Capítulo XXVI
| Alerta de hot |
Uma manhã fria de inverno nublava nas terras otomanas, estando muito mais ao Sul quase nos limites da fronteira não era raro que o recinto - embora desértico -, sofresse com baixas temperaturas mesmo durante o dia. Amber se deleitava em meio a seus muitos véus coloridos, dançando como amava fazer. Estava no harém, e embora não apreciasse o lugar e a companhia das odaliscas não poderia negar que fazer o que mais lhe dava alegria era o que de fato importava.
Os dias passavam depressa, e quando menos esperava faltavam apenas dois deles para o grande baile que preparava. Ali de olhos fechados podia sentir o mundo flutuar e por instantes imaginou que tudo estava normal outra vez. A imperatriz ainda não trocava muitas palavras com Aziz, se limitando a dar-lhe um singelo cumprimento quando se esbarravam pelos corredores do castelo ou um fugaz olhar quando o via de longe.
As marcas dos arranhões que a mesma causara em seus braços já não davam sinais e a pele dourada recuperava seu brilho outra vez. O choro que outrora a acompanhava por todas as noites havia se tornado raro e Amber por mais surpreendente que fosse começava a sentir um curioso sentimento.
Saudade.
Ausência.
Falta.
Não lhe eram incomuns, afinal estava longe de toda sua família e amigos. Mas vez ou outra enquanto se via deitada sobre a cama do quarto pensava na noite em que esteve com Aziz. Não nos momentos de remorso e dor, mas nos instantes que precederam todo aquele caos.
O imaginar do toque das mãos do imperador sobre sua pele às vezes lhe causava sensações involuntárias, o lembrar dos beijos trocados, da língua que pedia passagem por sua boca, da volúpia e indecência em que se colocavam sempre que estavam juntos. A mente de Amber parecia então trazer a tona os momentos que ela desejava esquecer, mas como, se esquecer era um ato impossível?
Talvez se parasse para pensar com clareza desde o início fora daquela forma. Quando a salvou de um destino cruel que teria ao lado de Abdul ou da vergonha que seria se tivesse ficado na Índia com a reputação manchada. Talvez e somente talvez naquele momento Aziz nunca de fato pensara somente em si mesmo. Talvez não tenha sido os instintos masculinos que o fizeram marcar seu território, talvez não tenha sido sequer por algum capricho. Talvez não tenha sido para amenizar a guerra que Fátima causaria, caso seu plano não se concretizasse. Ou mesmo não tenha sido pensando exatamente em cumprir o que havia ido fazer.
Talvez, pura e simplesmente, Aziz tenha a salvado porque a amava.
Seria cliché ou raro demais que tivesse acontecido daquela maneira, mas não havia outra explicação se não aquela. Ele a amou no instante em que a viu descer a escadaria do castelo dourado, a amou quando seus lábios beijaram gentilmente a mão, a amou quando os olhos de esmeralda fisgaram suas esferas ambares e então tudo ao redor se tornou irrelevante.
Talvez, se Amber tivesse prestado atenção a todos aqueles detalhes, o teria amado também.
E agora que estava ali enrolada nos véus, deixando que deslizassem por suas curvas sentiu saudade. Mas não sabia se era o suficiente.
*
- Samira, informe aos guardas não quero ser incomodado por mais ninguém - Aziz disse à irmã que havia invadido sua saleta de reuniões e o confrontado, tão igualmente ou talvez até mais que a rainha.
- Você não se sente envergonhado? - Ela questionou - Não me olhe assim, não sairei daqui até que escute tudo o que tenho a dizer.
- Ainda não disse o suficiente? - Questionou sem paciência
- Você ainda está dormindo nos anexos, então parece que não o fiz. - Respondeu irritadiça - Mamãe está uma fera, Aziz. E está descontando em mim! - Exclamou - Você ao menos poderia ter me contado que planejava um casamento de fachada, eu não importunaria Amber com tantas perguntas sobre amor e filhos. - Bufou deixando que seu corpo fosse acolhido por um dos sofás existentes ali.
- E porque você faz isso? - Ele a olhou sobre os cílios enquanto fingia ler um documento - Não acha que a incomoda falando sobre tais coisas?
- Agora que sei da verdade... - Suspirou - Creio que sim, embora ela sempre me responda tudo com muito gosto e delicadeza.
- Apenas por educação, eu creio.
- Talvez por que realmente se interesse, Aziz. - Respondeu revirando os olhos - Se você estivesse se ocupando em ser um bom marido para ela saberia dessas coisas, saberia mais sobre ela, sobre os gostos que ela tem e consequentemente sobre os assuntos que lhes é agradável.
- Está supondo que não sei. - Ele respirou profundamente tentando encontrar o que restava de sua paciência. - Você e mama tem o dom de fazer isso, mesmo quando não sabem absolutamente nada do que se passa.
Samira não hesitou arquear uma sobrancelha para o irmão.
- Não é preciso muito esforço para fazer tais suposições, Aziz. - Retrucou - Você a alguns meses me disse que tentaria, parecia tão disposto a fazer este casamento dar certo e agora fica fugindo... - Disse exasperada - Eu não entendo... não..
- Basta! - Ele elevou a voz - Basta, Samira! - Disse outra vez, se levantando para ir em sua direção - Não percebe que ela não me quer? Quantas vezes terei que repetir isso para vocês? Amber não me ama. Amber não me deseja. Amber não me quer por perto. - Disse pausadamente - Será que agora ficou claro?
- Dê a ela o que ela quer, então. - A irmã respondeu fazendo-o a olhar confuso - Dê a ela algo que ela realmente ame e deseja, se não é você, descubra o que é. Ao menos tente, Aziz. Por Allah! - Exclamou - O amor não diz respeito somente a vocês, mas ao resto que os acompanha.
- O que quer dizer? - Perguntou surpreso com as palavras de Samira.
- Quero dizer que não vai adiantar esperar que ela te ame apenas porque é você. Talvez Amber precise de algo maior do que isso... - Suspirou pensativa - Tudo foi tirado dela... eu imagino que seja difícil absorver tantas coisas. Até agora tudo o que ela fez foi por obrigação, por medo do que nossa mama poderia fazer ao reino. Talvez a ideia de que seja uma obrigação amá-lo a faça se afastar de você.
- Pode ter razão... - Ele disse pensativo - Mas... como eu poderia descobrir o que ela ama? Como posso fazer isso, Samira? Como posso me aproximar sem que ela recue?
- Comece devagar, Aziz. - Respondeu - Mande seus pertences de volta aos aposentos e dê a ela um presente, não precisa ser nada grandioso. Apenas comece... - Lhe sorriu compreensiva.
- Farei isso, ainda hoje - Lhe devolveu um olhar cumplice.
*
A tarde começava a se anuviar quando Amber se retirou do harém e se recolheu em seus aposentos. A decoração colorida a fazia se sentir acolhida e talvez até mesmo um pouco mais feliz no castelo negro. Usava um longo vestido de cor púrpura, tom que não lhe era costumeiro, embora destacasse com veemência o dourado de seus olhos. Sentia um ansiedade estranha enquanto adentrava o recinto, um sentimento pré-disposto a fazê-la procurar pelo lugar. O que exatamente estava em busca não sabia ao certo, mas seus olhos passearam por todo o ambiente.
Suspirou uma e outra vez, observou o quarto mais um pouco até notar a presença de novos baús. Talvez a palavra certa para descrevê-los não fosse esta, mas para a imperatriz certamente se tratavam de novidades. Eram os baús de Aziz, assim como as túnicas e os turbantes que estavam nas gavetas recém-organizadas. Na escrivaninha ao lado da cama estavam o relógio de bolso e a lamparina, itens que se fossem comuns a ela teriam passados desapercebidos. Mas tudo naquele quarto tinha cheiro de Aziz, e que fosse jugada pela contradição, mas como sentira falta daquele perfume.
Não. Certamente não havia somente aquele aroma almiscarado, mas um caramelo quente e deveras adocicado pairava pelo ar. Frutado, banhado no mais puro açúcar. Figos caramelizados, não tinha dúvidas.
A boca não hesitou em salivar, o nariz em aspirar, os olhos de procurar e inevitavelmente não evitou um arfar de desejo pelos doces.
Teria tido uma reação diferente se tivesse encontrado a bandeja de doces em cima da cama, mas como o destino adorava levar Amber à beira do precipício era inconcebível que a surpresa não viesse junto das especiarias finas.
E ali estava, no instante em que se virou em direção ao lavabo, Aziz.
Poderia ter disfarçado o susto, o olhar arregalado, as mãos que suaram, o coração que palpitou. Poderia dentre tantas coisas ter tido qualquer reação. Mas quem a julgaria?
Porque ele não parecia seguir à risca os conselhos que recebia, e muito menos tinha paciência para ir com calma. Assim, em sua frente estava Aziz em todo o seu esplendor.
Nu. Despido. Indecente. E a própria imperatriz diria: Arrebatador.
Segurando a bandeja de doces enquanto a olhava com a mais inocente feição que conseguia manter.
- Vai ficar aí parada, imperatriz? - Questionou com a voz rouca - Doces de figo não são os seus preferidos?
Amber abriu a boca incontáveis vezes sem palavras suficientes para respondê-lo.
O que ele estava pensando? Não podia ficar em sua frente daquela maneira, tão... tão... tão...
Sim, as palavras também sumiram de sua mente, que naquele instante só lhe dizia uma coisa: Corra. Saia do quarto imediatamente. Embora, ao menos uma vez ou duas o coração de Amber tivesse forças suficiente para tomar as rédeas da situação.
- Vai voltar a dormir aqui? - Perguntou tentando se manter sã, enquanto fitava qualquer coisa que não fosse o corpo escultural do marido.
- Sim, eu vou. - Respondeu com um sorriso ladino - Gosta do que vê? - Ousou perguntar
- E vai continuar a me provocar com suas insinuações indecentes? - Arqueou as sobrancelhas cruzando os braços ao redor do corpo
- Provavelmente, imperatriz. - Respondeu, jogando a cabeça levemente para o lado - Mas algo me diz que você gosta. Não admite, mas gosta.
Ele certamente não diria em voz alta, mas o rosto avermelhado, o engolir seco, os olhos que procuravam se fixar longe dele, o pé que batia freneticamente no chão. O respirar fundo, uma, duas, três vezes. Tudo em Amber indicava que ela gostava muito do que via, mas era orgulhosa demais para admitir.
- Estou errado, imperatriz? - Ele continuou, dessa vez se aproximando um pouco mais, dois passo exatos. - Por que não assume que seu corpo deseja o meu, tanto quanto o meu deseja o seu? Por que não se permite me olhar por inteiro, sem qualquer pudor? Por que não deixa suas mãos nervosas...- Disse entre risos, ao vê-la secar as mãos suadas no vestido - Me tocarem, me arranharem, me marcarem como seu? - Falou, e dessa vez já estava próximo o suficiente do ouvido de Amber, sussurrando enquanto ela tentava se manter em pé. - O que me diz, imperatriz?
Ela o olhou profundamente, silenciosamente, libertinamente ao passear os olhos pelo corpo se demorando tempo suficiente observando sua intimidade, até que os olhos voltaram aos seus e tomou coragem.
- Então, é melhor que me chame de Amber. - Disse enquanto seus dedos gentilmente abaixaram as mangas do vestido fazendo-o cair no chão.
Aziz a olhou surpreso.
- O-oque está fazendo? - Perguntou quase gaguejando.
- Consumando esse casamento - Respondeu se aproximando dele e colocando um dos doces de figo em sua boca.
A bandeja não demorou muito para encontrar outro lugar que não fosse as mãos de Aziz, pois essas prenderam a cintura dourada de Amber tão próximo quanto pôde de seu corpo.
- Por quê? - Ele questionou enquanto se embebedava de seus olhos - Por quê mudou de ideia? Não vai se arrepender quando o sol nascer? - A preocupação era evidente, quase como se pudesse tocá-la.
- Porque eu quero. - Foi tudo o que ela respondeu antes de beijá-lo.
*
Aziz poderia ser condenado por sua completa indecência e certamente julgado por seus atos pecaminosos. Ao menos, seria julgado pelos mais pudicos. Talvez estivesse errando novamente, indo pelo caminho muito mais difícil. Mas não se convencia de que seus problemas com Amber seriam resolvidos na base da pura e singela amizade.
Ele sequer tinha condições de trocar meia dúzia de palavras com ela sem que a desejasse fervorosamente e se realmente tivesse tido tempo para trocar mais que esta conta de palavras, tinha certeza que não chegariam até aquele ponto.
Ele não teria chegado até aquele ponto.
A ideia dos doces surgiu após o sermão que levara da irmã e então uma sucessão de acontecimentos precedeu aquele dia. Inicialmente não tinha a intenção de retornar ao quarto, mas ao perceber o que sua mente libertina planejava imaginou que voltar aos anexos na calada da noite seria impróprio, se não, desnecessário. Assim, ordenou que levassem de volta todos os seus pertences. Mandou que fizessem uma bandeja farta de doces de figo e assim que adentrou o quarto não pensou duas vezes antes de retirar toda sua roupa.
O imperador parecia gostara da ideia de tudo ou nada, oito ou oitenta. Então, se tentaria conquistá-la outra vez teria de ir pelo caminho que embora parecesse o mais fácil certamente era o mais dolorido e injusto. Amber já o havia rejeitado uma, duas e se pensasse melhor talvez três vezes. Mas sempre havia algo nos olhos dela que lhe diziam que por mais que a racionalidade da imperatriz conduzisse-os ao abismo, o coração dela implorava pela redenção.
Não evitou em sorrir de lado quando a viu entrar no quarto, percorrer com os olhos pelos objetos pouco familiares e finalmente notar sua presença. Ele certamente não esqueceria o espanto e a faísca de luxúria que eram estampados em suas íris douradas, tampouco do gosto caramelizado de seus lábios juntos aos seus.
Até aquele instante não pensara o quanto sentira falta daquele beijo. Da boca farta e rósea que prendia fugaz entre os dentes, das línguas que dançavam uma perfeita valsa e do quanto aquele único gesto que os unia fazia seu coração se aquecer de tal maneira que nada mais no mundo importava.
Permaneceu envolto naquela aura de tentação tempo suficiente para que a imperatriz sentisse necessidade em respirar. Assim afastando-se apenas o mínimo para que pudessem recuperar o folego e para que seus olhos ficassem frente a frente. Aziz demorou-se em admirá-la, Amber estava tão bonita naquele início de noite, os cabelos que costumeiramente ficavam soltos e escondidos pelos véus coloridos pendiam em um coque trançado que se desenhava pelas melenas escuras. A cútis jovial sempre tinha aquela aparência de quem precisava de muitas horas de sono, embora Aziz não achasse qualquer defeito nos arroxeados a baixo dos olhos. O nariz sempre arrebitado e os lábios convidativos para mais beijos. Tinha enfeites por toda lateral das orelhas e tímidas joias presas nelas, que lhes davam uma delicadeza que nem sempre era encontrada.
Ele pensou que poderia passar o resto da vida ali, olhando-a. Logo depois de passar o resto da vida beijando-a, sem dúvidas.
- Por que está me olhando assim? - Ela perguntou desconfiada
- És tão bela... - Sussurrou deslizando as falanges pela face bronzeada - Bela... bela demais, Amber.
Aziz percebeu o ruborizar que imediatamente pintou-lhe as bochechas e imaginou de que outras maneiras ele poderia causar sensações parecidas a ela.
- Por favor, me beije. - Ela pediu quando já não parecia suportar a distância e o silêncio que os separava.
- Amber... - Ele disse fitando-a com voracidade - Se me pedir para continuar, não pararei desta vez. Não pararei até que seja minha. E não deixarei que duvide disso amanhã. Nós precisamos conversar - Disse indo contra seus próprios planos.
Mas quem o julgaria? Sequer pensou que ela cederia.
- Conversaremos amanhã. Mas, por favor - Ela suplicou - Me faça sua esta noite, Aziz.
*
Amber naquele instante em que seus lábios se separaram ousou em pensar como havia sido tola. Embora tivera sensação parecida semanas antes, daquela vez era diferente. Enquanto aqueles infinitos olhos verdes pareciam a admirar, sentiu seu coração descompassar, bater um ou dois segundos mais depressa, e um frio de pura antecipação a atingir no baixo-ventre. Era segurada com força pelos braços do imperador e ali envolta por ele parecia tão pequena.
- Você tem certeza? - O escutou perguntar pelo que parecia a milésima vez - Nós não preci...
- Não parecia tão em dúvidas ao me esperar nu - Disse elevando as sobrancelhas para ele - Ou não me deseja mais?
A imperatriz não deixou de notar um sorriso quase sarcástico enfeitar os lábios de Aziz e se tivesse algum poder para ler mentes certamente teria se assustado com todos os pensamentos que passaram pela cabeça dele com aquela simples pergunta.
Ele não precisou dizer nada.
Amber arrepiou quando as mãos que outrora se mantinham firmes em sua cintura procuravam com os dígitos fugazes arrancar os pequenos botões do vestido de cor branca que sempre usava de baixo dos outros. Arfou ao sentir os lábios apressados beijarem seu pescoço com vontade, ao sentir o hálito fresco bater contra sua pele quente, ao notar que em instantes tudo o que a vestia eram as roupas íntimas.
- Nunca mais me pergunte isso - Ele disse entre um beijo no externo e um aperto na cintura que colara Amber ao seu corpo. - Não houve um só dia em que não te desejei, nunca haverá. - E seu olhos fixados no dela diziam que era verdade.
A imperatriz ousou em beijá-lo outra vez, apenas para sentir de novo aquelas sensações que a invadiam cada vez que se permitia ser amada daquela maneira. E não soube como um beijo podia causar tanta confusão dentro de si, embora, naquela noite estivesse com plena certeza do que fazia.
Teve mais certeza ainda quando seu corpo foi repousado sob a cama macia e como em um flashback de dias não tão distantes ansiou por ter aquele mesmo homem, aquela mesma boca e aqueles mesmos dedos entre suas pernas.
*
Aziz parecia sonhar, porque finalmente estava exatamente onde sempre desejou. Talvez não tivesse almejado aquele momento ou sequer imaginado que a imagem da esposa deitada em sua cama e seminua era algo que jamais esqueceria.
Ela seria dele.
Somente dele.
Ao menos no coração de Aziz morava aquela certeza, de que não importaria o que viesse a acontecer, depois daquela noite juntos Amber seria sua.
Para sempre.
Se censurou antes que ousasse perguntar outra vez se ela tinha certeza, talvez se continuasse a questionar ela desistiria, sairia dali fugida quando finalmente se desse conta do que acontecia. O imperador não negaria a ninguém que no fundo esperava que na primeira oportunidade Amber sairia correndo daquele quarto.
Mas contrariando seus pensamentos importunos ela continuava ali, esperando, observando enquanto ele se via perdido em milhares de desculpas para não acreditar que estavam juntos. Parecia bom demais para que fosse verdade, mas era. E como era bom.
Percebeu certa pressa na imperatriz ao sentir pequeno corpo se remexer em baixo de si, e saindo de seu transe a fitou outra vez. Desejo talvez fosse pouco para descrever a dança que as íris douradas faziam enquanto aguardavam por qualquer novo toque dele e assim o fez, deslizando suavemente as falanges por toda a extensão da coxa e então das curvas bronzeadas, para que segundos depois os dígitos acarinhassem o rosto jovem dela.
- Me desculpe por estar tão distraído - Disse vendo-a se remexer outra vez - Um pouco lento... - Disse entre risos - Eu... esperei tanto por esse momento, Amber. - Confessou olhando profundamente em seus olhos.
Naquele instante, Aziz se sentia um menino outra vez. Era tão estranho finalmente conseguir algo que tanto desejava. E quando era seu, não sabia o que fazer.
- Eu sei... - Sorriu singela - Me desculpe por fazê-lo esperar - Disse ao mesmo tempo em que uma das mãos se elevou até a face dele, deixando um carinho fugaz entre a bochecha e a barba avermelhada.
- Por favor... não nos faça esperar mais, Aziz - Continuou vendo que ele ainda permanecia quieto - Me beije, me beije outra vez. Por favor. - E pela primeira vez, ela implorou.
A sensação dos lábios de Aziz nos seus era sempre nova a cada beijo que trocavam, mas nunca poderia ser comparar aos beijos que recebia em sua intimidade. A barba que tempos antes não estava tão cheia lhe causava arrepios involuntários cada vez que roçava em sua pele delicada. Seus dedos se prendiam entre as melenas ruivas numa tentativa falha de se conter das nuances de desejo que a inundavam, enquanto os lábios íntimos eram beijados, lambidos e invadidos com voracidade e se pudesse descrever, com fome.
E então, o calafrio que despontava dos dedos dos pés e que se seguia ligeiro pelas pernas, coxas e que parava ali no baixo-ventre, veio como um tsunami inesperado que a fez gemer em alto e bom som enquanto se derramava nos lábios sedentos do imperador.
Amber sequer teve tempo de raciocinar e sentiu o peso de Aziz sobre si, as pernas como se soubessem o que fazer se enroscaram nele lhe dando acesso total ao seu corpo. Vagarosamente as digitais iam marcando sua carne, apertando as coxas torneadas enquanto se beijavam outra vez.
Os beijos do imperador logo se destinaram para baixo, se demorando no externo enquanto lambia e mordia o pescoço longilíneo. As mãos de Amber passeavam pelas costas enquanto se desfazia entre um suspiro e outro. A fricção entre os corpos e o calor que emanava dos dois a fazia sentir outra vez aquelas sensações que não sabia dar nome, e se sentiu quase que no céu ao ter um dos seios entre os lábios de Aziz.
Apertava, apalpava, chupava e não se negava a mordiscar os pequenos vales da imperatriz, que naquele instante notou caberem perfeitamente em suas mãos. Se deleitou em provar cada detalhe, descendo seus beijos para o umbigo e barriga plana, aproveitando-se das curvas acentuadas da esposa. Seus dedos embora fizessem os mesmos caminhos dos lábios encontraram destino melhor ao tocarem no centro prazeroso dela. O que foi suficiente para que um gemido ficasse preso em sua garganta.
- Você está tão pronta... - Disse em seu ouvido voltando sua atenção para o pescoço, enquanto um dedo ousava estimulá-la.
- Aziz... - E outra vez parecia implorar - Aziz... por favor.
- O que, Amber? O que você quer? - Sussurrou no outro ouvido
- Você, eu quero você.
E daquela vez, era verdade.
*
A ansiedade que envolvia todo aquele momento era quase palpável, já estavam submersos naquele antro de desejo e volúpia que não havia possibilidade de voltar atrás. Aziz se afastou um instante para observá-la outra vez, quando haviam retirado o restante das vestimentas já não se recordava, mas aquela visão seria sua pelo resto da vida.
A boca inchada, a respiração entrecortada, os cabelos esparramados sobre os travesseiros, os braços ao redor da cabeça formando um perfeito arco. As pernas entrelaçadas em sua cintura e a excitação evidente que escorria pelas pernas. Os seios arrebitados e intumescidos, a temperatura corpórea convidativa e sem dúvidas o sorriso envergonhado que ela deu ao perceber que estava sendo observada.
Ele nunca mais se esqueceria daquela cena.
- Amber... - Engoliu seco ao dizer - Precisa me dizer se quiser que eu pare... eu...
- Aziz...
- Prometa - Disse incisivo, o que a fez rir com a audácia de dar ordens até naquele momento.
- Eu prometo que direi... - Respondeu elevando o quadril, ansiosa por mais dele e certamente farta daquele diálogo.
Aziz sorriu de lado. Ela estava impaciente e desejosa. Precisava do alívio que só ele poderia dar, precisava dele, precisava de mais.
Deitou-se então sobre ela novamente, deixou um beijo fugaz nos lábios enquanto posicionou sua intimidade sobre a dela. Deslizou uma e outra vez sentindo a lubrificação e o pulsar de sua carne e assim segurando o rosto com uma das mãos e uma das coxas com a outra, penetrou sua virtude. Naquele instante em que um grito foi calado por sua boca e que os olhos verdes dele lhe disseram tudo o que aquele momento significava, uma ou duas lágrimas se derramaram.
- Me perdoe... - Ele disse beijando as lágrimas fugitivas - Pode me apertar, pode me machucar... não queria que doesse tanto, habib. - Continuou a falar, cessando seu movimento para que Amber se acostumasse com ele.
As unhas dela fincaram em suas costas e as pernas pareciam travar em seu quadril e os olhos certamente estavam vidrados nos seus.
- Você está bem? - Questionou preocupado - Amber...?
Ela afirmou com a cabeça em silêncio
- Podemos parar...
- Não, não, não - Negou rapidamente - Eu só... esqueça - Disse puxando o para mais um beijo.
Desta vez, os lábios estavam muito mais famintos, como se precisassem do doce mel para sobreviver, como se dependessem daquela dança de línguas, como se tudo se resumisse à aquele encontro.
- Continue, por favor - Se afastou afagando os cabelos rentes à nuca - Eu quero mais de você, Aziz. Por favor - Disse, selando os lábios mais uma vez.
Então, ele voltou a se mover.
Lento, com calma enquanto apreciava a delicia de se sentir no paraíso. Lento, com a delicadeza que era necessária, com o aperto que lhe era surreal, com os sussurros baixos que lhe levavam a flutuar.
Lento, até que as pernas puderam se soltar, levitando e se entrelaçando a cada novo movimento. Lento até que as unhas passaram a deslizar sobre o dorso, até que os dedos repuxaram os finos cabelos, até que o primeiro espasmo lhe atingiu.
Lento, enquanto a boca encontrou os seios e os chupou com veemência até que estivessem extasiados. Lento, enquanto as mãos se moviam pelas curvas, deleitando-se do corpo bronzeado.
Lento, até que os corações se ritmaram, que os olhos se encontraram e que os gemidos se tornaram frequentes. Lento, até o primeiro fechar das íris, da contração dos dedos e do prender de lábios entre os dentes.
Lento, até que se tornou rápido.
Rápido, quando não se podia mais distinguir sussurros de gemidos, beijos de chupões, estalos de apertos.
Rápido, com toda a vontade que estava guardada. Rápido, com o primeiro prender de cabelo entre os dedos, com o cruzar das pernas ao seu redor.
Rápido, quando o calor emanou mais forte, enquanto o fôlego já ameaçava acabar. Rápido, quando as digitais já deixavam marcas na pele.
Rápido, rápido, rápido.
Rápido, quando o êxtase veio, quando o revirar de olhos se fez presente, quando o corpo arqueou não aguentando a distância. Rápido quando os dedos se entrelaçaram. Rápido quando precisavam de mais mesmo quando já não havia.
Rápido, até o corpo estremecer, até o gemido mais alto sair, até tudo se desfazer em milhões de estrelas.
Rápido até tudo se tornar lento, outra vez.
Se olharam, plenamente satisfeitos enquanto continuavam emaranhados um no outro, presos pelo próprio desejo. Unidos pelos beijos&arranhões&fluidos que faziam parte deles.
Amber arfou, gemeu e suspirou quando ele se retirou deitando-se ao seu lado. Não sabia se precisava dizer algo, ou se era melhor ficar em silêncio. Optou pelo mais fácil, ou pelo esperado. Não sabia ao certo. Mas assim o fez, sem precisar decidir quando o imperador a puxou para mais perto, fazendo-a repousar a cabeça sobre seu peito enquanto a abraçou.
Bem ali quietinha, podia ouvir os batimentos do coração dele e não hesitou em sorrir. Se tivesse percebido tantas coisas antes, o teria amado desde a primeira vez.
Já o imperador, enquanto acarinhava os cabelos negros dela, desejou que aquele instante nunca acabasse. E sorriu, lembrando-se do dia em que a viu descer a escadaria dourada. Embora tivesse demorado a admitir, a amou desde a primeira vez.
- Eu te amo, Amber - Disse, antes de adormecer ao seu lado.
EEEEEEEEITA QUE EU VOLTEI, capítulo delicioso pra vocês...
Deixem seu comentários, vocês gostaram? Esperavam por isso?! O que acham que acontecerá agora? Deixem suas teorias, adoro ler!
Oficialmente já passamos da metade do livro... prontas para as típicas confusões desérticas? hahaha
Querem bônus do Robert mais uma vez? Me contem!
Um beijão da Lari
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