07_ Te conquistar
Recado importante:
O capítulo de hoje tem muitos spoilers sobre o livro " Sobrevivendo ao meu clichê " , que vem antes desse.
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Nós três ficamos em silêncio, talvez em choque, lendo praticamente a pesquisa inteira naqueles poucos minutos. Na verdade, era meio que uma resenha de um livro, um livro de ficção chamado: Os mistérios do Montgomery, escrito por uma mulher chamada Molly.
A resenha contava que o livro falava sobre uma espécie de livro mágico, chamado Montgomery, que era capaz de transportar pessoas de uma realidade para outra. Quando uma pessoa era engolida pelo livro, ela ia para outra realidade onde teria o seu próprio autor. Lá esse autor escreveria o seu romance. Contudo, o Montgomery não era apenas um livro que te fazia viver um romance, ele te testava. Ele fazia você ter a vida dos sonhos e depois colocava em risco a vida da pessoa que você amava, para você escolher entre sua vida perfeita ou a pessoa. Pelo que dizia, para sair do livro era só dizer uma frase: Montgomery, fim da história.
Se a pessoa dissesse essa palavra, ela sairia do livro e todos naquela realidade não se lembrariam mais dela. Seria como se, para eles, ela nunca tivesse existido.
ㅡ Ok, eu não entendi muito bem, não. ㅡ Sucri foi o primeiro a falar.
ㅡ Aqui tem um exemplo. ㅡ Rolei a tela para baixo. ㅡ Arizona, uma garota que morava num orfanato em Atlanta foi engolida pelo Montgomery e foi parar numa outra realidade. Nessa realidade ela conheceu um cara chamado Mason, foi morar em Nova York e conquistou tudo o que ela queria. Os dois se apaixonaram, e ela estava tendo a vida perfeita, só que algo ruim aconteceu e isso colocou em risco a vida do Mason. ㅡ Li para ele o que estava escrito no exemplo. ㅡ Arizona, então, disse a frase para sair e saiu do livro, porque se ela saísse, seria como se ela nunca tivesse existido para eles, assim salvaria a vida do Mason.
ㅡ E eles não ficaram juntos? Que coisa triste. ㅡ Minha mãe tampou a boca.
ㅡ Pelo que diz aqui... ㅡ Rolei a tela mais um pouco. ㅡ Lembra que eu disse que o Montgomery era um teste? Pois é. Ele fez a Arizona escolher entre a vida perfeita e o Mason, mas como ela escolheu o Mason, Mason pôde ir para a realidade dela, e assim ficaram juntos. Isso porque ela seguiu a única dica que lhe foi dada: " o sacrifício em vida é pago com um amor real. " ㅡ Franzi as sobrancelhas. ㅡ Ué, era isso que estava escrito na capa do caderno antes.
ㅡ E eu ainda sinto que conheço esse nome... Esse tal de Montgomery, mas não sei da onde. ㅡ Minha mãe coçou a cabeça.
ㅡ Ta, espera... Então... Eu sou de outra realidade e vim pra cá através desse tal Montgomery? ㅡ Sucri arqueou uma sobrancelha.
ㅡ Parece que sim. Eu acho...
ㅡ E por que? Não é a pessoa que pega o livro que entra nele? Por que você que não foi pra minha realidade?
ㅡ Eu não sei! E aquilo nem é um livro, é um caderno... E você saiu dele, não entrou. Isso... Isso é estranho. Ta tudo muito estranho. ㅡ Passei as mãos na minha cabeça. ㅡ Na verdade, é tudo muito confuso, eu ainda acho que estou sonhando.
ㅡ Vocês precisam ir atrás dessa tal Arizona. ㅡ Minha mãe se levantou. ㅡ Onde ela mora? Aí diz?
ㅡ O que? Mas, por que?
ㅡ Se tudo isso for verdade, ta na cara que tem algo errado. Esse caderno não é reciclado? Vai ver esse tal Montgomery foi desfeito e usaram as páginas para fazer cadernos, por isso ta bugado. ㅡ Ela disse andando de um lado para o outro pela sala. ㅡ E acho que ela pode ajudar o Sucri a voltar pra realidade dele.
ㅡ Caraca... ㅡ Ele nos encarou. ㅡ Eu me sinto extremamente burro.
ㅡ Você não entendeu ainda? ㅡ Perguntei.
ㅡ Entendi, só que... Vocês já estão criando teorias e planejando coisas. Eu ainda to chocado com a coisa de eu ter saído de um caderno de... ㅡ Ele virou o caderno e olhou o preço que eu nem havia me dado o trabalho de tirar. ㅡ R$5,99.
ㅡ Acho que isso tudo é novo pra todo mundo aqui. ㅡ O celular da minha mãe tocou e ela o pegou de seu bolso. ㅡ Oi... É, Eu me atrasei. Aconteceu uns... Imprevistos. ㅡ Ela disse olhando para nós dois. ㅡ O que? ㅡ Arregalou os olhos. ㅡ Que droga! Eu já chego aí.
ㅡ O que aconteceu?
ㅡ Assaltaram a loja. Não levaram muita coisa, mas preciso ir lá ver como os funcionários estão e ver se tive muitos prejuízos. Vocês ficam bem sozinhos certo? ㅡ Ela não deu nem um segundo para respondermos. ㅡ Ótimo, to indo. ㅡ Ela pegou o casaco e o jogou sobre o ombro. ㅡ Faz o almoço, Morgana. ㅡ Ela saiu de casa com certa pressa, provavelmente preocupada com sua loja, e nos deixou sozinhos.
Por longos segundos a sala ficou em silêncio. Eu não sabia o que dizer, na verdade, eu tinha milhares de perguntas, mas era estranho. Eu sentia que eu o conhecia, mas ainda assim era um desconhecido que me deixava intimidada.
ㅡ Bom... Eu to com fome. ㅡ Ele se aconchegou no sofá e sorriu. ㅡ Você vai fazer o rango?
ㅡ Como consegue agir assim com toda essa loucura? ㅡ Fiz uma careta.
ㅡ Ué, ficar surtando não vai ajudar em nada. Se eu vim parar aqui... Deve ter algum motivo. ㅡ Ele pegou o caderno novamente e o folheou. ㅡ Eu... Eu lembro de tudo isso. Como pode eu ter vivido isso na minha realidade e você ter escrito aqui com tanta exatidão?
ㅡ Não sei, deve ter uma explicação. ㅡ Respirei fundo e me levantei. ㅡ Espero que tudo isso tenha uma explicação e que possamos descobrir logo, odeio me sentir confusa assim.
ㅡ Onde vai? ㅡ Ele perguntou quando fui na direção da cozinha.
ㅡ Fazer o almoço. Perdi a fome com toda essa loucura, mas se eu não comer, sou capaz de desmaiar. ㅡ Abri a geladeira para ver o que tinha e o vi entrando pela porta.
ㅡ Quer ajuda? Sou péssimo na cozinha, mas melhor atrapalhar do que não ajudar. ㅡ Ele sorriu e eu o observei por um tempo. ㅡ Que foi?
ㅡ Você não é como eu descrevi. ㅡ Fechei a porta da geladeira e cruzei os braços.
ㅡ Como assim?
ㅡ Na história que escrevi... Você era mais sério. Mais... Sei lá, mais na sua e nem um pouco brincalhão. ㅡ Ele me olhou esperando que eu terminasse de dizer. ㅡ Mas, você é um bobão.
ㅡ O que? Eu sou um bobão? Como você ousa me insultar dessa forma? ㅡ Ele tocou o peito e fingiu estar sentido. ㅡ Agora fiquei magoado.
ㅡ Viu! ㅡ Apontei para ele. ㅡ Você é todo bobo e engraçadinho. O Sucri que eu escrevi não era assim.
ㅡ Ah, sinto muito decepciona-la, Srta. Morgana. ㅡ Ele levantou as mãos.
Eu não disse nada sobre me decepcionar... Talvez eu goste assim.
Ignorei o meu pensamento irracional e abri a geladeira novamente. Decidi fazer frango a parmegiana e tirei tudo o que iria precisar para fazer e coloquei sobre a bancada. Sucri estava sentado numa das cadeiras da mesa, como uma criança de castigo.
ㅡ Você quer me ajudar? ㅡ Ouvi o som da cadeira na hora e me virei para olha-lo, porém ele já estava atrás de mim quando fiz isso. Perto suficiente para eu perder o ar por um momento e me esquecer do que estava fazendo.
ㅡ O que eu faço? ㅡ Ele olhou para o balcão, mas percebeu que eu não o respondi e olhou para mim. Sucri sorriu ladino e isso me fez voltar a mim e me afastar.
ㅡ Pode lavar e cortar o alface. ㅡ Apontei para o alface e me concentrei nos ingredientes na minha frente.
ㅡ Morgana... ㅡ Olhei para ele quando não ouvi o seu tom de brincadeira em sua voz. Ele ainda estava sorrindo. ㅡ Eu gosto de você, sabe disso. Sei que... No momento eu sou um estranho pra você, mas... Não precisa agir assim.
ㅡ Eu não sei do que ta falando. ㅡ Me fingi de sonsa e voltei a focar minha atenção na carne.
ㅡ Ah, é mesmo? ㅡ Ele riu. ㅡ Tudo bem. Se você prefere que seja assim, vou cooperar.
ㅡ O que? ㅡ Fiz uma careta.
ㅡ Você quer fingir que não sente nada por mim ou quando está perto de mim, e eu vou acreditar. Até porque, tecnicamente, você me conheceu hoje. ㅡ Ele começou a separar as folhas de alface para lava-las. ㅡ Então, se você não gosta de mim, vou precisar... Te conquistar.
•••
Continua...
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