Hermione Granger não queria acreditar no que estava a ver assim que entrou pela biblioteca adentro. Pestanejou, surpreendida, dirigindo-se a passos lentos em direção à mesa onde acontecia algo inusitado.

     Draco Malfoy e Laurel Ravenclaw estavam na mesma mesa.

     Pior.

     Estavam a estudar juntos.

     Por momentos, o loiro parecia ter deixado cair a pose que sempre usava quando se pavoneava pela escola rodeado pelos seus capangas. Os ombros estavam descontraídos, a boca curvada num pequeno sorriso e os olhos cinzentos gélidos encaravam a ruiva à sua frente com admiração enquanto ela explicava animadamente as características de inúmeras criaturas que Draco detestava e que pertenciam à disciplina que ele menos se interessava: Cuidados com Criaturas Mágicas.

     Na mesa ao lado, Ashley e Meredith estudavam juntas, embora os olhos se mantivessem fixos na cena. Ley parecia apenas incomodada, enquanto a Lovelace fitava o rapaz como se estivesse pronta a intervir à primeira maldade que ele dissesse. Nenhuma das duas parecia estar ciente de que Laurel se recusava a encará-las, não por mágoa mas simplesmente porque não sabia como se comportar junto de Ley depois do que lhe dissera.

     Hermione sorriu, sentando-se ao lado de Laurel e vendo Draco crispar-se todo de imediato. A ruiva abraçou a morena num cumprimento natural, sequer notando o olhar de desprezo com que o Malfoy a fitava.

- É melhor eu ir. - rosnou Draco, controlando-se para não insultar a rapariga à sua frente.

- Espero ter ajudado. - disse Laurel, recolhendo os papiros espalhados em cima da mesa - As aulas do Hagrid são pouco convencionais mas as criaturas são muito interessantes e ele é um bom professor.

- Excelente. - ironizou, revirando os olhos - Há alguém que tu não gostes?

     Laurel sorriu.

- Pansy Parkinson. - respondeu ela, prontamente.

     Draco abanou a cabeça.

- Adeus, Laurel.

- Adeus, Draco.

      O loiro afastou-se a passos largos, não sem antes bater de ombros com Ashley, que cambaleou mas prosseguiu caminho em direção à mesa de Laurel com Meredith no seu encalço.

- O que aquela lambisgóia queria? - perguntou a dos cabelos cacheados, fitando a melhor amiga com seriedade.

- Ley...

- Não é Ley nada. Nós somos amigas, Laurel. Desculpa se fui demasiado honesta no outro dia mas não podes negar que ser tua amiga é uma aventura!

     O medalhão brilhou a dourado, captando a atenção de ambas. Nenhuma disse uma palavra. Por fim, Laurel suspirou, encarando as amigas.

- Não nego, tens razão. Desculpa...

- Podemos voltar ao que interessa? - questionou Meredith, entediada - O que aquela lambisgóia estava aqui a fazer?

     Laurel encolheu os ombros.

- Estávamos a estudar.

- Porquê?

- Eu já entendi porque é que ele é tem sido tão... Desagradável comigo nos últimos tempos. É Lucious. - fez uma pausa, sendo interrompida de imediato por Meredith.

- Nos últimos tempos? Claro, porque ele já não era assim antes. - ironizou, encarando as unhas como se não tivesse dito nada.

- Nem sempre. Ele não diz mas eu entendi nas entrelinhas... Está alguma coisa para acontecer, meninas. Eu sinto-o e os Devoradores da Morte também. Eu vi a forma como Lucious me mantinha debaixo de olho durante a Copa e como reagiu no dia a seguir à Marca Negra aparecer no céu. - Laurel fitou o medalhão no seu peito, acariciando-o com o polegar - Voldemort não está morto. Eu sei disso, Harry sabe disso. - fitou Hermione, que assentiu, séria - Tom Riddle fala comigo todas as noites em sonhos. Ele precisa de mim e eu não sei porquê. Tenho a certeza que caso alguma coisa aconteça, Lucious quer ter a certeza que é ele que me entrega ao seu Lorde. Draco percebeu que o pai ten algum tipo de interesse em mim e manteve-se o mais afastado possível de mim.

- Mas o que ele pode querer de ti? - perguntou Hermione - Harry eu entendo, é o responsável pela sua queda mas tu... Tu contaste-me que a tua mãe te entregou antes que os Devoradores da Morte a encontrarem. Mas porquê? Não pode ser só por causa de seres Herdeira de Ravenclaw e super inteligente...

- Eu não sei, sinceramente. O que eu sei é que está destinado. - afirmou Laurel, convicta - Os Herdeiros estão ligados tal como os Fundadores estiveram. O pacto de sangue que fizeram recai em nós, quer queiramos quer não. Voldemort é o Herdeiro de Slytherin, Harry o de Grinffindor, eu de Ravenclaw. É inevitável que estejamos conectados de alguma forma.

     Os olhos safira de Laurel pousaram nos âmbar de Ley, as duas suspeitando do mesmo. Faltava um Herdeiro e ambas sabiam disso. A última peça do puzzle.

     O Herdeiro de Hufflepuff, cujo brilho dourado o identificaria.

- Olhem, querem ajudar-me a descobrir como posso libertar os elfos domésticos da escravatura? É desumano as condiçőes em que eles trabalham! Criei um movimento...

- Já sabemos, Hermione e estou absolutamente contigo. - interrompeu Meredith, com um sorriso matreiro no rosto - Entretanto, explica-me lá uma coisa... É impressão minha ou Victor Krum está na biblioteca a olhar para ti de minuto em minuto?

     As quatro calaram-se, fitando o Seeker da Bulgária, que desviou o olhar como quem não quer a coisa. Hermione corou intensamente, envergonhada.

- Para ser sincera, ele está sempre aqui quando eu estou...

     Meredith abriu ainda mais o sorriso, fitando o moreno com o olhar brilhante.

- E vais lá falar com ele ou vou eu?

- Mer! - exclamou Laurel, rindo do descaramento da amiga - Não tinhas dito que não querias nada com rapazes por enquanto?

- Mudei de ideias, querida. - ajeitou o cabelo longo, fitando Hermione com um ar de desafio - Então? Como vai ser?

     Hermione pôs-se de pé, lançando um olhar furioso à Lovelace. Envergonhada, dirigiu-se à estante onde Victor se encontrava, fingindo procurar um livro entre as prateleiras. Retirou um qualquer e sorriu timidamente ao rapaz, que a encarava fixamente.

- Ol-l-l-a. - cumprimentou Krum, com o sotaque bem vincado.

- Olá. - retribuiu Hermione, acenando brevemente.

     Na mesa, Meredith desatou a rir, deixando a postura de sedutora de lado.

- Fácil!

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- Vai haver um baile? - perguntou Laurel, incrédula - Um baile?

    Snape suspirou, impaciente.

- Vai perguntar outra vez, Miss Ravenclaw?

- Não, desculpe professor. - pediu a ruiva, corando levemente - Não reparei que tinha repetido...

- O Baile de Natal é um evento importante para confraternizar com os nossos colegas estrangeiros. É requerido traje, um par, que dancem e se divirtam. - Snape prensou os lábios, mostrando a sua clara aversão a todas as palavras que dissera - Informação dada, voltemos à nossa aula.

      Laurel afundou-se na cadeira, sem querer mostrar o seu entusiasmo. Será que iria ser convidada para ir ao baile? Sem querer, os olhos pousaram em Draco, que fitava de forma indiferente o tampo da sua mesa. A Ravenclaw abanou a cabeça, horrorizada. Eles mal eram amigos, sequer eram vistos pelos outros Slytherin a conversar, porque raio ela iria querer que o Malfoy a convidasse?

     Ao erguer os olhos, encontrou Blaise a encará-la com um sorriso tranquilo na cara. Sorriu de volta. Tinham combinado de irem juntos para o Salão Nobre assim que a aula acabasse, junto com Meredith, que dormitava na mesa ao lado da sua. Era normal que ele lhe sorrisse, eram amigos no fim das contas, o único Slytherin homem decente naquela Casa ( Draco não era um homem decente, Laurel sabia disso perfeitamente).

     "Um baile?" pensou, sem querer acreditar.

     "Uau!"