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Capítulo 3 - LÍVIA

— Você está linda — Alfredo diz, encostado à porta, me observando.

É segunda-feira de manhã. O final de semana passou de forma lenta, e para mim foi um pouco agoniante. Queria de toda as maneiras poder estar na Hauser Alimentícia trabalhando e ocupando minha cabeça com assuntos da empresa para afastar alguns pensamentos que, subitamente — e sem explicação —, me acometiam.

Abri um pequeno sorriso e terminei de trançar meus cabelos.

— A babá da Lara está atrasada — Pronuncio, olhando o relógio.

Alfredo se aproxima de mim e me toca na cintura, um sorriso taciturno riscado em sua boca formosa.

— Ela me ligou ontem à noite, depois que você dormiu. Está com conjuntivite, não poderá vir.

Viro-me em sua direção ao pronunciar essas palavras. Ergo os olhos para encontrar com os dele, e ainda que eu já esteja habituada com esse homem à minha frente, sua estatura imponente e o azul sedutor de seus olhos sempre me desestabilizam um pouco quando muito próximo.

Rio um pouco quando percebo sua gravata ligeiramente desengonçada. Ajeito-a enquanto respondo:

— Vou ligar para minha mãe, nesse caso...

— Não precisa. Lara ficará comigo até meio-dia.

— Alfredo... — tento adverti-lo, mas sou calada com um beijo plácido.

— Eu não tenho nada de importante hoje. Lara não vai me atrapalhar. E à tarde, mamãe vai ficar com ela, não se preocupe.

Assinto rapidamente e termino de arrumar sua gravata.

— Sabe se sua mãe estará ocupada agora de manhã? Gostaria que ela opinasse sobre a mudança na arte das embalagens dos produtos... Preciso dar uma resposta ainda hoje.

— A verdade é que sim, ela estará. — Ele me responde, e posso senti-lo olhando com lascívia para mim. — Eu liguei para ela ontem, para pedir que ficasse com Lara hoje. Mamãe me disse... pasme... que de manhã não poderia porque tomaria o seu desjejum na companhia de um pretendente.

Subitamente olho para Alfredo, me divertindo com a informação dado e quase não acreditando no que meus ouvidos acabaram de ouvir.

— Sua mãe, um pretendente e um encontro? Por que eu não estava sabendo disso?

— Eu também não sabia. Mamãe disse que estava sendo discreta. — Alfredo me acaricia no rosto, com ternura. — Só me contou para justificar por que não poderia ficar com Lara.

— Quem diria... — murmuro, fechando os olhos, me deliciando com o toque dele em minha pele.

— Tarciso Lacerda... O nome do meu futuro novo pai.

Não contenho uma risada alta e exagerada ao ouvi-lo e o estapeio nos ombros por ser tão bobo. Logo sou silenciada com sua boca me invadindo. Correspondo ao seu beijo fogoso e suculento, meu coração dispara de forma boa. Lara entra correndo no quarto, interrompendo o momento. Traz uma mochilinha nas costas, dizendo já ter escolhido os brinquedos que levará para o café; Enzo vem logo atrás, protestando de sono, e já uniformizado para o colégio.

Alfredo instrui Enzo a ir até o carro com Lara, a acomodá-la no cadeirão e o esperar, pois não demoraria a levá-lo para a escola. A sós outra vez, Alfredo tomou meus lábios com mais sofreguidão, quase sendo uma necessidade vital.

— Vou deixar você se arrumar para ir à Hauser... — ciciou, rente à minha boca, e um tremor diferente correu pelas minhas veias.

Nunca senti receio em dirigir sozinha, mas hoje, por algum motivo desconhecido, esse temor aflorou em minha pele.

Antes que ele pudesse partir, segurei-o pelo pulso. Forcei um sorriso, não queria preocupá-lo; acariciei seu peito largo e disse:

— Se importa se me levar hoje?

Se eu esperava ser questionada, não foi o que aconteceu. Alfredo vestiu um sorriso no rosto, parecendo satisfeito com o pedido, e abanou a cabeça em positivo.

— Estarei no carro te esperando.

Alfredo me levou à Hauser e fez questão de me acompanhar até a presidência. Deixou Lara com algumas funcionárias que sempre ficam encantadas com a visita dela e me seguiu até minha sala.

— Se sente bem? — Me perguntou, parado no meio da sala.

— Sim, estou. Por quê? — Inquiri, mantendo-me ocupada em organizar minha mesa.

— Por nada. Me pegou de surpresa quando me pediu para te trazer. Normalmente é você quem me deixa no Avennue antes de vir para cá.

— Só não estava me sentindo muito bem para dirigir. — Aleguei, o que não era uma total mentira. Levantei os olhos para ele e sorri de forma meiga — E admita: você adorou meu pedido.

— Eu poderia te trazer todos os dias — comentou, suavemente — Não sei por que ser tão independente assim.

— Gosta que eu dependa de você? — Devolvo, mas não sou rígida

— Não. Eu gosto de te agradar, de ter motivos para te ver... Como hoje, por exemplo. Posso deixar a Avennue mais cedo alegando vir buscar a minha esposa no trabalho... Depois que encerrar o seu expediente, nós dois podemos... Bem, eu pensei em... — Alfredo sorri maliciosamente e joga olhares sugestivos para minha mesa. Demoro um tempo a entender, e quando o faço sinto minhas bochechas se avermelharem.

— Não seja um tarado — digo baixinho, e ele ri alto, vindo em minha direção.

Descubro-me sendo abraçada pelos braços fortes e aconchegantes, os lábios dele me tomam outra vez, com amor, fogo e paixão...

— Estou há alguns dias sem fazer amor com você. Não deveria me culpar por estar tarado.

Deixo um ligeiro riso em sua boca, e logo sou acometida por lembranças que gostaria de esquecer. É inevitável. Ao mesmo tempo em que me recordo da nossa última transa, no banheiro do restaurante, aquele terrível momento acompanha meus pensamentos. Perco um pouco a firmeza das penas e preciso de um ligeiro esforço para segurar minhas lágrimas e acalmar as batidas do meu coração. Alfredo continua falando alguma coisa, talvez protestando por ter dormido nas duas últimas noites sem cumprir com a promessa de fazermos amor, sempre alegando dor de cabeça ou exaustão.

Mas a verdade sempre foi que não havia disposição, não havia vontade de fazer amor. Não que ele não me excitasse... Tenho completa ciência que somente a voz dele seria o suficiente para me queimar de tesão. No entanto, o sentimento indescritível que vinha me afligindo tirava de mim qualquer disposição para transar com Alfredo. Me assustava a ideia de ter a mão dele escorregando pela minha coxa, sua voz sedutora e rouca murmurando obscenidades em meu ouvido me trariam as terríveis recordações, e junto, o medo aterrorizante.

Por um instante, me questionei por que não estava conseguindo superar e seguir em frente.

— ... talvez hoje à noite? — Alfredo me trouxe de volta à realidade, e apenas pude oferecer um sorriso rápido e abanar a cabeça.

— Claro, querido... — mas não houve firmeza em minha voz, e pela expressão dele, Alfredo tentou disfarçar sua decepção.

Deu-me um beijo apaixonado e logo se foi.

Passei boa parte do dia ocupada e atarefada. Uma reunião com a empresa de logística e, mais tarde, com a empresa de marketing ocuparam minha mente por algumas horas e desviaram as lembranças que, no silêncio e solidão da presidência, vez o outra, retornavam, angustiando meu coração.

Ao fim do expediente, Alfredo veio ao meu encontro. Parecia-me um pouco mais animado que a última vez que esteve aqui. Trazia um sorriso maroto nos lábios, cheirava fortemente à colônia pós-banho importada, substituindo seu costumeiro perfume amadeirado.

Meu corpo foi colidido com o seu abruptamente quando, segurando minha cintura, arrastou-me para seus lábios em um beijo tentador.

Enquanto descíamos até o carro, fui questionada sobre o meu dia. Quis contar a ele sobre meus pensamentos e as lembranças que insistiam em permanecer na minha mente. No entanto, acuei um passo para trás nessa decisão. O que ele pensaria se soubesse que continuava reprisando os acontecimentos, quando, na verdade, pedi (rudemente) que esquecêssemos esse fatídico dia? Talvez ficasse chateado, irritado porque precisou o tempo todo estar escolhendo as palavras para falar comigo, e eu fico a remoer esses momentos.

Afastei da cabeça essa possibilidade e disse apenas que ocorrera tudo bem. Ele me contou sobre seu dia no café: de como foi fácil ficar com Lara durante a parte da manhã – já que teve ajuda de funcionárias e clientes, além de ela ter se comportado – e de como estava planejando redecorar o local.

— Pensei em fazer um jantar especial — disse, já dentro do carro; Alfredo ainda se acomodava em seu lugar. Ele me olhou, sorriso bonito e malicioso manifestado.

— Ocasião especial? — Perguntou, sugestivo.

— Não. Apenas quero cozinhar. Sei que não sou a melhor pessoa na cozinha, mas me agradaria ocupar a cabeça com alguma coisa. — Expliquei; e de fato eu queria poder preencher minha mente e me atentar à outras coisas. Talvez só assim eu possa superar e seguir em frente, ou simplesmente encarar o trauma como uma experiência ruim.

— Que bom. Vou passar no mercado, prometi levar chocolate para Lara; precisa comprar algo para esse jantar especial?

— Acho que só um bom vinho e champignon.

No supermercado, compramos muito além do que realmente precisávamos. Eu tive de várias vezes advertir Alfredo por estar levando coisas demasiada às crianças. Além da caixa de chocolate de Lara, pôs no carrinho três caixas do cereal preferido de Enzo, ainda que tenhamos um estoque na despensa.

— É uma edição limitada. Vem brindes — justificou.

Também tirou das prateleiras biscoitos, sucos, iogurtes, latas de refrigerante, salgadinhos industrializados e diversas guloseimas sempre com o pretexto "Enzo vai gostar", ou "esse desenho na embalagem é o personagem favorito de Lara" ou ainda "é para o lanche do Enzo".

— Prometo que vai ficar tudo na caixa de guloseimas, trancado, e só comerão quando deixarmos. — Alegou, mas eu sabia como as crianças saberiam facilmente dobrá-lo para conseguirem as almejadas guloseimas.

Apesar da advertência, eu não poderia privá-lo de querer mimar os filhos. É uma qualidade-defeito que não posso tirar dele. Alfredo é assim. Nos últimos dois anos houve várias vezes que saía para comprar uma caixa de leite, ou resolver alguma questão do café, ou simplesmente ir até a avenida, e voltava cheio de mimos para as crianças; ocasionalmente para mim também.

Alfredo ainda comprou duas garrafas de vinho, queijo branco, algumas garrafas de cerveja... Fiquei atordoada quando ele pegou chantilly. Um olhar malicioso, acompanhado de seu sorriso cretino, me revelou suas reais intenções.

Passamos a compra no caixa, voltamos para o carro rindo do que ele me contava. Lara havia puxado a peruca de um senhor, cliente há meses da loja, e depois se assustou e começou a chorar.

— Não sabia se tentava acalmá-la ou pedia desculpas ao senhor Smith. — Contou-me, aos risos, enquanto girava a ignição.

— Eu imagino o seu constrangimento. — Acompanhei sua risada. — O que foi? — Indaguei, o vendo bater as mãos no bolso.

— Meu celular... Acho que esqueci no caixa. Vou voltar para buscá-lo, não demoro.

Antes que eu pudesse protestar e dizer que o acompanharia, Alfredo já havia se distanciado.

Engoli minha bílis. Me vi sozinha, a noite já tinha caído, o estacionamento naquele ponto estava quase vazio, um silêncio desolador atormentava meus ouvidos.

Instintivamente tranquei as portas e fiquei atenta a qualquer movimentação suspeita. Alfredo parecia demorar a eternidade para retornar. Meu consciente traiçoeiro mais uma vez me levava a momentos que queria enterrar no fundo da minha mente.

Fechei os olhos e tentei esvoaçar os pensamentos absurdos. Era só um estacionamento vazio, num supermercado seguro, com câmeras de vigilância e vigilantes aqui ou ali.

Meu coração palpitou tão forte que acreditei ser possível ouvir as batidas rimbombando sangue para o corpo.

Ao abrir os olhos, uma silhueta alta e corpulenta estava sob a luz da lua, cinco ou seis metros distante de onde me encontrava. Usava um capuz que cobria seu rosto e impossibilitava seu reconhecimento. Pouco a pouco, veio em direção ao carro, passos lentos, precisos, até mesmo determinados.

As lágrimas juntaram instantaneamente nos meus olhos. Roguei baixinho para que fosse apenas outro cliente do supermercado, roguei para que fosse apenas uma peça da minha mente. Mas a figura continuava a vir de encontro a mim. Verifiquei as portas: trancadas. Peguei meu celular para ligar para Alfredo. Sem bateria.

O desespero me consumiu. O homem cada vez mais próximo. Alívio me acalmou quando, simplesmente, a figura passou por mim. Olhei para trás, suspirei o vendo depositar sacolas no porta-malas.

Voltei-me para frente e enxuguei as lágrimas. Minha consciência ainda me levaria à loucura.

De repente, um estalido no vidro chamou minha atenção. O homem de antes voltara. Apontava uma arma para mim, enquanto batia o cano contra a janela e tentava abrir a porta, dizendo algo incompreensível. Fui possuída mais uma vez por desespero. Buzinei desesperadamente, no intuito de chamar a atenção de Alfredo, dos seguranças ou qualquer outra pessoa que pudesse me ajudar.

Com um soco forte, o vidro foi quebrado, incontáveis pedacinhos voaram pelo ar, um pouco chegaram ao meu rosto. Tentei alcançar o banco do motorista – precisava arrancar com o carro! –, mas minha ação foi interrompida. O homem abrira a porta e me puxava pelo tornozelo, ao mesmo tempo em que eu me debatia e, desesperada, gritava por ajuda.

— Lívia! Lívia! — Alfredo gritou, sua voz saiu abafada... batidas contra o vidro continuavam ressoando como um som insuportável... o homem se foi. — Lívia, abra a porta, amor. Está tudo bem! Lívia... Amor... — havia afobação em sua voz.

Encontrei-me encolhida, deitada entre os dois bancos, as mãos em forma de concha nos ouvidos... o coração palpitante. O vidro anteriormente quebrado, como mágica, estava restaurado.

— Querida, olhe para mim. Sou eu. Abra a porta, amor. Está trancada por dentro, estou sem as chaves.

Saltei do banco e abri a porta. Quando Alfredo entrou, abracei-o fortemente pelo pescoço, soluçando. Ele tentava me acalentar, dizendo estar tudo bem e me questionando sobre o que havia me assustado.

— Nunca mais me deixe sozinha, Alfredo. Não quero mais ficar sozinha! A culpa disso tudo é sua! — Gritei, esmurrando-o no peito — Se não tivesse me deixado sozinha naquela noite, eu... Eu... Eu... — Não fui capaz de terminar, irracional demais para saber que tipo de palavras deixavam minha boca.

Eu sabia que a culpa não era dele. Como poderia culpá-lo, Deus? Abracei-o mais uma vez, me esforçando para parar de chorar. Alfredo seguia acariciando meus cabelos e me embalando para a calmaria, sem se afetar com minha reação.

— Lívia, está tudo bem...

— Eu o vi. Alfredo, havia um homem me puxando, estava armado e...

— Amor, não havia ninguém... provavelmente se assustou com alguma coisa. Mas não havia ninguém aqui.

— E então...? — Balbuciei, confusa.

Tudo não passara de projeções da minha mente?

— Talvez eu tenha te assustado. Você estava sozinha, e eu forcei a porta para abrir, não sabia que estava trancada. Depois bati contra o vidro, te chamando, para que destravasse. — Ele suspirou, trazendo meu olhar para o seu. — Lívia, converse comigo. Me diga o que está acontecendo... Está revivendo seu trauma?

Me afastei de seus braços no mesmo instante. Puxei o cinto de segurança e sequei as lágrimas que ainda insistiam em descer dos meus olhos.

— Não está acontecendo nada. Estou bem... Você me assustou... Apenas isso. É muito recente, Alfredo. É normal que eu ainda esteja apavorada. Só peço para que não me deixe sozinha dessa maneira outra vez. Logo vou esquecer isso, não se preocupe — desatei a falar, sem encará-lo. — Vamos para casa. Quero ver as crianças.

Pela visão periférica constatei preocupação nos olhos azuis. Mas ele apenas acenou em positivo e seguimos para casa.

Naquela noite, não houve jantar especial, não houve sexo lento e gostoso, nem o chantilly teve outra utilidade igualmente gostosa...

Continuava indisposta.

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