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Capítulo 21

- Laurel! - chamou Harry, desesperado.

     A ruiva levantou de imediato a cabeça, as sobrancelhas erguidas ao ver a expressão de pânico do amigo.

- Dragões! - exclamou Harry, abanando a cabeça com descrença - A primeira tarefa são dragões!

- Dragões? - olhos de Laurel brilharam de entusiasmo, sem acreditar - Tens a certeza?!

- Absoluta! Eu vi-os!

     Laurel pôs-se de pé de imediato, deixando cair os pergaminhos que tinha na mão sem sequer se aperceber.

- Tu viste dragões?! Eu vou ver dragões! - deu um pulinho entusiasmado, saltando do banco da mesa do Salão Nobre onde se encontrava para o pescoço de Harry, que corou - Eu não acredito!

- Uma fã de dragões por aqui? Bem, vamos ter de a apresentar ao nosso irmão Charlie, não achas Fred?

- Claro, George! Tudo pela nossa querida amiga Laurel!

     Os gémeos Weasley sorriam identicamente na direção de Laurel, que franziu o sobrolho. Amiga? O único Weasley de quem era amiga era Ron. Raramente falara com Fred ou George e fugia de cada vez que Ginny tentava abordá-la. Apesar de não ser o mais correto dos pensamentos, Laurel não podia deixar de responsabilizar a Weasley mais nova por tudo o que acontecera no seu segundo ano: a Câmara dos Segredos, o diário, Tom Riddle... Fora Ginny que a procurara, por isso, de certa forma, era ela a responsável pelos pesadelos que continuavam a assola-la, embora com menos frequência.

- O que querem? - perguntou ela, observando os dois rapazes com atenção - Estão a tramar alguma?

- Nós? Claro que não.

     Meredith, que passava tranquilamente o seu habitual lip gloss nos lábios, fechou o espelho que tinha nas mãos e observou os dois rapazes, cada um com um sorriso mais matreiro no rosto.

- Nota-se! Olha para as caras deles! Lau, se fosse a ti não me metia nisso.

- Queremos pregar uma... Pequena partida aos vossos amigos Slytherin. - disse George, passando um braço por cima do ombro de Meredith - Interessadas?

     A Lovelace ergueu a sobrancelha.

- Estou dentro.

- Meredith! - repreendeu Laurel, chocada - Ainda agora disseste para não me meter nisso!

- Oh, por Merlim! Achas mesmo que vou recusar a oportunidade de me vingar por tudo o que aqueles palermas preconceituosos já me fizeram?!

- Não são todos preconceituosos nem palermas. - defendeu a Ravenclaw, incerta - A Astoria...

- É uma espécie rara. - retorquiu Meredith, com uma risada - Uma carta fora do baralho. Vá lá Lau!

- Mas nós ainda nem sequer dissemos o que vamos fazer... - murmurou Fred,  coçando a cabeça.

     Laurel suspirou.

- Desde que ninguém saia magoado e que Astoria seja poupada.

- Ótimo! Agora, o que é que precisam de nós?

     Os gémeos trocaram um olhar. Tinham escolhido as Cobras certas para o seu plano.

***********************************

     Na manhã seguinte, Hogwarts inteira acordou com gritos.

     As masmorras onde ficavam os dormitórios dos Slytherin estavam mergulhadas em confusão e irritação. Snape fora o primeiro professor a chegar ao local e o primeiro a perceber o que tinha acontecido, saindo de lá em direção ao gabinete do Diretor com cara de poucos amigos. As restantes Casas procuravam perceber o que se passava, desatando a rir à medida que viam os alunos a preencherem os corredores com o ar mais ultrajado do mundo.

     Os uniformes habitualmente negros dos Slytherin estavam vermelhos.

     A gravata verde esmeralda e prateada estava vermelha e dourada.

     E, para piorar, um gigantesco leão estava estampado nas costas, todo o desenho em puro dourado e glitter por todo o lado.

- O toque do glitter é genial, não achas? - perguntou Meredith, saindo de braço dado com Laurel, as duas ostentando o seu uniforme normal.

- És tão má. - afirmou a ruiva, rindo.

- Suas cabras! - exclamou Pansy, aproximando-se de ambas com as suas novas vestes comemorativas dos Grinffindor - Nem sequer se dignaram a mudar as cores do vosso próprio uniforme para disfarçar que foram vocês!

- Eu não fiz nada e não tenho o uniforme nesse estado, Pansyzinha. - comentou Astoria, piscando o olho a Laurel - Talvez as melhores Slytherin de Hogwarts tenham tido mais sorte do que os restantes!

- Traidora. - rosnou Daphne, ao lado de Pansy - Vais pagar caro, Astoria.

- Por Merlim, que dramática! É só um modelo novo e assenta-vos lindamente, realça a podridão do vosso caráter. - Astoria abanou a cabeça, rindo - Nunca vos vi tão belas!

     Enquanto os professores chegavam para resolver a situação, Meredith e Laurel juntaram-se discretamente a Fred e George, que observavam o seu trabalho com admiração.

- Ainda ficou melhor do que pensamos inicialmente. - comentou Fred - E o facto da poção ser altamente difícil de reverter...

- Faz com que os Slytherin apreciem as cores dos Grinffindor muito mais tempo. - completou George, fascinado - És realmente muito inteligente, Laurel.

- Eu sei. - respondeu Laurel, rindo ao ver Draco Malfoy berrar inutilmente para lhe mudarem a cor só uniforme - Ashley iria adorar ver isto.

- Pena não ter uma câmara fotográfica como a dos Muggles. - comentou Meredith, trocando um olhar com Laurel - Seria fantástico gravar este momento.

- Acrescentando o facto de estarem os alunos das outras escolas a ver... - Laurel apontou para os alunos da Durmstrang, que faziam um esforço para não rir da vergonha alheia - Acho que isto foi a melhor coisa que já fiz nos últimos tempos.

- Infelizmente a tua alegria não vai durar muito tempo, Lau. Olha quem está ali.

     Laurel olhou na direção que Meredith apontava, suspirando com irritação. Rita Skeeter, a jornalista do Profeta Diário que reportava os acontecimentos do Torneio, andava há dias atrás dela. Harry contara-lhe as mentiras e invenções que a mulher escrevia e jamais iria falar com ela por vontade própria.

- Miss Ravenclaw! Que belo dia, não concorda? - saudou a jornalista, com um sorriso falso no rosto.

     Não sabia quem gostava mais de quem: se Laurel de Rita, se Rita de Laurel. As duas detestavam-se desde o primeiro momento, quando Laurel negara imediatamente o pedido de Rita para uma "conversinha entre amigas", como a mulher chamara. Desde então, Rita perseguia-a, apesar da animosidade. Seria a primeira e única jornalista a ter uma entrevista exclusiva com a Herdeira de Rowena Ravenclaw, custasse o que custasse.

- O meu dia acabou de ficar péssimo. - resmungou Laurel, cerrando os punhos - Com licença.

- É verdade que namora às escondidas o concorrente Cedric Diggory? - perguntou Rita desdenhosamente, em alto e bom som - E que tem uma paixoneta pelo famoso Harry Potter? Muitos acreditam que o Menino Que Sobreviveu faria um belo par com a Herdeira de Ravenclaw e...

- Oh mulher, arranje uma vida e pare de andar atrás de adolescentes que não a podem ver à frente! - exclamou Laurel, com o rosto da cor dos seus cabelos - Tenha juízo!

     E afastou-se, deixando Rita Skeeter a bufar raivosamente.

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