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Capítulo Cinco - Continuo sendo sua amiga

Desço do carro. Já passou das sete horas e Dacre me convenceu de que ele está apto a dirigir à noite toda. Então paramos em um restaurante ao lado de um posto de gasolina para comer algo antes de irmos.

- Ei, você está bem? – Dacre passa seu braço ao redor da minha cintura e me puxa para perto.

- Eu só estou cansada. – Sorrio. – Eu sempre usei parte das férias para dormir o que deixo de dormir o ano inteiro.

- Não se preocupe. Você só perdeu o trânsito interminável – ele beija meu rosto e abre a porta. – Pronta para provar algo novo?

- Não, eu vou ficar só na salada mesmo – puxo-o para dentro do estabelecimento.

Encontramos uma mesa perto das janelas e nos acomodamos nela. Dacre pede para si um hambúrguer e eu fico com uma salada e suco. Ele ri e aperta a minha mão.

- Quando eu tirar o carro da rodovia, talvez eu te deixe dirigir.

- Mas não seria mais seguro me deixar dirigir na rodovia?

- Não, se você tomar uma multa, eu posso perder a minha carteira.

- É o que? – rio. – O pior motorista aqui é você!

- Ei, você não tem provas!

- Ah, eu não tenho provas? Tudo bem então.

A garçonete deixa nossos pedidos e só se vai depois de conseguir uma foto com Dacre. É sério isso? Reviro os olhos e tento focar na minha salada, deixando as risadas e cochichos longe da minha cabeça.

- Laura, você está bem?

- Sim. – Tento não encará-lo.

- Se você quiser conversar, saiba que eu estou aqui.

- Ok.

Um silêncio constrangedor se instala entre nós. E para minha salvação, Sam resolve me ligar para saber como está sendo nosso primeiro dia. Aponto que vou lá fora rapidinho e atendo-a.

- Se você está pensando em sumir do mapa, querida Laura, você não vai conseguir.

- Oi para você também, criatura.

- Como vai? Eu só vejo fotos de vocês indo nas festas, mas agora tudo acalmou.

- Estamos em um restaurante. Eu ainda não consegui me recuperar do jet lag enorme.

- Aham, sei, dona Laura. O clima entre vocês dois está estranho?

- Não. Por que você está perguntando isso?

- Você não parecia natural nas fotos, só em uma que ele postou de você dormindo. Ei, se precisar de mim, só ligar ou mandar mensagem, você sabe que eu pegaria o primeiro avião só para não te deixar sozinha.

- Vai ficar tudo bem, Sam. Eu só estou cansada, sabe como é.

- Bom, não se preocupe com nada. Você tem Dacre pra si por três semanas. Aproveite, porque eu daria tudo para ter esse tempo com ele!

- Calada, Samantha! – rio, acompanhando a minha amiga do outro lado do mundo.

- Até logo, minha brasileira canadense favorita! Eu quero chocolates australianos, não se esqueça.

- Não esquecerei.

Desligo o celular e respiro fundo. Sério mesmo que isso tudo está acontecendo? Olho para trás e vejo Dacre encarando o lugar vazio à sua frente, onde eu deveria estar. Ele parece tão focado e apaixonado. Eu me pergunto, todos os dias desde que o conheci, se passo a mesma impressão.

Inspiro outra vez. Em que noite de insônia eu imaginei que isso iria acontecer? Acho que nunca.

- Ei, eu paguei a conta – Dacre diz ao fundo.

- Já vamos voltar para a estrada?

- É só o que temos pelos próximos duzentos quilômetros, baby – ele se aproxima e beija meu rosto.

- Eu dirijo. Você parece cansado – tiro seus óculos escuros e beijo seu rosto.

- Bom, eu vou ligar o GPS, mas você tem que prometer que vai me acordar assim que chegarmos ao destino da nossa primeira parada.

- Eu prometo.

Assumo o volante enquanto Dacre se ajeita nos bancos traseiros. Ele coloca um travesseiro logo abaixo da janela, deita sua cabeça e se cobre com um cobertor. Mas ele não fecha os olhos até conferir se eu liguei o GPS, se está indicando o lugar correto e se eu consigo tirar o carro do estacionamento do restaurante.

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