7| "Beijando" um desconhecido
— Onde está indo, filha? — O senhor Jensen correu atrás da filha, passando pelo corredor que separava a cozinha da sala.
— No grill comer alguma coisa! — Claire disse, colocando seus óculos escuros.
— Seu velho aqui vai tentar fazer algo útil para comermos — Ele fingiu estar chateado assim que a alcançou. Claire sorriu.
— Deixa para a próxima. Sua comida está ficando bem melhor do que antes papai, mas eu ainda prefiro a comida gordurosa de um grill.
— Então trás um sanduíche para mim também. Vou tentar me concentrar no trabalho.
— Aonde vai toda arrumada assim, smurf? — Caleb passou perto dela, sem camisa, e enfiou as mãos entre seus cabelos para bagunça-los. Ela o empurrou os ombros.
— Eu vou no grill, e nem venha pedir para ir junto para ficar paquerando a garçonete. Estou sem paciência com você — Revirou os olhos.
— Não era eu que deveria dizer isso?
— Querendo ou não, vocês irmãos mais velhos são um saco. — Disse.
Alex saiu de seu quarto segurando uma pasta cheia de folhas sulfite, o cabelo black bem arrumado, e sua camiseta ajeitada para dentro das calças.
— Bom dia filhão, aonde vai? — Rick parecia estar programado para fazer aquela pergunta.
— Procurar um emprego. — Ele se inclinou dando um beijo no topo da cabeça de Claire.
— Então, o porque das folhas sulfite? — Caleb perguntou confuso.
— Doação, já ouviu falar? — Alex foi até a cozinha pegar alguma coisa para comer.
Enquanto os dois continuaram com a discussão provavelmente sem um fim, Claire deu um beijo no rosto do pai e saiu de casa. Aquela cena que viu no ônibus não saia de sua cabeça.
Tinha tentado saber como a garota do ônibus estava, por Nancy que havia lhe passado seu email. Mas ela apenas disse que as duas não faziam parte do mesmo arco escolar, então não sabia. E que era melhor Claire também não tentar ser amiga dela, pois perderia qualquer chance de ser popular no liberty.
De repente sentiu um empurrão no ombro direito, e com o impacto caiu no chão. Colocou a mão sobre a testa e com a outra tentou pegar o óculos de sol que caiu.
— Você está cego? — Gritou irritada.
— Desculpa! Eu não te vi — Uma voz masculina disse atrás de seus ombros. Pelo menos agora sabia que o maldito era do sexo oposto. Sentiu duas mãos apertarem sua cintura, erguendo seu corpo do chão.
— Minha lente! — Piscou algumas vezes e enxergou embaçado com um dos olhos.
— Lente? — A voz perguntou, ainda com as mãos em sua cintura, Claire conseguia sentir o corpo do homem encostado no dela.
— Sim. Eu preciso dela!
— Calma, vou caçar para você — As mãos a soltaram imediatamente.
Não podia perder a lente. Poia senão teria que usar aqueles óculos de lente ridículos que não usava a cinco anos. Até encontrar uma nova iria demorar muito naquela cidade desconhecida.
— Irei ter que enxergar apenas com um olho. — Sussurrou frustrada com aquele homem que simplesmente não conseguia olhar para onde andava.
— Sério, me desculpa — Ele pediu de novo.
— Ficar pedindo desculpas não vai ajudar.
— Aqui! — Uma mão surgiu na sua frente e ela piscou algumas vezes tentando ver.
— Encontrou?
— Sim!
— Obrigada. — Pegou a lente bem devagar para não cair novamente.
Claire piscou algumas vezes depois de enfiar a lente nos olhos. Apertou-os e focou o olhar no rosto do homem que acabou de esbarrar em seu ombro e teve o maior embaraço ao caçar sua lente.
Com traços marcantes e maduros, olhos azuis bem claros e uma barba castanho escuro combinando com o cabelo penteado para trás, ele olhou para ela e tocou-lhe os cachos negros do cabelo, para retirar alguma coisa dele.
— Estou bem agora — Sussurrou Claire, começando a fugir dali o mais rápido possível. Mas a mão do homem lhe agarrou o cotovelo, impedindo-a.
— Eu acabei de te derrubar no chão, sujei seu vestido e perdi sua lente. Eu estava indo tomar um café aqui perto, gostaria de ir comigo? — Seu convite era gentil demais para recusar. Mas a pequena Claire não era fácil.
— Eu não te conheço! E você tem idade para ser meu pai — Ela olhou para o óculos quebrado — Esqueceu de uma coisa, você também quebrou meu óculos preferido e o único que tenho.
— Não é um encontro. Será um " eu te derrubei no chão e me sinto obrigado em te pagar um café" tudo bem agora? Posso te comprar outro óculos.
— Eu não tomo café, então terá que ser um suco. — Os lábios de Claire se curvaram num pequeno sorriso.
— Por mim tudo bem — Ele passou a mão pela barba enquanto a olhava.
♡(•ө•)♡
— Aquilo são cartazes de pessoas desaparecidas? — Claire perguntou olhando para um canto da cafetaria onde tinha vários papéis grudados numa parede de madeira com pinos vermelhos.
— Sim, ouve um tempo em que muitas pessoas desapareceram por aqui, foi horrível. É nova na cidade?
— Não está meio obvio? — Ela riu e limpou os resíduos de suco do canto da boca com o guardanapo.
— Por que veio para cá?
— Meu pai se inscreveu para dar aula em Dartmouth, eles o aceitaram. E nós tivemos que nos mudar. Fiquei com a cara emburrada a viagem toda! — Ela admitiu, se sentindo a vontade ao lado dele.
— Morava aonde?
— Los Angeles, Califórnia.
— Ah, a ensolarada Califórnia — Ele abriu um sorriso — Aproveitava bem as praias?
— Da melhor maneira possível. — Ela piscou. — E o seu nome, qual é?
— Darren — Ele mordeu o lábio como se estivesse esperando pela pergunta.— E o seu?
— Claire!
Feel It Still de Portugal. The Man começou a tocar. O coração de Claire disparou de emoção. Era a sua música preferida. Fechou os punhos como se estivesse com um belo microfone e disparou a cantar:
— Ooh woo, I'm a rebel just for kicks, now. I've been feeling it since 1966, now... — Ela balançou a cabeça junto com o toque animado da música.
— ...might be over now, but I feel it still. Ooh woo, I'm a rebel just for kicks, now.
Suas sobrancelhas se ergueram assim que ouviu a voz completar a música. Ele sorriu, parecia envergonhado por ter interrompido o show da garota.
— Você conhece eles? — Sua voz era carregada de euforia adolescente e ironia.
— Sim — Ele respondeu achando graça da reação dela.
— Você parece ser muito velho para gostar desse tipo de musica. Olhando para você, eu lhe imagino ouvindo as clássicas ou de ir a uma ópera. Nunca pensaria que gostasse de indie.
— Sempre me dizem isso. Você é uma garota e tanto. Mas não precisa ser de certa idade para gostar de músicas. —Os cantos da boca dele se ergueram.
— Sempre me dizem isso — Claire repetiu suas palavras e tentou não rir.
— É formada em que?
— Pretendo fazer política econômica ou direitos humanos.
— Uma ótima escolha para uma garota extremamente inteligente e com um gosto musical de dar inveja.
Ela sorriu
Ele riu.
— Sabe, eu gostaria de lhe conhecer melhor.
— Por quê?
— Gostei de você — Darren disse colocando a mão sobre o joelho dela. Claire ficou tão surpresa que recuou e entornou sua bebida. Ele retirou sua mão imediatamente. O líquido caiu em seu vestido, sujando-a com suco de laranja.
— Puta merda! — Ela pegou alguns guardanapos e limpou o vestido. — Vou precisar de água.
— Venha, deixa eu te ajudar — Ele se levantou estendendo a mão para ela, que pegou sem reclamar.
Os dois caminharam até o banheiro feminino, que cheirava bem pior que o bar em si. Claire encostou na parede enquanto o observava molhar o pano que retirou do bolso do terno.
— Pode deixar que eu faço isso — Ela pegou o paninho e passou por cima da grande mancha laranja que se formou em seu vestido.
Os dois estavam bem próximos um do outro, Claire podia sentir o corpo dele comprimindo o dela, ergueu o rosto e deu de encontro com o rosto dele. Ele sorriu e tocou suas bochechas.
— Está melhor?
— Na medida do possível.
Ela fez o que sentiu vontade de fazer naquele momento, agarrou o homem que acabou de conhecer e o beijou, e beijou muito. Suas línguas se tocando com lentidão. Nem sabia se o homem era comprometido, mas mesmo assim o beijou. Não era garota de pensar.
Ela se sentou na bancada da pia do banheiro de costas para o espelho, ele passou as pernas dela em volta da sua cintura. O único cheiro que ela sentia era o dele. Colônia masculina cara e o leve cheiro de suor e canela. Pelo que se lembrava, não sentia um cheiro tão maravilhoso assim fazia um bom tempo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro