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Capítulo 9 - ALFREDO


LÍVIA SE FOI, E EU CHOREI DE SOLUÇAR ATÉ CAIR NO SONO.

Muito por causa do cansaço psicológico, muito por causa de outra dose de calmante injetado em minhas veias. Ainda não conseguia acreditar que tudo estava acontecendo de fato. Eu ainda tinha uma esperança tola de acordar de um pesadelo terrível, e Sophie estaria ao meu lado, amorosa como sempre, me dizendo ser tudo um sonho ruim e tudo ficaria bem.

Mas agora, enquanto desperto vagarosamente e me vejo ainda no hospital, a realidade cai sobre meus ombros mais uma vez: minha filha e minha esposa estão mortas. Uma dor aperta meu coração, não sei como lidar com essa terrível realidade. Elas eram tudo o que eu tinha, e agora não tenho mais nada. Continuo deitado, passo a mão pelo rosto, sentindo outra vez a tristeza bater em mim. Penso tanto em Lauren. Penso tanto em Sophie.

— Bom dia, mon ami — Um forte sotaque francês preenche o quarto. Viro o pescoço para a minha esquerda e vejo Bernardo sentado na poltrona, as pernas cruzadas, as mãos em forma de triângulo na frente do queixinho, um sorrisinho pequeno.

Pela primeira vez eu me dou conta da presença de Bernardo e do significado dela. Ele está aqui, saiu da França e sabe-se lá há quanto tempo está no país. Por minha causa. Forço um sorriso, desencontro seus olhos. Tenho ciência de sua presença desde o meu despertar. Recordo-me de algumas palavras trocadas, recordo-me de sua presença quando recebi a notícia da morte delas. No entanto, não tive oportunidade (ou lucidez) de conversar com ele.

— Oi... — digo, um tanto cansado. Tento me sentar na cama. Ele se levanta e me auxilia. — Você está aqui, Bernardo.

— Em carne e osso — murmura.

— Há quanto tempo?

— Quase um mês. Cheguei dois dias depois do seu acidente. Lívia me ligou para me dar a notícia. Cheguei em vinte e quatro horas após saber. Tenho me revezado para ficar de companhia pra você.

— Não deveria ter se importado com isso — respondo, calmo.

— Você é como um irmão pra mim, Alfredo. Nunca mais me peça uma coisa dessas.

Aceno tristemente, concordando a contragosto. Bernardo deixara a França e nossos negócios para viajar até aqui por mim, e isso me faz ter uma sensação esquisita.

— Eu sinto muito pela sua família — ele fala de repente, e então me encontro com seus olhos.

Bernardo me diz isso com lágrimas nos olhos. E não é para menos. Lembro-me de, quando Lauren nasceu, eu o comuniquei de pronto, e, assim como fizera ao saber do meu acidente, pegou o primeiro voo para cá e passou uma semana em casa, mimando Lauren. Até se ofereceu para apadrinhar a pequenina, e eu e Sophie concordamos muito felizes.

Dousseau sempre estava mandando lembranças para nós; em sua última correspondência tinha sido um móbile de berço, mas no lugar de bonequinhas ou ursinhos, havia Torres Eiffels em miniatura. E Lauren sempre ficava quietinha com seus olhos negros grudados ao objeto rodopiando e cantarolando acima de sua cabeça.

Sinto um nó na minha garganta.

— Obrigado, eu... — não consigo terminar. As lágrimas me invadem, e meus olhos começam a arder; sem demora estou chorando timidamente.

Bernardo afaga meus ombros com uma força acolhedora, como se ele próprio sentisse minha dor. Luto contra mim mesmo e consigo recompor minha postura.

— Ficarei no Brasil por algum tempo. — ele me informa, e eu aceno com a cabeça.

— Se for por mim, tudo bem, Bernardo, não pare a sua vida por minha causa. — digo com a voz engasgada.

— Não gosto quando fala assim. Somos amigos há mais de dez anos. Passamos por tanta coisas juntos; não lhe darei as costas agora — se pronuncia firme. — Além de tudo, preciso reorganizar nossa filial aqui.

A filial, penso. Havia me esquecido totalmente dela. Os últimos acontecimentos tomaram conta da minha mente, nem sequer me lembrei do café que Sophie estava a administrar para mim.

— Como está tudo? — questiono.

— Uma loucura, se quer saber. Estou me desdobrando para administrá-la. Mas não quero falar sobre isso agora. Está tudo sob controle. Esqueça a filial por um momento. Descanse, recupere as energias.

— O que pensa em fazer? — insisto, apesar de tudo.

— Ainda não sei. Queria saber a sua opinião. Mas se esqueça disso por ora, Alfredo.

— O que decidir, por mim está ótimo.

— Posso contratar alguém? — inquire, e maneio a cabeça em positivo.

— Providenciarei isso nos próximos dias. Mas agora — ele continua —, precisa de alguma coisa?

Nego com a cabeça. Por alguns minutos, ele me faz companhia, mas não tenho muito ânimo para conversas. Na verdade, eu gostaria de estar sozinho, mas não manifesto minhas vontades em palavras. Não quero parecer grosseiro ou ingrato com meu amigo. Bernardo, como sempre, está me dando a maior força e apoio me dizendo para ser positivo e persistente para voltar a andar e superar isso tudo, como se tentasse me animar a conversar.

Somos interrompidos quando abrem a porta; vejo minha mãe entrar. Ela vem até mim e me abraça. Eu não retribuo. Só agora percebo que é a primeira vez que estou lúcido o bastante para receber visitas e me lembrar delas.

— Oi, meu bem — diz, agarrada em mim. Afasta-se e me olha nos olhos, acaricia meu rosto. — Rezei tanto por você, Alfredo. Estou tão feliz por estar bem. — Minha mãe me segura pelas mãos e me beija a bochecha.

Como ela pode estar feliz?

— Oi, mãe.

Ela me abraça outra vez e a sinto chorar em meus ombros. Continuo a ser indiferente a seu abraço.

— Não sabe como fiquei aflita durante esses dias. Temi tanto em te perder. Mas graças ao bom Deus você está bem.

Fecho os olhos sentindo uma dor angustiante.

Graças a Deus estou vivo?

— Eu preferia estar morto. — declaro, e minha mãe me olha totalmente aterrorizada. Bernardo dá um passo à frente, como se quisesse me tranquilizar e evitar palavras rudes. Mas eu o advirto com um movimento de cabeça.

— Alfredo, por que está dizendo isso?

— Por quê? — questiono-a, incrédulo — Eu perdi minha esposa, minha filha, o movimento das pernas. Ainda pergunta por que disse isso?

Bernardo se põe perto de nós. Ele me olha como se compreendesse minha dor e suspira.

— Alfredo, nós sabemos como tudo isso tem sido difícil pra você — ele me diz com sua voz calma —, e é até compreensível sua reação diante dos fatos, mas precisa lutar pela sua recuperação. Precisa se focar nisso agora.

— E eu tenho motivações para isso, Bernardo?

Ele me encara por alguns segundos e olha para minha mãe.

— Tem a sua família, ela estará aqui para te apoiar e te incentivar. E te a mim, seu amigo, com quem poderá contar a qualquer momento.

— Não, eu não tenho uma família para me apoiar. Sabe por quê? Porque minha família era minha filha e esposa, e elas estão mortas agora — respondo, um pouco alterado.

— Filho, você ter sobrevivido é um milagre...

— Para, mãe! — interrompo-a, já enervado.

Numa tragédia onde apenas eu sobrevivi, como ela pode dizer ter sido um milagre? Não foi um milagre, foi um castigo!

Minha mãe se cala no mesmo momento e me encara com olhos baixos.

— Só não me diga mais que graças a Deus estou vivo. — peço, um pouco mais calmo, e ela acena tristemente.

Mamãe fica comigo, acariciando minhas mãos. Bernardo se despede, diz que tomará um café e depois seguirá para seu apartamento na cidade, precisa descansar um pouco. Ele me dá um abraço e um beijo na bochecha, então se vai. Só depois disso algo vem à minha mente. A notícia da morte de Sophie e Lauren me deixou tão chocado a ponto de perder a noção de qualquer outra coisa, e só agora, um pouco mais lúcido, me lembro de fazer uma pergunta essencial:

— E os corpos delas? — Minha voz sai embargada. — Elas já... foram sepultadas?

Mamãe olha para mim, continua acariciando minhas mãos. Em outro momento eu me sentiria bem com esse gesto, porém, agora não sinto nada.

— Os corpos delas foram conservados para você poder participar do funeral, caso... se recuperasse. — ela me explica, e eu desvio meus olhos marejados.

É tão difícil acreditar e aceitar essa nova realidade. O silêncio se instaura em meu quarto, e estou prestes a pedir para ficar sozinho outra vez. Quero ter tempo para processar tudo isso. Ainda não consigo acreditar que voltarei para casa e Sophie não virá correndo me abraçar me chamando de chère, ou de Lauren chorando no meio da noite, brincando dentro do cercadinho. Não verei mais seus olhinhos negros brilhando diante de mim, não sentirei mais suas pequenas mãos segurando meu indicador enquanto brinco com ela.

Cerro os olhos tentando controlar a emoção, mas é impossível. As lágrimas descem, sinto o toque de alguém, mas não me viro para encarar minha mãe. Estou prestes a pedir para ficar sozinho quando a porta se abre e dela surgem mais visitas. Suspiro. Estou tão sem cabeça para visitas. Só queria ficar só. Somente eu e minha dor.

Lívia entra acompanhada por Victória, e logo atrás Henrique com Enzo e Karlita, com alguma coisa nas mãos. A primeira pessoa a vir me abraçar é Karlita, e, como mamãe, ela chora em meus ombros sem desfazer seu aperto. Diz-me como se preocupou, como pediu pela minha vida e como sentiu uma agonia enorme sempre em seus dias de me fazer visita. Indiferente a qualquer coisa, simplesmente não respondo e não retribuo seu abraço. A única emoção sentida é pena de mim mesmo.

Karlita cessa o abraço e se afasta só o suficiente para segurar meu rosto com uma das mãos (a outra está ocupada segurando um objeto não identificado, escondido sob um tecido branco). Seus olhos estão pranteados de alegria, e outra vez eu sinto raiva por isso. Eles não deveriam estar alegres por mim, não deveriam me considerar um milagre. Sua mão envelhecida afaga meu rosto, e eu continuo em silêncio e neutro, sem reação alguma à sua felicidade em me ver bem. Desvio os olhos, mas seu toque continua em minha pele.

— Alfredo, fale comigo — pede e me induz a olhá-la.

— Oi, Ka — sussurro voltando meu olhar a ela.

— Fico feliz que esteja bem — dá-me um beijo na testa e me abraça outra vez. — Te trouxe um bolo de cenoura — e revela uma forma pequena em forma triangular debaixo de um pano delicado.

Olho para o bolo, indiferente, cansado. Bufo totalmente irritado e sinto os olhares de todos em cima de mim.

— Obrigado, mas minha vida não é motivo de felicidade, e eu não estou com fome. Não quero um bolo idiota de cenoura.

Os presentes me olham de forma atônita, e eu já espero por uma bronca de algum deles, mas não acontece. Karlita me olha sem jeito, recolhe a pequena forma de bolo. Sinto-me arrependido por ter sido rude, mas não me desculpo. Ela somente me beija na testa e diz que deixará o bolo na mesinha ao lado, caso eu mude de ideia.

— Como você está? — Ouço a voz de Henrique e o procuro por entre as pessoas ali.

Fecho o semblante. Ele está mesmo perguntando isso?

— Minha esposa e filha estão mortas, eu perdi os movimentos das pernas. Como acha que estou? — rebato, visivelmente alterado.

— Alfredo, por favor — mamãe interfere, mas eu a ignoro.

— Tudo bem, mãe — Henrique a acalma. — Imagino não estar sendo fácil. — Ele também enruga o sobrolho e desvia seus olhos de mim.

— Tio... — agora é Enzo me chamando; ele se aproxima da cama. Subitamente, me abraça fortemente, e eu me sinto inclinado a retribuir, mesmo contra a minha própria vontade. Estranhamente não consigo ser frio com essa criança. Seu gesto súbito me tira do eixo e ao mesmo tempo enche meu coração. Por um breve momento sinto-me consolado.

— Sinto muito pela minha prima Lauren — diz ao pé do meu ouvido enquanto aperta meu pescoço. — Eu gostava muito dela, como se fosse minha irmã.

Suspiro tristemente. Enzo é a criança mais incrível que eu conheço. De começo, quando soube que teria uma prima, não ficou muito animado, mas fomos conversando até ele aceitar. Depois do nascimento de Lauren, quando podia, Enzo estava lá comigo, ajudando em alguma coisa ou fazendo palhaçadas para Lauren rir dele.

Meu coração se aperta dentro do peito ao ouvir suas palavras.

— E também pela tia Sophie — continua me dizendo, sem desfazer o abraço. — Eu não queria que tivesse acontecido isso com elas. — Então seus olhos azuis se encontram com os meus. A sensibilidade dele e suas palavras sinceras parecem ser tão incomuns à sua idade.

— Obrigado, Enzo — consigo finalmente responder, quase me engasgando nas próprias palavras. — Você é especial por isso. — sorrio fracamente e bagunço seus cabelos.

Todos estão surpresos com a declaração do pequeno. Ninguém esperava isso dele. Após me abraçar outra vez e depositar um beijo na minha bochecha, ele se senta do outro lado da cama e fica ao meu lado. Esse seu gesto é a primeira coisa a me fazer sorrir, embora brevemente.

— Oi, Alfredo — agora é Victória quem diz. Ela continua no mesmo lugar e só se aproxima porque Lívia lhe dá um pequeno empurrão. — Vim lhe estimar melhoras. — ela quase murmura e encara o piso do quarto.

Observo-a rapidamente. Está totalmente diferente desde a última vez que a vi, mas não me lembro com exatidão quando aconteceu. Ela não está mudada apenas fisicamente, mas algo em seu comportamento não é comum à garota extravagante que conheci há onze anos. Estranhando sua postura, busco por Lívia. Como sua melhor amiga, ela saberá explicar o recente e mudado comportamento da amiga. Mas apenas vejo um Henrique encarando Victória com um semblante enrugado.

— Eu realmente sinto muito — a voz dela me tira de meus devaneios. — Pela sua esposa, pela sua filha. Meus pêsames, de verdade, e...

— E desde quando se preocupa comigo? Achei que me odiasse.

Seus olhos verdes se levantam para mim, totalmente atordoados. Não somente ela está surpresa e sem jeito diante às minhas palavras, mas todos os presentes. Ela tenta dizer alguma coisa, mas não consegue.

— Ah, claro, você só não me odiou nas vezes em que trepamos.

Instantaneamente seus olhos juntam lágrimas, e percebo Lívia se aproximar e tocar seu ombro, me encarando com um olhar desaprovador. Ela está prestes a defender a amiga, mas Victória faz por si própria:

— Você pode ter sido um cretino idiota no passado, pode ter enganado a coitada da Lívia, pode ter sido um imbecil sem sentimentos que nunca se importou com ninguém além de si mesmo; mas ainda assim, você sofreu perdas trágicas. E queira você ou não, Alfredo, existem pessoas se importando e se preocupando com sua saúde. Eu não sou uma delas. Você morto ou vivo para mim tanto faz; mas continuo a ser sensível e só vim lhe desejar melhoras sinceramente. Agora, quero mais que se dane! — Victória rebate sem medir suas palavras e passa por todos, saindo do quarto.

Suas palavras não me atingem, e eu continuo neutro e indiferente à reação e aos olhares da minha família sobre mim.

— Sabe, Alfredo...? — Ouço a voz de Henrique e encontro seus olhos — Você só está pagando por todo mal que fez às pessoas. A morte pra você não seria um castigo, mas uma bênção. Espero que definhe nessa sua dor e apodreça pra pagar seus pecados. — diz entre dentes e sai do quarto, deixando todo mundo abalado.

Inclusive a mim. Mais do que eu já estou.

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