Capítulo 14: Vermelho auto destruição é a cor favorita de Amber Luo-Johnson
“I'll stare directly at the Sun, but never in the mirror
It must be exhausting always rooting for the anti-hero”
Boston, Massachusetts
A mãe biológica de Amber tinha 15 anos quando se descobriu grávida. Ela se odiou por muito tempo, tentou abortar em casa, tudo com medo de que sua mãe a odiasse, por medo do que aquilo causaria em sua vida. Ter um filho tão jovem? Não era o que ela queria para si.
Seus olhos azuis, tão intensos que se tornavam estonteantes se observados de muito perto, a pele branca e corada, os cabelos loiros e sempre presos com fita num rabo de cavalo. Meryl era determinada e estava disposta e ir até o fim para conseguir aquilo que queria. A menina tentou abortar por si mesma diversas vezes, de diversas formas, mas não havia conseguido.
Eventualmente, a mãe de Meryl precisou saber do que estava acontecendo com seu corpo, em prantos a garota implorou para que a mãe a perdoasse, mas a mulher sentia tamanho amargura por toda aquela situação que nem mesmo conseguia olhar nos olhos da filha.
— A partir de amanhã, garota. — a mais velha avisou, ríspida, sua voz era o prenúncio do viria nos próximos meses.
— Mãe, eu imploro, você não pode fazer isso! Por favor! Eu faço qualquer coisa.
— O homem te engravidou, agora ele é que vai te sustentar. Não temos dinheiro para você e suas necessidades, quando essa criança nascer ela será apenas mais um peso para mim… Assim como você.
Meryl de fato se casou com o homem que a engravidou, Oscar, ele era seis anos mais velho, magro, alto, de olhos castanhos e cabelos cortados em estilo militar. O homem era jovem, mas imponente, sua aparência era rígida e sua postura era claramente de alguém que não tinha nenhum senso de humor. No início, ele era doce e estava animado para ser pai, ele se sentia de fato completo.
Mas, com o nascimento de Amber, eles se partiram no meio. O homem não respeitava Meryl, sendo agressivo, rude e quase não olhava pro rosto de sua própria filha. Com o tempo os gritos se tornaram tapas, as batidas na mesa se tornaram agressões tanto a mãe quanto a filha. As coisas escalonaram e, quando Oscar se deu conta, ele havia matado Meryl. Amber presenciou tudo, todos os socos, a face de sua mãe desfigurada, as mãos de seu pai cheias de sangue.
A garotinha permanecera presa com sua mãe morta por aproximadamente 2 semanas, sendo salva por uma visita de sua avó. Mas, para sua má sorte, nem mesmo a mulher a queria, culpando-a pela morte de sua filha.
Bee fora mandada para um orfanato no centro de Boston. Ela ficou lá por aproximadamente seis meses antes de ser adotada pelos Luo-Johnson.
— Não, não queremos uma bebê… Não teríamos tempo para prestar atenção num recém-nascido. — a voz de Susane ecoou no corredor, fazendo Amber se assustar.
No orfanato, ela tinha pesadelos todas as noites. Ela sonhava que ao invés de sua mãe, ela deveria ter morrido. Uma garota má como ela merecia a vida?
— Ah, quem é essa garotinha? — a senhora Luo-Johnson falou, tocando a face de Amber num movimento delicado.
— O nome dela é Amber Brooke, é daqui mesmo da região.
— Amber! Belo nome! — agora Seung falava, ele sorriu — Quantos anos você tem, garotinha?
Amber olhou do homem para a mulher, com uma expressão apavorada. Seus olhos grandes se arregalaram.
— Ela não está falando. Mesmo tão nova, já passou por experiências traumáticas. A crueldade das pessoas é nauseante. — a morena explica, era uma funcionária no orfanato.
Susane encarou a garota, um sorriso contido se anunciou em seus lábios, enquanto passava a mão nos cabelos loiros da criança, que se encolheu. Seung riu, e, olhando nos olhos da mulher, vocalizou o desejo mútuo:
— Queremos adotá-la.
Salem, Massachusetts
18 de Abril de 2021, após o Spring Break
Os olhos de Amber se encontraram com o seu rosto no espelho, ela prendeu seu cabelo num rabo de cavalo alto com duas mechas soltas na frente. Em sua face uma maquiagem leve fora feita.
— E voltámos. — diz, antes de finalizar sua maquiagem com um delineado. Seu quarto fora iluminado com o sol leve do fim do intervalo de primavera, estávamos perto da páscoa, no segundo ano do ensino médio.
A loira desceu as escadas e arqueou as sobrancelhas, percebendo as caixas que sua mãe organizava. Ela jogou a mochila no grande sofá e desfilou até a cozinha, suas botas caras faziam barulho contra o chão feito de madeira.
— O que tá acontecendo?
— Bom dia, Amber! — sua mãe usava uma roupa leve de exercícios e tinha o cabelo preso num coque, era raro ver Susane tão simples.
— Bom dia, mãe, o que está acontecendo? — ela sorri. Seu suco de laranja já estava posto quando se aproximou da mesa. Então, ela encosta seus lábios pintados de vermelho e toma um belo gole em silêncio.
— Dakota está voltando.
Amber se engasgou com o suco, ela sentia sua garganta inteira queimar e tossiu por uns 3 minutos.
— O… Quê? — a jovem questiona, escandalizada.
— Sua irmã decidiu sair de Boston, estava com saudades de casa e foi aceita na Universidade da Cidade de Salem… Que é muito prestigiada por diversas autoridades. — Susane disse, apoiando os braços na ilha de mármore branco. Ela fitou Amber.
— Dakota é tão previsível… Ela foi para Boston, meu Deus! Por que ela não pode só… Largar o osso? — Amber anda até a pia e joga o resto do suco nela.
— Não fale assim de sua irmã… Você sabe que ela só quer ser bem sucedida, pelo bem de nossa família… Assim como você também quer.
— E onde ela vai ficar? Transformei o quarto dela no meu ateliê, não estou disposta a…
— Ela já está no nosso apartamento no centro, vem para cá quando reformarmos o celeiro. — Susane interrompe.
— Como assim o celeiro, mãe? Ela vai morar no nosso quintal? — Amber esbravejou.
— Sim e vocês vão se esforçar para se darem bem… Sabe como seu pai é… Você tem mais a perder com essa conduta do que Dakota… — Susane a olhou de cima a baixo — Você vai assim para escola?
— É, mãe… Estamos no século vinte e um! — seu rosto era desafiador enquanto ela retrucava a mãe.
Amber estava vermelha, suas mãos se fecharam num punho enquanto andava em direção a sala. Sua respiração era acelerada.
— Estou fazendo waffles… Com calda de cereja, seus favoritos.
— Leva pra Dakota. — a loira retruca, virada de costas para sua mãe — Perdi a fome.
Amber esperou na frente de sua casa, Nico iria buscá-la de carro. Ela ajeitava sua meia três quartos quando o garoto encostou o carro no meio fio e destrancou a porta. Suas mãos estavam tremendo, não sabia se pela raiva ou pelo frio.
— Você tá atrasado. — avisa, de mau humor.
— Cinco minutos, Amber. — Nico revira os olhos, enquanto a loira entra no carro, ela joga a mochila no banco de trás e se senta.
— Continua atrasado, idiota.
— Bom dia, Bee. — o moreno sorri, dando um selinho na garota.
— Bom dia, Nicolas. Não pense que estou bem com você, ainda não esqueci do que você fez e continuamos terminados. Eu só preciso da carona! — ela o corta.
— Tá bom! Caramba… Você tá com um humor do caralho, né?!
— Basicamente. Dakota está voltando pra cidade.
— Sua irmã gostosa? — questiona, ligando o carro.
Amber dá uma cotovelada na barriga do garoto. Estava irritada demais para as gracinhas de Nico.
— Porra! Por que tanto estresse? — o carro já estava em movimento.
— Todos nessa cidade sabem que não sou a maior fã da Dakota. Não se faça de bobo.
— Sua irmã passou quase um ano longe de você, talvez não seja tão ruim assim vê-la.
— Você come cocô? Dakota é o meu pior pesadelo. Ela representa tudo de ruim na minha vida. Ter ela perto é como ser Jesus e ter que dormir na mesma sala que Judas. — Amber diz com uma intensidade incomparável, seus olhos semi-cerrados, Nico arregala os olhos, balançando a cabeça.
— Amor, eu te entendo… Mas, eu ainda acho que você exagera. A garota não parece tão ruim.
— Realmente, ela não é tão ruim... Ela é pior. E é por isso que, dessa vez, vou destruí-la.
No enorme prédio acadêmico, Nico e Amber se separaram. Amber me enviou uma mensagem e logo depois marchou até o escritório da Dra. Russel, ignorando Nico e os brutamontes que ele chamava de amigo.
Amber estava estressada, podia-se notar pela forma como ela mexia no próprio cabelo de forma compulsiva, mas dessa vez esse estresse vinha acompanhado pelo medo. Desde que Dakota tinha ido morar em Boston para estudar, a loira havia se tornado o centro da órbita de seus pais, que finalmente vieram a prestar atenção na garota.
Seu pai era ocupado, era o prefeito da cidade e estava sempre pensando em coisas demais para prestar a atenção em coisas tão pequenas quanto a tentativa de suicídio de sua filha ou o fato de que ela chorava todas as noites antes de dormir. Quando Bee finalmente tinha achado uma forma de conseguir sua atenção, Dakota voltou para a cidade, estragando qualquer chance que ela tinha de construir uma relação com Seung.
Esbarrando entre Jordan e Savannah, fazendo ambos resmugarem, ela parou na frente da porta do escritório e bateu. Após ouvir uma resposta abafada da mulher, a garota entrou.
— Bom dia, Amber, é um prazer recebê-la.
A garota imprimiu uma expressão soturna e se jogou em uma das poltronas grandes a frente da escrivaninha, salva pelas almofadas no assento. Amber reparou nas paredes escuras, cobertas por papéis de parede que não poderiam ser mais cafonas, ao lado da mesa da terapeuta havia uma janela grande e abaixo da janela uma estante com alguns livros sobre psicologia e psicanálise.
— O professor Jeffrey a mandou aqui, não é? Não só ele parecia querer que você viesse ao menos conversar comigo, seus pais também participaram dessa decisão… E alguns professores chegaram a te chamar de… “Problema”. — a mulher de cabelo curtinho e encaracolado observou Amber, que revirou os olhos. — Coisa com a qual não concordo.
— Isso é ridículo, é completamente inadmissível um professor falar assim de uma aluna. Exijo saber quem se referiu a mim assim.
— Amber, isso é assunto para outro momento. Hoje gostaria de conversar com você sobre você. Sua mãe me contou que você fez terapia durante alguns anos, durante sua infância e início da adolescência. Poderia começar me contando por que abriu mão disso? — a mulher cruzou as pernas em sua cadeira, seus olhos escuros focados na loira, que olhava distraidamente pela janela.
— Fiz terapia porque não falava… Por que continuar fazendo terapia se já conseguia falar? E mesmo nesse momento eu não entendo muito bem o que está acontecendo, por que estou aqui?
— Seus pais estão preocupados, o nosso corpo docente também.
— O mesmo corpo docente que me chamou de “um problema”? É, posso ver a preocupação transbordar.
— Podemos começar com coisas simples. Por exemplo, se defina em um defeito e uma qualidade.
— Prefiro me matar, ah, espera… Eu já tentei isso. — Amber debocha, sua expressão era de alguém que estava de saco cheio.
— Podemos falar sobre essa situação?
— O quê? O meu suicídio? Ou quase suicídio. Ninguém sabe além dos meus pais e, bem, agora o professor Jeffrey e você, aparentemente… E só Deus sabe quem mais. — Amber virou seu olhar para a mulher, a luz da janela batendo em seu rosto e deixando seus olhos azuis ainda mais saturados — Sabe o que meu pai disse quando foi me visitar no hospital?
De braços cruzados, ela se aproximou da mulher, lentamente. Seu rosto era o puro desgosto estampado da forma mais pura e violenta possível.
— “Nem pra se matar você serve.”
— Mal posso imaginar como se sentiu ao ouvir isso. Você realmente acredita que seu pai quis dizer isso?
— Seung é a porra de um filho da puta. Eu o odeio e, ao mesmo tempo, o amo, ele é meu pai… Tudo o que queria era sua atenção, mas em algum momento sinto que foi como se tivesse deixado de ser sua filha. — sua voz se tornou embargada — Eu não me importo mais. A essa altura já me acostumei com o desprezo. Acho que prefiro terminar por aqui. — ela suspira — Não me sinto muito bem.
— Está tudo bem. Podemos nos ver na próxima semana?
— Tudo bem.
— E, Amber… Qualquer coisa, pode me procurar. — a morena falou, enquanto a garota se dirigia para fora da sala.
Ao sair, Amber se encostou na porta e enxugou suas lágrimas. Seus pais haviam a prometido que sua tentativa de suicídio ficaria entre eles, mas, como sempre, eles a haviam traído. Suspirando, ela se dirigiu ao ponto em que havia combinado comigo.
— Me solta!
Amber ouviu a voz de Jordan, alta e clara. Ele parecia estar com falta de ar, a voz era abafada. A loira seguiu o motim vocal, até chegar num outro corredor. Alguns atletas da escola estavam formando uma roda e Jordan estava no meio, sendo jogado de um lado para o outro.
— Você não quer ser homem? Será tratada como um.
— Deixa ele em paz! — Savannah gritava, pulando e tentando entrar no círculo. Amber sentiu vontade de rir vendo a agitação, quão patético era aquilo, em pleno ensino médio.
Amber andou até os brutamontes no momento em que o moreno atingiu o chão. Ela deu dois toquinhos no ombro de um deles.
— Ouviram o que a garota disse? — ela questiona — Deixa ele em paz.
— Ou o quê? — um dos caras retruca, se virando na direção de Amber. Ela o conhecia, Nico havia contado a ela algo que o jogador de futebol mataria para manter enterrado.
Amber sorriu de lado e se aproximou dele. Ela ficou a apenas alguns centímetros de distância do ruivo, tão perto que ela poderia contar as suas sardas. Seu sorriso mais debochado se formou em seu rosto. Ela olhou rapidamente para Savannah e então voltou seus olhos novamente para o garoto.
— Ou, Anne de Green Gables, eu conto para todo mundo as travessuras que você costumava fazer com seu primo nos Halloweens de Boston. — ela faz um biquinho — É como dizem: os mais violentos sempre escondem algo, não, é?
— O que ela quer dizer com isso, Greg? — um dos outros rapazes ri. Greg manteve seus olhos nos dela, mas fraquejou e então se virou.
— Nada, deixa esse lixo pra lá. — ele e os outros garotos saem, enquanto Savannah ajuda Jordan a se levantar.
Amber já ia saindo, ela quase se sentia bem por ajudar o garoto.
— Por que você me ajudou? — ele anda um pouco até ela, mancando, parecia ter se machucado com a “brincadeira”, o nariz sangrava.
— Só eu posso mexer com você, Frankenstein. — Bee se vira, para vê-lo o garoto estava vermelho e chorando — Sou a única com o seu segredo… — ela sussurra — O resto… Hum… Você não deveria deixá-los te tratar assim. E, ah, de nada.
— Que segredo? — Savannah questiona, franzindo o cenho.
— Jorji?! — ela sussurrou, olhando entre as prateleiras.
Eu estava agachada entre dois dos últimos corredores da livraria, lia um livro antigo de romance fantástico, o tédio saia furtivamente através das palavras. Aquele lado da biblioteca era escuro, sendo levemente iluminado pelas luzes dos computadores.
— Estou aqui. — respondo, entre um suspiro. — Quase morri de tédio.
— Exagerada. — ela diz, estendendo a mão e me fazendo levantar. Fecho o livro o colocando de volta na prateleira — Não sentiu minha falta? Esperava uma recepção mais calorosa.
— Óbvio que senti. — a abraço, sorrindo — Boston foi, hum, divertida mas não o suficiente. E pra você, como foi o spring break?
— Hum, foi bom, eu acho... Fui ver a velha da minha avó biológica, ela só conseguia ficar se lamentando sobre como ela falhou comigo e com a minha mãe. Patético. — Amber revirou os olhos, nos sentamos no chão novamente — Ela implorou pelo meu perdão.
— Você a perdoou? — pergunto, mesmo já sabendo qual seria a resposta.
— Eu fiz o que qualquer pessoa de bem faria, fui agente do carma na vida dela. Disse a ela que não importava se eu a perdoava ou não porque Deus não a perdoou. Ela falhou comigo e causou a morte de minha mãe, ela morrerá se martirizando se depender de mim... E isso não demorará muito.
— Como assim?
— Ela já tem na base dos 80 anos, uma coitada! — ela debocha, com uma expressão brincalhona preenchendo seu rosto corado. Sempre me senti fascinada pela facilidade que ela tinha para dizer as coisas mais horrorosas com uma expressão tranquila.
— Que horror, Amber!
— Jorji, ela praticamente entregou a minha mãe biológica grávida para meu pai, um agressor violento que nunca teve nenhum preparo para uma família... Não é atoa que agora ela está morta! Foi tudo culpa da velha! E eu disse a ela! Disse sim, que minha mãe ainda estaria viva se não fosse pela falta de amor que ela tinha, se não fosse por sua negligência...
— Eu te entendo.
Ficamos em silêncio por um breve momento, enquanto algumas pessoas saiam da biblioteca.
— Sabe, Dakota foi até o hotel em que estava trabalhando em Boston.
— Ela foi? Como assim?
— Ela ficou hospedada lá por um dia, parecia abismada por me ver, talvez até desconfortável. — eu expliquei, tentando parecer tranquila, mas instigada pela curiosidade — Ela me disse que voltaria para Salem. Mas, sabe o que é mais estranho?
— O que?
— Ela foi pra um quarto cuja a chave não estava na recepção quando eu cheguei.
— E isso quer dizer...?
— Que ela foi encontrar alguém! É obvio! Eu a observei pelas câmeras, o que não deveria fazer mas, bom, foi mais forte do que eu.
— Argh... — Amber encosta a cabeça na parede, sua mão se aproxima do meu rosto e ela tira uma cacho da minha testa — Deixa a Dakota pra lá, por ora, vou descobrir o que ela está aprontando. — seus cabelos loiros são meu foco agora, eles pareciam mais claros do que quando sai de Salem no fim de março, fito seus olhos azuis quando Amber se inclina para um beijo.
Sua mão estava em minha nuca, me puxando para mais perto enquanto pressionava seus lábios contra os meus, sinto sua respiração profunda, enquanto chupa meu lábio inferior, sua mão entra em minha blusa de algodão passeando por minha barriga, enquanto pressiona minha perna, quando me dou conta já estou a puxando pela cintura. Sua pele calorosa é reconfortante e seus lábios são ferozes, como se quisesse me devorar começando pela boca, mas, lutando contra todos os meus instintos, me afasto.
Ficamos ofegantes, suas sobrancelhas arqueadas em confusão.
— O que... Foi?
— Bee, eu refleti sobre isso durante o tempo em que fiquei fora... Eu te amo, mas não posso continuar sendo seu segredo, não tem jeito fácil de dizer isso, eu não posso continuar assim, sendo alguém pra você beijar nos cantos escuros de bibliotecas, isso não é o que eu quero. Mereço mais. — eu digo e então espero sua resposta.
— Eu te amo, Georgia, mas... Você sabe que não podemos...
Um nó se forma em minha garganta, eu a encaro, sem saber ao certo o que dizer. Eu queria beija-la, abraça-la, fazer dela a garota mais feliz do mundo. Mas, aquilo começara a me machucar... Eu não quero amar em segredo.
— Eu sei.
— Eu queria que as coisas pudessem ser diferentes.
Enquanto saíamos da biblioteca praticamente abandonada, vimos Aspen vindo até nós. Ela usava uma blusa preta curta, com um cardigã vermelho sangue aberto e uma saia também vermelha que mal chegava a seus joelhos, seus sapatos salto alto eram simplesmente caros demais para serem usados no campus de um colégio público. Os cabelos morenos presos num rabo de cavalo balançavam enquanto ela andava.
— Amber! Meu Deus, te procurei em toda a parte! — ela exclama, sorrindo e parando um pouco a frente de nós.
— Eu vou indo...
— Não, me espera aqui. — Amber rebate, sorrindo — Isso não vai demorar.
Até hoje, não sei exatamente o que Amber disse a Aspen, mas seus olhos primeiro se arregalaram, enquanto Amber sussurrava em seu ouvido, depois se encheram de lágrimas. Aspen chorou violentamente, mas, os traços de seu rosto delicado mal se enrugaram. A garota estava chocada demais para reagir.
— Vamos? — Amber entrelaçou o braço no meu, rindo e me puxou para que saíssemos dali. Olhei pra trás, constatando que Aspen continuou parada, parecia estática, logo desviei o olhar, como se encara-la ali por tempo demais fosse a comprovação de que minha melhor amiga era uma das piores pessoas que conhecia.
Talvez ela fosse mesmo.
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