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Capítulo XLII

O sol matutino filtrava-se através das pesadas cortinas de veludo, lançando sombras que dançavam nas paredes escuras e imponentes do Salão de Refeições do Castelo Negro. O ambiente, gélido e austero, refletia a atmosfera opressiva e melancólica que permeava o império otomano em tempos de guerra. As paredes de pedra, cobertas com tapeçarias de tons sombrios e bordados em ouro, pareciam fechar-se sobre os presentes, tornando a atmosfera ainda mais carregada.

Amber, com seu vestido verde profundo que contrastava com a escuridão do salão, entrou com uma postura que misturava determinação e uma leve tristeza. Sua mente estava repleta de pensamentos turbulentos, refletindo o peso das decisões que deveria tomar. À mesa, a rainha Fátima aguardava ansiosamente, seus olhos duros e cheios de reprovação.

— Vossa Majestade, é com um grande pesar que me vejo obrigada a intervir em algo que julgo de suma importância — começou Fátima, a voz cortante como lâmina afiada. — O menino Nuri, cuja presença no castelo tem me causado um inquietante desconforto, é uma questão que não pode ser ignorada.

Amber tomou o seu lugar à mesa, a serenidade de sua postura contrastando com a tempestade emocional que fervia em seu interior. Seus olhos, marcados pela preocupação, encontraram os de Fátima.

— Rainha Fátima, como já lhe disse, Nuri é apenas uma criança indefesa — respondeu Amber com calma, sua voz carregada de firmeza. — Encontrei-o em um vilarejo, um menino órfão que precisa de nossa proteção. Eu não o trouxe aqui para ser um desafiante ao trono, mas para oferecer-lhe uma chance de uma vida melhor.

Fátima não se deixou acalmar pelas palavras de Amber. Seu rosto estava contorcido pela indignação.

— E quanto à sucessão do trono? O que fará de Danúbia, a filha legítima de Vossa Majestade com Aziz? — Fátima disparou, seu tom carregado de uma raiva contida. — Não pode simplesmente ignorar as implicações políticas que isso acarreta. O futuro do império não pode ser colocado em risco por um menino cuja origem não podemos assegurar!

Amber respirou fundo, sua expressão endurecendo. A dor de saber que suas ações eram mal interpretadas pela própria sogra se misturava com a necessidade de defender suas escolhas.

— Danúbia continuará sendo a nossa herdeira — afirmou Amber com uma determinação inabalável. — Não estou aqui para desestabilizar o império. O que desejo é garantir que Nuri e sua irmã tenham um futuro digno. Não pretendo fazer deles herdeiros, mas preciso protegê-los. Eles são os únicos sobreviventes de sua família, e, como imperatriz, tenho a obrigação de cuidar dos necessitados.

A tensão entre as duas mulheres crescia, o ar pesado com a pressão do conflito. A rainha Fátima, em seu vestido de veludo escuro, parecia encolher-se em sua própria raiva. Seus olhos, que antes eram de um castanho suave, agora estavam cheios de chamas.

— E quem lhe deu o direito de tomar decisões tão drásticas sem a minha consulta? — Fátima exclamou, seu tom elevado. — O que fará com o futuro do império se decidir trazer esse menino para os aposentos reais, como se fosse um membro legítimo da família? Sua atitude está desafiando a ordem estabelecida!

Amber ergueu o queixo, enfrentando a fúria materna com uma dignidade que não se abalava.

— Eu tomei essa decisão porque sinto que é o certo a fazer — respondeu Amber, sua voz firme e clara. — O império precisa de estabilidade, e estou fazendo o possível para garantir isso. Se preciso fazer sacrifícios para assegurar que Nuri e sua irmã estejam seguros, então farei. Não se trata apenas de política, mas de humanidade.

O silêncio pesado que se seguiu foi interrompido por Safira, que entrou no salão com um porte sereno, uma presença calma que parecia suavizar a tensão. Ela se aproximou, suas palavras eram suaves, mas carregadas de sabedoria maternal.

— Por favor, Rainha Fátima, escute a imperatriz — disse Safira, sua voz aveludada cortando o silêncio. — Não podemos julgar o futuro apenas pela aparência do presente. Há sempre mais do que o que se vê. Amber agiu com o coração e, às vezes, o coração deve ser ouvido.

Fátima franziu o cenho, claramente desafiada pelas palavras de Safira, mas não disposta a recuar. Sua raiva ainda fervia, mas a presença de Safira ofereceu um pequeno alívio à tensão.

Em meio ao eminente caos entre a imperatriz e a rainha, um dos criados adentrou ao recinto trazendo em suas mãos uma carta. 

— Imperatriz, trago notícias — Ele disse

Amber então pegou a carta que tinha recebido. A carta estava lacrada com o selo oficial do Império Russo, e seu conteúdo era uma nuvem de preocupação e tristeza. Amber abriu o pergaminho e leu com crescente inquietação.

O texto revelava a gravidade da situação no castelo Russo, onde Helena havia dado à luz a um menino. A carta detalhava a dificuldade do parto e a doença que assolava Helena, um quadro sombrio que contrastava com a alegria do nascimento. Isabel, a irmã de Helena, estava ao seu lado, mas ambas se encontravam desamparadas devido à ausência de seus maridos na guerra. A notícia, um misto de dor e esperança, deixou Amber em um estado de choque.

A surpresa e a tristeza passaram por seu rosto como uma onda. A imagem de Robert, seu antigo melhor amigo e o homem com quem ela tinha um vínculo profundo, agora pai de um filho, era um golpe inesperado. Amber não podia sair do império devido à guerra e ao descontentamento dos conselheiros, mas podia enviar uma dama de confiança para ajudar Helena e Isabel.

Amber soltou um suspiro longo, seus olhos fixos na carta enquanto a melancolia se apossava de seu coração. A vida continuava a se desenrolar em um teatro de tragédias e esperanças, e ela sentia o peso de cada decisão em suas mãos.

— O que faremos agora? — perguntou Fátima, seu tom ainda carregado de frustração, mas agora com uma pitada de incerteza.

Amber levantou os olhos, seu rosto pálido e cansado, mas resoluto.— Enviarei uma dama para ajudar Helena e Isabel — anunciou Amber, a voz firme apesar da tristeza. — Não posso ir pessoalmente, mas farei o que for necessário para garantir que recebam o suporte de que precisam. É o mínimo que posso fazer.

O desjejum prosseguiu em um silêncio carregado, a atmosfera do castelo refletindo a gravidade da situação. Amber e Fátima, apesar de suas diferenças, compartilhavam um sentimento de impotência diante das forças maiores que moldavam o destino do império. Amber, em particular, estava imersa em uma profunda reflexão, o peso das notícias e a ausência de Aziz dominando seus pensamentos. O futuro do império, com todas as suas intrigas e desafios, parecia uma carga cada vez mais pesada sobre seus ombros.






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O que posso dizer né? Milhões de desculpas por toda essa demora... trouxe um capítulo pequeno, mas que retoma a tensão criada pela decisão de Amber em levar Nuri para o castelo e o desenrolar de algumas cenas de capítulos anteriores, como a situação de Lady Helena.

AGUARDEM MAIS CAPÍTULOS! ESTAVA MORRENDO DE SAUDADE DE VOCÊS!

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