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Capítulo I

1814 - Índia

Naquele ano tão singular ocorriam diversos eventos ao redor do mundo, dentre eles a erupção do vulcão Mayon no reino das Filipinas que resultou na morte de, pelo menos, mil e duzentas pessoas, enquanto poucos dias depois ocorriam as inúmeras invasões francesas na chamada Batalha de Nive, esta a qual Napoleão Bonaparte derrotou ferozmente a guarda avançada do exército Prussiano. Na frança nascia Helena de Mecklemburgo a princesa real, no Brasil falecia Aleijadinho um dos mais lembrados escultores da arte colonial brasileira. E na índia, especialmente naquela noite, se festejava.

- Feliz aniversário minha zhara, a primeira flor do meu jardim- Disse Safira felicitando a filha mais velha.

- Shukran mama - A jovem princesa agradeceu sorridente, abraçando forte a mãe.

Amber fazia vinte e três anos naquele dia, de longe era um dos dias mais felizes de sua vida e todos da família estavam no palácio comemorando com ela a chegada de mais uma primavera. Seus cabelos negros pareciam brilhar como a escuridão de uma noite iluminada pela lua, a pele bronzeada cintilava sedosa e macia. Os olhos faiscavam os tons de âmbar e refletiam toda a felicidade que sentia. Assim ela passeava pelo salão, cumprimentando todos os convidados.

Entre os familiares e amigos mais chegados estava Robert, o velho amigo filho de estrangeiros vindos da Europa. Os pais que eram joalheiros da corte europeia, haviam se aventurado no deserto quando se depararam com a monótona vida no clima gélido de Londres. Eles então se tornaram uma família muito próxima a dela, indo e vindo do Paquistão - reino vizinho a Índia -, onde reconstruíram a vida fornecendo à realeza oriental as mais elegantes e magníficas joias.

- Está divina, estonteante como uma rainha - Robert a elogiou, cumprimentando a jovem ao depositar um beijo em sua mão, ignorando totalmente as regras impostas pelos muçulmanos de não se tocarem, embora a própria princesa fizesse questão de ignorar aqueles detalhes.

Robert era - se não - um dos mais belos rapazes os quais Amber vivia rodeada. A pele clara tipicamente europeia, os cabelos castanhos que se deixavam caídos em cachos finos ao redor do rosto, os olhos de um azul-claro que beirava o transparente, tudo nele parecia perfeito demais e era - com toda certeza - notado pelas damas da festa.

- Seus galanteios baratos só funcionam com as outras donzelas, meu amigo - Respondeu divertida - Fico feliz que tenha vindo. Seus pais estão aqui? - Perguntou não esperando de fato a resposta, e sim saindo pelo salão a procura deles.

- Sim, estão conversando com seu pai - Ele respondeu logo atrás dela.

Amber enxergou de longe os cabelos castanhos de madame Adelaide e a proeminente barriga do Lord Charles, e já muito próxima deles caminhou mais de pressa e abriu seu melhor sorriso para os dois recebendo as reverências exageradas dos pais do amigo.

- Princesa Amber - Adelaide foi a primeira a falar - Como está bela! Que trajes magníficos! - Comentou passeando os olhos pela abaya colorida que a princesa usava. - Feliz aniversário, minha querida. - Felicitou olhando alegremente para Amber. Lord Charles por sua vez a agraciou com seu belo sorriso, deixando que a esposa fizesse as honras.

- Muito obrigada por terem vindo, sei que fizeram uma longa viagem - Comentou se lembrando que a moradia deles no Paquistão ficava a uma distância considerável. - Aproveitem a festa, com licença. - Então se retirou e voltou a passear pelo salão sendo seguida por Robert.

As plumas e os véus dos mais diversos tons e tecidos pendiam pelas pilastras do castelo, assim como todo o ouro do qual era feito reluzia e transmitia toda a riqueza que eles possuíam. Os convidados conversavam alegremente por todo o salão, e as damas solteiras podiam ser vistas dançando no pátio chamando atenção dos rapazes. Nos jardins as lamparinas iluminavam os narcisos e o cheiro dos lírios inundava todo o ambiente. Aquela era mais uma das muitas festas gigantescas que ocorriam no palácio e sem dúvidas merecida pela princesa.

- Vai me seguir pelo salão todo? - Amber questionou ao amigo o olhando pelos ombros.

- Desde quando ficou grossa desta maneira? - Perguntou fingindo surpresa pelo comportamento da princesa. - Pensei que gostasse de minha companhia... - Comentou deixando seu sorriso enfeitar a face.

-Desde que comecei a conviver com você. - Respondeu finalmente destinando seu olhar satírico a ele.- Já faz alguns meses que não nos vemos, o que anda fazendo? - Perguntou enquanto comia um dos docinhos de figo da mesa.

- Projetos e mais projetos - Suspirou cansado - Nada relevante que eu possa revelar. E você? O que há de novo na Índia?

- Diwali - Disse sabendo que o amigo gostaria de saber mais.

- Um festival? - Perguntou arqueando a sobrancelha castanha - Quando iremos?

- Amanhã mesmo - Respondeu com um olhar sugestivo

- Suas amigas estarão lá? - Perguntou curioso - Faz muito tempo que não vejo aquelas belas moças... - Comentou vendo Amber suspirar inconformada com seu jeito.

- Está pensando em se casar?- Devolveu com outra pergunta enquanto mais uma vez um docinho explodia as especiarias em sua boca.

- Casamentos são para amadores... - Respondeu indiferente - Quero apenas me divertir pelo resto da vida, de preferência com suas belíssimas amigas. E é claro... terminar meus estudos - Respondeu tentando terminar suas falas de maneira séria.

Amber riu e revirou os olhos para o amigo. Já estava acostumada com o comportamento nada elegante de Robert e por vezes achava graça dos galanteios dele. Ele tinha uma condição financeira estável, e em breve ocuparia o lugar de seu pai na franquia de joias da família. Robert estudava dia e noite e ansiava ser reconhecido um dia como o melhor joalheiro do reino, embora para Amber ele já fosse. No entanto, por mais que o talento fosse uma de suas melhores características, não era a que ele mais gostava de mostrar.

- Garanto que ainda vai se apaixonar por uma donzela e quando este dia chegar rirei da sua cara - Brincou recebendo uma careta nada madura dele.

- Trouxe um presente para você. - Ele disse deixando de lado a brincadeira e tirando de um dos bolsos do fraque cinza claro uma pequena caixinha.- Espero que goste. - Disse olhando ansioso para a princesa.

- Oh, Robert! Não acredito... Eu lhe disse que não queria presentes... - Disse abrindo um belo sorriso - O que é? - Perguntou sacudindo a caixinha e logo desfazendo a fita prateada que a prendia.

Um relicário rosé em formato de coração fora retirado da caixa, a corrente finíssima que o segurava era duplamente trançada e o relicário em formato de coração era cravejado de delicadas flores tendo em seu centro a primeira letra de seu nome "A".

- Não seja modesta... Amber. Não combina com você. - Ele falou achando graça - Abra - ele disse vendo que a princesa estava encantada com o objeto.

E assim ela fez abrindo o fecho que revelava uma fotografia dela. Amber sorriu ao se lembrar do tal dia retratado, estavam os dois em um dos salões do palácio observando o sol se pôr pelas janelas enquanto ela tentava de maneira falha acertar as notas da harpa.

"Não o vi fazendo essa foto" - Pensou.

Ainda viajando em seus pensamentos sorriu ao se lembrar do comentário que ele havia feito sobre sua terrível apresentação.

"- Meus ouvidos estão sangrando Amber, tente outro instrumento. Harpas em suas mãos se tornam armas letais." - Ele dizia fazendo ela o olhar espantada pela sinceridade dele, enquanto Robert apenas dava de ombros como se dissesse "É apenas a verdade". Aquela também era uma de suas muitas qualidades.

Dentro do relicário na outra parte um pequeno dizer estava gravado e logo os olhos da princesa que outrora irradiavam alegria pesaram com algumas lágrimas fugitivas.

Para a minha melhor amiga.
Para a mais bela de todo o mundo.
Para você, Amber todo o meu amor.

Robert Williams.

- Robert...passou quantas noites produzindo esta joia? - Disse finalmente olhando os olhos do amigo - Isso é lindo, shukran... me ajude a colocar. - Falou limpando as lágrimas e dando o colar nas mãos dele, se posicionando de costas pendendo os cabelos negros para o lado.

- Apenas o suficiente para que ficasse perfeita. - Ele respondeu pegando o relicário das mãos da princesa.

- É muito mais que perfeita...- Disse maravilhada tocando o colar com a ponta dos dedos. - Você se superou desta vez... - Comentou ainda estasiada com o presente.

- Fico feliz que tenha gostado... - Respondeu despreocupado - És a minha modelo preferida. - Falou sabendo que ela acharia graça, embora fosse verdade. As muitas joias as quais a princesa era vista usando, resultavam em inúmeras encomendas para a joalheria dos William's.

Os dedos de Robert logo tocaram o pescoço dourado de Amber e o peso da joia foi posto sob ele. A princesa se virou sorridente encontrando os olhos azuis do amigo atentos aos seus. Ele sorriu de volta, deixando transparecer o torto do sorriso e fazendo com que as mechas onduladas de seus cabelos castanhos caíssem em seu rosto. Os dois suspiraram deixando que os poucos segundos em silêncio dissessem tudo o que ansiavam dizer um ao outro.

- Amber! Venha... está na hora de dançar - Foram interrompidos pela irmã mais nova da princesa. - Vamos! Você também Robert! - Jade sem dúvidas tinha muito mais energia do que os dois, o que acabou os fazendo rir e acompanhar a princesa mais nova.

Aquela era uma nova era, a Índia aos poucos se tornava o que um dia seria território dos britânicos e no salão de festas o que mais se via eram os suntuosos vestidos rodados e repletos dos mais bufantes babados e firulas assim como destoantes tons de ternos e fraques. Mais do que nunca o mundo estava mudando e as culturas começavam a se misturar.

Amber por sua vez não se encantava pelos trajes tão sem vida dos europeus, preferindo honrar a sua cultura e o seu povo usando a abaya mais colorida que encontrara no comércio. Sua criada havia modificado o traje para que quando chegasse a hora da dança pudesse apenas retirar a capa de cima.

E assim ela fez ao se posicionar no centro do salão dourado. Todos a olhavam atentamente e quando retirou a capa revelando o traje de dança sorriu ao ouvir o burburinho se formar. A saia dourada repleta de fendas que se desenhavam acompanhando as curvas do corpo da jovem era mais chamativa e sensual do que qualquer um esperava e o top igualmente dourado tampava apenas o busto deixando que a barriga plana ficasse a mostra. Amber manteve apenas o véu pendurado em sua coroa.

E para o desespero de seu pai que observava tudo com os olhos arregalados, começou a dançar.

*

- Eu não acredito! - Ouviu o grito histérico da irmã assim que passou pelas portas do salão para se trocar, deixando que local fosse tomado pelos inúmeros casais dançantes. - Papa está surtando, mama tentou acalmá-lo durante toda a sua apresentação. Ele quase lhe arrancou de lá a forças. - Disse risonha

- Como fui? - A princesa perguntou aflita que tivesse errado algum passo da dança.

- Ah... foi linda, magnífica e estonteante... - Suspirou sonhadora - Atraiu muitos olhares hoje minha irmã.

Amber achava graça toda vez que Jade entrava naqueles assuntos. A irmã era uma romântica incorrigível e sonhava com um casamento tão majestoso quanto o de seus pais. No entanto, a princesa mais velha não tinha tanto interesse no matrimônio.

- É mesmo? - Perguntou desinteressada - Nem percebi - Comentou enquanto já em seu quarto retirava a roupa de dança e procurava o segundo traje da noite.

Desta vez Amber colocaria um sari rosa goiaba, homenageando o reino que os havia acolhido a tantos anos. Os cabelos agora estavam presos deixando apenas alguns cachos soltos caírem livres em seu rosto e os braços estavam repletos de pulseiras brilhantes. Se admirou no espelho vendo que havia ficado ainda mais bela com aquela cor.

- Lord Robert não desgrudou os olhos de você durante toda a dança... ele parece interessado - comentou Jade despreocupada.

- O que?- Respondeu em confusão - Robert e eu somos apenas amigos... e bem ele olha para todas as mulheres, com certeza não era pra mim que os olhos dele se admiravam.

- Não se faça de sonsa... sabes muito bem que tens vários pretendentes. Robert pode muito bem ser um deles... - A irmã tornou a dizer - Inclusive muitos foram falar com papa esta noite para pedir a sua mão.

- Esqueça isso... somos amigos. E o que papa disse a estes tais pretendentes? - Perguntou terminando de colocar um brinco colorido na orelha.

- Disse que você não está disponível para o casamento ainda. Mas que quando estiver pronta colocaremos uma garrafa em uns dos portões principais do palácio.

- Isso é ridículo - Bufou inconformada com aquela tradição - E se qualquer um quebrar aquela garrafa? Estarei presa a um traste!

- Tens razão... - Ponderou Jade pensativa - Mas podes ter a sorte de se casar com um príncipe encantado - Falou novamente sonhando.

- Diga ao papai que fique tranquilo, não pretendo me casar tão cedo. Além disso... mama me garantiu que se um dia eu quisesse me unir a alguém seria por amor.

"Que tipo de amor eu acharia em alguém que quebra uma garrafa de compromisso? Que tradição mais estúpida..." - Pensou enquanto calçava os sapatos.

Das inúmeras tradições aquela era a que as moças muçulmanas mais desejavam. Colocar uma garrafa no telhado da casa significava que a jovem estava solteira e pronta para se casar, o primeiro rapaz que quebrasse a garrafa demonstrando interesse poderia levar a mão da moça em casamento. Para Amber aquela era a tradição mais ridícula e ultrapassada que existia, mas embora a princesa não gostasse, na maioria das vezes ela funcionava.

- Mama também disse que era o melhor a ser feito... antes que algum reino queira fazer alianças... - Jade completou preocupada - Não acha melhor contar com a sorte de uma garrafa quebrada do que com um casório por obrigação? - Questionou fazendo Amber a olhar pensativa por poucos segundos.

- Vamos voltar a festa - Disse tentando esquecer aqueles assuntos - Vou dançar até que o sol resolva aparecer! - Falou puxando a irmã de volta ao salão.

Uma vida sem grandes preocupações era o mais fácil a se dizer em relação a princesa Amber, mas até quando seu mundo cheio de cores e danças continuaria intacto? Até quando o seu destino estaria na palma de suas mãos? Até quando o passado esperaria para finalmente aparecer?

*

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