Capítulo 2
Sinto como se fosse adolescente de novo.
Passo o polegar pelas gotas que escorrem do meu copo d'água gelado e tento permanecer calma.
Isso é coisa do passado. Já era, Amélia. Você é adulta agora e já superou aquela paixão boba. Se acalma!
Fico repetindo as mesmas palavras em minha mente enquanto eu e minha família estamos no restaurante preferido da minha mãe para comemorar o seu aniversário e também minha volta para casa.
Nate faz parte da família, então era mais do que óbvio que ele seria convidado. Não é como se eu achasse que poderia evitá-lo para sempre, afinal.
A última vez que eu o vi foi há quatro anos, quando eu derramei todo o meu amor por ele e ele simplesmente pisou em meu coração.
Levei mais tempo do que pensei para conseguir esquecê-lo, mas agora aquele sentimento finalmente faz parte do passado e não sei porque estou tão nervosa em revê-lo.
Depois daquele dia na varanda de casa, não quis saber dele. Nunca perguntava sobre ele quando ligava para casa e poucas vezes meus pais o mencionavam para mim. Por isso não sei muito como está a vida de Nate agora ou até mesmo como ele está fisicamente.
A única coisa que eu sei é que ele continua solteiro. Sei disso porque no aeroporto vindo para cá comprei uma revista e o nome dele estava em um artigo.
Parece que Nate e o meu próprio irmão estão em uma lista boba dos solteiros mais cobiçados do país.
Olho para Chris com orgulho. Ele é meu irmão mais velho e é filho da minha mãe com outro cara, mas as vezes é difícil de lembrar disso já que meu pai sempre o tratou como se Chris fosse filho biológico dele.
Chris é tudo o que você poderia querer em um irmão mais velho, ele sempre me protegeu e devo confessar que ele frequentemente exagera nessa tarefa, mas sei que o coração dele está no lugar certo. Ele é o mais responsável e amoroso dos meus irmãos, não que Matt e Brandon não sejam incríveis, eles são. É só que Chris parece ter pegado para si mesmo a tarefa de cuidar de todos, ele é um grande irmão, sempre protetor, sempre preocupado, sempre disponível.
Depois dele veio Matthew, só dois anos mais velho do que eu. Matt é o mais divertido de todos, ele é a alma da festa em qualquer ocasião.
Brandon é o caçula. Ele é muito inteligente e apaixonado pelas coisas. Mesmo eu sendo três anos mais velha do que ele, era sempre Brandon que me ajudava com a lição de casa.
— É tão bom ter meus filhos reunidos novamente. — Mamãe diz e papai coloca o braço em seus ombros e lhe dá um beijo carinhoso na testa.
— É mesmo, meu amor.
Sinto um sorrisinho se formando em meus lábios. O casamento dos meus pais sempre foi repleto de amor e companheirismo e mesmo agora, depois de tantos anos casados, eles continuam a se olhar de uma maneira tão apaixonada.
Lembro que quando era mais nova costumava sonhar em um dia encontrar alguém que me olhasse daquele jeito. Meu príncipe encantado.
Durante muito tempo fantasiei que esse príncipe seria Nate. Mas é claro que agora, depois de ter meu coração quebrado tantas vezes, depois de ter me envolvido com alguém como Michael e depois de tudo o que ele fez, é realmente difícil fantasiar qualquer coisa além de uma carreira de sucesso e um gato. Talvez dois.
Vejo algo atrás de mim prender a atenção de mamãe. Seus olhinhos brilham e um sorriso enorme surge em seu rosto.
— Ah, agora a família está mesmo completa. Nate, estamos aqui! — Mamãe grita e balança a mão no ar.
Sinto meu corpo todo enrijecer e simplesmente não consigo olhar para trás. Meus pais se levantam e então meus irmãos.
A contragosto, pego o guardanapo de pano do colo e o coloco na mesa. Levanto-me, mas não olho para trás.
Calma, Amélia, respira! Respira! Ele não te afeta mais, ele não é nada mais do que apenas uma paixãozinha do passado.
— Feliz aniversário, tia Ella! — Ouço sua voz grave, aquela voz que eu sempre soube que poderia liderar milhões à guerra e ainda assim sussurrar palavras doces.
Um arrepio nada conveniente percorre meu corpo e eu me obrigo a olhar em sua direção.
Nate abraça mamãe e lhe entrega uma sacola que reconheço ser da Bulgari, uma loja luxuosa de joias que fica em um shopping na Central Expressway.
— Ah querido, não precisava. Muito obrigada! — Ela diz e lhe dá um beijo no rosto, concentrando-se então em abrir seu presente.
Sinto meu coração pulsando em meus ouvidos e é então que Nate se vira para mim e eu posso vê-lo perfeitamente.
Sinto como se tivesse acabado de levar um soco no estômago e fico sem ar. Ele está exatamente como eu me lembrava.
Não. Ele está mil vezes melhor. Como isso é possível?
Nate é tão alto e mesmo vestindo um paletó, consigo ver que seus braços e seu peito continuam fortes. Ele deve malhar todo dia, penso.
Seus cabelos escuros estão um pouco mais compridos do que ele costumava usar antes. Seu rosto continua perfeito, duro e masculino. Seu nariz ainda é levemente torto, resultado de uma briga em que ele se meteu quando tinha 15 anos. Pelo menos foi a história que ouvi.
Sua boca continua...bem, muito beijável, para meu total desgosto.
Seu corpo, que eu me lembro ser duro e quente, está perfeitamente escondido embaixo de um terno azul-escuro caro.
E seus olhos, são os mesmos que me encararam anos atrás enquanto ele me dizia que não se sentia atraído por garotinhas tolas como eu.
Olhos que nesse exato momento estão me avaliando de cima a baixo e que não demonstram nenhum tipo de emoção ao me ver.
Se eu for bem honesta agora, devo admitir que foi querendo causar uma boa impressão e alguma reação da parte dele que eu coloquei esse vestido de verão com essa fenda matadora que revela minha perna bronzeada pelo Sol da Califórnia.
Mas é claro, não sou o tipo dele. Não sou nada além de uma garotinha boba.
— Seja bem-vinda de volta, Amélia. Tenho certeza que o melhor presente que você poderia dar para sua mãe no seu aniversário era a sua presença. — Ele diz, olhando bem fundo dos meus olhos.
Respiro fundo uma vez e me forço a sorrir largamente. Não posso lhe dar o gostinho de saber que estou nervosa com o nosso reencontro.
— Nate, quanto tempo! Como você está? — Digo, o mais simpática que consigo e me forço a ir até ele e lhe dar um abraço rápido.
Sorrio mais ainda ao perceber que ele ficou tenso e parece muito surpreso. Toma essa!
— Eu...hum...estou bem, obrigado. E você, como está?
— Muito bem, obrigada. Feliz em estar de volta.
Nate continua me olhando parecendo surpreso com minha reação ao vê-lo, provavelmente pensando em nosso último encontro quando o olhei com mágoa e raiva.
Não me sinto nada confortável com essa situação, mas não posso deixar que ele saiba disso. Tenho que tratá-lo como se nada daquilo tivesse acontecido.
— Como estão os negócios? — Pergunto.
— Bem. — Ele diz, ainda parecendo desconfortável. — Hum, trouxe isso para você. Um presente de boas-vindas.
— Ah, que gentil! Muito obrigada. — Digo e pego a sacola idêntica a que minha mãe segura.
Dentro dela pego uma caixa de veludo e quando a abro fico impressionada com o que vejo.
É um bracelete dourado lindo, e sabendo que ele o comprou na Bulgari, as pequenas pedras verdes devem ser esmeraldas e os pequenos pontos brilhantes devem ser diamantes.
Deve ter custado uma fortuna.
— Nossa, é lindo! Você não precisava...— Minha voz vai sumindo conforme pronuncio as palavras.
— Que bom que acertei.
— Eu adorei, é incrível. Obrigada.
— Será que dá pra gente comer agora? Tô morrendo de fome! — Matt diz e eu sorrio para ele. Olho para Nate mais uma vez e o pego me encarando.
Volto para meu lugar e pedimos nossa comida. Peço um risoto de frutos do mar, mas quase não consigo comer.
— Ah, querida, já estava me esquecendo. — Mamãe diz e bebe um gole do seu vinho.
— O que foi? — Pergunto, colocando um camarão na boca.
— Ontem encontrei com Logan Anderson enquanto estava tomando café no centro. Lembra dele? Você o conheceu quando tinha 8 anos, eu acho. Ele é amigo e sócio de Nate.
— Não me lembro dele. — Digo, sem entender o porquê mamãe está me falando sobre o sócio de Nate.
— Eu brinquei e disse que um homem como ele não deveria ter que ir buscar o próprio café e então ele disse que sua última assistente teve que ser demitida e ele ainda não tinha achado uma substituta. Eu comentei que você estava voltando para a cidade e precisava de um emprego novo. Sei que não é bem a sua área, mas achei que pudesse se interessar. Seria ótimo trabalhar em um lugar tão importante quanto a Intelli, não é? — Mamãe diz, sorrindo satisfeita, e então Nate parece se afogar com seu vinho e começa a tossir.
— Obrigada, mãe. Talvez eu envie meu currículo.
— Ah, não precisa. Eu já me gabei de você para ele, disse como você é inteligente e dedicada. Ele disse para você aparecer no escritório dele segunda para uma entrevista. — Mamãe diz e pela segunda vez Nate se engasga, mas dessa vez com o pedaço de carne que estava mastigando.
— Tia, você deveria ter falado comigo primeiro. Tenho certeza que eu poderia...arrumar um emprego para Amélia se ela quisesse.
— Oh, sinto muito! Será que fiz mal? É que eu sei que você não está precisando de ninguém no seu escritório, já Logan...sinto muito, Amélia, só queria ajudar.
— Está tudo bem, mãe. Obrigada pela ajuda, estou mesmo precisando achar um emprego o mais rápido possível.
— Ah, e ele é tão bonito. Tenho certeza que você vai ficar de queixo caído. — Mamãe diz, piscando para mim e vejo papai fazendo uma careta.
Nate se afoga novamente e começa a tossir alto. Olho para ele e vejo Chris batendo em suas costas.
— Nossa, o que há de errado com você hoje, Nate? — Chris pergunta e Nate pede licença e vai ao banheiro.
Depois de alguns minutos ele retorna e permanece em silêncio até todos terminarem de comer.
Nate recusa a sobremesa e é o primeiro a ir embora. Assim que o perco de vista consigo respirar mais aliviada.
Ótimo, sobrevivi ao reencontro. De agora em diante deve ser mais fácil, certo?
Música do capítulo: That's My Girl da banda Fifth Harmony.
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