Capítulo 20
- Cedric Diggory!
Meredith bateu palmas de forma entusiasmada enquanto o Hufflepuff se punha de pé, com um sorriso gigante no rosto e um olhar perdido com toda a agitação que se gerou à sua volta. Victor Krum e Fleur Delacour bateram palmas vagarosamente, analisando o seu mais recente adversário enquanto Cedric acenava na direção dos Slytherin, o qual Meredith correspondeu, com o mesmo sorriso no rosto. Ao notar o lugar vazio ao lado da Lovelace, o sorriso de Cedric esmoreceu. Na sua própria mesa, outra pessoa faltava. Atordoado, o Diggory engoliu em seco, deixando Meredith triste pelo rapaz.
- Onde está a Laurel? - sussurrou Astoria, inquieta.
- A dormir. - respondeu Meredith, sem olhar para a mais nova - Dumbledore obrigou-a a ir ver a Madame Pomfrey para ela lhe dar uma poção sonorifera depois do que aconteceu no Salão Nobre. Ela não aceitou de primeira mas depois não teve outra opção, apesar de vários dias depois. Queria marcar uma posição mas Dumbledore levou a melhor.
- Ouch, Dumbledore ao poder! - Astoria balançou a cabeça - Ela estava num estado lastimável, lá isso é verdade. Pena estar a perder todo este entusiasmo...
- Harry Potter.
O queixo de Meredith caiu ao chão. Não era possível. O Cálice de Fogo tinha acabado de selecionar o Menino Que Sobreviveu, um rapaz menor de idade e o segundo concorrente de Hogwarts.
Harry permaneceu estático no seu lugar. O silêncio reinava. Meredith olhou em volta, chocada.
Seria aquele o motivo dos maus pressentimentos de Laurel relacionados com o Torneio?
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- O que fazes aqui, Draco? - questionou Severus Snape, intrigado.
O Malfoy não respondeu. Como sempre, era surpreendente a forma como Laurel acabava tantas vezes na enfermaria. Desta vez, a ruiva não tinha sofrido qualquer incidente nem desmaiara. Aquilo era propositado e fora a própria Laurel que rapidamente percebera ser o melhor, apesar da ideia ter sido de Dumbledore.
- Ela vai ficar bem? - perguntou o rapaz, virando-se na direção do professor responsável pela Casa das Cobras.
- Sim. Segundo sei, a Miss Ravenclaw não dorme como deve ser há meses e é possível que esteja instável devido a isso. Juntando a experiência traumática que viveu graças a Amanda Lovelace e encontrar o idiota do tio dela... - Snape fez uma pausa, observando a jovem adormecida - Ela vai ficar bem.
Mas não ia e Snape sabia disso; era dos poucos que sabia. Apesar de achar a rapariga petulante e com alguns traços de Sirius Black, não podia deixar de ver Cora Ravenclaw quando era nova nem recordar Regulus Black, de quem fora amigo tanto tempo. Laurel herdara a beleza e a perspicácia da mãe; do pai a necessidade de tentar passar despercebida e a sua coragem bem enterrada no fundo do seu ser. Infelizmente, herdara a audácia de Sirius Black, bem como a mania de responder torto aos professores. Snape suspirou. E pensar no fardo que aquela miúda tinha sobre os ombros...
- O meu pai quer que eu me aproxime dela. - disse Draco, quebrando o silêncio que se instalara - Não sei porquê mas... Fez todo o tipo de perguntas sobre ela desde que a viu pela primeira vez e só houve um momento em que a perdeu de vista durante a Copa. Esteve a vigiá-la o resto do tempo todo.
- Porque é que me estás a dizer isso? - perguntou Severus, erguendo as sobrancelhas.
Draco não respondeu e Snape não insistiu. Sabia que o rapaz não era corajoso e temia o pai acima de tudo pelo respeito que era instituindo na sua mente desde que nascera. Era um Malfoy e nunca poderia ir contra a sua família, fosse porque razão fosse. O facto de estar a contar a alguém sobre o interesse de Lucious em Laurel já seria o suficiente para ser considerado traição na mente fechada e antiquada dos Malfoy.
- Disse a mim mesmo que ficaria bem longe dela. - conseguiu dizer o mais novo, olhando para o professor em dúvida - Não é o que o meu pai quer mas... O que quer ele com uma miúda? É porque ela é uma Ravenclaw? Isso nunca lhe interessou antes de Laurel aparecer. O que ele quer?
"O que todos os Devoradores da Morte vão querer: redenção" pensou Snape, levando a mão ao seu braço esquerdo, sem consciência do seu ato, exatamente no local onde a Marca Negra repousava.
- Volta para as aulas, Draco. A poção que lhe dei vai deixá-la a repousar durante umas boas horas, o suficiente para o corpo recuperar. Eu informo quando ela acordar.
- Não. - retorquiu Draco, abanando a cabeça - Não quero saber.
E saiu, deixando Snape a encarar a rapariga adormecida por breves instantes, antes dele próprio abandonar a enfermaria deixando-a descansar.
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- Oi pai. - cumprimentou Ashley, sentando-se na cama - Como estás?
Amos Diggory sentou-se na cadeira ao lado da cama da filha, onde Cedric se sentava todas as vezes que a visitava. Era a primeira vez em semanas que o pai a vinha ver, sempre atarefado demais no trabalho e com a perspetiva de que cartas entregues pela coruja da família Diggory quase todos os dias eram o suficiente para esconder a ausência constante.
- O importante é como tu estás, querida. Dr. Carl diz que estás a recuperar a olhos vistos.
- Sim, sinto-me cada vez melhor. Estarei totalmente recuperada a tempo de ir ver a primeira tarefa do Torneio. Vou lá estar a apoiar o Cedric, dê lá por onde der!
Ley estava entusiasmada. O Torneio era algo lendário e o seu irmão mais velho ia participar! Em pensamentos, não pode deixar de sorrir e sentir-se bem consigo mesma. A sua personalidade alegre e bem disposta estava praticamente de volta, não fossem os pesadelos para estragarem um pouco o seu dia-a-dia.
Quando a sua mente se tornara menos enublada, os pesadelos tornaram-se mais nítidos. Em vez de apenas sentir a dor excruciante da Maldição Cruciatus sobre o seu corpo, passara a ser capaz de vislumbrar o rosto de Amanda Lovelace momentos antes de a lançar. Todas as noites.
Depois, as dores de cabeça. Por algum motivo, sabia que aquelas dores não eram bem suas, não eram internas e sim externas. Laurel. A sua melhor amiga não estava bem e isso fora perceptível quando a vira visitar dias antes, cheia de olheiras e mal encarada. Laurel precisava de Ashley, mais do que nunca.
- Não acho que isso seja possível... - começou Amos, sendo cortado de imediato pela sua filha mais nova.
- Eu vou lá estar a apoiar o Cedric, pai. Ele esteve aqui todos os dias durante as férias a apoiar-me, falou comigo mesmo quando eu não o ouvia e nunca desistiu de mim. O máximo que posso fazer para retribuir é ir assistir ao Torneio, mesmo que não volte a estudar em Hogwarts e que tenha de ficar no hospital mais meses. Mas pai, por favor, leva-me contigo a ver o Cedric. Ele vai ser espetacular, não posso perder isso!
O pai assentiu, beijando o topo da cabeça da filha, afagando-lhe os caracóis com suavidade. Ley sorriu, embora o sorriso não lhe alcançasse os olhos cor de âmbar, que permaneciam vazios como estiveram tantos dias, vazio esse que tentava evitar que regressasse à sua mente de novo.
Amanda Lovelace estava morta e fora a própria Meredith que lhe dissera isso, quando a visitara pela primeira vez. Era evidente a vergonha que a Lovelace sentia e a culpa estava escrita em todas as linhas do seu rosto.
- Nunca te culparia pelos atos de outra pessoa. - afirmara Ashley depois de ouvir um pedido de desculpas sair dos lábios cheios e pintados de gloss de Meredith Lovelace - És minha amiga acima de tudo, Mer. E não tens rigorosamente nada a ver com a tua mãe.
Sentada na cama de hospital, Ley não conseguiu não suspirar de saudades ao pensar em Hogwarts e nas suas amigas. O que ela não dava para voltar para a escola e parar de comer o pudim rançoso do St. Mungus.
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Laurel dormia um sono sem sonhos pela primeira vez em meses. Durou poucas horas mas ainda assim, quando acordou, sentia-se melhor e com a mente mais lúcida. Olhou para o medalhão no seu peito, cujo brilho azul lhe mostrava que estava melhor. Sorriu, ajeitando os cabelos e a roupa ao pôr-se de pé. Quando Harry, Ron e Hermione entraram na enfermaria, a ruiva recebeu-os com um abraço e um lindo sorriso no rosto, que os surpreendeu. Apesar das olheiras permanecerem no seu rosto, Laurel voltara a ter os olhos safira brilhantes, o que era bom sinal.
A sua alegria desapareceu de imediato quando Harry abriu a boca, sério.
- Sou um dos concorrentes do Torneio, Lau. Não sei como nem porquê, eu não me inscrevi... - lançou um breve olhar a Ron, que parecia irritado - Não me inscrevi. Eu juro.
Laurel suspirou. Lá se ia o descanso.
Capítulo novinho para celebrar o enorme carinho e o excelente feedback que tenho recebido! ❤ Espero que gostem e partilhem o que acharam!
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