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Capítulo 9 - LÍVIA


Acordei sentindo um beijo no meu rosto, mas não abri os olhos. Ainda sonolenta, ouvi passos no quarto e um fechar de porta. Rolei na cama e não encontrei o corpo dele ao meu lado. Tateei seu lugar, mas a ausência de Alfredo ainda era presente.

Abri os olhos para ver que estava sozinha. Busquei as horas. Sete e meia da manhã. Sentei-me na cama, o quarto parcialmente escuro. Ao lado da cama, então, reparei no suporte trazendo uma bandeja de café da manhã, uma flor colhida do meu jardim e um cartão. Olhei para a bandeja com suco, cereal, frutas e ricota com um sorrisinho pequeno e alegre. Há muito tempo não recebia um café na cama.

Tomei o cartão em mãos e vi a caligrafia conhecida rabiscada num verso de música:


Você e eu

fomos feitos para amar um ao outro agora

Para sempre e mais um dia

Tenha um bom dia

Com amor,

Alfredo


Eu sorri, como uma boba apaixonada, e puxei a flor para inspirar seu perfume enquanto cantarolava a música.

Eu a conhecia. Era You and I, mais uma das inúmeras músicas do repertório de sua banda favorita.

Alfredo sempre parecia ter uma canção do Scorpions para cada momento das nossas vidas.

Deixei-a de lado e tomei meu café da manhã, pensando em como Alfredo estava sendo bom comigo nas últimas semanas. Ele tem se dedicado a mim e a esse casamento com amor e carinho, e isso mexe comigo de uma forma boa.

Ele tem cumprido sua promessa.

Na semana passada, eu me senti bem e segura enquanto pintávamos (sem necessidade) as paredes de casa. Foi um momento divertido e alegre — como Alfredo me garantiu que seria —, e eu amei seu gesto e dedicação, amei muito mais a sua compreensão.

Após o café, segui para o banho, onde a água quente me ajudou a despertar e relaxou meu corpo. Preparei-me para ir à Hauser, optei por uma saia cinza com vincos charmosos na fronte, uma blusa de bojo sem alça, um blazer bege e scarpin preto.

Na cozinha, encontrei Alfredo elegante dentro de calças e colete sociais azul-marinho. O paletó do conjunto descansava na cadeira, enquanto ele, muito desastrosamente, tentava fazer Lara aquietar-se no cadeirão e comer algo que identifiquei como mamão amassado. Mas a pequena recusava-se teimosamente, querendo apenas brincar com um jacaré de borracha.

Senti a ausência de Enzo.

— Mamãe! — Ela se exaltou ao me ver, esticou os bracinhos e balançou as pernas.

Alfredo sorriu — sorriso largo — e murmurou um "você está linda". Peguei Lara no colo, beijei-a no rosto, e então fui até seu pai. Ele se ergueu para me beijar, e eu correspondi a seu beijo profundo, sentindo todo seu amor por mim.

— Obrigada — murmurei em sua boca. — Adorei o café da manhã, e a flor, e o cartão. — Acariciei-o no rosto, a aspereza de sua barba contra a minha mão me trouxe lembranças boas e antigas. Encarei-o nos olhos azuis, que reluziam brilhantes e esplêndidos. Subi a palma até seu cabelo, recordei-me de como sempre adorei Alfredo de madeixas médias, e ele pareceu arrumá-los a maneira que me agrada: penteados para trás, bem-arrumado, e fixados com pomada capilar.

— Não foi nada. Eu te amo. — Sussurrou, me arrastando para outro beijo, dessa vez, um beijo rápido. — Já está indo para a Hauser?

— Sim. Onde está Enzo?

Alfredo pegou Lara do meu colo e continuou tentando fazê-la comer.

— Henrique veio trazer a mochila que ele esqueceu esse final de semana por lá. Aproveitou e o levou para o colégio. Acho que Enzo vai passar uns dias com Henrique.

Sentei-me à cadeira, observando Alfredo conversar com Lara, insistindo e esforçando-se para convencê-la a comer. Ele brinca, faz "aviãozinho", experimenta e diz que está gostoso, mas Lara segue teimando.

Essa imagem é uma imagem que me deixa apaixonada. Ver Alfredo empenhando-se nos cuidados e criação da pequena me enche de amor e orgulho. Ele é um bom pai — como sempre acreditei que seria — e é impossível eu não me recordar de todo o seu carinho, dedicação e cuidado. Se fosse alguns anos antes, jamais poderia dizer que esse Alfredo e o Alfredo de quatorze anos atrás são a mesma pessoa.

— Você já está pronta? — Perguntou, interrompendo meus devaneios.

— Sim, podemos ir quando você quiser.

Alfredo conseguiu convencer a pequena a comer um pouco do mamão até que a babá chegasse. Ela chorou um pouco com nossa partida, mas logo foi contida por conta dos brinquedos e diversão que seria seu dia. Alfredo me deixou na Hauser e seguiu cumprir seus compromissos.

Durante a manhã cumpri alguns compromissos meus, assinei alguns contratos e analisei tantos outros. Tem dois dias que dispensei a companhia da minha secretária, estou tentando me habituar a ficar sozinha novamente (outro dos exercícios que preciso fazer para a sessão com Luís), e não está sendo muito fácil, no entanto estou me esforçando.

Em algum momento, eu me recordei do cartão com a flor colhida do jardim, a bandeja de café da manhã, o trecho de música. E só então eu percebi que a flor com o trecho de música foi o que ele fez no seu primeiro ano de volta ao Brasil e estava tentando me conquistar.

Abri o navegador na web e digitei o endereço eletrônico do YouTube, na aba de pesquisa pesquisei por You And I — Scorpions. Pus a música para tocar e fiquei ali, a ouvindo, atenta aos versos, imaginando que Alfredo tenha a escolhido porque, por algum motivo, fala de nós.


You and I just have a dream
To find our love a place
Where we can hide away

Eu e você temos apenas um sonho

Para encontrar um lugar para nosso amor

Onde poderemos nos esconder


You and I, we're just made
To love each other now
Forever and a day

Eu e você fomos feitos

Para amar um ao outro agora

Para sempre e mais um dia

The time stands still

When the days of innocence

Are falling for the night

I love you, girl, I always willI swear, 

I'm there for youTill the day I die

O tempo permanece parado

Quando os dias de inocência

Estão caindo pela noite

Eu te amo, garota, eu sempre vou te amar

Eu juro que estou aqui para você

Até o dia que eu morrer


Eu nem percebo, mas estou com lágrimas nos olhos por conta dos últimos versos.


Eu te amo, garota, eu sempre vou te amar

Eu juro que estou aqui para você

Até o dia que eu morrer


Sinto uma vontade imensa de vê-lo, de sentir-me entre aqueles braços longos e acolhedores, de olhar nos olhos azuis, de inalar fundo seu cheiro masculino, de experimentar da sua boca... Talvez eu chame um táxi e vá lhe fazer uma visita.

Alguém bate à porta, me dispersando.

— Atrapalho? — É Henrique quem surge na porta.

— Não, de forma alguma, entre.

Ele se aproxima e se senta de frente para mim.

— Alfredo comentou que Enzo ficará em casa essa semana?

— Sim, ele me disse. Está tudo bem. Precisa de alguma coisa?

— Não, ele tem tudo lá.

— Claro.

— Você está bem? Digo... Sobre as sessões e seu trauma? — Ele parece realmente preocupado.

— Sim, estou melhorando. Acho que já consigo sentir os efeitos das sessões.

— E Alfredo, como ele está com isso tudo?

— Paciente e dedicado. Às vezes nem acredito que é ele.

Henrique ri um pouco, balançando a cabeça.

— Isso é bom.

— Sim. Aliás, quero você e Victória em casa esse fim de semana. Faremos um jantar.

— Vamos com todo prazer. —Ele sorriu, feliz — Falando nisso, preciso ir. Tenho um encontro com Alfredo na Fundação daqui a pouco.

Olhei no relógio, era quase horário do almoço, eu poderia pegar uma carona com Henrique, fazer uma visita rápida, talvez até o esperasse para almoçarmos juntos, e assim matava essa vontade súbita que eu senti dele.

— Eu posso ir com você? Quero mesmo ver o seu irmão.

Henrique anuiu, e seguimos até a Fundação Anjos Dubois. Quando cheguei, vi Alfredo com mais uma meia dúzia de pessoas, ele conversava seriamente e andava ao lado delas pelos corredores da sede — a antiga casa dele com Sophie.

Ele me viu. Primeiro, expressou surpresa; depois, sorriu largamente e veio em minha direção, me recebendo com um beijo lacônico e apaixonado. Logo, notou a presença do irmão e o cumprimentou.

— O que está fazendo aqui, amor?

— Queria te ver. Aproveitei a vinda de Henrique e peguei uma carona.

Alfredo me olhou, seus olhos brilhavam intensamente.

— Se eu estiver atrapalhando, posso voltar outra hora.

— Você não atrapalha, Lívia. Venha, quero te apresentar para algumas pessoas.

Alfredo segurou-me pelas mãos e me arrastou para o meio daquelas pessoas. Ele me apresentou ao grupo, eram homens e mulheres, contribuintes e voluntários da fundação.

— Essa é a senhorita Angelina Savhoya — Alfredo me apresentou à uma mulher bonita, mais ou menos da minha altura, mais nova do que eu uns bons oito anos , de cabelos longos e escuros. — Ela é a designer da nova filial da Avenue, eu lhe contei sobre a Fundação, e ela se interessou em conhecer para se tornar uma voluntária.

A tal Angelina me encara e estica a mão para um cumprimento, o aperto em minha mão — somado ao seu sorriso forçado — me deu uma primeira má impressão dela.

— Muito prazer, Lívia.

Respondo apenas com um sorriso e tento ficar mais próxima de Alfredo, abraçando-o pela cintura.

Alfredo pede licença para os demais para se retirar comigo.

— Alfredo, eu voltarei para o Avenue para ver como andam as obras por lá — Angelina se pronuncia, o abraçando e se despedindo com um beijo.

Alfredo é cordial e se despede dela educadamente.

Seguimos para sua sala, no andar superior.

— Ela te chamou de Alfredo? — Indago, um pouco incomodada com o tratamento tão informal de Angelina para ele — Ela é tão íntima assim para te tratar pelo primeiro nome?

Alfredo me cinge pela cintura, abre um sorriso estonteante.

— Está com ciúme? — Ele me provoca.

— Não... quero dizer. — Hesito um pouco. Sim, eu estava sentindo ciúmes. — É falta de educação. Ela deveria te chamar de "seu Alfredo" ou "senhor Hauser".

— Eu me sinto velho quando me chamam de "seu Alfredo" — ele diz, se divertindo com meu ciúme.

— Você é um velho bonito. — Rebato, e ele solta uma gargalhada alta. Sinto-me bem por vê-lo sorrir.

Tenho a necessidade de beijá-lo, e por isso o faço. Envolvo nossas bocas, ele retribui, e novamente sou capaz de sentir todo seu amor transbordando da sua boca para a minha.

— Eu não quero parecer um idiota, mas... — ele diz, baixinho, em minha boca — o que fez você vir até aqui?

— Senti sua falta. — Sou sincera. — Só queria te ver.

Alfredo me olha com seus olhos apaixonados. Desenha outro sorriso, dessa vez há muito mais que felicidade e satisfação em seus lábios.

— Adorei sua visita. — Ciciou, me acariciando no rosto.

Ele me trouxe para um sofá em sua sala, sentou-se do meu lado e me afagou as mãos.

— O que eram aquelas pessoas todas? — Quis eu saber.

— Vieram para tratarmos de um caso novo. Uma criança, um ano e três meses, ficou órfã. Estamos dando todo o apoio, Henrique vai pegar o caso judicialmente, os avós paternos irão criar o pequeno Juan. Eles não têm muitas condições, então chamei alguns dos contribuintes para levantarmos um montante de comida, roupas, dinheiro, remédio, tudo que eles precisarem.

Olho para esse homem à minha frente com o peito cheio de orgulho e com os olhos com lágrimas. Alfredo se tornou um homem maravilhoso, não é exagero quando digo que às vezes não o reconheço. Há muito ele deixou de ser o egoísta mesquinho que gostava de ferir, e hoje é um alguém que ajuda outras pessoas, que conforta em vez de machucar, que ajuda em vez de enganar.

Ele é a prova viva de que as pessoas podem mudar. Seja pelo amor ou pela dor. E a mudança de Alfredo se deu pelos dois.

E eu sinto um imenso orgulho do meu homem por isso.

— Isso é terrível — murmuro, cheia de empatia pela criança e pelos avós. — Essa tragédia... todos esses casos que você atende e ajuda, Alfredo, não lhe faz mal de alguma maneira?

— E por que faria? — Ele questiona , movendo sua cabeça um pouco para o lado.

— Você não revive o seu caso? Não se lembra de Sophie, de Lauren, do seu acidente? Eu nunca te perguntei, mas... Isso não te machuca?

— Eu me identifico com a maioria das pessoas que eu ajudo, às vezes, sim, eu tenho lembranças de Sophie, principalmente de Lauren, e eu sinto falta delas, sinto saudade, às vezes a dor dói mais que o habitual. Mas eu já aprendi a conviver com isso, Li. Eu estou seguindo em frente, e faço dessa Fundação um meio de sanar minhas feridas, de pagar minha dívida com Sophie... Eu transformei toda minha dor em algo bom, e isso é o que me mantém estruturado para não desabar.

Alfredo tem os olhos marejados, a ferida, ainda que cicatrizada, ainda dói. E eu me sinto péssima por tocar em um assunto tão doloroso. Trago-o mais para mim, beijo-o no rosto e vou descendo até encontrar sua boca. Um desejo cresce em meu peito, três palavras estão subindo do meu coração para minha garganta, e, de qualquer maneira, eu preciso dizer isso a ele:

— Eu te amo.

Alfredo me afasta, me encara, aturdido. Eu não disse nada demais, mas ele me olha como se fosse a primeira vez que eu tenha lhe dito essas palavras.

— Eu sei o que disse há algum tempo — pronuncio baixinho, olhando em seus olhos, afagando seu rosto —, mas eu estava errada, estava com medo e confusa. Mas eu sei, Frê, sei que eu te amo, e vou te amar sempre.

Ele nada responde. Simplesmente me traz para outro beijo, muito mais cheio de emoção.

— Não desista de mim... — enuncio em sua boca. — Eu sei que nosso casamento ainda não está como antes, mas, por favor, não desista de mim.

— Nunca, Lívia. — Devolve, resvalando sua palma grande pelo meu rosto. O toque em minha pele é bom e me dá segurança. — Estarei aqui, amor. Sempre.

Sua promessa me faz bem.

— Algum compromisso para hoje à noite? — Ele pergunta, sorrindo de forma meiga, se afastando um pouco de mim.

— Não, por quê?

— Quero que venha a um lugar comigo.

A ideia não me agrada. Me remexo um pouco, Alfredo repara no meu incômodo e também me compreende.

— Olha, amor, tenta fazer um esforço. Aposto que você vai gostar. Inclusive, eu já reservei mesa e estacionamento no local, e eu ficarei o tempo todo do seu lado, não te deixarei nem mesmo para ir ao banheiro.

Rio um pouco de sua colocação.

— E se você sentir vontade de fazer xixi?

— Bem, aí eu te levo junto.

Dou-lhe um murro amigável nos ombros. Alfredo ri como o céu.

Ele me pressiona. Inspiro fundo. Desde tudo eu não saio à noite com Alfredo, sempre insegura e com medo. Dessa vez, eu resolvo ceder.

— Tudo bem. Mas se eu não me sentir bem...

— Voltamos para casa na mesma hora — ele completa.

— Aonde vamos?

— É surpresa, senhora Hauser. Esteja pronta às oito.


***


Ele está casual. Como na sua juventude, quinze anos atrás. Usa uma calça jeans preta, que contorna com perfeição as pernas longas. Uma jaqueta jeans azul e camisa branca o deixam atraente e sexy, principalmente com esse cabelo jogado para trás e seu perfume lembrando a uísque.

Eu optei por um vestido azul e blazer branco para me aquecer do frio gelado.

A babá chegou para o pernoite, e logo partimos, Alfredo ainda fazendo mistério sobre aonde iriamos. Vinte minutos depois, ele estacionou o carro ao lado de uma casa de shows. Tirou o cinto, olhou para mim — sorrisinho convencido.

— Se lembra do show do Bon Jovi que te levei há uns quinze anos?

— Eu nem poderia esquecer. Foi maravilhoso. Não me diga...

Ele riu.

— Não. Claro que não. É uma banda cover, a oficial no país. Estarão fazendo uma apresentação aqui hoje. Eu bem que queria te levar em um da banda original, mas pelos próximos dois anos não terá nenhum.

Ele desce do carro e o contorna, abrindo a porta para mim. Seguro em sua mão e seguimos para dentro da casa de show.

Há uma área com mesas espalhadas, pequenos abajures iluminam fracamente cada uma delas, todas elas estão cheias de pessoas à espera da banda. Alfredo nos encaminha para nossa mesa reservada, um local com vista privilegiada para o palco onde ocorrerá a apresentação. Nesse mesmo palco, enquanto as pessoas aguardam pela entrada da banda, há um karaokê, onde alguns amadores se arriscam a cantar.

Alfredo pede um gim com limão, eu prefiro um suco de laranja. Pedimos alguns petiscos e ficamos ali, conversando, assistindo os desastrados cantarem. De começo eu me sinto um pouco acuada. O lugar é escuro, uma pequena claustrofobia quase se apodera de mim. Minha mente ansiosa imagina uma centena de coisas, assaltantes saindo do meio da escuridão, uma mão tapando minha boca e me arrastando, um soco atingindo Alfredo sem nunca sabermos a direção, por causa do breu.

Mas aos poucos eu vou me habituando e relaxando. Nada de mais irá acontecer. O show está previsto para às 22h30. Ainda são nove horas.

Uma mulher acaba uma canção brasileira e desce do palco. Um homem surge com uma folha na mão. Ele chama um nome, dessa vez um homem, ele sobe e começa a cantar.

Pessoas descem e sobem, eu e Alfredo as assistimos, às vezes rimos dos mais desafinados, aplaudimos os mais aguçados.

— Cantando Always, Alfredo Hauser — o homem anuncia, e eu o olho, surpresa. Ele sorri, como se soubesse desde sempre que seria chamado. Se levanta e segue para o palco, nossa mesa é bem perto, o que o faz não se distanciar muito de mim.

— Para minha esposa, Lívia Hauser, dedico essa música — ele diz ao microfone, enquanto as primeiras notas ressoam.

Meu coração está na boca.

Ele começa a cantar. Alfredo é consideravelmente afinado e parece cantar com sinceridade.

Pela primeira vez, ele escolhe uma música que não seja da sua banda favorita, mas da minha.

This Romeo is bleeding
But you can't see his blood
It's nothing but some feelings
That this old dog kicked up

It's been raining since you left me
Now I'm drowning in the flood
You see I've always been a fighter
But without you I give up

Now I can't sing a love song
Like the way it's meant to be
Well I guess I'm not that good anymore
But baby that's just me

And I will love you baby always
And I'll be there forever and a day always
I'll be there till the stars don't shine
Till the heavens burst and the words don't rhyme
And I know when I die you'll be on my mind

And I'll love you always


No final, ele é aplaudido, e eu já estou de olhos lacrimejados e de sorriso largo de ponta a ponta. Ele volta para mim, recebo-o com um abraço e um beijo intenso.

— Você foi ótimo — digo para ele. Alfredo sorri, é enigmático e misterioso.

— Cantando Have a Nice Day, Lívia Hauser. — O mesmo homem de sempre anuncia.

Eu o encaro, olho para o palco, em busca de uma segunda e improvável Lívia Hauser. Não há nenhuma.

— É você, querida. — Alfredo sussurra.

Ele colocou meu nome lá!

— Alfredo, eu...

— Se divirta, Li. É uma das suas preferidas. Vá. — Ele me incentiva.

As pessoas me esperam.

— Isso não ficará assim, Cretino — sussurro para ele antes de subir no palco.

Sinto-me deslocada com o microfone na mão. A tela à minha frente exibe algumas imagens enquanto a introdução da música toca. Minhas mãos suam, meu coração bate forte, estou tão sem jeito diante de todos. Penso em desistir, envergonhada, mas aí vejo Alfredo, na nossa mesa, todo-sorriso, me incentivando com seus olhos.

As primeiras letras ressoam, continuo travada no meu lugar, envergonhada, encabulada, sinto as bochechas avermelharem. Alterno o olhar entre as pessoas e a tela com a letra da canção.

Estou horrível!

Vejo Alfredo cantando comigo. Isso me anima um pouco.

Vou me soltando pouco a pouco, até que no refrão, eu surto sem perceber:


Oh, if there's one thing I hang onto
That gets me thru the night
I ain't gonna do what I don't want to
I'm gonna live my life
Shining like a diamond, rolling with the dice
Standing on the ledge, I'll show the wind how to fly
When the world gets in my face
I say...
Have a nice day!
Have a nice day!


O público se diverte com minha performance. Eu não reparo, mas estou cantando e mexendo o corpo, sentindo e deixando a música levar todo o medo e tudo de ruim de mim. Isso me contagia:

Take a look around you, nothing's what it seems
We're living in a broken home of hopes and dreams

Let me be the first to shake a helping hand
Anybody brave enough to take a stand
I've knocked on every door, on every dead end street
Looking for forgiveness and what's left to believe

Oh, if there's one thing I hang onto
That gets me thru the night
I ain't gonna do what I don't want to
I'm gonna live my life
Shining like a diamond, rolling with the dice
Standing on the ledge, I'll show the wind how to fly
When the world gets in my face
I say...
Have a nice day!
Have a nice day!


A música acaba, palmas explodem por todo canto. Abro os olhos, Alfredo está batendo palmas e assoviando. Sorrio largamente, leve comigo mesma, segura de mim, como há muito eu não me sentia. Corri para os braços dele, o abracei forte o ouvindo dizer que eu me saí bem. Senti-me em segurança envolta em seus braços.

— Você é um cretino, Alfredo Hauser — disse, voltando para nossos lugares. — Eu achei que fosse ter um infarto de tanta vergonha. — E bati em seu peito.

Alfredo gargalhou e me trouxe para outro beijo, apaixonado, cheio de emoção e sentimentos.

Aproveitamos o restante da noite. Assistimos a apresentação da banda, ela cantou a grande maioria das minhas músicas favoritas, e me impressionei com a qualidade do show. São tão bons quanto os originais. Rimos, cantamos e até me arrisquei a beber, Alfredo deixou o gim, passou para o uísque e ousou tomar vodca, depois misturou com refrigerante. Eu quis adverti-lo, mas Alfredo parecia feliz, estava se divertindo, vermelho de tanto gargalhar. Como dois adultos imprudentes, fizemos competição de copos: quem tomasse mais e mais rápido. Alfredo já estava bêbado quando começamos, por isso não aguentou muito, e fui eu quem venceu.

Ao fim do show, nos dóis escorávamos um no outro, ríamos de qualquer coisa e mal conseguíamos ficar em pé. Chamamos um táxi, deixamos nosso carro no estacionamento na casa de show e seguimos para casa.

Abraçados um ao outro, tentamos subir as escadas, nossas pernas trançavam e se confundiam. A cada degrau, era uma risada sem sentido. Eu o ajudava a subir, e ele me ajudava a subir. Era uma cena cômica. Cômica e feliz.

Alfredo tropeçou nas próprias pernas, se desequilibrou e rolou alguns degraus escada abaixo. Horrorizei-me com a cena, voltei até ele, Alfredo tentava se levantar, incrivelmente ria.

— Meu Deus! Você está bem? — Minha voz saiu mole.

— Sim — confirmou, aos risos e com voz embriagada.

— Certeza? — Eu começava a rir também — Precisa de um médico?

— Eu tô bem, amor! — Protestou e se levantou, fazendo esforço, mais por estar bêbado do que machucado.

Voltamos a subir as escadas, usando o corrimão como apoio. No meio do caminho, eu perco o equilibro, Alfredo tenta me segurar, continuamos rindo, eu caio nas escadas, ele vem por cima. Mais risadas.

Nossos olhos se encontram. As gargalhadas cessam, encaramo-nos nos olhos. Toco-o na face, Alfredo acarinha-me os cabelos.

Aproximamos nossas bocas e trocamos beijos alcoolizados. A boca dele tem um gosto que é um misto de vodca e uísque — e tanto outros mais.

— Eu te amo — ele me diz, a voz muito arrastada. — Sinto tanto sua falta — e, ainda que esteja bêbada, eu sei que ele se refere a sexo. — Sinto tanto sua falta, Li. Tanto... tanto.

Eu não sei o que responder. Primeiro porque estou bêbada, segundo porque eu realmente não sei como lidar com isso.

— Eu juro que... — faço uma pausa — não vai demorar muito.

Ele apenas abana a cabeça, levanta-se outra vez e me ajuda. Depois de quase uma batalha, chegamos ao quarto. Juntos, tomamos um banho. Ele me beija e abraça, e ele está excitado, mesmo bêbado ele tem essa proeza. Pede-me desculpa, mas eu não tenho o que desculpá-lo.

Nos divertimos mais um pouco quando ele resolve me ajudar a me vestir. Alfredo deita apenas com uma boxer branca que o deixa sexy.

O mundo roda ao meu redor, ele resmunga de dor de cabeça. Abraçamo-nos para um ser o conforto do outro.

Apesar do mal-estar causado pela bebida, eu durmo profundamente, sentindo os braços dele me amando e protegendo.

E eu o amo mais por isso.



PLAYLIST DO CAPÍTULO

You and I - Scorpions

https://youtu.be/K70Z5wS9AQg



Always - Bon Jovi

https://youtu.be/9BMwcO6_hyA


Have a Nice Day - Bon Jovi

https://youtu.be/uCg2BoKiuOM


Tradução de Always

Este Romeu está sangrando
Mas você não pode ver seu sangue
Não é nada além de sentimentos
Que este velho sujeito abandonou

Tem chovido desde que você me deixou
Agora estou me afogando na enchente
Sabe, sempre fui um lutador
Mas sem você, eu desisto

Não consigo cantar uma música de amor
Do jeito que ela deveria ser
Bem, acho que não sou mais tão bom
Mas, querida, sou apenas eu

E eu vou te amar, querida
Sempre
E estarei aqui, para sempre e mais um dia
Sempre
Estarei lá até as estrelas não brilharem
Até os céus explodirem e as palavras não rimarem
Sei que quando eu morrer, você estará em minha mente
E eu te amo, sempre

Agora as fotos que você deixou para trás
São apenas lembranças de uma outra vida
Algumas que nos fizeram rir
Algumas que nos fizeram chorar
Uma que fez você ter de dizer adeus

O que eu não daria para passar meus dedos pelos seus cabelos
Para tocar seus lábios, abraçar-te
Quando você disser suas preces, entenda
Cometi erros, sou apenas um homem

Quando ele abraça você
Quando ele te puxa para perto
Quando ele diz as palavras que
Você estava precisando ouvir
Desejaria ser ele, porque aquelas palavras são minhas
Para dizer a você até o fim e

Eu vou te amar, querida
Sempre
E estarei aqui, para sempre e mais um dia
Sempre
Se você me dissesse para chorar por você, eu poderia
Se você me dissesse para morrer por você, eu tentaria
Olhe para o meu rosto
Não há preço que eu não pague
Para dizer estas palavras a você

Bom, não existe sorte nesses dados viciados
Mas, querida, se você me der apenas mais uma chance
Nós podemos refazer nossos antigos sonhos e nossas antigas vidas
Nós vamos encontrar um lugar onde o sol ainda brilha e

Eu vou te amar, querida
Sempre
E estarei lá, para sempre e mais um dia
Sempre
Estarei lá até as estrelas não brilharem mais
Até os céus explodirem e as palavras não rimarem
Sei que quando eu morrer, você vai estar na minha mente
E te amo, sempre
Sempre

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