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Capítulo 19: Cortes Semi-circulares

Can you be my nightingale?
Say you'll be my nightingale”

O café estava vazio, a cidade ainda estava em luto, no fim das contas.

Percebi que, mesmo tristes pela vida jovem que foi tirada, uma sensação de quase alívio permeava os residentes de Salem, seus segredos foram enterrados com Amber, era fascinante perceber como todos a temiam tanto que conseguiriam se alegrar com sua ida.

Nenhuma garota de sua idade deveria ter tanto poder assim quanto às pessoas.

Uma semana depois, não tivemos nenhum sinal do Red Hood, — e eu não tive nenhum sinal do traficante que havia aterrorizado a mim e a minha mãe — mas, eu e os outros estávamos em constante contato. Jordan, Nico e eu fomos unidos pelo projeto de recuperação do professor Jeffrey, que já havia acabado. Savannah dormira em minha casa por vários dias, ainda assustada, cada vez mais paranoica, voltava para casa de dia, apenas para checar e dar atenção a seus cachorros, mas todos evitávamos falar sobre ele. E falamos menos ainda sobre a Amber.

Apesar de ela sempre estar rondando, todas as frases, em todas as conversas.

Tínhamos medo de destrancar o diário, sabíamos que nossos segredos estariam alí e sabe-se lá de quem mais ela falara. A sensação era que aquele diário tinha uma aura negativa ao redor de si, encapado em látex vermelho sangue, com detalhes dourados por toda a sua extensão, o caderno parecia amaldiçoado. Tipo, alguma merda saída da franquia 'Evil Dead'.

O diário aparentava ser amaldiçoado.

Agora estávamos aqui, no Read Cafe, na mesma mesa em que descobri sobre a Amber, no dia em que vimos seu corpo. O caderno estava numa mesa de centro, enquanto todos estávamos sentados num sofá estofado com um material que remetia a couro.

— Eu consegui abrir. — Nico avisa, tenso, ele mexia suas pernas freneticamente — Ainda não li, nem nada, não queria ver os… Segredos de vocês.

— Não sei se estou pronta para contar. — Savannah completa, em uma confidência. — Para mim, é constrangedor… Doloroso.

— Não sei exatamente o que ela escreveu aí sobre mim. Mas, tenho medo do que a gente pode descobrir. — desabafo, franzindo os lábios.

— Galera, é um pequeno sacrifício a ser feito em troca de chegar mais perto de quem matou a Amber.

— Nunca mais nos chama de galera, por favor! — Savie reclama, em direção a Nico e ele debocha.

— Gente, eu preciso contar… Uma coisa. Na verdade, mais de uma.

Nos cálamos, esperando que Jordan começasse a falar. Seu chamado foi repentino, mas ele falou seriamente. O moreno respirou fundo, cruzando as mãos e se projetando para a frente.

— Há dois anos, voltando para casa do baile de juniores, eu fui estuprado.

O silêncio tomou conta, as palavras penderam no ar de uma forma desconcertante, não sabia exatamente o que esperava, mas definitivamente não era aquilo.

— Ai, meu Deus, Jordan, eu sinto muito. — Savannah consola, indo até ele e o abraçando.

— Jordan… — Nico geme.

— Sinto muito!

— Foi extremamente humilhante, foi o uber que chamei, ele era bem mais velho e percebeu que eu era trans, então, começou a dizer as coisas mais nojentas possíveis.

Jordan abaixou a cabeça e fungou. Quando voltou a falar, seus lábios tremiam.

— Ele disse que… Disse que me transformaria novamente em mulher. Me levou até os pés da árvore das bruxas pelos cabelos, ele rasgou minhas roupas e concretizou o ato, me deixando lá, logo depois. — a voz do mais novo do grupo era trêmula, insegura, com mudanças de tom, as lágrimas desciam em seu rosto em torrentes.

— Esse… Era o segredo que Amber tinha contra você? — Savannah perguntou, séria, com um tom triste em sua voz.

— Não, não até esse momento. Gente, eu me senti nojento, humilhado, senti como se ele tivesse arrancado de mim tudo que eu era. Fiquei obcecado por me vingar do meu abusador. Eu descobri onde era sua casa e fui até lá.

— Jordan… Você…?

— Eu o matei. O escondi no porão de sua própria casa, pelo que sabia ele não tinha família.

Todos nós nos sentimos chocados. O que Jordan estava nos contando era aterrorizante. Eu não conseguia imaginar o doce, amigável e melancólico Jordan matando alguém, mas entendia que, movidos pela vingança, pela raiva, pelo sofrimento, poderíamos conseguir qualquer coisa. Estendi minha mão para ele, a qual ele apertou, precisava deixar claro que não o estava julgando.

— Sei que agora vocês devem estar se perguntando como Amber descobriu isso, como ela usou isso contra mim. Eu… — Jordan chorou mais ainda, interrompendo sua fala, troquei um olhar com Savannah — Engravidei do meu estuprador. Realizei um aborto com a mesada que meus pais me deram, me sentia envergonhado demais para contar para eles, falsifiquei uma identidade e apresentei numa clínica pouco conhecida aqui em Salem… Amber também estava lá… Ela também realizou um aborto.

— O quê? — perguntei, exasperada.

— O filho era… Meu?

— Pelo que ela me disse, não, Nico. Amber pediu um segredo por um segredo, eu contei tudo. — Jordan deu uma risadinha entre o choro — Eu nem mesmo me dei conta de que ela mal me contou o seu segredo, mas, eu queria tanto tirar aquilo do peito, que contei mesmo assim.

Ouvimos tudo o que ele dizia calados, Nico parecia em choque, mesmo sabendo que praticamente vivia um relacionamento aberto com Amber, um aborto? Sem o seu conhecimento? Ele não tinha certeza se acreditava que não era dele, quando era com outros ela tomava cuidado, não tomava?

— Foi uma péssima ideia! Amber me ouviu falar sobre o corpo morto no porão e me encarou como se eu fosse idiota. Ela se ofereceu para ajudar a me livrar do corpo, me livrar de lidar com as consequências daquilo. — ele sussurrou, preocupado que alguém poderia ouvi-lo.

— E o que vocês fizeram? — pergunto.

— Nós o enterramos, na floresta.

— Por que será que tudo leva a essa floresta? — Nico questiona, eu dou de ombros.

— A questão de tudo isso é: o Capuz Vermelho não é coisa nova.

— O quê?

— Há um ano, em 2021, ele já havia aparecido.

— É sério, Jordan.

As cortinas brancas nas janelas de seu ateliê se agitavam, Jordan se perguntou se não deveriam estar machadas de tinta, talvez fossem imaculadas demais para um ateliê de pintura.

— O quê? — o garoto disse, entrando no cômodo claro, onde as cores contidas eram especificamente as do quadro. Um em especial o chamou a atenção: uma figura soturna usava um capuz vermelho, só sua boca poderia ser vista, sua pele branca contrastava com o resto do quadro e com a saturação do vermelho.

— Esse homem! — a loira exclama, apontando pro quadro — Esse desgraçado está me perseguindo há dias! Primeiro, ele ficou me observando depois do treino da torcida, enquanto esperava meu lyft… Depois, ele me perseguiu enquanto eu corria pela manhã e, ontem, enquanto eu estava na casa da Georgia, eu recebi essa mensagem. — a garota continua, suas palavras eram cuspidas, ao invés de pronunciadas, ela gesticulava desesperadamente, tentando abrir as coisas em seu aparelho mesmo com suas unhas dificultando o processo.

Jordan, que estava até aquele momento parado próximo a porta, andou até ela e pousou a mão em suas costas, ato que Amber estranhou, mas não reclamou.

— Respira, garota! Tá tudo bem, eu tô aqui!

A loira respira fundo, enfim conseguindo abrir o aplicativo de mensagens.

— “Você achou que levaria seus segredos para o túmulo, mas eles é que te levarão a ruína.” — Jordan leu e logo depois começou a rir — Eu já entendi, isso é algum tipo de piada, não é?

— Jordan, é tão real quanto a lâmina que você usou para matar aquele velho. Ele tem fotos de nós enterrando o cadáver. — Amber rebate, olhando-o nos olhos — Temos que lidar com isso.

— Então, por que ele não veio atrás de mim? Quero dizer, eu matei o homem, eu deveria ser o alvo.

— Ele obviamente acha que por eu ser uma garota sou mais suscetível a ceder ou sei lá…

Encaramos o moreno de cabelos medianos que estava sentado a nossa frente, seus olhos estavam lacrimejando, o garoto levou as mãos ao rosto, escondendo sua face pálida e chorosa.

— Me desculpem por não contar, Amber disse que havia “lidado com isso” e eu acreditei. Ela era a chave disso tudo, mas, parece que não foi bem assim. Eu não contei antes porque queria ter certeza que esse Capuz era o mesmo de antes e o desaparecimento e morte da Amber é a maior prova de que, sim, ele é.

— Vai ficar tudo bem, Jordan. Não deixaremos nada acontecer com você. — Nico tenta o confortar, seu tom de voz é afetuoso.

— Mas, vocês não podem impedir, a menos que eu fique preso em casa pelo resto da minha vida, ele vai me achar e vai me destruir, como já tentou no dia do baile. Amber primeiro, a ordem natural é: sou o próximo.

Jordan estava sentado dentro do carro de seu pai, ele havia pego emprestado por medo de encontrar o Capuz no volante de um uber ou lyft. Seus dias haviam sido uma bagunça entre calafrios, paralisias do sono com a figura encapuzada e sonhos que pareciam saídos direto de um corte prolongado de 'Suspiria'.

Três toques na sua janela foram o suficiente para fazer com que seu coração batesse três vezes mais rápido. Ele olhou pelo visor, percebendo os cachos de Nico antes de seus olhos verdes. O moreno ponderou se deveria abrir a porta para o garoto.

O click da porta fora outra besteira que lhe causou um susto de mil vidas.

Nicolas entrou no carro calado, se sentando no banco do carona. Jordan franziu a sobrancelha, pressionando os lábios.

— Olha, não sei exatamente o que dizer.

— Então, por que veio atrás de mim? — Jordan o encarou.

— Sabe que eu me importo com você, Joe. — Nico se virou para o garoto. — Queria que eu só te deixasse ir embora depois de tudo que você contou lá?

— Bom, você não se importou muito comigo quando usou meus sentimentos para me sequestrar.

— Você sabe, conversamos sobre isso no dia da festa. Eu só preciso saber onde ela estava na última vez em que você a viu… Só… Por favor! Pelo que vivemos até aqui!

— Ah, Nico… Você sabe que se eu soubesse de qualquer outra coisa, eu te contaria…

— É… Eu… Vou pegar um pouco d'água, quer que traga para você?

— Sim, acho que é uma boa ideia.

— Posso te dar uma carona, depois… Apesar de tudo, sabe o que sinto por você, Joe — Nico tocou a coxa de Jordan de leve e o olhou nos olhos.

— Hã-hã… Pode ser, Nicolas, sabe… Mantenho minha promessa. Você pode contar comigo. — Jordan sorriu, sentindo seu coração se acelerar.

— Sei o que fiz, tá bom? E eu sinto muito, já sei que preciso de terapia, o que posso dizer? — o garoto implora com os olhos — Não queria que as coisas fossem daquele jeito e eu definitivamente não queria te magoar.

A mão de Nico sobe até o rosto de Jordan, que ele acaricia, mas o garoto afasta a mão do outro.

— As coisas não são assim, Nicolas, eu não sou a Amber. Talvez para vocês dois essa relação de gato e rato desse certo, mas, não para mim.

Os olhos verdes de Nico se fixaram nos cinzentos de Jordan enquanto ele falava. O garoto de pele preta observou todos os traços do rosto de Jordan, seu coração se aquecia em estar perto dele, mas também estava partido, ele se martirizou por não saber de nada daquilo, por mentir, ter escondido o que ele sentia por Jordan por quase nove meses.

— Eu definitivamente não quero ter mais esse segredo. Olha o que segredos fizeram a gente se tornar, onde eles nos trouxeram. O que os segredos fizeram com a Amber. Eu não quero isso pra mim. Você gosta de mim, Nicolas, mas, eu te amo! Você não sabe o quão doloroso é fingir que isso não existe, só porque você tem medo de enxergar quem verdadeiramente é!

Apesar de estar falando alto e claro, tirando o peso que estava em seu peito, Jordan estava chorando, seus olhos se moviam pelo rosto de Nico, ambos sentiam como se o ar no carro fosse rarefeito.

— Os últimos anos foram um pesadelo vívido, estar com você foi uma das poucas coisas que tornaram tudo menos difícil, mas aí você passou a me tratar com hostilidade na frente dos seus amiguinhos de time, vestir uma camisa de extrema masculinidade como se isso te absolvesse de uma culpa que só existe na sua cabeça. — Jordan deixou seu corpo cair no banco — E sabe o que é pior?

O garoto menor agora não olhava mais para seu amado.

— Te deixei me enganar. A ponto de transar com você.

— Jordan… Eu nunca quis… Eu não deveria… Eu tentei. Quero me tornar melhor. Juro que… Olha… Estava prestes a te dar isso… — Nico retira uma caixinha do bolso de sua jaqueta de couro — Quando Amber sumiu, meu coração se partiu em mil pedaços, eu ainda a amava, mas planejava terminar com ela. Queria encarar meu verdadeiro eu, talvez me permitir viver um amor de verdade. Seu desaparecimento mudou tudo, eu estava realmente convencido de que algum de vocês havia feito aquilo com ela.

— Você sabe que eu não…

— Você matou aquele homem, não matou? — Jordan fez que sim com a cabeça, tristemente — Não acho que você é um assassino, mas, tomamos decisões erradas em momentos difíceis, assim como o dia do penhasco. Não somos más pessoas, só tomamos péssimas decisões. E eu sei que cometo erros todos os dias, e sei que continuarei cometendo porque ainda sou um trabalho em progresso, só, por favor, não me odeie. Não aguentaria viver em um mundo em que você me odeia, Joe.

Nicolas entrega a caixa preta de veludo para Jordan. O encarando, o garoto passa sua mão machucada no cabelo.

— Eu não te odeio, Nicolas. No momento, eu só… Desgosto de você com veemência.

— O que significa veemência? — Nico perguntou.

— Eu te explico eventualmente.

Eles ficaram novamente em silêncio, observando a chuva forte do lado de fora, para variar, naquele verão o clima estava instável.

— Não vai abrir o presente?

— Não. Talvez em casa. Eu ainda preciso refletir sobre tudo isso.

— Será que posso refletir com você? Você é melhor nisso do que eu!

Jordan apenas revirou os olhos e começou a dirigir.

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