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Capítulo 1: Mudanças na vida

    Hoje foi um dia extremante exaustivo, eu já estava começando a ficar cansada deste meu trabalho. Ontem conclui que a pior decisão que tomei na vida foi me tornar professora, pouco tempo livre, pouco dinheiro, poucos amigos. As coisas começaram a diminuir de uma maneira impressionante assim que entrei na faculdade, a palavra "pouco" e "entediante" resume a vida de ser professora, e principalmente de história, ninguém me escuta, ninguém me entende... Tudo o que eu falo nas aulas parece entrar em um ouvido dos alunos e sair pelo outro. Eles podiam ao menos fingir estarem interessados na matéria, mas não, ficam rindo de mim, jogando bolinha de papel na minha cabeça e fazendo piadinhas sobre minha aparência.

    Entrei na sala dos professores e me joguei na cadeira mais próxima, sem me importar com os olhares a minha volta. Coloquei minha cabeça entre meus braços e tentei dormir um pouco.

— Jane! Vamos, acorde, tenho milhões de perguntas para lhe fazer hoje.

    Senti alguém erguer meus braços para cima e balançá-los com força, era a única pessoa que eu conhecia que tinha uma enorme paixão por história: Erick Murray. O conheço dês do colegial, nunca o imaginei como professor, eu jurava que ele se tornaria um médico por causa de seu dom para ciências. Acho que foi ele quem me influenciou a escolher ser o que sou hoje, Erick sempre dizia que eu nasci para dar aula, mas ele se enganou. Devo admitir que é muito bonito, mas era muito mais antes, apesar das rugas presentes em seu rosto branco ele parecia ser bem jovem, seus olhos escuros e seu cabelo ruivo caindo no rosto sempre chamam muita atenção.

— Erick, estou exausta— reclamei— Pergunte a outra pessoa, hoje foi um péssimo dia.

— Se pelo menos tivesse outro professor de história além de nós dois— Ele sorriu— Você anda muito estressada ultimamente Jane Holly, principalmente depois que se casou. Lembro-me de como era simpática e alegre, até mesmo com seus alunos, antes de conhecer o Dr. West.

— Cala a boca Erick, Doug é um companheiro maravilhoso e não admito que fale assim ele. E ainda nem nos casamos e...

— Mas moram juntos, dormem juntos, compartilham a mesma escova de dente e você está noiva!— Ele bateu com a mão na mesa, atraindo alguns olhares para nós— Jane, acorda! Ele nem gosta de história, como pode?

Segurei o riso, tentando me manter séria.

— Tenho uma aula para dar, com licença_ Levantei-me e me virei de costas para ele, mas um braço me impediu de continuar andando.

— Só quero te ver feliz— Ele murmurou por cima do meu ombro.

— Isso se chama ciúmes— indaguei.

— Você sabe muito bem que eu a considero apenas como uma amiga, uma formidável amiga, você é a irmã que nunca tive Jane e eu te amo pelas pequenas e boas felicidades que você me fez e por todos os momentos que esteve ao meu lado, sempre me apoiando e me dando força.

    Contive as lágrimas que se esforçavam para sair. Ele era sempre assim, carinhoso, simpático e tem que me demonstrar isso todos os dias para eu saber o quanto sou especial para ele.

— Encontre-me hoje às duas horas na minha casa, lá eu irei responder as suas perguntas— afirmei.

    O braço estendido na minha frente abaixou lentamente para o lado, deixando minha passagem livre. Sorri para mim mesma e andei até a porta, indo em direção à sala de aula.

    Minha casa era uma das mais elegantes e modernas de Bristol, uma cidade da Inglaterra, onde eu morei durante toda a minha vida. Eu não tinha o porquê reclamar da minha vida, tenho vinte e quatro anos, sou noiva de um importante e rico cirurgião de trinta anos, sem filhos, trabalho apenas pela manhã e vivo com todos os confortos disponíveis no ano de 1.946 — um ano depois da Segunda Guerra Mundial, com a Inglaterra se restabelecendo politicamente—, mas mesmo assim tudo parecia estar desmoronando, eu não conseguia me sentir feliz e reclamava freqüentemente, Erick estava parcialmente certo, tudo isso começou a acontecer depois que fiquei noiva.

    Abri a porta da frente e dei uma olhada rápida no primeiro andar da casa, como não vi Doug subi para o segundo andar. O encontrei na cama de nosso quarto, assistindo televisão, com uns três livros de medicina espalhados ao seu lado, seu cabelo escuro e curto lhe dava uma aparência séria, típica de médicos. Ele me viu e sorriu para mim, retribui com um sorriso forçado e fui até ele, deixando meus próprios livros em cima dos seus.

— Como foi seu dia?— Doug me perguntou, mas ainda estava concentrado na televisão.

— Bom.

    Eu sempre mentia sobre meus dias para ele, não acostumados a dizer como nos sentíamos, infelizmente era comum haver mentira entre nós dois, mas eu já não mais me importava. Hesitante, coloquei a mão em seu ombro.

— E o seu?— perguntei

— Bem... fiz duas cirurgias complicadas, mas não o bastante para parecer assim tão cansado— Ele disse ironicamente, encarando-me. Logo depois desligou a televisão e veio sentar-se a meu lado— Você pode confiar em mim Jane, mesmo quando está triste ou cansada.

— Estou cansada demais até para explicações. E se é para fazer revelações, nosso relacionamento não é mais como antes, quando...

    Parei de falar quando ele me beijou na nuca, arrepiando os pêlos do meu corpo.

— Já chega de discutir o relacionamento essa semana, não concorda?

— Sim, concordo— Passei os olhos rapidamente pelo relógio antigo pendurado na parede e me levantei assustada da cama— Droga! Erick já deve estar chegando, é melhor eu ir esperá-lo lá em baixo.

— O Murray?

— O próprio. Marquei com ele agora para lhe responder algumas perguntas, não sei ao certo do que se trate... Acabei saindo tarde da escola, nem deu tempo de arrumar as coisas.

— Ah, história. É melhor eu ficar por aqui então— Doug fez uma careta enquanto se levantava para beijar minha testa, eu me sentia ainda mais baixa ao seu lado, com meus poucos um metro e sessenta e três de altura.

    Já estávamos sentados na sala de estar com uma jarra de limonada entre os montes de livros de história e mapas da Inglaterra esparramados na mesa. Erick bebeu mais um copo antes de começar o questionário.

— Olhe— Ele estendeu o longo dedo delgado, pressionando-o logo acima da Europa, mais perto da Ásia— Vou ser claro é rápido. Dizem as lendas que bem aqui tem um continente submerso, bem no fundo do Oceano, na qual um ser humano normal jamais a encontraria. Mas um pirata sim, e nós sabemos que piratas existem, mesmo que sejam bem menos do que costumava a existir.

— Aonde você pretende chegar com isso?— Perguntei olhando debilmente para o mapa. Quando Erick começava a contar estas histórias eu já podia prever que seria uma longa conversa.

— Seria muito bom se você me deixasse continuar— Ele sorriu olhando para as escadas— O doutor está ai?

— O nome dele é Doug, pare de falar assim do meu futuro marido— Fiz uma cara emburrada— Vai, continue.

— Ele está ou não?

— Está.

    Erick ficou fitando as escadas por alguns segundos depois tomou uma decisão e empurrou sua cadeira para o lado da minha, perto o bastante para nossos ombros se encostarem.

— É melhor ele não achar que eu fico colocando essas histórias na sua cabeça. Vamos garantir que ele não escute_ Erick sorriu, balançando a cabeça para tirar seu cabelo ruivo do rosto— Continuando... quando li essa lenda semana passada para meus alunos nem me importei tanto, era mais uma de tantas lendas da Idade Média, mas no dia seguinte eu esbarrei com um homem na rua, que usava uma capa e chapéu pretos, o próprio Batman.

    Nós dois rimos.

— E neste incidente ele deixou cair um mapa, mas não havia percebido. Então eu o peguei, crente de que seria algum mapa mundi ou algo do gênero. Mas não era. Parecia mais um mapa do tesouro, mesmo assim não foi isto que me deixou perplexo, mas sim o local onde estava circulado, com uma caveira ao lado, exatamente o local na qual te falei. E quando olhei para frente, o homem não estava mais lá, ele havia desaparecido, e o pior é que era lá perto da praça, sendo quase impossível eu perdê-lo de vista por ser um enorme local aberto.

— Mas não tem nada circulado aqui— Apontei para o mapa na minha frente.

— Jane Holly, dá para parar de me atrapalhar?

— Ah, desculpa.

— Como eu tentava dizer...— Ele colocou sua mão em cima da minha e sorriu— Decidi levar o mapa para casa, o dobrei e enfiei dentro do meu casaco. Em casa eu o abri e a primeira coisa que fiz foi tentar achar algum código ou uma pista de quem é o dono. Porque além de sermos professores de história, somos excelentes historiadores, não concorda?

— Bancando o espião, que novidade— Eu ri ironicamente.

— Você tem que levar as coisas mais á sério Jane. Bem, encontrei um nome e mais um monte de escritas românicas. O nome era Jonathan Campbell e pelas pesquisas que fiz sobre ele apenas conclui que é um pirata muito famoso na região, o mais temido de toda a Roma, o ladrão que nunca foi preso, a pessoa que mais desaparece sem deixar rastros. Ele era o cara. E como infelizmente era pouco visto, não se tem fotos nos arquivos mais antigos do museu. Jonathan Campbell é sem duvidas o Batman da praça.

— Você foi até o museu?! Está levando esta história muito a sério.

— O caso é o seguinte: ele existe, e isso não é uma lenda e nós podemos provar se você, traduzir o restante para a gente.

— Não mesmo— Garanti, cruzando os braços no meu colo.

— Jane querida, se encontrarmos este lugar nós podemos entrar para a história, seremos as pessoas mais comentadas do século XX. Ou você prefere viver o restante de sua vida casada com um homem de trinta anos e com um monte de filhos na barra de sua saia? Lembra-se do colegial? Você e eu imaginávamos nosso futuro assim, cheio de aventuras e perigos, foi por isso que entramos na faculdade, para sabermos sobre a história do mundo inteiro. E o melhor lugar para isso é a Inglaterra, o país que enfrentou várias batalhas e marcou o mundo inteiro, por que você acha que Bristol e as cidades em torno dela estão cheias de castelos medievais? Estamos no lugar ideal, no século certo, na hora certa e temos um ao outro! Jane, sinceramente eu não queria ter a vida que você está tendo. Aquele homem lá em cima nem te ama.

    Olhei espantada para Erick e involuntariamente lhe esbofeteei no rosto, mas não me arrependi. Levantei-me e peguei a jarra em cima da mesa, indo em direção à cozinha, sem me importar dele estar me seguindo.

— Não precisava ficar furiosa!— Ele quase gritou atrás de mim.

— Não admito que você se intrometa no meu relacionamento, Erick Murray! Se não consegue me respeitar, respeite pelo menos meu marido, por favor.

— Tudo bem— Ele falou, esfregando o lado de seu rosto onde exatamente cinco dedos eram visíveis— Se mudar de idéia me procure, estarei por ai tentando achar o dono do mapa. E se quiser saber o restante da história pode me procurar também, pois eu não guardo magoas... Sra. West.

    Ele deu um pequeno murro no armário ao seu lado e se virou para a porta da cozinha. Seu susto foi tão grande quanto o meu quando vimos Doug parado na soleira da porta.

— Posso saber o motivo da gritaria, Murray?— A voz rouca vinda perto da porta perguntou.

— Querido, não foi nada— Apressei-me para estar ao seu lado antes que ele causasse alguma briga— Erick já ia sair, só estávamos discutindo sobre história, como sempre.

    Fingi estar rindo.

— Sim, já estou indo— Erick foi até a mesa recolher seus livros, quase correndo.

— Jane, eu confio em você, mas eu tenho certeza que vocês não estavam discutindo sobre história e você sabe muito bem disto— Doug murmurou assim que Erick saiu— Mas não precisa me explicar nada, eu não me importo mais.

    Ele nunca se importa com nada mesmo. Segurei sua mão por hábito e subimos as escadas assim que Erick saiu. A casa estava silenciosa e triste, não era nem de perto a mesma coisa quando cheguei aqui. Lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que pisei neste piso de madeiro, na soleira da porta, no meu aniversário de cinco meses de namoro com Doug. Quando eu era feliz, exatamente há dois anos.


— Doug, é linda! Maravilhosa! Nossa, eu amei!— Gritei, debruçando-me sobre ele.

— Eu sabia que você iria gostar, eu mobiliei ao seu gosto— Ele sussurrou no meu ouvido, em seguida se abaixou o suficiente para seus lábios encostarem-se aos meus— Eu te amo.

— Eu mais!— Gritei, já subindo os degraus— Vamos ver lá em cima!

    Chegamos ao quarto de casal no segundo andar, eu iria entrar assim que toquei a maçaneta da porta, mas ele me impediu, agarrando minha cintura e me colocando em seu colo. Sorrimos um para o outro.

— Garanto que você não vai se arrepender de ter me aceitado como seu marido Sra. West, vou fazer com que você seja a pessoa mais feliz deste mundo. Eu prometo.

    Ele tirou um cacho do meu cabelo castanho do meu rosto e beijou delicadamente minha testa.

— Adoro seus olhos, sempre gostei de verde, e bem escuros como os seus— Ele afirmou, abrindo a porta.

    Era o quarto mais bonito que eu já vira. Com uma enorme cama no meio, a televisão na frente e as janelas cobrindo grande parte das paredes, como eu gostava. Ele fez tudo do meu jeito, fez tudo para mim. Cada detalhe me fazia lembrar os momentos que passamos juntos e os lugares que visitamos, como o pequeno imã do Big Ben pregado na geladeira, que adquirimos em Londres.

    Senti um frio na barriga, aquele seria meu quarto por muitos anos e eu o dividiria com um homem, o homem que eu amava, e provavelmente com a presença de uma linda criança atormentando nossas vidas. Um sorriso surgiu no meu rosto quando Doug me deixou sentada na cama e se ajoelhou na minha frente.

— Espero que você tenha gostado, porque a partir de hoje este será nosso ninho de amor— Nós rimos— Eu te amo Jane Holly, e futura West. Amo seu sorriso, amo seus longos cachos, seus olhos verdes, sua maneira de lidar com crianças, seu jeito incrível de se dar bem com todas as pessoas e a maneira sonhadora de ser. Só não amo uma coisa em você.

— O que?— Perguntei surpresa.

— Seu fascínio por história!— Ele segurou minhas duas mãos e beijou cada uma delas, uma em especial contendo o meu anel de noivado que havia ganhado no dia anterior— Mas isso eu supero.

— Da mesma maneira que eu vou ter que superar o seu fascínio por cirurgias plásticas.

    Seu cabelo preto ficava muito engraçado quando o encharcava de gel para se exibir para mim, tive que segurar o riso até agora, mas infelizmente Doug passou os dedos na mechas grudadas uma na outra, fazendo vários fios se levantarem alegremente. Coloquei minha mão na boca, mas não adiantou. Desatei a rir, caindo de costas na cama.

- O seu também está horrível hoje- Ele reclamou enquanto brigava com as mechas pretas de seus cabelos para elas ficarem quietas no lugar- Parece que você acabou de acordar com um monte de cachos voando de todos os lados de sua cabeça.

- Você disse que amava eles deste jeito, - Falei entre soluços abafados, ainda rindo— cheios de cachos.

- E amo- Ele riu, desistindo de ajeitar o cabelo e se deitando ao meu lado- Amo tudo em você.


    Geralmente este era o tipo de discussão que a gente tinha, pequenas e que não afetam nem um pouco nosso relacionamento. Por isso que eu amava tanto Doug, ele se esforçava para não ficar estressado ao meu lado por bobeiras ou assuntos que não tivessem a ver com nós dois.

    Mas o tempo mudou muita coisa em nossas vidas.

    Acordei antes do amanhecer, Doug ainda estava deitado num sono profundo ao meu lado. Sentei-me na cama e olhei em volta tirando uma conclusão: essa não é a vida que eu queria. As coisas estavam desordenadas, não havia crianças nem mesmo a felicidade, este homem deitado ao meu lado não era o mesmo que conheci há dois anos e sete meses, mas um outro completamente diferente, para ele o trabalho era mais importante do que eu, o amor entre nós estava se extinguindo, mesmo eu não querendo aceitar isso, era a mais pura verdade. Eu era noiva de um homem cinco anos mais velho que eu e que não combinava em absolutamente nada comigo, infelizmente, e que mal ficava em casa; eu cozinhava, arrumava a casa, lavava a louça e nossas roupas e ele chega do trabalho cansado demais para sequer me dar um oi. Está tudo virado de cabeça para baixo.

    Escutei um barulho de algo quebrando no primeiro andar e fui ver o que era. Vesti meu roupão e desci hesitante pelos degraus da escada, com medo de ser um assaltante. Liguei a luz e a primeira coisa que vi de diferente na casa foi que o jarro que estava exatamente no centro da mesa agora se encontrava quebrado no chão. Isto é muito estranho, já que o vento hoje não teria força o suficiente jogar o jarro da mesa. Não demorou muito para eu perceber que os meus livros que eu ainda não tirara da mesa estavam revirados e com páginas rasgadas. E agora? Tem alguém nessa casa que está aqui há muito tempo, já que leu meus livros e ainda escolheu algumas páginas para arrancar e levar com ele.

    Apoiei-me na estante ao meu lado para não me desequilibrar, eu estava começando a ficar tonta e extremamente assustada. Pelo amor de Deus, só tenho vinte e cindo anos, sou nova demais para morrer, não faça isso comigo. Uma melodia musical começou a tocar de repente, por pouco eu não desmaiei, percebi antes disso que era o telefone da minha própria casa. Andei devagar até a cozinha e atendi.

— A- Alô?— gaguejei.

— Jane, sou eu, Erick.

Dei um suspiro de alivio e segurança.

— Ah, oi. O que você quer?— Falei demonstrando estar estressada.

— Me desculpe estar ligando esta hora, mas é importante, pelo menos para mim. Sabe aquele mapa que lhe mostrei ontem? Eu o encontrei com um papel dentro, o que tinha palavras em gaélico que eu queria que você traduzisse, mas eu levei o mapa e acabei esquecendo o papel em um de seus livros, acho que foi aquele sobre a Grécia Antiga, tem como você guardar para mim?

— Erick? Você por acaso não mandaria ninguém vir aqui na minha casa de noite para pegar este papel, não é?

    Eu estava desejando que ele falasse sim para acabar com este mistério logo, mesmo que eu ficasse furiosa com Erick.

— Depois da bronca que levei ontem você acha que eu pisaria novamente na sua casa ou me mostraria covarde o bastante para mandar alguém invadir seu lar? Você acha mesmo que eu teria a capacidade de fazer uma coisa dessas?

— Já entendi, não precisa me dar uma bronca, é que... Amanhã eu te conto antes da aula começar.

— O que aconteceu, Jane?— Ele pareceu ficar preocupado.

— Tchau Erick— Coloquei o fone com um pouco de brutalidade no gancho e corri para o segundo andar.

    Enfiei-me debaixo das cobertas ao lado de Doug e tentei dormir e me esquecer do intruso na minha casa. Sei que eu estava correndo um risco enorme deixando uma pessoa andar pela casa, mas no fundo eu não me importava tanto, talvez fosse melhor que nossas vidas acabassem assim, eu e Doug West assassinados juntos na nossa cama. Pensando bem, eu não tava nem um pouco a fim de morrer, senão eu iria lá embaixo me entregar para o assaltante. Ah, Jane, você tem que parar de se enganar.

    Pela manhã tudo estava a mesma coisa, o jarro quebrado e os livros rasgados. Falei para Doug que eu que tinha feito aquela bagunça de noite quando fui pegar um copo de água para não o preocupar. Cheguei à escola tarde e tive que explicar tudo a Erick no recreio, eu não queria falar com ele novamente, e não era por causa do sumiço de seu papel que foi pego por algum estranho, mas sim pela briga que tivemos. Quando o sinal tocou fui para a cantina e ele estava lá, me esperando em uma das mesas ao lado da pequena janela.

— Olá— O cumprimentei desanimada— Está um belo dia hoje, não?

— Sente-se, não estamos aqui para falar de como está o dia.

    Ele me esperou até eu estar pronta para contar tudo, provavelmente já percebera que eu não estava com seu papel. Pedi um suco de laranja e esperei o garçom trazê-lo, já ia tomar o quarto gole quando Erick deu uma leve batida na mesa, mostrando que ele estava começando a ficar irritado com minha demora.

— Pois bem— indaguei— Roubaram seu papel, não sei quem, mas alguém ontem entrou na minha casa pouco antes de você ligar e mexeu nos meus livros, levaram apenas o papel e...

— Óbvio, era o que pretendiam assim que entraram na sua casa_ Ele falou para si mesmo_ Como também queriam o mapa, ou foi Jonathan ou John, não, John não era capaz de tamanha habilidade, sair sem deixar pistas, ou até mesmo descobrir onde o mapa e o papel poderiam estar...

— Dá para parar com isso? Odeio quando começa a falar coisas que me excluem da conversa!

    Ele me fitou assustado. Demorou alguns segundos até eu perceber que não era para mim que ele olhava e sim na janela ás minhas costas; outra coisa que eu odiava, quando Erick fica olhando para algo que eu não faço a mínima ideia do que poderia ser.

— Desculpa.

_ Hein?_ Exclamei, ele continuava fitando a janela, na verdade, além dela.

    Erick se virou e sentou na cadeira ao meu lado, segurando minha mão.

— Eu não queria brigar com você daquela maneira, você sabe o que eu acho do Doug e do seu futuro casamento, mas já que é isso que você quer para a sua vida, eu ficarei feliz se estiver feliz e finalmente realizada, já que a história não lhe fez isso. Foi um erro te induzir a pensar que era o melhor trabalho que alguém poderia ter. Aquilo era minha opinião, não a sua, desculpe-me por tudo Jane.

— Larga de ser bobo Erick!— Sorri para disfarçar minha emoção— Eu amo história tanto quanto amo você, e ainda bem que você insistiu que eu seguisse esse rumo. E sabe de uma coisa?

    Levantei-me da cadeira e sentei no pouco espaço que tinha na sua própria cadeira, ele se afastou para me dar mais espaço.

— O que?

— Eu vou te ajudar a encontrar essa região submersa. Agora você terá que me agüentar nisso, porque eu nunca desisto de nada, e não irei desistir até encontrar este lugar, confio em você e sei que ele existe.

    Ele pareceu chocado, ergueu suas grossas sobrancelhas ruivas e abriu a boca. Depois pareceu que levou um susto e se levantou num pulo, me levando junto em seu colo e abraçando-me.

— Jura? Meu Deus, como eu adoro essa mulher!— Ele sussurrou no meu ouvido.

— Agora se você me colocasse no chão seria muito bom, estamos atraindo muitos olhares curiosos— pedi.

    Quando finalmente coloquei meus pés no chão, comecei meu típico questionário.

— Ótimo, por onde começamos? Eu não tenho mais aulas por hoje e acho que posso almoçar fora.

— Nem eu, então isso é um convite para sairmos? Hum, sabia que um dia você iria me convidar para sair.

— Seu bobo— Me estiquei para poder beijar sua bochecha e puxei seu braço para fora da cantina— Pode começar me falando quem eram Jonathan e esse tal John e depois as palavras que você se lembrava que estavam no papel, nem que sejam poucas, se eu traduzir poderá ajudar em alguma coisa. Onde fica mesmo este lugar? Mais para o lado da Ásia ou para o Oceano Glacial Ártico? Uma biblioteca seria um bom começo, vamos para a principal da cidade.

— Já vi que vai ser um trabalho difícil— Ele riu, indo para o estacionamento— Mas a biblioteca principal não iria ajudar muita coisa, lá só tem livros mais recentes, precisamos de algo sobre piratas antigos, certamente é perto da criação do mundo que encontraremos algo útil e só existem em um lugar de Bristol livros deste tipo: na casa de Albert.

— Albert? É aquele velho maluco que só fala besteira? Acho pouco provável que ele nos ajude— Afirmei entrando no antigo fusca branco de Erick.

— Ele é um homem muito sábio, fui lá ontem, nunca vi tantos livros em toda a minha vida. Ele tem uma história muito parecida com a que provavelmente teremos, mas isto eu quero que o próprio Albert lhe conte.

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