Capítulo 30
Quando as varinhas de Harry Potter e Voldemort se ligaram e o Priori Incantantem foi activado, Laurel soube que aquela era a sua oportunidade.
A Ravenclaw conhecia o encantamento e esperava que aquilo fosse acontecer. Já lera sobre o assunto num dos livros que Dumbledore tinha no seu gabinete e sabia que as varinhas partilhavam o mesmo núcleo, uma pena da maravilhosa Fawkes, a fénix do seu avô.
Os Devoradores da Morte recuaram assustados à medida que os dois oponentes levitavam, presos na força que as varinhas faziam. Sentindo o aperto de Lucious afrouxar, Laurel aproveitou aquele momento de distração para se soltar, colocando a mão no peito do homem.
- Assim não me deixou fugir. - disse ela.
O feitiço de Atordoar surgiu-lhe em mente e Lucious caiu ao chão, inconsciente.
- NÃO A DEIXEM FUGIR! - gritou Voldemort, os olhos fixos em Harry Potter.
Como marionetas, os Devoradores da Morte puseram-se imediatamente em posição de ataque, rodeando a jovem e formando um círculo sem hipóteses de fuga.
- BOMBARDA! - gritou Laurel, erguendo as mãos à sua frente.
Os Devoradores da Morte foram lançados ao ar, batendo de costas nas lápides mais próximas. Raios de luz faiscaram na sua direção mas a ruiva erguera uma barreira protectora à volta dela, algo que aprendera muito nova a controlar.
De mãos em riste, Laurel lançava feitiços a torto e a direito, procurando não magoar nenhum daqueles homens e tentando simplesmente chegar à Taça. A sensação de poder que fluía pelas suas veias era incrível e Laurel sabia que o único motivo porque exercia tanto controlo pela sua magia estava enrolado à volta do seu pulso direito.
Salazar Slytherin concedera-lhe um dom sem saber, deixando pelo menos una Ravenclaw grata por ter criado um objeto tão curioso.
Momentos depois, todos os Devoradores da Morte estavam inconscientes ou feridos o suficiente para a deixarem respirar por breves instantes. O seu coração batia fortemente e Laurel sentia-se esgotada, debruçando-se sobre si própria numa tentativa de respirar o fôlego.
Algo afiado trespassou-lhe o braço, fazendo-a urrar de dor. Ao seu lado, Wormtail apunhalara-a, fitando a jovem com um ar visivelmente orgulhoso de si mesmo.
- O Senhor ficará satisfeito.
Peter Pettigrew enterrou a adaga com a sua nova mão de prata nas costelas de Laurel. A rapariga gritou, a dor preenchendo-lhe os sentidos e caiu ao chão, tonta. Quando o homem levantou de novo o punhal, Laurel ergueu a mão, atirando a maior pedra que arranjou contra a cabeça de Pettigrew, que caiu ao chão imediatamente.
Sangue escorria do seu corpo, deixando-a entorpecida. A hemorrogia era grande, letal. Ao fundo, ouviu Harry gritar e uma luz incendiou o local, deixando-a cega por momentos.
Quando voltou a abrir os olhos, Cedric Diggory fitava-a com carinho, a figura translúcida tão idêntica ao seu verdadeiro eu que Laurel estendeu a mão tentando tocar-lhe, em vão.
- Um fantasma? - sussurrou Laurel, sentindo-se fraca.
- Não vais morrer hoje, Lau. Não chegou a tua hora.
- Nem a tua, Ced... - respondeu a Ravenclaw, as lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto abaixo - Ele matou-te por minha causa, Ced... Lágrimas colhidas após uma grande perda... Eu sou a culpada disto, Ced...
- Ele matar-me-ia à mesma, Lau. - afirmou o Hufflepuff, convicto - É cruel a esse ponto e tu sabes disso. Tens de te levantar.
- Não consigo... - negou, chorando - Eu não consigo...
- Estou aqui contigo. Só mais um esforço, Lau.
Laurel assentiu, dando a mão à alma do seu melhor amigo. A alguns metros de si, Harry arrastara-se para junto do corpo de Cedric, erguendo os olhos mesmo a tempo de encontrar os da Ravenclaw.
- ANDA! - gritou Harry, desesperado - LAUREL!
Voldemort e os seus lacaios recuperavam as forças, soltando gritos ao ver os dois a fugir. Os olhos vermelhos fixaram-se em Laurel como se a desafiasse.
- Vai. - disse ela a Harry, erguendo as mãos.
- NÃO! - gritou o Grinffindor, tentando pôr-se de pé - NÃO TE VOU DEIXAR!
- Estou aqui contigo, Lau. - sussurrou Cedric, dando-lhe energia e estacando-lhe a hemorragia - Faz o que tens a fazer.
Laurel virou-se para Harry, determinada. Labaredas azuladas barraram o caminho de Voldemort, erguendo-se tão altas e demoníacas que o Senhor das Trevas soube que nem ele conseguiria passar, a magia tão pura e rudimentar que mataria quem as cruzasse. Enquanto isso, a outra mão de Laurel erguera-se na direção de Harry, que se arrastava até si.
- ACCIO TAÇA! - gritou ela, apontando para Harry.
- NÃO!!
Assim que a Taça dos Campeões tocou em Harry, este desapareceu, levando o corpo de Cedric consigo.
Laurel sorriu, satisfeita. Ao seu lado, Cedric fitou-a com orgulho, deixando-a novamente em lágrimas.
- Toma conta da Ley por mim, Lau.
- Sempre. - respondeu ela - Obrigada por tudo, Ced. De todas as pessoas, foste aquela que sempre acreditou na minha bondade, mesmo quando eu perdi o controlo de mim mesma.
- Está na altura de acreditares em ti mesma sem precisar que mais ninguém o faça por ti. - ripostou o rapaz, com o seu habitual sorriso - Adoro-te, Lau.
- E eu a ti. Ced.
Num suspiro, a alma de Cedric evaporou-se e as forças de Laurel foram-se com ele.
Segundos depois, o seu corpo foi erguido no ar e a sua garganta apertada pelas mãos frias e desumanas de Voldemort.
- COMO TE ATREVES?! - gritou-lhe ele aos ouvidos, em fúria - SUA VADIA!
A varinha de Voldemort foi de encontro à ferida que Wormtail lhe fizera nas costelas, pressionando-a. Laurel soltou um grito, as dores demasiado fortes para suportar.
Voldemort soltou-a, deixando-a cair com tudo no chão de pedra. A hemorragia voltara e Laurel sentia-se cada vez mais fraca, embora nada arrependida. Salvara Harry. Era isso que importava.
Ainda assim, a Herdeira de Ravenclaw ainda tinha uma carta na manga.
- Nunca vais ganhar. - sussurrou a jovem, erguendo o pulso direito.
A jóia trouxera-a ali. Moody - o falso Moody, pois Laurel tinha a certeza que o verdadeiro Auror nunca trabalharia com Devoradores da Morte nem que o ameaçassem de morte - tinha enfeitiçado a pulseira como fizera com a Taça. transformando-a em Botão de Transporte. Era apenas temporário mas o feitiço ainda ali estava, pronto para ser activado.
Quando Voldemort se virou, a Ravenclaw tinha um sorriso tão frio no rosto bonito que o Lorde pensou estar a ver um reflexo de si mesmo.
Faíscas soltaram-se das pontas dos dedos de Laurel, atingindo a Cobra dos Puros.
- NÃO! - gritou Voldemort, erguendo a varinha - Crucius!
A mão esquerda de Laurel rodeou o pulso direito e o seu corpo foi puxado para trás, obrigando-a a fechar os olhos.
A Maldição nunca lhe tocou.
Laurel Ravenclaw desaparecera.
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Harry tremia, em choque. A figura pouco nítida de Dumbledore era a única coisa que via, as mãos ainda firmemente agarradas ao corpo de Cedric.
Ashley foi a primeira dos Diggory a ver o irmão. Desesperada, correu até ele, ajoelhando-se ao seu lado. Estava inconsciente, percebeu. Alguém o Estuporara ou assim, só podia ser.
- Acorda, Ced. - chamou ela, abanando-o.
O grito de Amos soou-lhe longínquo. O homem ajoelhou-se ao seu lado, agarrando no corpo de Cedric desesperadamente. Cecilia mal respirava, incapaz de se mexer.
- Cedric, acorda. - chamou Ashley, sem entender nada - Professor Dumbledore, devíamos levá-lo à enfermaria, ele parece não conseguir acordar...
Mas Albus Dumbledore agarrava firmemente Harry Potter, que gritava e se recusava a abandonar Cedric.
- Ele está de volta... - dizia o Menino Que Sobreviveu, em choque - Laurel... Laurel ficou lá... Eu abandonei-a... Cedric...
- Cedric, acorda...
- ELE ESTÁ MORTO! - gritou Amos na sua cara, os olhos vermelhos do tanto que chorava - SUA ESTÚPIDA, ELE ESTÁ MORTO!
O silêncio instalara-se e o mundo de Ashley caiu-lhe aos pés.
Os olhos cinzentos de Cedric estavam abertos, fixos no vazio da noite e sem qualquer vestígio da alma do seu irmão mais velho.
- Não. - negou, abanando a cabeça - Não. Cedric, acorda. Ced, tens de acordar... - a Professora Sprout alcançara a sua aluna, puxando-a e tentando erguê-la, ao mesmo tempo em que chorava copiosamente - CEDRIC, ACORDA! - berrou Ashley, desesperada - SOLTE-ME! SOLTE-ME! EU PRECISO DE ESTAR COM O MEU IRMÃO! CEDRIC!
- Ley, por favor acalma-te. - pediu Meredith, alcançando-lhe as mãos enquanto a professora apoiava a transtornada Diggory - Por favor...
- CED! - gritava, as lágrimas a escorrerem abundantemente pelo seu rosto - CED! ACORDA!
Amos Diggory cobria o corpo do seu filho com uma manta que a Professora McGonagall lhe entregara. Cecilia aproximou-se para abraçar o marido, que chorava como uma criança perdida.
Nenhum dos dois sequer olhou para a jovem que acabara de perder o seu irmão mais velho, o seu mundo, a sua única família.
- CED! CED! SOLTEM-ME! CEDRIC!!!
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