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Capítulo XX

O dia raiava lentamente, as nuvens escuras de uma nova tempestade cobriam o céu densas e cinzentas, fazendo assim a luz do sol adentrar timidamente por entre as cortinas da janela. Amber ainda dormia profundamente enrolada com os lençóis finos e macios da nova cama, enquanto ao seu lado Aziz apoiado em um dos braços a observava.

Ele estava ali a muito tempo. O suficiente para ter visto o nascer do sol, e contemplado o sono conturbado da princesa. Ele não tinha certeza, mas acreditara que ela sonhara a noite inteira e o conteúdo de seus sonhos não era bom. Aziz respirou fundo, estavam casados. Literalmente estavam casados. E ele sequer sabia de como ela gostava de seu chá ou se os sonhos eram comuns durante suas noites. Não sabiam quase nada sobre o outro e mesmo assim estavam casados.

Levou sua mão livre até o rosto dela, a pele bronzeada era iluminada pela luz do sol fazendo Amber se tornar ainda mais bela. Aziz sentiu seu coração palpitar, era como se olhando para ela ali deitada ao seu lado tudo a sua volta tornasse sem sentido. Como se o seu corpo e a sua mente finalmente tivessem se conectado, finalmente tivessem concordado que ela era o motivo de todos os dias Aziz se levantar, mesmo quando ele não tinha consciência disso.

Ao mesmo tempo era difícil olhá-la e não lembrar da visão do corpo dela desacordado na banheira. Era difícil passar por cima de todos os seus princípios e amá-la mesmo quando o caminho mais fácil era odiá-la tanto quanto ela o fazia. Não sabia ao certo o que a levava a agir daquela maneira tão impensada, tão imprudente com a própria vida. Quão grande haveria de ser o sofrimento dela para que só a morte fosse capaz de acalentá-la?

Eram pensamentos tortuosos demais para o início da manhã.

Assim Aziz se levantou da cama, depositou um cálido beijo da testa de Amber e seguiu em direção ao lavabo para seus afazeres matinais. Naquela manhã se reuniria com os governantes para discutir questões burocráticas com relação ao império, e é claro, questões que envolviam diretamente a vida da nova imperatriz.

*

– Onde está? – Amber acordou assustada com o som estrondoso da porta do quarto se abrindo. – Vamos! Onde está?

A princesa não precisava se esforçar muito para saber que a voz que escutava era de Fátima. Os olhos ainda entre abertos tentavam se acostumar com a claridade que invadia o ambiente, e assim que finalmente puderam enxergar com clareza avistaram a rainha parada próxima da cama. As feições que nublavam o rosto da rainha quase fizeram Amber querer revirar os olhos.

– Onde está o que? – Questionou a fim de descobrir logo do que se tratava a repentina aparição da rainha em seus aposentos.

– Não se faça de tola – Fátima retrucou – Onde está o lençol?

Amber ruborizou. O que fez a rainha levantar as sobrancelhas para ela, talvez surpresa. A princesa não soube porque havia ruborizado de fato, mas qualquer que fosse o motivo pareceu fazer Fátima acreditar que na noite anterior havia acontecido algo em ela e Aziz.

– Está aqui – Respondeu, enrolando o fino lençol branco que carregava o sangue de Aziz manchado e entregando a rainha.

Ela sem qualquer pudor conferiu o lençol assim que o pegou. Um suspiro profundo foi visto por Amber que continuava na cama, já recostada na cabeceira. Era inacreditável que precisasse passar por aquela situação. Mas mentalmente agradeceu a Aziz, se ele não tivesse feito o que fez ela estaria em ruínas naquele momento.

Se meses antes ela tivesse se entregado a Abdul naquela cabana, estaria arruinada. Tudo lhe pareceu muito claro naquele momento. Se tivesse se casado com ele, ou com qualquer outro que tivesse acertado a garrafa. Se houvesse ainda algum outro que não fosse Aziz disposto a casar-se com ela mesmo após o vexame no dia de sua cerimonia de escolha, Amber soube naquele momento que teria uma vida infeliz.

Os homens guardavam rancor. E presavam muito pela imagem que tinham na sociedade. Ainda que fosse princesa, e agora imperatriz, que tivesse títulos e milhares de riquezas, se tivesse se casado com outro homem seria tratada como uma odalisca. As coisas que Abdul havia revelado jamais seriam esquecidas por qualquer homem, e nunca importaria se eram verdadeiras ou não.

O próprio Aziz havia desconfiado, havia questionado e insinuado sobre sua reputação. E por Allah, ele ainda assim disse que a amava. Sem que tivesse qualquer prova de Amber ainda era intocada, que era pura como uma esposa deveria ser. Ele a tinha salvo duas vezes em poucos dias.

– Pelo visto eu não me enganara. – Fátima chamou sua atenção. – Fico feliz que tenha cumprido com o seu dever, imperatriz.

A imperatriz soltou o ar que nem sabia que prendia, como se um peso deixasse suas costas. Olhava para a rainha ainda incerta se deveria dizer algo. Incerta sobre tudo o que aconteceria agora que estava a frente do império junto a Aziz.

– Eu nunca tentei enganá-los. – Disse numa tentativa de se defender.

– Evidente que não – Fátima respondeu, olhando para o lençol outra vez.

A rainha parecia diferente naquela manhã. Amber havia notado, ela estava serena. Com uma estranha calma pairando sobre ela, ao menos depois que o lençol fora para em suas mãos. Sua face carregara um misto de alívio assim que viu a prova, como se todo o rumo de suas ações dependessem do resultado que encontraria no leito de Amber.

Ela ficou aguardando algum insulto, alguma palavra cruel. Aguardou e aguardou por alguma ordem, alguma punição. Mas nada veio. Fátima só a observava acompanhada de suas damas de companhia.

– Escolha uma de minhas damas – Disse por fim acabando com o silêncio que jazia entre elas.

– Para que? – Questionou não entendendo

Fátima bufou.

– Agora que é imperatriz, deve ter alguém para lhe auxiliar com seus afazeres.

– Mas tenho uma criada para isso – Amber retrucou ainda sem entender.

– Uma criada não servirá – Disse com desdém – Precisa de uma dama com conhecimentos. Essas quatro falam seis línguas, tiveram aulas de etiqueta e estão atualizadas sobre a sua agenda. – Explicou – Precisa de alguém que possa ser vista ao seu lado quando sair do castelo, alguém que entenderá quando precisar de auxílio. Escolha uma delas. – Falou já um pouco nervosa.

– Está bem! – Amber respondeu se dando por vencida – Aquela – Apontou para a mais baixinha das quatro mulheres. – Ela será minha dama. – Disse com convicção.

E então Fátima sorriu. Não fora um sorriso aberto, não era felicidade. Mas fora o esboçar de uma profunda satisfação. Satisfação essa que apenas ela sentia, embora era evidente que não contaria o motivo. Assim, a rainha concordou fazendo com que a dama se apresentasse para a imperatriz.

– Meu nome é Karli, majestade. – Falou reverenciando Amber – Será uma honra servi-la.

Amber agradeceu a reverência com um aceno. Não sabia muito o que dizer, não quando todas as outras mulheres do quarto esperavam que falasse algo.

– Shukran por sua devoção, Karli. – Disse se lembrando de como a rainha a havia ensinado a se comportar perante os criados e servos do castelos.

Olhou então para Fátima que a olhava atentamente, acenando quase que de modo imperceptível como se disse que ela estava indo bem. Quando aquela conexão havia acontecido ninguém saberia dizer. Mas lá estava, uma estranha sintonia entre Amber e Fátima. Entre a imperatriz e a rainha.

*

A manhã sequer havia terminado e Aziz desejava cancelar todos os compromissos que teria no restante do dia. Não que não fosse acostumado àquelas reuniões longas e cheias de homens que desejavam impor suas opiniões mais íntimas. Mas aquilo era quase uma tortura, parecia muito mais simples decidir o rumo que tomaria com relação ao império, porém decidir sobre a vida de Fátima, Samira e Amber era um verdadeiro martírio.

– Imperador – Um dos homens chamou sua atenção – Deve decidir o quanto antes, sabemos que é muito mas não há tempo a ser perdido.

– Evet – Concordou outro – Deve agir com mãos fortes a partir de agora. O comando é totalmente seu, desligaremos a rainha de seus serviços para com o reino.

Aquilo era um pesadelo. Como Fátima reagiria sabendo que não teria mais nenhum poder dentro do castelo ou fora dele? Como reagiria mesmo que soubesse que aconteceria daquela forma? Era quase impossível para Aziz imaginar a mãe deixando de governar.

– E quanto a imperatriz? – Ele questionou.

– A ela caberá o bom funcionamento do castelo, assim como do harém. – Um deles falou.

– Não sejam tolos – Um outro se intrometeu – A ela basta que dê ao reino um herdeiro. – Disse em exaspero – É a única coisa que todos esperam dela.

Aziz escutava aqueles absurdos, imaginando como Amber reagiria quando soubesse que na realidade para todos aqueles homens e talvez para todo o povo ela não passava de um enfeito. Um belo e fértil enfeite.

– Com relação aos poderes, meus senhores – Aziz disse – Foi nesse sentido meu questionamento.

Todos que estavam sentados à mesa de reuniões de repente fizeram silêncio e olharam para o imperador como se ele tivesse três cabeças.

– O que é que estão olhando? – Ele perguntou irritado – Me respondam! Quanto aos poderes da imperatriz?

– Imperador – Um chamou a atenção coçando a garganta – Não caberá a ela nenhum poder. O reino está sobre suas mãos... – Disse fazendo gestos – Não há nenhuma necessidade de uma mulher governando o império quando já o temos a frente de tudo.

– Mas minha mãe...

– A rainha fez o que tinha de ser feito enquanto o senhor ainda não podia governar. Sendo o único homem vivo da família era evidente que ela como sua mãe seria regente até que pudesse subir ao trono.

– E fez um excelente trabalho! – Disse batendo uma das mãos a mesa

– Senhor, com todo respeito. – Disse o parando – É uma mulher, foi tolerada pois não tínhamos outra saída. E jamais entregaríamos o reino nas mãos de estrangeiros. O povo não quer ser governado por uma mulher.

Era inacreditável que ele estivesse escutando aquilo. Até o dia anterior a rainha era o ser mais respeitado e temido por todo o reino e agora não passava de uma mulher tolerada em seu governo? Era inconcebível que pensassem daquele modo.

– A imperatriz não ficará feliz em saber que não pode fazer nada pelo povo. Que não tem poder para mover uma palha que caí de um casebre da vila. – Disse pasmo passando as mãos sobre o rosto – Vocês não podem simplesmente decidir isso. A autoridade máxima é a minha! – Falou com raiva.

– Nós temos a voz do povo aqui, imperador. – Um retrucou com coragem – Não é sábio que vá contra a opinião de seu próprio conselho, quando nosso dever é justamente ajudá-lo a seguir o melhor caminho para conduzir o reino a prosperidade.

– Ele tem razão, falamos pelo povo. Falamos por nós.

– Não queremos a imperatriz governando.

– O papel dela deve ser dar a luz ao futuro imperador. Apenas isso! – Outros bravejaram.

Aziz se sentia de mãos atadas.

*

Amber estava entediada.

Havia tomado o desjejum acompanhada da cunhada que parecia mais interessada em falar sobre o quanto estava feliz com o casamento dos dois e do quanto não via a hora de ter muitos sobrinhos para mimar.

O estômago de dela embrulhava só de ouvir aquelas coisas.

Depois que Fátima havia se retirando de seu quarto acompanhada das damas e a deixado com Karli a mais nova imperatriz tratou de se arrumar para um dia cheio de compromissos. No entanto, suas tarefas daquele dia se resumiam em controlar o que seria servido nas principais refeições do castelo, cuidar pessoalmente das mulheres do harém e principalmente programar os próximos bailes que dariam.

– Há algo mais interessante que eu possa fazer, Karli?

Lembrava-se de ter questionado a nova dama antes de descerem para o desjejum. Embora o olhar frustrado da jovem moça lhe dissesse que era apenas aquilo.

E agora que estava ali sentada na grande mesa de refeições desejou voltar para a cama. Samira continuava a falar e falar desta vez sobre um dos bailes que reinos próximos dariam nos próximos meses quando a primavera chegasse.

– Está me ouvido, Amber? – A cunhada questionou enquanto bebericava a xícara de chá

– Sim, é claro. – Respondeu embora não tivesse prestando muita atenção – Haverá de encontrar um bom marido, se assim desejar. – Disse sincera.

– Bem... – Samira respondeu desconcertada – Não é tão simples, Aziz precisaria me acompanhar. Não posso escolher um noivo sozinha. – Disse e seus olhos pareceram suplicantes para Amber.

A imperatriz quase riu da repentina mudança de humor da cunhada. Para algumas pessoas o casamento era de fato muito almejado.

– Parece que tenho alguns bailes a dar, quem sabe talvez não seja melhor que fiquemos no reino e um noivo venha até você? – Questionou arqueando as sobrancelhas com a possível intenção de noivar Samira até o fim da primavera.

– Faria isso mesmo? – A outra exclamou surpresa – Por Allah! Você é a melhor cunhada que eu poderia ter! – Disse e em seguida abraçou Amber desajeitadamente – Me desculpe, não consegui me conter.

As duas riram. Porque era de fato divertido imaginar um baile onde os homens poderiam cometer loucuras para conquistar uma dama. Amber sabia disso, embora quando fora sua vez os acontecimentos tivessem sido muito diferentes. Mas que mal faria em ajudar a cunhada?

Um tempo depois as duas acabaram por se despedir e a imperatriz acompanhada de Karli se destinou ao harém. Fazia alguns dias que não ia até o lugar, ao menos não desde as últimas aulas que teve com a rainha as quais preferia não se recordar.

– Majestade – A dama chamou sua atenção enquanto caminhavam pelo extenso corredor negro.

– Sim?

– Há algumas coisas que precisa saber. – Disse com certa aflição

– Sobre o que, Karli? – Perguntou ainda andando

– O harém, a rainha fez a troca de algumas damas. – Falou apressadamente apertando os passos para acompanhar Amber. 

– Entendo.. – A imperatriz pareceu pensar sobre a informação – E o que isso significa exatamente?

– Bem... – A dama engoliu seco

– Diga de uma vez, Karli! – Falou com certa impaciência – O que significa?

A dama não respondeu com palavras, mas pudera, as duas estavam a frente das grandes portas que separavam o harém do restante do castelo e num suspiro profundo Amber entendeu que ela não conseguiria nenhuma explicação da moça.

– Pois bem, veremos o que é agora – Disse e então as portas se abriram.

*

Aziz saíra da sala de reuniões tonto. Os conselheiros pareciam irredutíveis quanto a seus pedidos em favor da imperatriz e ele de nada podia fazer. Sem o apoio do conselho ficaria perdido, e certamente aqueles homens tratariam de espalhar para o povo mentiras a seu respeito, apenas para mostrar-lhe que na verdade tinham o maior peso no governo.

Por fim ficara decidido que Amber teria apenas poder sobre as frivolidades que envolviam um reino. Bailes, convites, o funcionamento do castelo e qualquer situação que envolvesse as mulheres do harém e é claro, cuidaria da boa e confortável estadia de possíveis visitantes. Frivolidades, como ele pensara.

Samira mais do que nunca precisaria arranjar um marido, sendo irmã mais nova e a família tendo tendência a mortes prematuras de seus governantes, os conselheiros queriam garantir que ela também tivesse um herdeiro para um possível governo emergencial. Era terrível pensar naquela possibilidade. Mas agora que estava a frente de tudo, aqueles assuntos eram importantes.

A rainha permaneceria com o título, é claro. Mas perderia todos os poderes que um dia tivera, assim permaneceria no palácio apenas como mãe do imperador. Um papel que ninguém negaria que fazia com muito esmero, embora sempre desse um jeito de garantir seus desejos por trás das escolhas que fazia para os filhos.

Quanto a tia Mirhima... por Allah, se não fossem os conselheiros atestarem que ela tinha direito a parte de suas riquezas sequer lembraria que tinha deveres para com ela. Bem, ela continuaria aos cuidados de Fátima. Havia um pedido nos testamento do pai de Aziz a respeito daquela situação, e o imperador não se opôs ou questionou sobre o assunto. Já tinha problemas demais para lidar.

Assim, se destinou ao quarto a fim de descansar um pouco após tantas tribulações em sua cabeça. No entanto, foi parado pela mãe no meio do caminho.

– Aziz, querido – Fátima o cumprimentara com um beijo no rosto, tipicamente dela quando desejava pedir favores. – Não pensei que o veria tão cedo, ainda está em núpcias. – Disse com certa curiosidade estudando as reações do filho.

– Tinha muitos assuntos a tratar com o conselho – Respondeu calmamente

– É claro... – Ela concordou – Vejo que estava voltando aos aposentos

– Sim, mama. – Ele respondeu outra vez, muito sucinto. – O que deseja?

– Ora, nada! Apenas pensei que gostaria de passar no harém, as meninas prepararam uma dança em comemoração ao seu casamento.

– Não vou ao harém a muitos anos, não vejo porque se sentiriam agraciadas em fazer tal coisa – Disse com certo desdém

– Ora Aziz! – Exclamou outra vez – As conhece desde menino, é claro que querem lhe agradar.

Aziz bufou. As vezes era quase impossível dizer não a Fátima. Mas pensou, que mal faria ver as pobres donzelas dançarem? Depois daquela manhã exaustiva talvez precisasse de uma distração.

– Está bem, eu a acompanharei até o harém – Lhe deu o braço dando-se por vencido.

*

Se a dama ao seu lado tivesse lhe contado em detalhes ela não acreditaria. Não poderia de maneira alguma acreditar. Era surreal, inexplicável e a deixara totalmente sem palavras para descrever o que via.

Certamente não conhecia palavras que pudessem relatar com precisão o que acontecia em sua frente. Mas mesmo que as tivesse na ponta de sua língua, não conseguiria colocá-las em frases perfeitas. Era inaceitável ela diria se lhe perguntassem. Fascinante talvez, sensual e desprovido de pudor. Por Allah, era demais.

– Majestade – Karli a chamou em sussurro – Eu tentei lhe avisar...

Mas Amber sequer podia desviar seus olhos do centro do harém. Todos ali pareciam não ter notado sua presença, e embora em qualquer outra ocasião tivesse agradecido por isso, naquele momento uma irritação se formou dentro de si.

Não era possível, ela pensou.

A música alta torturava seus ouvidos, e em anos Amber nunca teria se incomodado com aquilo. Muito pelo contrário, meses antes ela teria abandonada qualquer sinal de decoro e teria ido dançar. Mas agora que estava ali, e seus olhos haviam sido fisgados de tal maneira que sequer podia piscar, odiou a música tanto quanto parecia odiar a cena que via.

– Majestade... – A dama tentou chamá-la outra vez

– Não – Amber a censurou – Não fale absolutamente nada. – Disse entredentes

Sua respiração estava entrecortada, quase falha se observasse melhor. O vestido azul-marinho que usava parecia ainda mais apertado a fazendo se incomodar com as camadas de pano. Os sapatos fisgavam seus dedos torturantes, e a Allah que a perdoasse por blasfemar, mas o véu que escondia seus cabelos era infernal de quente.

Ainda estavam no inverno. Amber podia sorrir com aquela constatação. Ainda estavam no inverno e ela suava feito carneiro em brasas. As mãos tremiam levemente, e o coração já não era possível contar a quantidade de batidas por minutos. Engolia seco, pois era insuportável presenciar aquilo.

Quando exatamente passou a se importar? Talvez muito tempo antes, mas ninguém saberia dizer até aquele presente momento. Nem mesmo ela. Nem mesmo a imperatriz que conhecia seu coração melhor do que ninguém saberia dizer quando passara a se incomodar com aquele tipo de coisa.

Em outros tempos não ligaria. Em outros tempos teria virado as costas e saído do harém enquanto ninguém notava sua presença. Mas não. Seus pés pareciam ter criado raízes ali frente as portas e a cada movimento que seus olhos captavam tudo o que sentia parecia triplicar.

– Majestade... – Pela terceira vez Karli tentou

– Eu disse, não! – Bravejou com a dama, o que, por fim, acabou por chamar atenção dos presentes no recinto.

Amber teve vontade de se esconder, mas foi apenas por um instante. Um instante que fora o suficiente para o único par de olhos que parecia lhe importar a fitasse de volta. Para o mármore do inferno com aqueles olhos verdes. Ela teria dito aquelas exatas palavras a Aziz se não estivessem tão longe um do outro. E é claro, se entre eles não houvessem uma dúzia de odaliscas dançando.

Mas não, elas não estavam dançando. Aquilo não era dança. Estavam seduzindo-o, e ele estava deixando. Estava as olhando, sorrindo. Estava as admirando.

Amber borbulhava, e soube que era de raiva assim que uma delas se aproximou ainda mais do imperador. Aziz estava sentado nas poltronas almofadadas enquanto elas permaneciam ao seu redor. Os corpos perfeitamente esculturais se mexiam com maestria, as cinturas balançavam conforme as batidas musicais e elas pareciam se alvoroçar a cada sorriso que ele dava.

– Para o inferno... – Amber sussurrou para si mesma.

Ele havia visto-a e fingira que não estava lá? Ele havia feito mesmo aquilo? Por Allah, ela queria matá-lo.

Os olhos dourados faiscavam, no puro e mais profundo ódio que conseguia sentir. Respirava profundamente tentando se controlar. Estavam nuas. Não completamente, eram trajes de dança. Indecentes, trajes de danças. Mas ainda que as intimidades estivessem cobertas pelas lantejoulas coloridas, Amber só conseguia pensar que estavam nuas. Nuas na frente de Aziz.

– Ele está se divertindo... – Sussurrou outra vez ao perceber que ele realmente não lhe daria as devidas atenções. – Eu vou matá-lo, vou matá-lo com minhas próprias mãos... – Dizia em uma promessa velada.

Amber ameaçou dar um passo em direção a eles. Ameaçou ir até lá e acabar com aquela cena. Por Allah, tinha acabado de se casar e ele estava no meio das odaliscas horas depois? Ela grunhiu por dentro, contendo sua eminente fúria.

– Eu não faria isso. – Ouviu a voz de Fátima ao seu lado a impedindo de fazer o que queria.

– Não lhe perguntei nada – Amber respondeu raivosa sem destinar seu olhar à rainha.

Então Fátima deixou um riso escapar. E aquilo enfureceu ainda mais a imperatriz.

– Me perguntei quanto tempo demoraria para acontecer. – Comentou despreocupada – Vejo que menos do que eu esperava.

– Do que está falando? – Olhou-a confusa

– Vai descobrir, Amber... vai descobrir. – Disse mantendo o sorriso presunçoso enfeitando sua face.

Enquanto isso a imperatriz ardia. 

Arfava, rosnava e bravejava por dentro. 

Sua única vontade naquele momento era pegar Aziz pela túnica e arrastá-lo até seus aposentos. Lá com toda certeza lhe falaria um bocado, talvez blasfemaria um tanto. Mas Allah que a perdoasse outra vez, não podia se conter.

Não podia se controlar quando... quando...

Por quê mesmo ela se sentia assim?

Ora ora... parece que o jogo virou não é mesmo?

Um certo ranço por esses conselheiros do imperador...

Espero que tenham gostado, nossa princesa vai passar por um tanto de momentos assim, até se dar conta de que... de que mesmo ela tem que se dar conta? Me contem aí

Algo me diz que tudo isso é obra de uma certa rainha Fátima...

Aziz, Aziz... saí de perto dessas odaliscas! 

Beijão meu amores, volto logo logo

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