Um
Olho as horas no relógio digital, 12:45. Reviro os olhos e me sento no sofá. Injuriado.
Meu irmão, o incrível Ran Haitani, sempre demora uma eternidade no banheiro. E bem, ele está lá há tanto tempo que estou começando a suspeitar que ele pode ter confundido o banheiro com um portal interdimensional ou algo assim.
Estou considerando seriamente chamar a NASA para uma missão de resgate. Afinal, quem sabe o que tipo de perigos existem do outro lado daquele ralo? Mas, sério, se ele estiver apenas lendo o jornal, eu juro que vou esfregar a escova de vaso sanitário na cabeça dele quando finalmente sair!
— Ran, você morreu aí dentro desse chuveiro?
— Eu tô terminando de tomar banho.
— Porra, Ran. Até onde eu sei hoje não é dia de você de depilar para estar demorando tanto assim.
— Vai pra porra, Rindou!
Solto uma risada. A sensação de ter um irmão é muito boa, ainda mais quando eu consigo deixar ele "nervosinho". Quando o chuveiro finalmente desliga, ele sai do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e diz:
— Não posso nem tomar banho em paz!
— Poder pode. Mas caralho, eu pensei que você estava parindo uma criança ou então foi para algum portal interdimensional. — falo rindo e entro no banheiro. — Eu estava com vontade de fazer xixi e você não saía nunca.
Ran revira os olhos e vai até o seu quarto. Assim que termino de me aliviar, lavo as mãos e vou até o quarto dele.
— Nem me olha com essa cara, Rindou. — ele fala rindo.
— Se não o que?
— Se não o que? — ele fala e se aproxima de mim e começa a fazer cócegas.
Ran, decide que é o momento perfeito para me atacar com suas cócegas implacáveis. Eu me contorço tentando escapar da tortura, mas ele é implacável.
Cada toque é como uma explosão de risos que eu não consigo conter.
— Pare! Pare! — grito entre risadas descontroladas, mas Ran apenas ri mais alto, desfrutando cada momento do meu tormento.
É uma batalha perdida, e eu estou condenado a ser vítima das cócegas do meu irmão até que ele decida que havia se divertido o suficiente.
— Tá bom, parei. Mas só porque eu estou bonzinho. — ele fala e me dá um tapinha na bunda.
— O que você vai fazer?
— Eu? Vou levar a minha moto na oficina do Shini. Eu te disse que iria fazer isso. — ele responde enquanto veste sua roupa. — Quer ir?
— Não, prefiro ficar em casa. Você sabe que eu não posso ficar perto de cheiro de gasolina, a minha rinite ataca.
— Tudo bem então. — ele fala enquanto veste sua camiseta branca. — Fica em casa mas se comporte viu?
— Eu já sou bem crescido, Wandinha.
— É tão crescido que ainda dorme comigo quando dá chuva com relâmpago e trovão.
Franzo a testa e em seguida nego com a cabeça.
— Mas não é sempre.
— Meu ovo que não é, Calissinha. — ele fala rindo e em seguida deixa o quarto.
Ran deixa a casa e eu me encontro mais uma vez sozinho. Vou até o armário da cozinha e abro um sorriso ao ver um pote de Nutella ali. Não penso duas vezes antes de pegar ele e me sentar no sofá para comer enquanto assisto alguma coisa na TV.
Lua, a minha gatinha cinza me faz companhia nas horas em que Ran não está em casa. Ela parece sentir que eu preciso de companhia e se deita em meu colo para me oferecer essa ajuda e carinho mútuo.
Bom, algumas horas se passam. Olho no relógio e vejo que já são 17:35 da tarde. Ran iria apenas trocar o pneu da moto mas percebo que ele demora mais do que o normal.
Tento ligar para ele mas percebo que ele não levou o celular.
— Parabéns, Ran. — resmungo ao ver o celular dele tocando encima do balcão da cozinha.
Sem pensar duas vezes, resolvi sair de casa e ir até a oficina do Shinichiro. Eu não sou muito de ficar no pé, mas quando se trata do meu irmão demorar mais do que o normal, isso me preocupa e me faz ir atrás dele.
Subo na minha moto e começo a pilotar a caminho da oficina. Não fica muito longe de casa, e assim que chego estaciono a moto na frente do local e desço da moto.
— Oi Rindou! Quanto tempo! — diz Shinichiro enquanto limpa as mãos cheio de graxa em um pano.
— Oi, Shini. — respondo e em seguida espirro por conta do cheiro de gasolina com alguns outros produtos automotivos. — O Ran está aqui?
— Ele saiu daqui já tem um tempinho.
— Você sabe para onde ele foi?
— Pior que não viu. — responde Shini e em seguida traga o seu cigarro. — Ele saiu junto com o Smiley.
— COM O SMILEY?! — pergunto surpreso.
— É... os dois saíram de moto juntos. Mas não disseram para onde foram.
— Cacete... valeu Shini. — falo e Sano assente positivamente.
Caminho até a minha moto, porém antes de eu subir encima dela, recebo um tapa forte nas minhas costas, o que me faz me virar para trás, para ver quem fez isso comigo.
E quando vejo quem é, a minha raiva sobe.
— Por que você me bateu seu sem mãe?! — digo com ódio.
— Tá falando do que hein? Você é outro sem mãe também. — responde Angry. — Aonde está o meu irmão?
— Eu vou lá saber. Eu não ando com ele. E isso não te da motivo para me bater, seu bebê chorão. — respondo sério.
— Mas foi pra mim que você perdeu na briga com a Toman e a Tenjiku, idiota.
— Eu só perdi para você por causa de uma recaída! E você só ganhou de mim porque começou a chorar igual um doido, seu palerma!
Bom, o restante qualquer um já sabe. Briga.
— Eu não vou perder para você de novo seu chorão! — falo enquanto o golpeio.
— E muito menos eu!
— JÁ CHEGA! — diz Shinichiro e entra no meio da briga para nós separar. — O que é isso hein? Brigando na frente da minha oficina? Até onde eu sei aqui é uma oficina, não um local para luta livre.
— Foi esse puto que começou! Ele me deu um tapão e depois começou a me provocar!
— Mas você revidou!
— Já chega! — Shini diz sério e joga a bituca de cigarro no lixo. — Me expliquem, o que está acontecendo?
— O meu irmão sumiu! Eu falei com o Baji, perguntando se ele tinha visto o Smiley, e ele disse que viu ele junto com o puto do Ran! — responde Angry.
— Puto é você! Olha o jeito que você fala do meu irmão! — resmungo e fecho a mão para ir para cima dele, porém Shinichiro me impede.
— Porque que vocês não vão procurar o irmão de vocês, juntos? Já que eles provavelmente devem estar por aí juntos.
Franzo a testa e em seguida olho para Shinichiro com um olhar desacreditado.
— Você ficou louco? Você sabe que eu não me dou bem com esse... esse... esse maldito!
— Maldito é você!
— PARA DE BRIGAR! — diz Shini. — Se vocês querem achar o irmão de vocês, ambos tem que encontrar um jeito de trabalharem em equipe.
— Prefiro morrer do que ser dupla desse idiota.
— Agora não é hora de briga, Rindou. — Shini diz sério. — Agora vão.
— Por que esse palerma não pode procurar pelo irmão dele sozinho?
— Eu não estou vendo a moto do Angry. — diz Shinichiro rindo.
— Era só o que me faltava agora viu, além de ter que procurar o meu irmão junto com ele, vou ter que dar carona para ele, é isso? — respondo desacreditado.
— É o único jeito. O que vocês vão fazer, eu não sei, mas só sei que quero que vocês parem de brigar na frente da minha oficina. — Sano fala e em seguida da um tapinha nas nossas costas.
Era para ser apenas mais um dia tranquilo, mas a vida decide brincar comigo. Lá vou eu, tenho que procurar meu irmão desaparecido e para piorar, além de ter que lidar com o Angry, ainda tenho que dar carona para ele.
Ou seja, não só vou ter que suportar ele mas também o clima tenso que vai ficar entre nós.
Mas se essa busca pelo meu irmão terminar com todos nós intactos, vai ser um milagre maior do que o Angry sorrindo pela manhã. E isso é algo que eu adoraria ver.
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