Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

39

Uma conversa calorosa

  Toalhas xadrez, pães escuros, vários tipos de carnes e jarros com um líquido na qual imaginei ser cerveja foram colocados a nossa frente pelas mulheres de Cairo que faziam de tudo para não nos olhar nos olhos. Mesmo que eu estivesse a um bom tempo sem comer nada ali conseguia me abrir o apetite, haviam preocupações de mais na minha cabeça que me impediam de pensar em qualquer outra coisa que não fosse minhas asas, os lobos que nos cercavam e principalmente Alícia.

Onde você está...

Por impulso olhei para os lados em uma vaga esperança de encontrar a humana com sorriso fácil andando pelas tendas e barracas dali, no entanto, o que vi foi a expressão de repulsa do tritão quando olhava para os pratos colocados a nossa frente.

—É sério que eles conseguem comer isso?

Com uma espécie de garfo, também trazido pelas mulheres, Lance cutucou o pedaço de carne que dava a impressão de ainda estar com sangue.

—É só não comer.

—Não precisava nem falar...

Ainda não entendo porque tudo isso mestre — Dexter cheirava cada prato posto ali — Tentaram nos matar...

—Também estou com a mesma dúvida — encarei alguns lobos que acabaram sentando por perto — Mas não acho que vai demorar muito para descobrirmos.

Entre a pequena multidão que começava a se aglomerar avistei os cabelos desgrenhados de Cairo se aproximar enquanto cada um ali se afastava abrindo caminho para ele.

—Esse Cairo deve ser importante...

—Acha é? — não disfarcei minha ironia.

Quando sua figura alta e mutilada ficou frente a frente conosco um largo sorriso se abriu em seus lábios.

—Espero não ter feito vocês esperar!

Sem demora ele se sentou no chão agarrando um enorme pedaço de carne e o levando até a boca, por um breve instante achei que Lance iria colocar o que tinha no estômago para fora mas ele acabou resistindo.

—Por favor sirvam-se!

—Ah não obrigado...eu...

Antes que o tritão vomitasse algo além das palavras agarrei um copo enchendo-o com o líquido escuro e de cheiro forte.

—Imagino que agora irá nos contar o motivo de nos ter atacado — alguns olhares curiosos nos espiavam das tendas — E principalmente por ter nos trazido até aqui.

—Ainda não está convencido de que não vamos machuca-los? — ouvi um longo suspiro — Estou vendo que não soltou a espada.

Simplesmente o encarei, não estava com vontade de prolongar aquela conversa, Alícia continuava desaparecida e eu precisava encontrá-la o quanto antes.

—Você é do tipo difícil garoto, gosto disso, tem postura de um líder!

Senti algo se contorcer dentro do meu estômago.

—De qualquer forma nenhuma boa conversa se inicia sem uma apresentação — o vi levar o copo com cerveja até a boca — Como já disse antes meu nome é Cairo, e atualmente sou o chefe dessa alcatéia, e vocês são?

—Lance — o tritão apontou com um dedo trêmulo para o prato — Vocês não teria algo com menos sangue?

—Minhas mulheres podem providenciar.

Sem precisar dar ordem as duas saíram em direção as tendas.

—Obrigado.

—Lance é?Nunca vimos alguém como você por aqui?

O olhar curioso de Cairo parecia analisar cada cor do tritão.

—E você seria?

Dessa vez sua atenção se voltou para mim, ainda resisti em respondê-lo, não conseguia tirar da cabeça o fato de ter me atacado, talvez isso se desse ao orgulho de uma nobreza passada que ainda resistia em mim.

—Amenadiel.

—Um nome bem incomum.

Um breve silêncio preencheu o lugar.

—Bom, e você?

Me chamo Dexter, sou o Gouli do senhor Amenadiel.

—Um Gouli?Ah sim!Já ouvi falar em algo do tipo.

—Já que as apresentações foram feitas  — encarei seus olhos escuros — Agora pode falar o motivo do ataque.

—Certamente — suas mãos encheram o copo já vazio — É rotina patrulharmos as redondezas, já tivemos muitos problemas com algumas criaturas indesejadas, acho que pode compreender isso não é?

Ignorei seu olhar inquisidor.

—Isso ainda não explica por que nos trouxe até aqui.

—Bom, esse é um fato um pouco mais complexo...

O vi dar um bom gole na cerveja.

—Pensei que talvez pudesse nos ajudar.

Não contive um riso irônico.

—Sei que não começamos bem, por isso os trouxe até o seio da minha família, quero me redimir.

—Em troca de um favor.

—Uma mão lava a outra.

—Eu me recuso.

Um silêncio mórbido preencheu o lugar, conseguia sentir a tensão rodeando a todos até que um vulto baixo se aproximou correndo e se jogando nos braços de Cairo.

—Papai!

—Gina!O que faz aqui?

—Senti saudades!

A garotinha se enroscou nos braços do pai e pelo jeito não havia alma que conseguiria tirá-la dali, exceto Cairo, mas pelo visto ele não tinha essa intenção.

—E sua mãe onde está?

—Ela está vindo, Marco se sujou todo hoje, tinha lama até na ponta do rabo.

—Imagino que sim.

Os olhos da pequena finalmente se desgrudou do pai para nós, mais específicamente para Lance.

—Vocês são mesmo amigos do meu pai?

Sua pergunta repentina me pegou de surpresa.

—Papai tem muitos amigos, mas nenhum deles é tão estranho.

—Gina!

Mesmo repreendida ela mantinha o olhar firme, era impossível não ver um traço da Alícia naquele ser tão pequeno.

—Já chega, vá ver se sua mãe precisa de ajuda.

—Mas papai...

—Obedeça.

Contrariada e com um enorme bico ela se afastou, o olhar ainda pairando sobre nós.

—Mais uma vez me desculpe por minha filha, é uma menina curiosa.

Me lembra alguém...

Só depois de alguns pares de olhos me encararem que percebi ter dito aquilo alto de mais.

Alícia mestre?

Meu silêncio bastou como resposta.

—Perderam alguém?

Ouvir aquilo fez um frio cortante atravessar meu peito.

—Ela ainda está viva — disse com um tom mais ríspido do que pretendia — E vou encontrá-la.

—Vejo que tem um objetivo claro em mente, isso é bom, muito bom.

Se fosse apenas um...

Primeiro minhas asas, agora a humana.

—Posso imaginar que a busca por essa amiga foi o que acabou trazendo vocês até a floresta maldita.

—De certa forma — o tritão respondeu — Por acaso não teriam visto uma bela garota perdida por aí?

—São raras as pessoas que se perdem por aqui, e quando isso acontece geralmente acabam mortas, mas... não vimos nenhuma garota nas últimas patrulhas, e se isso o deixa mais tranquilo, também não vimos nenhum corpo fora do comum.

—Como assim "fora do comum"?

—Vocês vão ver, mesmo que decidam ir embora hoje mesmo, é claro que é impossível tomar o caminho de volta, mas ainda assim irão ver.

—Espera!Não podemos pegar o caminho de volta?

Lance parecia em choque.

—Não, é uma magia muito antiga dessa floresta, só se pode entrar uma vez por um certo lugar, mas jamais voltar por ele.

—Mas...

—No entanto, se pegarem outro caminho conseguirão sair daqui, agora para onde?Eu já não sei dizer.

—Nunca deixou a floresta antes?

Minha pergunta pareceu melhorar o humor do nosso hóspede.

—Os meios lobos preferem viver longe do que vocês estrangeiros chamam de civilizações, nossa família basta para nós, além do que, a floresta nós dá tudo o que precisamos.

—Pensei que fossem lobisomens.

De repente o olhar de Cairo se tornou mais duro.

—Meu bisavô era um lobisomem, mas as gerações que se passaram enfraqueceram a maldição.

—Meios lobos, lobisomens, maldição? — Lance pegou o que parecia ser uma cenoura colocada a sua frente por uma das mulheres de Cairo — O que é tudo isso? 

—Não sabe sobre os lobisomens?

—Não.

Dessa vez era Cairo que o olhava com espanto.

—Afinal de contas, o que é você?

—Oras!Eu sou um tritão?

—Um o quê?

—Tritão! — Lance parecia ofendido — Sabe?Lagoas mágicas, sereias?

O olhar confuso do meio lobo parecia aumentar mais ainda a indignação do peixe colorido.

—Impossível!Quem não sabe o que é uma sereia?!

—E quem não sabe o que é um lobisomem?!

Toda aquela conversa começava a machucar meus ouvidos, no entanto, era curioso que nenhum conhecesse nada sobre as respectivas espécies.

—Os lobisomens são muitos famosos! Existem tantas histórias...

—Igualmente com as sereias! Belíssimas com um canto hipnotizador...

—Chega! — minha cabeça não aguentava mais — Creio que possam passar a noite discutindo os atributos de suas espécies, mas eu tenho algo muito importante para fazer!

Já estava prestes a me levantar e ir embora quando uma mulher alta de longos cabelos avermelhados me chamou a atenção, ela parecia estar parada ali a muito tempo mas só agora eu havia notado sua presença.

—Maia!

Cairo também pareceu tê-la notado agora.

—Eu não a vi chegar.

—Percebi meu marido.

Com paços lentos ela se aproximou.

—A quanto tempo está aí?

—O suficiente para ouvirmos parte da conversa.

De trás dela, agarrado na barra da longa saía de tecido xadrez um garotinho um pouco menor que Gina segurava firme na mãe.

—Imagino que esteja com pressa — seu olhar castanho sustentou o meu —Mas acredito que tem algo que vai querer ouvir antes de ir embora.

Com uma mão gentil a vi segurar a cabeça do menino o encorajando a sair de trás das suas pernas, quando sua figura pequena ficou visível notei com um sentimento ruim o tom pálido de seus cabelos e pele, marcas nítidas de qualquer indivíduo albino.

—Diga a ele o que viu Marco.

Me esforcei para encarar o garoto tentando não pensar em longas penas brancas e um olhar dourado.

—Hoje na floresta, quando me afastei um pouco dos meus irmãos eu senti um cheiro estranho...

—Você se afastou dos seus irmãos?!

Cairo havia se encolerizado mas a mesma mão gentil de Maia pareceu acalma-lo.

—Continue meu amor.

Um pouco mais receoso o garotinho prosseguiu.

—Era algo diferente, nunca tinha sentido nada igual, era marcante mas suave e...

—Doce...

Completei sem me dar conta.

—Isso, era doce.

Doce...

Senti algo se agitar no meu peito.

Alícia!

—Bom, parece que conseguimos uma pista.


















Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro