu tivesse sido mais aberto e sensível às sensações dela, eu teria conseguido descobrir antes e já teria me vingado de Vlad e seus capangas pelo o que fizeram. No entanto, agora não é hora de lamentar.
É preciso compreender que alguns males vem em nossas vidas para que sejamos capazes de crescer e amadurecer, para que quando aconteça novamente algo terrível quando o anterior, estejamos prontos e preparados para enfrentar com todas as forças que temos e vencer.
— Com a sua licença, eu irei conversar com ele agora — digo já de prontidão para sair, mas ela segura o meu braço e sussurra com receio de ser escutada por qualquer um:
— Tome cuidado, capitão, eu não sei o quanto ele dirá e se, sobretudo, será verdade. Ele andava no dia anterior com um companheiro seu — a enfermeira desvia o olhar e se aproxima ainda mais —, eu não sei o seu nome, mas nunca foi coisa boa aonde quer que passou. Outro dia ele apareceu por aqui e abusou de uma das enfermeiras... É tudo o que eu sei. Boa sorte.
Ela some de minha visão, deixando-me apenas a alguns metros de um soldado que eu chamava de amigo. Fico com muitas dúvidas a respeito do caráter dele, só havia uma forma de descobrir se a árvore dele está enraizada em uma boa terra: pelos frutos. Suspiro lentamente e vou mais uma vez até Piotr.
[...]
— Isso é tudo o que eu sei — Piotr se defende de meus questionamentos após eu começar a duvidar que saiba de algum além do que diz. Ele esfrega os olhos cansados e cruza os braços mostrando certa instabilidade e impaciência.
— Não estranhou que Vlad estivesse aqui por algum outro motivo? — pergunto olhando para os meus outros companheiros, com medo deles ouvirem e querer explicações do que se sucedeu. Por sorte, ninguém está interessado em nossa conversa.
Eu o afastei de todos os seus colegas e o levei para longe de ouvidos curiosos, deixando um clima amistoso para esse tipo de situação: um interrogatório. Tudo o que ele me afirmou eu confirmei com as informações que já tinha pela outra enfermeira, mas ainda não entendi o que Vlad fazia aqui.
— Rustan, eu não sei... Todos nós estamos bem agitados com os rumores do final da guerra, ele deve ter se embebedado e batido com o jeep em algum lugar ou caiu de um barranco, já que os seus ferimentos não foram graves. Mas eu não sei.
— E seu comportamento não foi, no mínimo, estranho? Vlad não é de beber ao ponto de fazer uma estupidez dessas... — digo mais para mim do que para o soldado, pois eu quem convivi mais com o canalha do que os outros.
— Realmente me pareceu tudo certo — ele responde dando de ombros, não sabendo mais o que me falar. Eu não o culpava, porque ninguém iria estranhar um soldado cometendo besteiras com os rumores do fim da guerra. — Eu só achei macabras uma resposta dele ou outra, parecia que o cara aprecia sangue. Eu não comentei nada, fiquei quieto na minha. Quem sou eu para reclamar de alguém após sobreviver a tudo o que passamos?
Abro um leve sorriso no rosto e apoio a mão no ombro dele, agradecido pelas informações que me ofereceu. A enfermeira, Kira, foi machucada violentamente por um soldado de fora do hospital e fugiu para a floresta que tem ao redor. Ela acabou caindo e desmaiou por bater a cabeça, Piotr por sorte andava por ali para fumar um pouco e relaxar da tensão de ficar confinado.
Ela não consegue dizer quem é e ninguém viu os suspeitos. Vlad que estava aqui desde a minha saída há dois dias sumiu também. Ninguém sabe o paradeiro de Leah, mas as maiorias das moças que trabalham aqui concordam que ela deva ter voltado para casa. No entanto, que horas ela teria ido para casa se ninguém a viu sair? Não é possível simplesmente nenhum ser humano não ter postos os olhos nela, mesmo que por sem querer.
Vlad não iria vir até um hospital para repousar por se dizer "cansado". Existe muita coincidência nessa história. Ele vir justamente quando eu saio; ela e eles sumirem basicamente no mesmo horário... Eu só precisava de mais uma pista, algo que abrisse os meus olhos para o que estava bem diante de mim.
Sempre nesses momentos de clareza nós nos perdemos nas coisas mais banais por desviarmos o foco do principal. Eu queria enxergar os mínimos detalhes e não o todo. Estava evidente demais a cena do crime ali em meu nariz, contudo, eu ainda sim, não acreditava no que a minha mente afirmava, gritava e berrava dentro de mim, pois meu coração desejava apaziguar aquela situação de uma forma branda e dizer para mim mesmo que ela está bem e segura aonde quer que tenha ido.
Começo a me retirar do local, quando Piotr me segura ao comentar:
— No fim, você realmente é o herói da pátria.
— O que foi que você disse? — arregalo os olhos com aquela expressão dita pelo meu companheiro, pois por detrás de sua beleza, havia sacarmos e zombaria ao meu respeito vindo de Vlad e sua gangue. Eles usam frases bonitas com uma conotação pejorativa por não gostarem de mim.
— Nada demais... Vlad disse isso quando esteve no hospital: "Rustan é como o pastor de ovelhas, sempre preocupado com tudo e todos. O herói da pátria" — ele imita com todos os tons certos e nos locais certos. Mal sabia ele que não me rotulavam dessa forma. — Vlad perguntou de você quando esteve fora. Disse que o prometeu vê-lo.
— Quando foi isso? — a tensão dentro de meu corpo explodia e queria extravasar para todos os lados. Eu pedi pelo sinal e ele veio, mas eu não estava pronto para recebê-lo.
— Ontem de noite, após eu informa-lo que você não poderia vir mesmo, pois estava em uma missão. Até comentei com ele que não vi os amigos dele, mas eu devo não ter visto direito. Afinal, passaram muitos homens por mim naquela tarde.
Droga! Maldição! Se isso foi ontem pela noite e hoje o Vlad não está aqui, quer dizer que sabe que está sendo caçado pelos homens da NKVD e conseguirá fugir! Um dos mistérios foi resolvido, agora bastava eu saber aonde foi a minha amada para eu me aquietar. Frango o cenho cansado daquela dor alarmante de não saber algumas coisas, que poderia muito bem me matar do coração por preocupação excessiva. Desde que conheci Leah, meus picos de tensão piorou gradualmente.
— Mas sabe o que foi mais estranho do que eu achar que eles estavam junto com você e não no combate? Foi que hoje pela manhã, bem cedo, talvez, por volta dás 5 da manhã, eu vi dois vultos indo na direção de Vlad. Eu não reconheci nenhum dos homens, porém, quase no mesmo instante que eles apareceram os três foram embora.
Passo as mãos pelos cabelos não desejando perder a compostura, na esperança de me manter firme e descobrir os pormenores desse acontecimento sem sentido.
— Na verdade — Piotr passa a mão pelo rosto pensando melhor em sua fala e ele leva a mão até o pescoço —, eu acho que saíram quatro pessoas daqui. Eu me lembro de ver aqueles dois vultos dos desconhecidos muito bem, porque traziam um ar de acabado, parecendo que saíram correndo de algo. Reconheci o vulto de Vlad, mas o último... Esse foi um mistério para mim. Porque nessa última sombra parecia uma mulher, não sei... Eu já falei que não vi direito. Mas eu tenho certeza que essa última pessoa que saiu com eles era menor e não creio que era um homem.
— E a pessoa saiu de junto dali? Com o Vlad?! — exalto a minha voz atraindo a atenção de todos e um só segundo. Eu não estava mais acreditando em mais nada. Não erra possível!
— Sim, a pessoa estava logo ali ao lado, na outra cama.
Contudo, era possível sim. E o que eu mais temia aconteceu: Vlad e os seus capangas não só conseguiram fugir e sobreviver dos homens da NKVD, como também os mataram — afirmo por saber que eles não sairiam ilesos, ou eram eles ou os soldados. E também, se não fosse só essa desgraça acontecendo: Leah além de ter sido humilhada, abusada e sofrer traumas terríveis, foi sequestrada pelos próprios estuprados.
Eu olho para o meu amigo sem nem saber o que dizer. Tudo era demais... Simplesmente, demais.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro