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Capítulo XXVII

*Imperatriz Isabel na mídia

Império Otomano

Aziz fizera uma nova descoberta assim que amanheceu. Seus olhos ainda se acostumavam com a claridade e seu corpo doía com os indícios evidentes de uma noite agitada. Em seu peito a imperatriz ainda dormia, agarrada em seu corpo com a feição serena enquanto os finos lençóis lhe cobriam e protegiam do frio.

Imagens do que fizeram logo invadiram sua mente e foi inevitável não sorrir. Soltou o ar que prendia aliviado, plenamente satisfeito em tê-la em seus braços. Era sua, não era mais uma hipótese, Amber era sua. De todas as maneiras que poderia ser, ao menos fisicamente.

O imperador sabia que teriam um longo caminho a percorrer até que ela sentisse o mesmo por ele, até que estivesse curada de seus medos. Mas toda jornada já valia a pena se pudesse acordar ao lado dela todos os dias.

Se levantou com cuidado para não acordá-la e constatou que as evidências da noite juntos não estavam apenas em seu corpo, mas podiam ser notadas nas almofadas espalhadas pelo chão, na bandeja de figos, que para a infelicidade de Amber, se encontrava sobre o tapete e sem deixar de observar as roupas e sapatos amarrotados pelos cantos. Os criados teriam algum trabalho por ali, afinal.

Tomou um banho rapidamente e se vestiu para um longo dia de reuniões. Faltavam poucas horas para os primeiros convidados do baile – que se hospedariam no castelo –, começassem a chegar e tudo o que Aziz não queria era alguma confusão ou desfeita com os visitantes.

Em breve todo o império estaria mais cheio que o costume, e certamente o alvoroço seria inevitável. Os otomanos não eram conhecidos por nutrirem grandes alianças, mas dadas as circunstancias em que se encontravam contra os reinos do ocidente, era hora de deixar os desafetos de lado e unirem forças.

Os reinos menores não fariam resistência, outros de maior poder como os reinos da palestina talvez se opusessem antes de ceder. No fundo, quando percebessem a gravidade da situação se uniriam. Mas, a maior preocupação de Aziz eram os russos.

O imperador sabia muito bem que tratados de paz nem sempre eram levados a sério, e que Alexandre poderia mandar milhares de cartas de conteúdo duvidoso e melancólico apenas para tentar convencê-lo de que estavam do mesmo lado. Seus instintos diziam que precisava ser cauteloso, e que embora para os conselheiros se aliar ao império russo era a melhor opção, Aziz não estava certo disso.

Assim, antes de sair do quarto não deixou de observar Amber ainda adormecida. Seus pensamentos sobre como ela agiria durante aqueles dias agitados no castelo o atormentavam. Tinha receio que ela não pudesse se controlar caso visse ou escutasse algo que não concordava, ou que arrumasse atritos com a imperatriz russa. Certamente, com a personalidade forte que carregava poderia arrumar desavenças até mesmo com os governantes menos requisitados.

Tendo em mente que não conhecia a esposa do Czar pessoalmente não poderia tirar suas próprias conclusões a respeito das possíveis intrigas que ela e Amber poderiam ter, mas não deixava de pensar na possibilidade. E como se precisasse lembrá-lo que não tinha poder para controlar tudo, sua cabeça doeu.

Respirou fundo, deu um suave beijo na testa da imperatriz e saiu dos aposentos. Não tomou o desjejum naquela manhã e seguiu direto para a saleta de reuniões, onde o conselho já o aguardava.

*

Amber despertou de um longo sonho, do tipo que não podia se lembrar completamente mas que deixava uma sensação boa em seu íntimo. Se espreguiçou demoradamente e por instinto procurou Aziz ao seu lado. A colcha que cobria a cama já se encontrava fria, indicando que o imperador não estava na cama a um par de horas.

"Será que ele voltou para os anexos?" – Não evitou de pensar. Mas logo suspirou aliviada ao perceber que todos os pertences de Aziz continuavam ali, exatamente como havia deixado na noite anterior.

Se recostou na cabeceira da cama, refletindo sobre a noite que passaram juntos. Não conseguia mensurar o que sentia, era um misto estranho de euforia e excitação. Era como se tivesse descoberto como flutuar, como se a cada toque de Aziz seu corpo se transportasse para uma espécie de paraíso.

Então era aquilo? Eram aquelas sensações indescritíveis que sentiam enquanto estavam juntos? Eram aqueles toques, aqueles beijos, aqueles suspiros sedentos por mais que significavam que se amavam?

Não. Talvez em partes tivesse alguma parcela no amor, mas certamente não era aquilo. Não era aquilo que os conectava em todo o tempo, mesmo quando não estivessem juntos.

Fechou os olhos então percebendo que sua mente sempre trabalhava contra seu coração e seus desejos. Talvez as noites com Aziz não fossem de fato o puro e simples amor, mas eram algo. Ela teria de descobrir um dia, sabia que descobriria.

Seus devaneios foram interrompidos com uma batida em sua porta, que não se preocupou em aguardar uma resposta e logo o corpo miúdo de Karli se fez presente no quarto.

— Bom dia, imperatriz — Reverenciou-a com um sorriso feliz demais para uma manhã de nuvens sombrias e tipicamente otomanas. — Senhor Aziz, já se levantou? — Questionou procurando pelo imperador com os olhos.

Amber não hesitou um arquear de sobrancelhas, calculando todos os erros cometidos pela dama naqueles poucos instantes desde a batida na porta e a entrada repentina em seu quarto.

— Não sei como era a rotina da rainha enquanto acompanhava ela, mas comigo, Karli — Disse calma e enfática — As coisas serão bem diferentes.

— É claro, senhora. — Respondeu solicita — O que deseja mudar?

— Primeiro, nunca mais entre em meu quarto sem permissão. — A olhou com perfeita censura — Segundo, a vida do meu marido não lhe diz respeito. Você é minha dama de companhia, mantenha-se na posição que lhe coloquei. Estamos entendidas? — Questionou mantendo seu olhar altivo para Karli.

— Sim, senhora — Concordou engolindo seco e balançando a cabeça freneticamente em afirmação.

— Ótimo, quais são meus compromissos do dia? — Perguntou mudando de assunto

Assim, as duas passaram um pouco mais de uma hora entre organizar a agenda da imperatriz e arrumá-la para mais um dia no castelo negro.

*

— Eu não vejo a hora dos convidados começarem a chegar — Exclamou Samira enquanto rodopiava alegre pelo salão vermelho — Amber, sabe quantos possíveis pretendes podem vir? Quero dizer, os que sejam da minha idade, é claro. — Se corrigiu imediatamente ao lembrar-se das histórias de princesas que se casavam com homens muito mais velhos para que ocupassem o lugar de terceira ou quarta esposa.

A imperatriz não deixou de sorrir ladina, chegava a ser palpável a ansiedade da jovem cunhada e não deixava de se lembrar de sua própria irmã. Imaginou quantas coisas seriam diferentes se ela fosse igual a Samira ou Jade, o quão sua vida teria sido mais fácil.

— Eu imagino que muitos, Samira — Ela respondeu — Me desculpa, mas não pude contar... eram muitos convites. — Deu-lhe um olhar culpado — Mas eu tenho certeza que algum deles se encantará por você. Tem sorte de poder escolher, se assim desejar.

— E se eu escolher algum homem que Aziz não aprove? — Questionou preocupada — Ele é responsável por mim... se ele não aprovar... oh Allah... — Disse em murmúrios — Se meu irmão for contra... não poderia me casar, Amber. — E naquele momento os olhos verdes da ruiva já se encontravam encharcados.

Amber não sabia ao certo o que dizer, mas sorriu em compreensão.

— Não se preocupe com isso, seu irmão é um homem justo. Sei que só ficará contra se souber que não é um bom homem pra você.

— Vocês se entenderam, não é? — Questionou vendo que Amber defendera o imperador de repente. — Ele vou a dormir em seu quarto? — Disse com certa alegria.

Embora não pudesse negar, Amber não pôde evitar arregalar os olhos com a constatação da cunhada e acabou por deixar que o rubor lhe pintasse as bochechas. No entanto, não seria um assunto adequado para conversar com Samira, afinal, ainda era uma moça solteira.

— Evet, estamos nos entendendo. — Respondeu, logo mudando de assunto. — Alguns convidados devem chegar ao fim da tarde, imagino que os russos só cheguem pela manhã... se fiz as contas certas, é claro. — Comentou despreocupada

— Ouvi dizer que eles tem uma família grande, todos os filhos virão também? — Samira perguntou curiosa.

— Bem, imagino que sim — Respondeu duvidosa — Não obtive uma resposta ao convite... mas de qualquer modo, não daria tempo do mensageiro voltar antes do baile. Mandei que reservassem uma ala exclusiva para eles, ficarão confortáveis. — Disse enquanto cuidava de bordar um véu para sua apresentação na noite seguinte.

— Sabia que as criadas podem cuidar disso, não sabe?

— Eu sei, mas sempre bordei meus véus. — Respondeu dando de ombros — Minha mãe se ocupou de que não fossemos dependentes para tudo... Nunca se sabe quando precisaremos fazer algo... ou não teremos um ajudante disponível. Além disso, é extremamente gratificante fazer algo por si mesmo. — Explicou — Até mesmo meu irmão Jasper aprendeu a bordar — Disse entre risos.

Samira suspirou.

— Sua mãe me parece uma mulher sábia... — Comentou sentando-se ao seu lado — É uma pena que não possa conviver com você.

Amber parou o ponto do bordado no meio, absorvendo o que a cunhada dizia. Elevou o olhar até ela e respondeu:

— Sim, é uma pena. — Limitou-se a isto. Fazendo com que o silêncio se tornasse presente entre elas, até que Samira se ocupou com outras atividades no salão.

A imperatriz por sua vez, embora estivesse entretida com o bordado colorido, não deixava de pensar em sua família. Sentia tanta saudade. Tanta, tanta saudade.

*

O sol que se escondia por entre as nuvens dava sinais que adormecia assim que as primeiras carruagens foram vistas no território. Ao longe pela janela de seu quarto Amber podia observar uma a uma percorrer o extenso caminho de árvores secas que rodeavam o império. Algumas tão belas quanto se lembrava de serem as carruagens indianas, douradas e adornadas de pedras preciosas. Outras, tipicamente mais simples em tons de grafite, marcadas pelos brasões das famílias.

Não se recordava de ter tantos convidados que passariam alguns dias hospedados no castelo, mas vendo a quantidade exorbitante de veículos que estacionavam nos jardins, arfou surpresa.

— Aziz... — Chamou o imperador que lia alguns papéis enquanto se acomodava na macia cama de casal — Temos tantos vizinhos assim? — Questionou visivelmente preocupada.

— Os reinos mais próximos são constituídos de famílias consideravelmente grandes. Alguns sheiks e sultões têm entre oito e dez filhos — Comentou despreocupado.

— Dez? — Exclamou se virando para olhá-lo — Por Allah! É impossível... São muitos, Aziz! — Continuou estupefata com os imensos olhos dourados arregalados para o marido.

Aziz finalmente deixou sua leitura para encará-la, com um sorriso singelo se formando em seu rosto.

— É muito simples fazer tantos filhos. — Disse com certa ironia — Podemos tentar agora mesmo se assim desejar. — Elevou uma das sobrancelhas, sugestivo.

Amber ficou vermelha de vergonha e imediatamente voltou a observar a movimentação nos jardins. Logo ficara evidente o que o imperador havia lhe dito, a cada pequena aglomeração familiar que via, podia contar uma quantidade significativa de crianças e jovenzinhos de pouca idade que acompanhavam os casais. E embora, fosse tão comum quanto o nascer do sol não deixava de se surpreender ao observar o número de esposas que alguns sultões tinham.

— Por Allah... — Disse mais pra si mesma do que para que o imperador ouvisse — Cinco esposas... cinco! — Não deixou de exclamar o número exorbitante.

— O que foi, Amber? — Questionou vendo que a mesma continuava a murmurar baixinho

— Aziz, ele tem cinco esposas!

— Ele quem? — Perguntou confuso

— Lá! Não sei — Respondeu depressa — Não é um exagero? Não me admiro que tenham tantos filhos...

O imperador não conseguiu conter um riso.

— Não entendo sua surpresa, é muito comum... desde o número de esposas e muitos filhos. — Deu de ombros — A lei permite, sabe disso.

— Sim... mas... — Disse pensativa — Não entendo como podem... como podem...

— Como podem... o que?

— Oras, Aziz! — Exclamou ressabiada — Como elas conseguem dividir um marido? Eu não... eu jamais...

— Você jamais...? — Questionou incentivando-a concluir a frase

— Jamais dividiria você — Respondeu ainda com os olhos vidrados nos convidados — É absurdo... Não fui criada desta maneira... meu pai assinou um termo de que nunca se casaria com outra mulher além de minha mãe. Este é o certo... — Continuou a comentar.

Lembrar-se daqueles detalhes era quase como se pudesse sentir a família por perto. No entanto, aqueles detalhes certamente haviam mudado toda a história de Amber. Ela tinha consciência, nunca ousaram esconder a verdade. Se Said tivesse se casado com Mahira, a odalisca ainda estaria viva e uma guerra que culminou na morte tantos seria amenizada.

Mas sempre que Amber refletia sobre aqueles fatos pensava no quanto tudo seria diferente, se sua mãe biológica tivesse viva, nunca teria recebido o amor de Safira. Não seria criada igualmente como os irmãos ou provavelmente quando tivesse idade a teriam casado com qualquer homem de mínimas riquezas, apenas para se livrarem do fardo que representaria. Sabia que não seria de fato sua culpa não receber o amor do pai, mas certamente viveria as consequências dos atos de Mahira.

No fim, sabia que pelo certo ou pelo errado, sua vida tomou caminhos muito melhores do que teria se tudo tivesse sido diferente.

— Filhos de um segundo casamento sofrem, Aziz. — Disse quando já se distraía em pensamentos outra vez — Nem imagino como são tratados os filhos das últimas esposas, ou como elas são tratadas. Imagine passar a sua vida sendo mandada pela primeira esposa de seu marido? É cruel... e isso deveria acabar. É injusto, e muito doloroso para ambas as partes. — Prosseguiu explanando suas ideias sobre o assunto — Você não concorda?

— Não acredito que seja doloroso para o marido delas. — Respondeu – a — Mas sim, você tem razão. Não havia pensado por esse lado.

— É claro que não — Riu com sarcasmo enquanto negava com a cabeça — Quando é que vocês homens pensam em nós? — Se virou novamente para ele apoiando as mãos na cintura.

— Fez o seu ponto, imperatriz. — Lhe devolveu um sorriso esperto, demonstrando que não se magoava com o comentário dela.

Amber grunhiu e revirou os olhos.

— Não é como se fizesse diferença... o conselho jamais aceitaria uma mudança de leis. — Bufou inconformada — Mesmo que você concorde comigo, mesmo que eu seja a imperatriz deste reino, do que adianta? Se eu ousar falar algo assim na frente deles, te aconselharão a me mandar para a forca.

Aziz respirou profundamente a observando. Onde estava aquela Amber? Escondida em seu próprio mundo colorido ou perdida em seu abismo para que pudesse dizer coisas tão profundas quanto aquelas?

Era fato que nem mesmo ele, embora se considerasse muito mais justo que todos os conselheiros juntos, havia olhado para a causa das mulheres. Era fato que sequer eram assuntos que entravam em pauta. Elas nunca tiveram voz, ou poder de escolha. Amber era a prova de que um erro condenava uma vida inteira.

— O conselho precisa ser conquistado, Amber. — Disse — Talvez com o sucesso do baile... talvez possam dar ouvidos às suas ideias.

— Ora, Aziz... — Disse incrédula — A mim? Pensei que você faria isso... é muito mais fácil que fale com eles. Não me deixaram sequer entrar naquela saleta para uma reunião.

— Amber... é verdade que o conselho tem um peso muito grande no império, mas o poder é meu. E o poder também é da imperatriz. — Respondeu lhe estendendo a mão — Venha, deite-se aqui.

Amber o olhava confusa, mas não protestou e deu-lhe a mão se aconchegando ao lado de seu corpo.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que será ouvida. — Falou — Mesmo que eles discordem, que façam um estardalhaço ao perceberem que não podem proibi-la de exercer seus poderes. Talvez nada mude, não ainda. Mas você será ouvida, eu garanto que sim. — Completou dando-lhe um beijo no topo da cabeça.

— Shukran — Ela agradeceu — É um homem muito bom, Aziz. — Disse enquanto se aninhava em seu peito.

— Chega desses assuntos. É hora de dormir, imperatriz — Disse zombeteiro — Amanhã será um grande dia.

*

Império Russo – Alguns dias antes

Um choro alto e estridente ecoava pelo castelo. Nos braços de Isabel a pequena bebê se fazia escutar a plenos pulmões enquanto, em vão, a imperatriz ninava a menina.

— Por favor, querida — Ela pedia — Por favor, não chore... por favor — Dizia ao mesmo tempo que a embalava andando de um lado ao outro do quarto.

Isabel estava exausta. As últimas noites haviam sido difíceis com a filha tendo crises de choro contínuas e sem aparente explicação. Ao menos até aquela noite, pois a pele alva da menina apresentou inúmeras manchas vermelhas por todo o corpo, além da febre que só deixava seu corpinho mole e causava ainda mais choros estridentes.

— Eu sei querida... sei que está doendo — Repetia com pesar enquanto sua voz embargava a medida que as horas iam passando e nenhuma melhora acontecia — Eu sei minha pequena Alexia... vai passar, eu prometo.

Não queria acreditar que a filha pudesse estar tão doente, tinha tão pouco tempo de vida para que algo assolasse sua saúde daquela maneira. Mas não restavam dúvidas de que algo terrível acometera a menina.

As criadas iam e vinham do quarto, levando novas bacias com panos quentes e trocando as roupas de cama que encharcavam com a febre altíssima.

— Isabel... — Helena adentrou o quarto da sobrinha, encontrando a irmã em prantos com a menina em seu colo. — Vim assim que soube... como ela está?

— Não toma meu leite... nem mesmo o leite das amas, o pouco que ousou ingerir vomitou pouco tempo depois. — Disse entre um soluço e outro — Ela está tão quente... e agora essas feridas em seu corpo. Não sei o que há com a minha filha, Helena — Falou em profundo desespero

— Vamos... me dê ela um pouco, você precisa descansar — Disse se aproximando

— Não! — Exclamou se afastando de Helena — Pode ser contagioso... ficarei eu com ela. Já estamos juntas a dias... não fique muito próximo minha irmã — Pediu enquanto beijava a cabeça da filha incansável.

Helena então deu alguns passos para trás, mas não se retirou do quarto. Lhe partia o coração ver as duas daquele jeito sem que pudesse fazer algo.

— Onde está Alexandre? — Questionou

— Está com as crianças... — Isabel respondeu vagamente — Eles estão assustados, os criados falam coisas... me perguntaram se ela morrerá. — Revelou caindo no choro outra vez — Minha pobre Alexia...

A ruiva secou então uma lágrima fugitiva assim que a sobrinha tornou a explodir em prantos. Estava com dor, e sequer sabia falar.

— Quando o médico virá? — Perguntou preocupada

— Eu não sei... o chamamos a dias... eu não sei, Helena. — Respondeu deixando a filha no berço para finalmente se deixar cair no chão desolada. — Eu estou tão cansada... está tudo errado, Helena... tudo errado.

— O que está dizendo?

— Eu estou grávida. — Revelou — Outra vez. — Disse olhando para a irmã que a observava surpresa. — Estou grávida e a minha Alexia está doente... está tudo errado... tudo errado.

*

Alexandre se encontrava na cama rodeado pelos outros quatro filhos. Era difícil dar conta de todos ao mesmo tempo, e nem sempre precisava dar atenção total a eles. Quando se é um Czar de um império tão grande quando o russo, raramente sobra tempo para as crianças. No entanto, ele amava sua família e naquele momento nada mais era importante que eles.

Sei coração apertava ao saber que sua amada Isabel cuidava sozinha da filha doente enquanto nem mesmo ele que detinha tantos poderes podia fazer algo. Lhe restava, o que não era de modo algum menos importante, dar conta dos filhos mais velhos. Estes que apesar de serem novos já tinham consciência do que os assolava e em seus olhinhos verdes Alexandria via o medo.

— Pai? — Lucius, o mais velho perguntou — Alexia vai morrer?

Era uma pergunta forte demais para um menino de oito anos, mas como o Czar poderia mentir? Como poderia dizer qualquer coisa que não fosse a única verdade que sabia?

— Eu não sei. — Respondeu sinceramente vendo o menino baixar a cabeça triste.

As duas garotinhas de cabelos ruivos e idades muito próximas o olhavam a espera de mais informações. Eram espertas, perspicazes e muito curiosas. E a medida que o tempo passava acompanhavam Lucius, entre perguntas e questionamentos maduros demais para a média dos seis anos.

— Meninas... — Alexandre suspirou — Eu não sei... — Deu de ombros — A mãe de vocês está cuidando dela e nós precisamos aguardar aqui... para que vocês também não fiquem doentes.

— Então é contagioso? — O menino questionou

— Não sei, Lucius... — Respondeu passando a mão pelo rosto em exaustão.

— Pa pa papaiiii — A pequena Lucinda chamou sua atenção — Papai, papaaai — Dizia repetidamente a palavra que aprendera tempos antes.

— Sim querida... estou aqui — Disse trazendo-a para o seu colo — O que acha? Não está na hora de você dormir? — Questionou arqueando as sobrancelhas para ela.

— Mama...mamamamaãe — Ela respondeu — Mamamae fazer Lucy dormir — Disse entre risos

Lucinda era a mais nova antes da chegada de Alexia, e na idade de três anos ainda não falava plenamente todas as palavras, mas entendia muitas coisas. Carinhosamente os irmãos a chamavam de Lucy e assim sempre que falava de si mesma usava o apelido. Os cabelos castanhos e os olhos escuros eram o espelho do czar, que até o nascimento dela não tivera tantas semelhanças com algum dos filhos.

E assim como todos os irmãos, Lucy era apegada demais a imperatriz e as noites longe da mãe eram terríveis.

— A mamãe está cuidando da sua irmã Alexia, está bem? — Perguntou calmamente para que ela entendesse — O papai fará vocês dormirem hoje...

— Mamamamãe — Ela tornou a repetir.

Então tirando o czar de sua pequena bolha, um dos criados bateu a porta.

— Entre — Ele disse.

— Com sua licença, czar. — Reverenciou-o — Chegou um convite para vossa alteza. — Disse entregando o papel a Alexandre e se retirando imediatamente.

O convite de papel vermelho com flores em revelo carregava um brasão conhecido. O nome dos Ibrahims vinha cravejado por entre desenhos de espinhos e rosas que selavam o envelope.

*

Convocação Real

Sua Alteza a imperatriz

Amber Ibrahim

Tem a honra de convidar-lhes para o seu 1º baile em comemoração a sua coroação.

A realizar-se no período de dez dias, ao chegar da lua cheia. No palácio imperial otomano.

Sua família é bem-vinda para hospedar-se em nosso reino. Lhes aguardamos ansiosamente.

*

Alexandre respirou fundo, uma e outra vez. Um convite daqueles era a última coisa que desejava receber naqueles dias. Não tinha razões para comemorar nada, seu exército estava dizimado, suas economias se esvaiam cada vez mais e sua filha estava doente.

Largou o convite ao seu lado na cama e tornou a observar os filhos. Lucy havia pego no sono, enquanto as outras duas dormiam abraçadas. Restando apenas Lucius, que embora estivesse deitado, mantinha seus olhos abertos e alertas.

— Precisa dormir, Lucius.

— Não consigo... — Respondeu em sussurro para não acordar as irmãs — Estou preocupado com Alexia... e com a minha mãe.

O coração de Alexandre diminuiu consideravelmente naquele momento. Não lhe bastavam os problemas já vistos, precisava sentir a dor dobrada de ver os filhos sofrerem também. Talvez estivesse pagando por seus pecados, não sabia ao certo. Não acreditava na entidade dos orientais e não seguia fielmente a crença do ocidente. Apenas tinha certeza que estava sendo castigado.

— Pode cuidar de suas irmãs por alguns instantes? Preciso resolver uma questão.

O menino afirmou que sim, e então o czar se levantou da cama colocando sua capa de inverno e se retirou do quarto.

*

Robert lapidava alguns rubis durante aquela noite fria que muito lhe recordava dos dias em que esteve em batalha. Coberto pelo casacão se concentrava em adornar as joias com precisão. Se acostumava com a nova rotina aos poucos, fazendo serviços mais simples e que demandavam pouco esforço pois seu corpo ainda reclamava com os ferimentos da guerra.

E mesmo que ainda sofresse com os resquícios daqueles dias tenebrosos, estava agradecido por voltar a sua antiga profissão. O czar havia lhe dado a oportunidade de trabalhar com os outros joalheiros e ourives do palácio e desde então fizera amizade com eles e aprendera algumas novas técnicas, uma das que testava naquela noite.

Estava distraído quando a porta se abriu e a presença de Helena se fez. O vestido oliva arrastava pelo chão do quarto de joias fazendo com que tivesse de parar o que fazia para observá-la se aproximar.

Pensou em sorrir, como costumava fazer sempre que a jovem o visitava durantes as tardes. Mas os olhos vermelhos e inchados de choro indicavam que aquele não era um bom momento.

— O que aconteceu? — Perguntou deixando suas ferramentas sobre a mesa e limpando as mãos no avental que usava

— Alexia piorou...— Disse fungando — Ela está tomada por ferimentos... oh Robert... — O olhava com tanto pesar — Por favor, me abrace.

Helena não esperou que ela respondesse, se aninhando nele inesperadamente. E ainda que o abraço tenha demorado alguns segundo para ser retribuído se sentiu protegida quando os braços do joalheiro a circundaram.

— Eu sinto muito, Helena. Sinto mesmo — Disse beijando seus cabelos ruivos.

— Estou com tanto medo da possibilidade dela...

— Não, não diga isso — A interrompeu — Ela ficará bem... é uma menininha muito forte.

Disse, mesmo que não tivesse nenhuma certeza de que tudo ficaria bem.

Ficaram abraçados pelo que pareceu uma eternidade, apenas aproveitando o silêncio da companhia um do outro. E aos poucos o choro de Helena foi se cessando, até que se afastaram.

Robert secou gentilmente as lágrimas que escorriam pelo rosto da jovem enquanto lhe dava um sorriso compreensivo.

— Obrigada, Robert — Ela disse, beijando a palma da mão que ainda estava próxima de seu rosto.

Um pigarro ecoou na pequena saleta fazendo-os olhar para a porta de onde vinha o ruído. Alexandre os observava atento, com os braços cruzados e olhos perspicazes.

— Alexandre — Ela o reverenciou, não se importando em chamá-lo pelo primeiro nome.

— Czar — Robert preferiu manter o decoro. — Posso ajudá-lo em algo? — Perguntou engolindo seco, sabia que de tantas maneiras estar sozinho com Helena o condenava.

O czar por sua vez, ainda que pudesse e talvez devesse adiverti-los, tinha problemas mais importantes a serem resolvidos naquele momento. Deixando assim passar o deslize dos dois. Em suas mãos carregava o envelope vermelho que não se demorou em entregar a Helena para que pudesse lê-lo.

— Um baile? — Questionou confusa — Há muito tempo não vamos em um... estou certa que há muito tempo não fazem um. — Comentou se corrigindo.

— É em comemoração a coroação da nova imperatriz, como pode ver. — Alexandre explicou

— Não reconheço este nome... ela se casou recentemente? — Questionou para o cunhado

— Há poucos meses...

— Tem um nome tão diferente... — Disse sorrindo para o convite — Ao mesmo tempo que é tão único.

Robert não hesitou em ter sua curiosidade aguçada.

— Qual é o nome? — Perguntou tentando olhar o convite pelo canto dos olhos

— Amber... — Ela leu o convite outra vez — Imperatriz Amber Ibrahim.

O coração do joalheiro descompassou, as mãos imediatamente ficaram frias e sentiu que o ar começou a lhe faltar. Ela havia se casado, afinal. Não que depois de tantos meses duvidasse que o inevitável tinha acontecido, mas não ter a certeza era sempre melhor. E naquele instante todas as lembranças invadiram sua mente, fazendo com que precisasse se sentar.

— Está se sentindo bem? — Helena perguntou preocupada — Precisa de um copo d'água?

— Estou bem... apenas me senti tonto... não me alimentei ainda — Mentiu — Mas o que gostaria de falar, Czar? — Se direcionou a Alexandre, evitando olhar para a dama ao seu lado.

— Bem... — Ele pigarreou outra vez — Preciso que me façam um favor.

Capítulo enorrrrme! Mas vocês gostam né? haha

Samira ansiosa para o baile...Aziz preocupado...Amber aflita...

Isabel em prantos...Alexandre rodeado de problemas...Lady Helena triste...

E parece que nosso querido Robert reviverá algumas emoções...

Qual será o favor que o Czar vai pedir, hein?

Não se esqueçam de comentar e deixar um voto se gostaram.

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