Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

|Capítulo 10|

02 de maio de 1945 

Amanheceu com o tempo nublado. Nenhuma luz sequer passava por entre as janelas grandes da fábrica para nos saudar com o novo dia, parecia que os céus acompanhavam os meus sentimentos, por estarem tão cinzas, tão tristes como eu. Nada estava certo. Aqui poucos minutos Rustan deixará o hospital. Não apenas ele irá embora, mas assim como uma parte de mim irá com ele.

Dizem quando se está apaixonado é assim: sentimos a falta do outro quando se vá, mas a vida retorna ao se reencontrar com ela, a pessoa amada. O coração volta a bater até errar os compassos, o sorriso se alarga no rosto ressaltando as maçãs da face, as cores do rubor se manifestam entregando todos os verdadeiros sentimentos... Tudo volta como antes ou ainda melhor... É bom se apaixonar. Mas não por um soldado russo que está prestes a voltar para seu pelotão.

Quando eu acordo, não ousou olhar para ele e pensar no que estava para acontecer, não queria materializar meus pensamentos, por mais que fossem imutáveis, aquilo irá acontecer, goste eu ou não. Levantando e sentando, eu fecho os olhos para deixar meu corpo se acostumar com o novo dia que teria.

Repentinamente eu sinto um abraço e olho sobressaltada para o lado encontrando Rustan parecendo carente, ele fica muito tempo assim até eu limpar a garganta chamando a atenção dele. O mesmo me lança um olhar feio e para com o gesto carinhoso.

-Malvada -pronuncia e se afasta de mim, sentando-se em sua cama. Eu o olho achando graça e sorriso como boba para ele.

-Abusado -rebato cheia de charme revirando a cabeça, mesmo com meus cabelos todos bagunçado e o rosto amassado, ele não parecia se importar com isso, via muito além disso...

Rustan não se importava com banalidades ou apenas atualmente ele não se incomoda mais com a boa aparência, do jeito que me via, era mais lindo do que se eu me arrumasse inteira... Não era pelo exterior por qual ele havia se apaixonado por mim, assim como eu por ele; ambos víamos o interior um do outro e, mesmo sendo sofrido, com cicatrizes profundas e quase incuráveis, o que havia ali era muito maior do que o tempo deixou e marcou em nós. 

Podem todos dizer que é apenas uma paixão ardente pela carência do amor humano, por conta de que guerra que extinguiu esse sentimento, trazendo somente caos, mortes, destruição em todo redor, contudo sabíamos claramente que não era isso...    

-A senhorita fica linda me xingando -diz simplesmente, como se aquele seu elogio não fosse nada. Meu rosto instantaneamente cora e eu mordo os lábios nervosamente, querendo esconder a face dele, escondendo-me atrás de minhas mãos.

-Rustan! -eu o repreendo por ser audacioso comigo, não ter medo de dizer o que pensa ao meu respeito. -Não assim!

O homem revira os olhos reclamando mentalmente de minhas manias por repreender sempre seu jeito totalmente livre e espontâneo por falar comigo, não que seja ruim, mas libertador demais. Ainda mais no meio do hospital com pacientes em volta. Ali, de maneira alguma, é lugar para cortejar uma dama. Totalmente inapropriado.

-Mulheres... -escuto dizer e eu abro a boca querendo responder a seu comentário, quando acrescenta: -Ficou ainda mais linda para mim, com essa expressão toda brava e as bochechas coradas. Está me provocando por saber que eu não resisto mais a sua beleza?

Eu não sabia que dizia seriamente ou apenas brincava comigo, contudo suas palavras surtem efeito e eu fico ainda mais vergonha. Meu coração erra todas as batidas, quando eu encontro com seus olhos brilhantes e totalmente focalizados em mim -aquele homem iria me enlouquecer de vez.

Bufo por não conseguir dizer nada e escuto de fundo sua gostosa risada esquentando meu peito com todos os meus sentimentos por ele. Eu já havia dado tanta liberdade a esse homem, que ele agia espontaneamente comigo a partir de agora, como se fosse a sua amiga ou até mais do que isso -eu deveria começar a me acostumar com sua ousadia pronunciada à mim.

Ele iria embora hoje, porém eu sentia que aquele seria apenas o início de nossas vidas, que era ali -a partir de hoje- que nossos desafios iriam começar; todas as coisas das quais teremos que enfrentar para ficarmos juntos definitivamente. Eu não iria desistir por parecer difícil -até quase impossível-, aquele é apenas o meu, o nosso primeiro passo, para desafiar o nosso amor a toda prova.

-Sabe que não resisto ao seu belo sorriso, além do mais, constrangida você fica ainda mais linda -Rustan ri ainda mais, provocando calor em meu rosto de vergonha. Meu coração sobressalta em meu peito me fazendo lembrar que não devo cair nas admiráveis palavras daquele soldado.

-O senhor não perde uma chance, não é? -arqueio a sobrancelha arrumando minha postura e o olhando fixamente. Meu coração dá cambalhotas dentro de mim, ele ao mesmo tempo que sabia o que me causava, não fazia ideia da veemência de meus sentimentos por ele e a vivacidade, que se intensificava em mim.

-Você não perde o oportunidade de me encantar ainda mais com sua beleza, porque eu perderia elogiando? -a exuberância de seu sorriso contendo todas as emoções expressas em apenas um peculiar gesto avassala o meu ser. 

Todas as cores em um pleno brilho cintilava em seus olhos, quando ele me olhava fixamente querendo ultrapassar todas as barreiras e invadir-me inteiramente; a intensidade de seu olhar aflora ainda mais fazendo minha respiração se prender em minha garganta e eu o olhar nervosamente, ansiosa pelo o que poderia se suceder.

Arrumo o meu corpo para ficar frente a frente com ele e conversar melhor, enquanto o desjejum não chegava e ele não iria embora do hospital. Flagro-o com os olhos percorrendo pelo meu corpo e uma crescente queimação começa a me consumir viva, embrulhando o meu estômago e deixando minhas mãos suadas. Era inegável nossa atração.    

-Para Rustan, eu fico extremamente envergonhada, quando diz essas coisas... -levo a mão até meu cabelo, colocando-o atrás da orelha e abaixo a cabeça incrivelmente acanhada com o que aquele soldado me falava tão plenamente.

Ele, antes de se levantar, responde estremecendo todas as minhas estruturas, levando-me ao ápice de meus sentimentos e anseios para com ele: 

-Eu sei disso, mas sabe... Eu cheguei num momento que não quero mais perder tempo. E não irei ficar pensando nas convenções sociais, das quais ousam nos separar. Então não, eu não irei mais guardar o que sinto ou penso em relação a você... -o soldado se levanta intensificando os tremores de ânsia por ele, as explosões de minhas emoções perdem o controle dentro de mim. O homem continua: -Não posso mais perder tempo.

-O-o que o se-senhor está fazendo? -minhas voz sai trêmula de meus lábios, gaguejo pelo nervosismo que corria à solta pelo meu corpo inteiro e parecia cada vez mais profundo.

-Estou indo lentamente em sua direção para não assustá-la -engulo em seco com a face colorida, expondo todos os meus segredos bem guardados por mim. Meu coração erra a todo instante os compassos, quando ele senta na cama bem próximo de mim, quase me tocando; em meu peito, a ardência se expandia e espalhava para todo o resto de meu ser. 

-E o que fará agora? -o nervosismo me toma por completa. Precisava me recompor, não ficar tão afetada por suas belas palavras referidas à mim, contudo... Eu ansiava demasiadamente para mergulhar em sua essência e ficar lá para sempre, porque ele me faz tão viva. Levava-me além da razão humana, para um universo onde apenas nós conseguíamos entrar e permanecer...

-Se a senhorita, nesta êxtase em que se encontra com seus sentimentos, permitir-me ao menos ficar perto de você e aproveitar o restante do tempo que me falta, eu já estarei completamente magnificado com sua bondade, pois em breve serei mandando pra longe e eu adoraria ficar o mais perto possível... Pelo menos já é um conforto para minha alma tê-la sobre a minha vista... Acalmando o meu interior e revelando em mim quem sou puramente. A guerra distorceu os meus sentidos e eu encontrei na senhorita as últimas fagulhas de esperança da humanidade...

Fico calada encabulada ao ouvir sua resposta para mim, com o rosto queimando pelas chamas vindas do coração. A impetuosidade se seu ser flamejava vida em mim, não apenas isso, mas carinho, amor, respeito, paz... O contato com ele me trazia às lembranças de como eu era no passado, antes da guerra e, quando eu participava de suas conversas, compartilhava minhas dores e alegrias, tornava-me quem eu havia esquecido... Rustan resgatou em mim a minha essência, fez-me retornar a ser quem eu amava ser e tal coisa eu não sabia como agradecer puramente, com todas as palavras... Porque mesmo sincera, não chegaria a ser o suficiente.

Não apenas o meu peito subia e descia apressadamente, observo-o tão alterado quanto eu; poderia ser porque estava afetado com suas palavras ditas à mim com tanta simplicidade e a necessidade de me fazer compreender o real significado por trás, porém eu já o entendia perfeitamente. Não havia mais urgência de manifestar seus pensamentos com tanta veemência, da qual ele se expunha no momento, porque eu o queria tanto quanto ele me quer. A única diferença era que eu estava apreensiva com tudo e todos; com pânico de todas as provas das quais teremos que enfrentar para ficarmos juntos, da rejeição das pessoas ao nosso redor por não entender o nosso amor... Eu estava apavorada.

-Você sabe que quando fica tímida, você fica ainda mais irresistível de eu me conter. Então, eu lhe peço que não fique assim, pois se não irei lhe elogiar ainda mais... -Rustan fala rindo levando a mão em sua cabeça, mostrando estar tão acanhado como eu, mesmo assim não deixaria os sentimentos atrapalharem o momento único que temos.

Olho para ele ainda mais nervosa e mordo o lábio sem saber o que falar, estava completamente paralisada com tudo aquilo, não que todas as vezes que antes vivenciamos algo semelhante a este momento, contudo eu não entendia o que sentia e, agora que sei, não entendo como administrá-lo dentro de mim.

Fazia tanto tempo que eu não me sentia daquela maneira, que não sabia mais como me portar, dizer, agir... Pelo menos Rustan não se me pressiona a algo, diferentemente, ele deixa fluir com o meu tempo, sem querer apressar as coisas.

-Sabe, não quero você calada e encabulada, quero ouvir sua doce voz, passar esses últimos momentos te ouvindo antes de voltar para aquele inferno... Poderia fazê-lo?

A gentileza em sua voz desperta em mim a ânsia em alegrá-lo, levando-me a olhá-lo com muita vergonha e perguntar quase em um sussurro: 

-O que quer ouvir?

-Realmente não sei, mas gostei de ficar aqui vendo esse seu sorriso -ele responde, chegando ainda mais perto de mim e tocando em meu rosto delicadamente com sua mão boa. 

A quentura de seu corpo se funde completamente a minha ardência, consumindo-me totalmente; meu coração se sobressalta e eu o olho curiosa para o que pretendia realizar, porque, em meio a calmaria do oceano azul de seus olhos, via-se um brilho interessante de desejo e impetuosidade. 

Eu queria ultrapassar nossas barreiras e entregar-me a ele sem receio, contudo os olhares de todos me reprovando, deixava-me ainda mais temerosa pelo que desejava efetuar. Mostravam como eu estava errada em minha ingenuidade por ambicionar algo, que estava fora de questão em ter no momento; por ser, talvez, insensível de minha parte como ser humano de estar feliz com alguém, enquanto há outras pessoas sofrendo no leito de morte de algum ente querido.

Contudo, ele ali comigo estava tão certo, que nada ao meu redor poderia mudar as batidas erronias de meu coração, as cores quentes em minha face, o sorriso tímido de meus lábios, a certeza de que eu o desejava mais do que tudo e que nada mais conseguiria mudar minha vontade de estar com ele e ludibriarmos com sonhos futuros, que hão de acontecer muito em breve.

Seu polegar deslizava pela a minha face, acariciando-me e aquietando os meus pensamentos e impulsos, para eu poder ouvir a voz de meu coração, o que ele queria me dizer e cumpri-lo. Não me deixo levar facilmente pelas emoções, não me jogo de cabeça no mar de esperança que ele mostrava para mim, com isso eu me aproximo lentamente para o brilho misterioso e singular de seu olhar, trazendo toda paixão contida em mim. 

Meus olhos descem para seus lábios, ansiando experimentá-los novamente, não apenas um contato curto e mínimo, o qual o tempo roubou de nós, quase pronunciando com palavras que não desejava nossa aproximação. Entretanto nada mais pode nos parar, não há mais o que nos impede de estarmos juntos. O tempo não será mais nosso inimigo, por mais que Rustan parta hoje, eu tenho a convicção de que ele voltará para mim.

Rustan se achega misturando nossos ares, nossos sentimentos embaralhados e intensos um pelo outro, sinto seu lábios nos meus, arrepiando todos os pelos de meu corpo, estremecendo as minhas células e enlouquecendo de vez a minha sanidade.

Os seus lábios quentes se juntam nos meus explodindo todos os meus sentimentos de dentro de mim e me levando bem mais afundo do que eu conhecia. Os braços dele um segura delicadamente e firmemente o meu rosto, guiando o nosso beijo, já o outro fica repousando em volta de minha cintura, alinhando-me para si.

Eu fico sem jeito no primeiro momento como agir a seu beijo, deixando minhas mãos paradas na cama, sendo pega quase de surpresa. Lentamente seus lábios inferiores tocam nos meus e, em um movimento lento e delicado, se alternam para os superiores, e assim que experimenta meus lábios, entrelaça-me em um movimento gentil e feroz, fazendo percorrer por todo o meu corpo uma energia que nunca senti.

A ânsia me consome viva, queimando todas as minhas células e ludibriando minha mente com pensamentos muito além dos quais um dia eu os teria em meio a uma guerra. O desejo por ele enlouquece-me completamente e, quando Rustan morde meu lábio inferior, o prazer intensifica a chama em meu âmago. 

Não era apenas eu quem estava me perdendo em seus braços, sentia Rustan sendo consumido por meu beijo, desvairando todos os sentidos  e focalizando todo seu coração naquilo que fazia comigo. Continuamos nesse ciclo, soltando-me e deixando-me ser levada com seus gestos, e intensificando ainda mais, entregando-nos por completos, sem reservas. 

Quando escutamos um limpar de garganta alto próximo de nós, nos fazendo parar instantaneamente e nos afastar rapidamente; eu o empurro delicadamente o seu peito com a mão e olho com os olhos arregalados para quem nos flagrou naquele momento tão íntimo nosso, sentindo as bochechas queimarem bem mais do que antes.

Um outro soldado russo, que eu nunca havia visto aparecer pelo hospital para visitar meu vizinho, estava parado perto da cama de Rustan, nos olhando quase espantado ou interessado pelo o que acontecia -não que fosse incomum de soldados se relacionarem com civis durante a guerra, mas talvez por Rustan ser bem mais reservado e não possuir tais posturas com pessoas das quais não são de seu círculo de amizade.

Mordo o lábio nervosa, sentindo ainda os lábios de meu soldado queimarem intensificamente nos meus; olho para ele sem saber o que fazer e o mesmo coçava a cabeça tentando se explicar da situação que fora pego, seus olhos se voltam para mim, vendo-me tão acanhada quanto ele. 

Rustan se prontifica, saindo de minha cama e indo em sua direção, primeiramente o cumprimentando e logo em seguida pedindo para se sentar em sua cama, ficando frente a frente comigo; depois de acomodar o seu amigo, volta a se sentar ao meu lado, em um modo protetor. Encaro seus olhos e não vejo maldade alguma, diferentemente dos outros companheiros dele, que vieram visitá-lo -principalmente aqueles três soldados...

-Ah, meu amigo, que saudade de você, -Rustan começa a dizer e não chega a traduzir para mim, com isso eu fico por fora do assunto. -Como está a companhia? Como está Sergei, Anatoly e o Ivanovich? Continua louco aquele bastardo? -vejo-o rindo por algum motivo, mesmo sem entender uma palavra do que diz, soava como saudades a sua voz pela entonação a qual diz, cuja emoção expressa transmite apego as boas lembranças do passado.  

Concluo que estou certa, quando o seu amigo sorri para Rustan inicialmente, sem pesar de sua fala, contudo algo muda tudo... Seu semblante muda drasticamente, tornando-se triste e um meio sorriso oferecido ao companheiro. Com a voz baixa ele diz em russo, ainda me deixando fora dos seus assuntos, mas eu não supunha que o faria, ainda mais falando com seus companheiros sobre algo totalmente a par:

-Ah, meu amigo, infelizmente nosso amigo Ivanovich morreu, próximo a Chancelaria... -sua voz some e eu troco olhares entre o homem o qual falava e Rustan e vejo que ele estava com um semblante parecido com a do soldado. 

O Rustan mostrava uma expressão arrasadora, quase como se alguém tivesse morrido, eu conhecia bem aquela expressão ao receber as notícias de meu pai... Eu não sabia do que se tratada, porém se eu pudesse fazer qualquer coisa, eu faria naquele momento. Darei o máximo de apoio que consigo, sem ultrapassar nos limites permitidos entre nós. Toco em seu ombro gentilmente em forma de respeito, massageando seu corpo, querendo dizer com as minhas ações: "Eu estou aqui para você no que precisar, você não está sozinho nesta". Ele anue abrindo um sorriso fraco para mim, olhando-me intensamente por saber que poderá contar comigo para o que precisar.

Seus olhos se voltam para o companheiro com dor, e ele diz alguma coisa, que parecia ser arrancada se seu peito, pela maneira destruidora que fala: 

-As melhores pessoas se vão nesta maldita guerra -exclamou Rustan em russo, materializando sua dor para o soldado a frente. -Enfim, meu amigo, não fique assim; infelizmente essas as coisas acontecem...

Abro um sorriso triste, não por entender o que ele fala, mas por já conhecer aquele tom de sua voz: era quando dizia algo triste, algo que nunca mais se poderá curar dentro de nós, que sempre sofreremos... A qual levaremos para sempre em nossos corações, para nunca deixar a pessoa morrer de nossos pensamentos.

Finalmente o outro soldado começa a dar mais atenção para mim, que estava apoiando Rustan com certa intimidade, coisa que não aparentava acontecer quando se tratava dele. Os lábios do estranho abrem um belo sorriso curioso, troca os olhares com o meu soldado e pergunta em russo:

-Então, quem é ela? -não deixo de perceber o tom malicioso embargada em sua voz, meus braços logo voltam para abraçar o meu corpo de modo protetor, porém Rustan repousa a mão em meu ombro, como se quisesse dizer que ele não é o tipo de pessoa que eu supunho ser.

Relaxo o meu corpo um pouco, enquanto deparo com Rustan envergonhado, coçando a cabeça sempre que alguém tocava em um assunto mais íntimo e profundo. Seus olhos me observam atentamente antes de responder o que foi dito a ele.

-Essa é Leah Pfeifer, uma "amiga" que conheci aqui no hospital... Ela me ajudou bastante -ele diz em todo tempo me olhando, querendo que eu sinta em suas palavras o que diz, não importando com qual língua seja dita. Em seguida, pedindo um minuto para o amigo, ele traduz tudo que falou para mim, fazendo-me entrar em sua conversa. Ele me apresenta a Alexander, o soldado que estava sentado na cama de Rustan e que me olhava de uma maneira um tanto curiosa; o homem fica muito feliz em conhecer-me e eu apenas sorrio em retribuição pela gentileza. 

-Meu amigo, até que enfim alguém quebrantou esse seu coração... -o homem sorria feliz, eu não entendia mais do que falavam, uma vez que Rustan não traduz de maneira alguma para mim o que fora dito. Ele acrescenta: -Eu sempre te falei, que você deveria achar a garota certa... Só não imaginava que seria alemã. Tome cuidado, você sabe muito bem que é proibido "confraternizarmos" com alemães. 

O olhar de preocupação de Rustan não passou desapercebido por mim, que o olhava minuciosamente, estudando-o enquanto conversava livremente -como fazia comigo- com seu amigo. O que o soldado disse havia mexido com o meu vizinho e eu não sabia o quão profundo isso poderia ter sido. 

-Eu sei muito bem disso, por isso peço que você mantenha o sigilo... -responde em russo ainda me deixando de fora seus assuntos, eu o olho de uma maneira séria, querendo saber sobre o que falavam, por vê-lo tão afetado com o que ouvia e dizia ali ao meu lado. 

-Pode deixar, não contarei a ninguém -falou Alexander sorrindo aparentemente feliz e com um ar sério, porque ao mesmo tempo que parecia alegre comigo, não deixava de julgar minha origem... -Eu encontrei a minha garota certa, pode apostar que estarei na torcida pela sua.

O olhar furtivo do amigo não foi nada sutil, fazendo-me olhar arqueando a sobrancelha e deixar minha expressão neutra, mesmo sem saber sobre o que falavam, eu não iria parecer fraca na frente de pessoas estranhas. 

O homem vendo minha posição na defensiva, logo abre um dos bolsos com botão da camisa do peito e puxa de lá uma foto. Ele entrega a Rustan, que por sua vez, puxa-me para ver a imagem junto dele, sem se importar com a opinião do amigo. Meu corpo relaxa instantanemante ao ver na imagem uma mulher uniformizada com um bebê no colo: era a esposa de Alexander (que também é militar pelas roubas vestidas na foto) com o filhinho, ele parecia novo demais para ter já um ano de idade, eu chutava que teria alguns meses apenas.

-Quando ele nasceu? -pergunto curiosa ao homem, adminirando a família dele. Confesso que meus olhos brilharam com as lágrimas que ousavam sair às pressas de mim. Rustan pergunta em russo traduzindo o que eu questionei.

-Meu garotinho nasceu em março deste ano -responde tentando conter todas as emoções por falar no filho, contudo não conseguiu esconder de mim. Abro um largo sorriso ao ver sua paixão pela família, vendo-os seguros e que a guerra não fora possível arrancar um ente querido deles. 

-E como se chamam? -viro novamente para o homem, sem pensar que seria estranho eu começar a falar assim com ele, pois ele já mostrara para mim ser amigável e de confiança, não precisaria gastar mais esforços para provar-me digno de minha confiança ou de um bom papo.

Nada conseguia comprar o brilho de amor que refletia o amor dele por sua esposa e filho, o largo sorriso ao falar da sua amada e do novo serzinho que os unia ainda mais... Uma união completamente de amor e sinceridade. A maneira que ele olhava a foto mostrava tudo isso para mim, bastava apenas um olhar... O mesmo que Rustan ousava lançar para mim, quando eu o observava desatento a mim -ou supunha que ele não percebia.  

-Olga Silvashko e o bebê Uran Silvashko, a minha vida -mordo o lábio quarendo conter a lágrima, entretando era mais forte do que eu. A emoção de ver que ainda existe o amor nesta guerra me enchia de força, meu coração batia mais certeiramente, confiante. Limpo a lágrima de minha bochecha e Rustan, quando vê, abraça o meu corpo se emociando por eu estar feliz com a alegria de outra pessoa. 

Aquela era a resposta que eu tanto ansiava obter: por mais que o mundo caia ao meu redor e o nosso amor posto a toda prova, se for verdadeiro, puro, único, sincero de todo o coração, ele nunca será abalado, fragilizado com as dificuldades. Não! Ele permanecerá o mesmo e crescerá ainda mais, porque após todos os desafios que a vida lançou sobre o casal, eles provarão que venceram essa guerra, porque se amam. Nada é maior do que o amor. Nada conseguirá comprar ou tirar a força o amor que queima nossos corações, nem mesmo uma guerra como essa que enfrentamos nos dias de hoje... 

Olho para Rustan com certeza dos meus pensamentos: nós iremos sobreviver a tudo isso e o nosso amor durará para sempre. Seus olhos deslizam para se encontrarem os meus e eu vejo ali exposto apenas para mim, todo o amor e carinho que sente por mim; o mesmo olhar de orgulho que seu amigo, Alexander, continha ao falar de sua esposa. 

Se as pessoas observassem atentamente a nós dois, veriam o quanto nos amávamos e como tudo isso chegava a ser delirante, por falarmos de dias, contudo era inegável nossos sentimentos; bastava nos olhar... Eu sentia que o futuro ainda seria bom conosco e que ali, com a nossa separação, não era o nosso fim, mas apenas o começo de uma linda história de amor, o qual eu estava disposta a jogar todas as minhas cartas na mesa e, sem precisar perguntar, ele também. 

Puxo um dos meus lábios em um sorriso fiel e seus olhos flagram a manifestação de meus pensamentos em minha face, meu corpo logo volta a queimar com sua intensidade em mim, contudo desta vez eu não me importo com mais nada e ninguém, nem do que falarão ou que é errado nosso romance, porque eu só o queria... 

Levo a mão em seu rosto gentilmente, imitando o seu gesto de antes, como fizera comigo e toco o seu rosto com certeza no que eu faria; Rustan entende que era muito além daquilo que eu transparecia, que meus pensamentos estavam já alinhados com os seus e que eu, a partir ali, andaria ao seu lado para tudo. 

Lentamente seu rosto se inclina para o meu e nossos lábios se reencontram com certa tímidez, mas em poucos segundos lembramos de como era queimar com o toque um do outro, como éramos renovados e nos entregamos por completos naquele beijo, selando nosso compromisso um para o outro e que ali havia uma promessa: nosso amor sobreviverá a todas as provas que enfrentarem. Nós ficaremos juntos. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro