Prólogo
Ashley Diggory observou a sua melhor amiga, que permanecia parada à porta da sua casa com um malão na mão e cara de poucos amigos. Atrás dela, um homem cheio de cicatrizes no rosto e um sorriso bondoso encarava Amos Diggory, o pai adotivo de Ashley, Cedric Diggory, o seu irmão mais velho e a própria Ashley, que não sabia se havia de sorrir ou fugir do rosto de poucos amigos de Laurel.
- Olá, Amos. Eu sei que isto foi um bocadinho em cima da hora mas... Achas que a Laurel pode ficar aqui por uns dias? Ela é amiga de Ashley e como eu preciso de fazer uma viagem , pensei que seria melhor para ela ficar em casa de uma amiga do que sozinha. - disse Remus Lupin, encarando a filha - Tenho a certeza que a Laurel adoraria ficar com a Ashley até as aulas começarem, não é Laurel?
Laurel Ravenclaw, conhecida formalmente como Laurel Raven, encarou o seu tutor legal e pai adotivo com um olhar irritado. No alto dos seus treze anos, a menina ruiva era um pouco ameaçadora quando estava irritada, algo que Ley nunca vira acontecer e o seu pai provavelmente também não, pela maneira como engoliu em seco, atrapalhado.
- Nós adoraríamos recebê-la! - disse Amos, estendendo a mão à menina - Sou Amos, o pai de Ashley. Tenho a certeza que as duas se irão divertir muito no resto das férias, não achas Ley?
Ley assentiu, contendo o riso. O rosto de Laurel estava cada vez mais ruborizado, um sorriso amarelo surgindo no rosto enquanto apertava a mão de Amos.
- É muito gentil da sua parte, Mr. Diggory. Pai, já que me despejaste aqui... - Laurel fez uma pausa, olhando para o pai - Quer dizer, já que me deixaste aqui com tão boas intenções... - Remus revirou os olhos para a filha, que sorriu ainda mais - Acho que podes ir. Ashley vai-me mostrar onde posso ficar, não é Ley?
Novamente, Ley assentiu, escondendo uma risadinha com a mão. Era impossível não achar engraçado a postura rígida do pai de Laurel enquanto ela se afastava, muito embora a menina parecesse naquele momento mais magoada do que irritada. Lupin tentou chamá-la, sendo ignorado por Laurel, que limitou-se a entrar pela casa adentro sem olhar para trás.
- Peço desculpa pelo incómodo, Amos. - disse Lupin, abanando a cabeça - Se eu tivesse outra opção...
- Não é incómodo nenhum, Remus. - respondeu Amos, lançando-lhe um sorriso de compaixão - Tenho a certeza que a Laurel vai entender os seus motivos.
Educada, Ashley exclamou um breve "Tenha uma boa noite!" na direção de Lupin e virou-lhe as costas, correndo em busca de Laurel. A ruiva, sempre inteligente, descobrira facilmente onde era o quarto de Ley e sentara-se no chão, parecendo perdida em pensamentos enquanto observava a decoração amarela e branca do quarto. Quando a Hufflepuff se aproximou, Laurel ergueu os olhos, visivelmente magoada.
- O meu pai despachou-me para aqui porque o Sirius Black fugiu de Azkaban. contou a Ravenclaw, ultrajada - Como se o Sirius me fosse fazer mal! Nós vivemos no meio do nada, era quase impossível ele nos encontrar e mesmo assim o Remus insiste que não consegue me proteger sozinho. Será que ele não vê que não preciso de proteção?!
Um copo pousado na secretária de Ashley explodiu, assustando as duas meninas. Laurel pousou o queixo nos joelhos, sabendo que fora ela que causara aquela explosão, ela e a sua magia idiota.
- Laurel, Sirius Black é um assassino fugitivo...
- É o meu tio, Ashley. É a única família de sangue que me resta... - Laurel comprimiu os lábios - Ou pelo menos a mais próxima.
Ashley arregalou os olhos. Com calma, ajoelhou-se junto de Laurel, que a olhou sem entender.
- Repete lá isso outra vez - pediu Ashley, boquiaberta.
Laurel encolheu os ombros.
- Sirius Black é o irmão do meu pai biológico, Regulus. E não é nenhum assassino, tenho a certeza. Ele e Remus eram melhores amigos, não percebo porque é que...
- Sirius Black é teu tio e tu não estás preocupada que ele venhas trás de ti?! - exclamou Ashley, horrorizada.
- Remus está convencido que ele vai atrás do Harry mas se souber da minha existência vai me entregar aos Devoradores da Morte e blá, blá, blá...
- Sirius Black é um Devorador da Morte, um dos mais dedicados até. - retorquiu Ashley.
- Não é e eu vou provar a inocência dele. A minha mãe confiava nele e eu também vou confiar.
- Mesmo não o conhecendo?
Laurel assentiu. Se havia algo em que a menina confiava era na sua mãe, que lhe deixara cartas e um Lembrador a contar a história da menina e da sua família. Ashley encolheu os ombros, pousando a sua mão na mão de Laurel, com um sorriso gentil no rosto.
- Então eu ajudo-te. Se achas mesmo que ele é inocente...
- Ele é. - afirmou Laurel, convicta.
Ficaram ali, em silêncio, cada uma pensando numa estratégia, duas mentes brilhantes a trabalharem do seu próprio jeito. No peito de Laurel, o medalhão brilhava num tom dourado forte sem que nenhuma das duas notasse. Ashleu endireitou-se, olhando para Laurel.
- Leste as notícias de hoje? Houve outra pessoa que fugiu de Azkaban no dia em que Sirius fugiu. - disse Ley, com um semblante triste - Já mandei uma carta à Meredith e...
- À Meredith? Porquê? perguntou Laurel, sem compreender - Não li o jornal de hoje, estivemos a Aparatar o dia todo para chegarmos aqui então não tive tempo para...
- A mãe de Meredith fugiu de Azkaban, Laurel. - interrompeu a Diggory, olhando-a seriamente - E na cela dela foram encontradas palavras escritas a sangue nas paredes.
Laurel empalideceu, a boca ligeiramente aberta.
- Que palavras? - perguntou, engolindo em seco, sem querer imaginar como Meredith se devia estar a sentir.
- O nome da filha: Meredith Lovelace.
O silêncio caiu entre as duas. Lá fora, a Lua Crescente brilhava, ofuscando as estrelas. Laurel suspirou, entrelaçando o seu braço com o de Ashley.
- Ninguém vai fazer mal a Meredith. - afirmou, convicta - Nem a ti, Ley. Não vou permitir.
O medalhão brilhou mais forte, num misto de azul safira e dourado. As duas permaneceram ali, apoiando-se uma à outra, ligadas por um destino que ainda não conheciam.
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