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Capítulo XXIV

Um mês depois

Batidas insistentes na porta despertaram Âmbar de seu sono matinal. Haviam se passado trinta longos dias desde que Aziz abandonara o quarto e não fora mais visto por ela. Sua rotina continuava da mesma maneira, se revezando entre os cafés da manhã ao lado da cunhada, como horas que dedicava observando o harém, uma ou outra conversa com a rainha. Nada além do esperado, nada além do que ela poderia fazer.

Levantou-se rapidamente a fim de descobrir quem tanto insistia em vê-la por aquelas horas da manhã.

- Sim? - Perguntou abrindo apenas uma brecha da porta

Samira estava ali, com os olhos verdes tão iguais ao de Aziz a fitando com certa ansiedade.

- Amber ... - Disse quase sussurrando - Precisam de você na sala de reuniões ... parece que temos problemas ... - Disse com certa preocupação em seu rosto. 

- Está bem, irei me arrumar - Respondeu rapidamente enquanto fechava a porta.

Problemas ... já não tinha uma cota grande demais deles? Talvez não, ao menos os conselheiros do reino não achavam que tinha. Nos dias que passaram Amber observou o ir e vir dos homens no castelo. Praticamente todas as manhãs se reuniam com Aziz e passavam horas dentro das saletas, no entanto, durante aquela semana os encontros anteriores se intensificado.

Amber não tinha como saber quais assuntos eram tratados entre eles, mas imaginava através das fofocas que surgiam entre os criados do castelo que se tratavam de sérios dilemas, estes que envolviam directamente o império russo e os reinos do ocidente.

Karli sua dama a ajudava a vestir-se, o corselete sempre muito bem apertado colocava todas as curvas em seus perfeitos lugares e acolhia o volumoso vestido azul escuro. O modelo era um dos mais elaborados que já usara, com mangas bufantes e repleto de bordados em fios negros. Cada vez mais se tornava um exemplar otomano, levando em suas vestes cada lembrete de que agora pertencia àquele reino.

- Senhora? - A dama chamou sua atenção

- Sim? - Respondeu enquanto Karli terminava de apertar seu vestido

- Posso fazer uma pergunta?

Âmbar arqueou como sobrancelhas embora a dama não possa vê-la de frente. E suspirou concordando com a cabeça.

- Claro, fique à vontade

- Muitos criados estão comentando que o imperador não comparece em seus aposentos por muitos dias ... - Falou com certo receio - Há algo de errado? - Perguntou e parecia muito mais preocupada do que curiosa.

- Não. - Amber respondeu sucinta - Não há nada de errado. - Pigarreou procurando as palavras certas. - O imperador tem estado muito ocupado com as questões do reino ... não gosta de me incomodar quando volta de sua sala na madrugada. - Mentiu

- Entendo - A dama respondeu - Me perdoe pela curiosidade.

Das muitas coisas que havia aprendido com a rainha era que jamais deveria dar satisfações aos seus criados. Eles perguntariam, questionariam, seriam tomados por súbitas curiosidades todos os dias e por Allah, a deixariam louca quando começassem a dar suas singelas opiniões.

"Não se pode dar tais liberdades aos subordinados" - Era o Fátima sempre dizia - "São como abutres à espera de um pedaço de carne, dê a eles o que querem e será sua ruína."

- Sugiro que contenha sua curiosidade Karli - Avisou-a - A vida de seus sóbrios não lhe diz respeito. - Disse virando-se em direção a porta do quarto.

- É claro, senhora - Ela respondeu desconcertada abaixando a cabeça - Perdoe o meu comportamento. A acompanharei até a sala de reuniões - Disse ameaçando seguir a imperatriz.

Mas logo foi parada pelo gesto de mão de Amber.

- Eu conheço o caminho - Disse com seriedade - Arrume algo mais interessante para fazer, Karli. Posso me cuidar sozinha. - Falou se retirando do quarto enquanto o longo vestido arrastava pelo chão.

Talvez cada vez mais ficasse evidente que a personalidade altiva e deveras intrigante de Amber se tornava palpável. Os ensinamentos de Fátima se mostravam presentes pouco a pouco mesmo que a imperatriz não percebesse.

*

- Eu já disse que não! - Aziz bravejou esmurrando a mesa em sua frente - Não quero aquele homem em meu castelo, não quero a presença daquele povo aqui. - Gritava para os conselheiros.

- É perfeitamente aceitável que os receba, imperador! - Um discordou - Pelo bem de todos ... haverá de ceder! - Disse exasperado

- Eu concordo

- Eu também - Mais outro falou - Imperador ... seja razoável ... - Disse passando a mão pelos cabelos grisalhos - Estamos em uma situação difícil, a guerra está cada vez mais próxima de nós ... temos que nos aliar a alguém !

- Eu não vou me aliar a Alexandre! - Esmurrou outra vez a mesa

- Então todos pagaremos! - Um deles veio até a mesa o encarrando avidamente - Todos morreremos pois não quer agir como um homem de verdade. Acabará se transformando como seu tio e nos levará a pior das ruínas. - Disse em um rosnar perfeito.

Aziz fechou os olhos. Aquele era um de seus piores pesadelos, uma guerra. Evidente que sempre for uma realidade, mas não parecia estar tão próxima a ponto que precisasse procurar aliados.

- Temos um histórico com o império russo, senhores. - Ele disse controlando sua fúria - Por séculos .... - Fechou os olhos como se pode lembrar - Nosso império sofre nas mãos deles e agora querem que sejam nossos aliados? - Perguntou incrédulo aos homens.

- O Czar sugeriu uma trégua a meses, senhor! - Um comentou - Eles já passaram por uma guerra, e acabam de enfrentar outra ... não acha que também precisam de aliados?

- Dizem que o exército deles foi dizimado senhor ... e as doenças cada vez mais são vistas aos arredores do reino, assim como acontece aqui. - Outro falou - É certo que se unirmos enfrentam o exército ocidental.

- Não temos escolha.

- Terá que ceder, imperador.

Aziz bufou, trincou os dentes e ameaçou esmurrar a mesa outra vez. Tudo o que não era ter de conviver com os russos queria, com a prepotência do Czar. Certamente sua mãe ficaria furiosa em saber que em breve visitas no castelo.

- E como faremos isso? Não podemos convidá-los sem um motivo plausível. Outros reinos saberão e desconfiarão de nossos planos ... não podemos fazer isso às claras.

- É para isto que serve a imperatriz, afinal - Um deles se prepara se aproximando e gesticulando com as mãos - Um baile oferecido por ela, é uma desculpa memorável para receber nossos vizinhos russos. - Disse com um sorriso no rosto - A esposa do Czar é uma imperatriz encantadora, e com tantos anos reinando pode ter algo a ensinar para nossa querida Amber. - Disse em tom provocativo.

- É perfeito ... - Comentaram

- E ninguém desconfiará de nada. - Um disse numa mistura de riso e excitação - Poderemos nos reunir com o Czar durante o baile e certamente nenhum tempo que durar a visita ... é certo que fiquem alguns dias no reino em cortesia pelo baile.

- Não ... não quero Amber envolvida nisso - Responder com certa raiva.

- Mas era justamente o senhor que a um pouco mais de um mês gritava a todos os cantos que ela deveria ter algum poder. - Falou em exaspero o mais velho dos conselheiros - Agora ela terá a oportunidade de fazer algo. Será mediadora de todo o encontro entre os impérios ... ora Aziz ... não seja tolo. - Resmungou - Não temos outra saída.

Ele não sabia o quanto se arrependeria das coisas que desejava. Havia evitado Amber durante todo aquele mês, nunca ficavam no mesmo ambiente e não falava sobre ela com ninguém, embora sempre que o viam o nome dela surgia em algum momento da conversa. Agora além de ter que falar com ela, comer que agir como um belo e feliz casal recém-casado, principalmente na frente do Czar e de sua esposa.

- Está bem - Concordou ainda contrariado - Chamem-na aqui, teremos que informar como tudo funcionará. - Disse sentando-se em sua cadeira, enquanto os conselheiros tornavam a conversar entre si.

*

Amber caminhava calmamente embora seu interior esteja tomado por um evidente nervosismo. Não renovar imaginar os motivos que fariam chamá-la até a saleta dos homens, mas certamente nada a deixava mais nervosa do que a mais possibilidade de ver Aziz outra vez.

Tivera tempo suficiente naquele mês para refletir sobre suas ações e para pensar sobre quanto uma mãe ficaria desapontada com ela se soubesse sobre seu comportamento. Estava agindo como uma princesinha frágil e indefesa, uma versão sua que muito desagradava a si mesma.

Como as conversas que trocara com a cunhada também foram de muito valor, Samira parecia sempre saber o que dizer e como fazê-la refletir sem ser mal educada ou inconveniente. Parte da personalidade era de clara proveniência da rainha, que educou a jovem ruiva com toda classe e elegância de uma verdadeira rainha.

A imperatriz por sua vez a cada dia percebia não possuir aquela sutileza da cunhada, tampouco a delicadeza com a qual Samira era habituada a tratar tudo e todos. Eram completamente diferentes, mas podem se entender de modo perfeito, o que nas últimas semanas acabou por aproximar as duas.

Talvez fosse exatamente aquilo que Amber precisava. Uma amiga, alguém de idade próxima com quem pode conversar e dividir seus medos e angústias, alguém que não fosse Aziz, alguém que não a fizesse perder ou rumo de seus pensamentos.

Mas agora estava ali sozinha outra vez, tendo que assumir o controle de sua vida. Caminhando rumo ao que sabia se se seria bom ou ruim. Estava ali, porque havia sido forjada para aquilo, para auxiliar nos assuntos do império, para servir ao reino.

Os guardas pareciam esperá-la e assim que sua presença foi notada, as portas se abriram.

- Vossa Alteza - Todos se levantaram reverenciando-a.

Ela manteve a postura, olhando sempre para frente. Nunca deveria encará-los, em hipótese alguma. Estava acima deles, mesmo que não aceitassem aquela realidade.

- Amber ... - A voz de Aziz preencheu o silêncio que se formou, fazendo com que ela finalmente virasse o corpo em sua direção e parasse seus olhos no dele. - O conselho decidiu que precisa de seus serviços como imperatriz.

Ela não evitou exprimir um olhar esperançoso.

- Bem ... - Começou pigarreando, pois aquela decisão não lhe agradava - Organize um baile. Uma grande comemoração, assuntos a tratar com os russos. - Disse e era quase em automático suas palavras medidas e sucintas.

- O conselho decidiu, então? - Ela arqueou como sobrancelhas, percebendo que ele não estava totalmente de acordo - Pois bem, posso fazer isso. - Disse com convicção - Para quando tudo deve estar pronto?

- No mais tardar ... em dez dias - Respondeu vendo-a arregalar os olhos para ele.

Âmbar engoliu seco, não podia elevar a voz na frente do conselho muito menos demonstrar pânico frente ao curtíssimo prazo. Então tudo que fez foi manter as mãos atadas em sua frente firmes uma a outra tentativa de se acalmar.

Ela pigarreou procurando as palavras certas.

- Bem ... confesso que esperava um baile na primavera quando o clima estava mais ameno. - Comentou - Mas se assim você quiser, será feito.

- Não temos tempo a perder, Alteza - Um dos homens dirigiu a palavra a ela, apenas para se calar segundos depois ao receber um olhar feroz de Aziz.

- A algo mais que eu deva saber? - Questionou o imperador a sua frente.

- O Czar possui família, organize para que todos possam se hospedar com conforto no castelo. E os convites devem ser enviados o mais breve, não se esquecendo de nenhum dos reinos vizinhos. - Aziz respondeu

- Sim, não queremos conflitos desnecessários - Outro disse se intrometendo - Ultimamente qualquer coisa é motivo para guerras.

Amber concordou em silêncio com a cabeça.

- É claro, não me esquecerei disto. - Disse com certo tédio - A quem devo atualizar sobre o andamento do baile? - Perguntou apenas pela formalidade, esperavam aquilo dela.

- A rainha irá auxiliá-la. O baile será um oferecimento seu, imperatriz. - O conselheiro mais velho falou - Os assuntos do reino serão tratados em sigilo pelo conselho. Deve agir naturalmente, afinal não há nada ilegal nesse encontro. - Disse com uma ironia velada que Amber certamente entendeu.

- Vossa Alteza entendeu o que deve ser feito? - Outro falou

Pareciam desafiá-la a falar mais do que deveria. Pareciam desejar que se comportasse mal, apenas para que se sentissem com a razão. Pareciam tratá-la como alguém que não sabia discernir os assuntos em sua frente. E a imperatriz odiou estar naquela posição.

- Perfeitamente, senhores - Respondeu altiva, ainda com os olhos presos em Aziz.

Não se rebaixaria alternativa. Não revidaria, não daria uma resposta esperta que, com certeza, estava na ponta de sua língua. Não lhes daria aquele gosto.

- Se é apenas isso, com licença - Disse, reverenciando Aziz.

E assim se retirou da saleta.

Estava tomada pelos nervos, detestava ser tratada pela maneira. Aqueles homens a olhavam e tratavam-na como um mero enfeite do reino, alguém que eles podiam controlar e decidir o destino que teria.

- Amber! Espere! - Ouviu Aziz a chamando enquanto caminhava pelo corredor

A imperatriz parou, fechando os olhos enquanto um respirar profundo lhe invadia. E então se virou para vê-lo logo atrás dela.

- Sim? - Arqueou a sobrancelha enquanto cruzava os braços.

- Sinto muito por isso ... - Disse tomando fôlego - Eles podem ser inconvenientes as vezes.

- Inconvenientes? - Ela deu um riso sarcástico - Estavam me testando!

- E não será a última vez, Amber ... - Ele suspirou cansado - Precisam saber se realmente é digna do título que carrega. Logo começarão a questionar também ... e ...

- Questionar o que?

- Filhos - Ele respondeu dando de ombros.

Amber o olhou com confusão tomando conta de suas feições. Inspirou o ar que nem sabia que estava lhe faltando e engoliu seco certo tempo para absorver aquela pequena palavra.

- E porque questionariam isso? - Perguntou tentando não transparecer seu desespero.

- Tem razão, é apenas uma preocupação. - Ele respondeu calmamente - Você mais do que ninguém deve saber disso, temos obrigações irrefutáveis ​​Amber. Não se trata ...

- Não se trata de nós. - Ela completou - Eu sei, Aziz. Conheço os meus deveres, não se preocupe. - Disse com certa rispidez. - Apenas penso que ainda é muito cedo para estes assuntos.

- É claro - Ele por fim concordou - Novamente, sinto muito pelos conselheiros.

- Não se preocupe. - Falou ajeitando a postura outra vez - Posso lidar com eles, não é nada que a minha mãe ou a sua não tenham me preparado. - Apertava as mãos num gesto nervoso - Agora se me der licença, tenho muito a fazer.

Aziz a fitava como se quisesse dizer mais, no entanto, ainda parecia muito cedo para falar sobre os filhos ou sobre qualquer outro assunto relacionado aos dois. Mas seu coração era teimoso, rebelde o suficiente para palpitar descaradamente toda vez que estavam próximos.

- Tenha um bom dia, Amber - Ele desejou vendo-a se afastar.

*

Após o momento deveras incomodo na sala de reuniões e sua singela conversa com Aziz, a imperatriz se destinou ao habitual ponto de encontro com uma cunhada. O salão do desjejum dos Ibrahim era de fato muito mais simplório do qual havia crescido na Índia, e certamente dispunha de menos variedades de alimentos do que costumava ver. Mas, para todos os efeitos bastava. Amber não precisa de nada mais que uma farta xícara de chá, algumas fatias de pão pita e frutas.

Talvez tenha herdado a fome de Safira que jamais se levantava da mesa sem que estivesse plenamente satisfeita, por vezes além do que era considerado elegante. Embora soubesse que a mãe nunca se importara muito com questões de etiquetas e sempre deixara que ela e os irmãos fossem livres para decidirem o que e o quanto queriam comer.

No mais, após aquela pequena constatação sorriu ao encontrar o olhar curioso de Samira. Certamente ansiando pelas novas que Amber traria da sala de reuniões.

- E então? - Questionou antes mesmo que o âmbar pudesse se sentar na cadeira.

- Desejam que eu organize um baile - Disse sem dar ênfase ao assunto, embora os olhos curiosos da ruiva tenham se iluminado instantemente.

- Ora! - Exclamou - Isso é maravilhoso! Quando?

- Tenho dez dias até que tudo esteja pronto - Amber suspirou - Não sei como ...

- Não se preocupe - Uma cunhada a interrompeu - Eu e mamãe iremos ajudá-la, é claro! - Disse sorridente - Por Allah, um baile!

Amber não pode evitar sorrir. A felicidade que emanava da princesa era tamanha que contagiou-a. Talvez o baile pudesse ter um propósito feliz, um final.

- Parece que seus planos para a primavera foram adiantados, Samira. - Ela comentou - Convidarei todos dos reinos vizinhos, é certo que pode encontrar um bom pretendente para você.

- Acha mesmo? - Segurou as mãos dela em tom de súplica - Ah Amber ... - Disse num misto de alegria e comoção - Eu sonho em me casar a tanto tempo ... desde que era apenas uma menina. Talvez tenha chegado minha hora, estou tão feliz!

- Você se parece muito com minha irmã, é uma sonhadora. - Sorriu se lembrando de Jade - Ela certamente compartilha do mesmo sonho, sempre quis se casar ... sempre acreditou no amor. - Disse e dessa vez um rastro de tristeza passou por seus olhos.

- Você não acredita? - Samira uma olhou preocupada

- Acredito, é claro. - Respondeu sucinta - A rainha se juntará a nós? - Perguntou mudando de assunto.

- A qualquer momento - Disse e logo em seguida como portas do salão foram abertas.

Fátima usava seu habitual tom vermelho nas vestes, singelamente elegante para uma manhã cinzenta no reino otomano. Caminhava calmamente em direção a Amber e a filha, enquanto as duas a observavam atentamente.

- Vejo que estava me esperando - Comentou com certo entusiasmo - Parece que teremos um baile, não? - Arqueou as sobrancelhas enquanto aguardava um dos criados arrastar uma cadeira para que se sentasse.

As duas a olharam surpresas.

- Como sabe? - Amber questionou - Eu acabei de informar a Samira ... ninguém mais sabe ... - Disse confusa.

- Minha querida ... - Respondeu sarcástica - Eu sei de tudo. Sempre. - Disse enquanto um sorriso tomou conta de seus lábios. - Sirvam o chá, por favor. - Pediu a um dos criados, agindo como se aquela informação fosse obvia, principalmente para a nova imperatriz.

- Eu não entendo ... - Continuou - Como poderia saber? - Arqueou como sobrancelhas curiosas.

Fátima não evitou soltar uma breve risada, olhando com muita diversão.

- Tenho muitos olhos e ouvidos espalhados por esse castelo, imperatriz - Comentou - Os terá um dia, são muito necessários.

- Isso quer dizer que sabe de tudo o que acontece aqui? - Perguntou vendo as cenas de sua briga com Aziz repassarem em sua mente.

- Exato - Respondeu enquanto enchia o prato com uma fatia de bolo.

- Tudo mesmo? - Amber questionou com ênfase. 

Então Fátima parou o que estava fazendo, deixando o pequeno garfo que seguia para sua boca ficasse estático no meio do caminho. E logo arqueou as sobrancelhas, a olhando avidamente.

- Está escondendo algo, imperatriz?

Amber engoliu seco. Era óbvio que questionar aquilo causaria desconfianças, mas não conseguia se conter.

- Absolutamente, rainha. - Negou com rapidez - Fiquei apenas curiosa. - Disse tomando um gole de seu chá logo em seguida.

- E então ... - Samira pigarreou chamando atenção das duas - Podemos começar os preparativos hoje? - Perguntou animada - Tenho muitas ideias .... - Disse sorrindo abertamente.

*

Amber bufou.

Estavam algumas horas no harém vendo as odaliscas ensaiarem uma nova dança. A qual repetiam um par incontável de vezes a pedido de Fátima que nunca ficava satisfeita.

- Isso é ridículo - Ela reclamou - Não vejo mais o que podem melhorar, já está ótimo - Disse com certo desgosto.

- Pode estar ótimo, mas não perfeito - Fátima retrucou - Teremos visitas importantes, embora eu desgoste muito dos russos não deixarei que saiam do meu castelo com uma péssima impressão.

- É claro - Amber emburrou cruzando os braços - Elas não podem ser ao menos estar mais vestidas? Ainda é inverno!

- São odaliscas, não religiosas. - Retrucou outra vez - Além disso, são uma bela distração para os homens ... precisaremos de algo que mantenha o baile atrativo, imperatriz.

Era evidente que a rainha tinha muito mais experiência que Amber naquele quesito, o que tornava tudo extremamente cansativo para ela. Fátima exigia uma perfeição que ela sequer enxergava precisar. Ainda tinha muito o que aprender, afinal.

- Amber! - Samira a chamou do meio do salão, onde bordava alguns véus de dança. - Porque não dança? Sua mãe havia comentado que é uma ótima dançarina quando estivemos na Índia.

- Hã ... - Disse pensando alto - Não creio que seja uma boa ideia. Já teremos muitas dançarinas no baile, além disso imagino que terei de dançar com Aziz em algum momento. - Comentou desconfortável com a imagem que se formara em sua cabeça.

- Ora! - A ruiva exclamou - É completamente diferente, e Aziz dança muito mal se quer saber. - Disse divertida.

- Talvez Samira tenha razão - Fátima se intrometeu na conversa - Seria bom que os governantes conhecessem melhor a nova imperatriz otomana. Você foi criada em um ambiente diferente do que o traje, isso causa curiosidade nas pessoas. - Refletia como se inúmeros planos passassem por sua mente. - Eu diria que é perfeito!

- Eu ... - Amber tentou se esquivar.

- Não, não, não! - Fátima a interrompeu - Não adianta negar. Vai dançar no baile, um solo. Entre os véus coloridos ... será um grande espetáculo. - Disse com um brilho no olhar - Como eu não pensei nisso antes? Obrigada Samira ... vejo que a criei muito bem, tem uma mente tão brilhante quanto a minha. - Elogiou a filha e tudo o que Amber pensara era o quanto a rainha era presunçosa.

- Sendo assim ... - Samira continuou - Podemos decorar todo o salão vermelho, mama. É o grande suficiente para a quantidade de provisão e há muito tempo não é usado.

- Os convites! - A imperatriz escapou se lembrar - Temos que mandar produzi-los ainda hoje, caso não chegarão a tempos nos reinos. - Disse preocupada.

- Não se preocupe, os escribas são muito competentes. - Fátima disse - Farei com que terminem e mandem hoje mesmo. Porque vocês duas não decidem o que será servido no baile enquanto eu me ausento por algumas horas? - Questionou embora não fosse de fato uma pergunta e sim uma singela ordem velada.

- Onde vai mamãe? - Samira perguntou

- Isso não vem ao caso, querida - Respondeu sucinta - Com licença, encontro-as em um par de horas. - Falou se retirando do harém.

Amber e Samira então trataram de resolver todas as pendências para o baile. Decorações, comidas, empurra, organização dos aposentos para os organizadores. Uma infinidade de detalhes que fariam toda a diferença no grande baile.

*

- Mãe

Aziz cumprimentou Fátima assim que a viu adentrar a sala anterior. O anexo onde ficava o escritório do imperador era amplo, o suficiente para comportar ao menos dez pessoas ao mesmo tempo. Ela o observava estudando-o, enquanto ele a fitava esperando que lhe dissesse o que queria ali.

- O que deseja? - Ele perguntou parando de escrever nos inúmeros papéis em sua mesa.

- Até quando pretende dormir nos anexos? - Questionou sem prévias.

Ele engoliu seco. Não daria para esconder aquela informação dela, afinal. De qualquer outro, talvez, mas de Fátima era impossível.

- Apenas o tempo necessário. - Respondeu desviando o olhar.

- O necessário para o que mesmo? - Perguntou se aproximando enquanto as mãos descansavam a frente do vestido.

Ele suspirou uma e outra vez.

- O que deseja, mãe?

- Creio que já está claro, Aziz - Disse sem demora - Até quando pretende postergar seus deveres como marido?

- Não estou fazendo isso. - Se defendeu - Apenas ...

- Não venha me dizer que ela não o quer. - Respondeu ríspida - Não está sendo posto em pauta isso, não é uma questão de querer ou não e você mais do que ninguém sabe disso!

- Está tirando suas próprias conclusões  - Ele disse se deixando encostar na cadeira - Em momento algum eu falei estas coisas.

- Não é necessário, está muito claro o que acontece entre vocês. - Disse nervosa - Ou melhor, o que não acontece. - Falou com certo desgosto.

- Mãe ... - Ele advertiu

- O que? - Ela questionou enraivecida - Não posso falar a verdade ?! Os criados estão comentando Aziz! - Bateu com as mãos contra o tecido do vestido - Sabe o que acontecerá com ela se algum dos seus conselheiros descobrir? Eu realmente penso ... penso que tenho tudo sobre o controle, mas vejo que deixei algo passar. - Bufou inconformada

- O que está querendo dizer?

- Amber ainda é uma mulher virgem, e você a protegeu. - Revelou fazendo-o arregalar os olhos - Imaginei que faria algo assim, mas não que precisaria fazer de fato. E agora ... dormem em quartos separados! - Exclamou

- C-como você descobriu? - Perguntou gaguejando

- Uma mulher sempre sabe, Aziz. - Respondeu sem muitos detalhes - Vocês dois enganaram a todos com aquela farsa na lua de mel e tentam fazer isto outra vez. Até quando dormirá nos anexos? Até quando a deixará decidir como as coisas devem ser? Por Allah! - Disse indignada - São soberanos! Devem agir como tais! 

- Minha vida particular com a imperatriz não diz respeito a ninguém! - Dessa vez ele bateu com as mãos na mesa com certa fúria.

- É claro que diz, Aziz! - Ela bravejou - Cada passo, cada espirro que vocês dão diz respeito a todos, diz respeito ao reino! - Disse andando de um lado a outro - Vocês precisam resolver isso, imediatamente. Eles podem mandá-la para a força por isso, é traição com o povo, Aziz. Traição com os desejos de Allah! - Disse expondo toda a verdade frente a ele. 

- Se ninguém contar ... - Ele insinuou - Esse assunto ficará entre nós.

- Não me ameace! - Ela gritou outra vez - Eu sou sua mãe e tenho o dever de alertá-lo e protegê-lo. Eu estive a frente desse reino por todos esses anos, e eu conheço cada um desses malditos conselheiros. Não subestime a capacidade que eles tem em descobrir nossas falhas. - Disse com um dedo apontado em seu rosto - Resolva isso, Aziz. Resolva antes que o pior aconteça, e então não poderá voltar atrás, porque ela estará morta.

- Ela não me quer, não me deseja. O que eu posso fazer? Obrigá-la a se deitar comigo? - Exclamou com certo pavor.

- Há um jeito para tudo, pode não ser hoje, mas vai encontrar oportunidade para tal. - Comentou voltando a sua postura altiva - Aconselho que volte para seus aposentos o quanto antes. Quanto menos comentários tivermos será melhor.

- Mesmo que eu faça isso ... - Ele suspirou - O que garantirá que não façam o mesmo? Que não procurem uma prova de que ela não é verdadeiramente minha esposa, que não consumamos o casamento ... que não procurem um motivo para tirá-la do trono?

- Nada. Não há garantias. - Respondeu com certa tristeza - Ainda não percebeu que não estão felizes com a presença dela? Que desgostam de qualquer rastro de poder que ela pode usar? Farão de tudo para que ela caia, e então será nossa ruína, Aziz.

- E então o que me resta? - Perguntou sem expectativas do que poderia fazer.

- No baile farei com que Amber seja vista, que seja respeitada por todos os governantes vizinhos. Que seja um exemplo de imperatriz, que cative eles. - Suspirou - O conselho não pode agir explicitamente quando uma soberana é bem vista. Eles irão recuar, certamente.

- Mas não para sempre - Ele completou.

- Não ... não para sempre.  – Ela concordou.

- E depois?

- Só há uma única saída para que a deixem em paz. - Disse o olhando friamente.

- O que?

- Um herdeiro. - Ela respondeu

Aziz se afundou na cadeira. Quando pensava que seus problemas estavam se amenizando, uma nova carga se adicionava em cima deles. Já havia dito mais cedo para ela que aquele seria um problema, mas quis acreditar que estava se precipitando. De fato, não estava. Mas como resolveria aquela questão? 

- Volte a ser o homem que eu o criei para ser, Aziz. - Disse se retirando da frente dele o deixando perdido em pensamentos.

Eu volteeeeei!

Amores do meu coração, capítulo bem longo para vocês matarem a saudades desses dois teimosos. Teremos festa em breve, ihu! 

Cap do capítulo? Deixem seus comentários ... quem sabe volto com um bônus do nosso querido Robert ... Beijossss 

P.s: Hoje o wattpad resolveu trocar várias palavras, tentei arrumar várias, mas posso ter deixado algo passar. Espero que não dificulte o entendimento do capítulo.

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