12_ O professor faltou!
Me peguei pensando no sorriso de Daniel e balancei a cabeça em repreensão.
ㅡ Foco no espanhol, Elizah. ㅡ Voltei a me concentrar na matéria por mais alguns minutos, mas logo minha cabeça começou a cansar daquilo. ㅡ Arg... ㅡ Resmunguei jogando a cabeça para trás.
A quietude tomou conta da minha cabeça dolorida e eu respirei fundo. Eu gostava de estudar, mas o calor sempre me desanimava para quase tudo.
O silêncio era bom, mas meu celular começou a tocar me fazendo levar um susto. O que resultou em um tombo para trás junto com a cadeira.
Eu caí com tudo para trás fazendo um enorme barulho. Me coloquei de joelhos e olhei por cima da mesa de um lado para o outro com medo de que alguém tivesse visto aquela cena esplêndida.
Para minha sorte não havia ninguém, então soltei uma gargalhada e peguei o meu celular para ver quem me ligava. Eu esperava que fosse meus pais ou Mariana, mas era um número desconhecido.
Elizah- Alô?
Número desconhecido- Bom dia! Posso falar com a senhorita Elizah?
Elizah- Bom dia, sou eu. Quem fala?
Número desconhecido- Aqui é do Esporte Clube Bom de bola. Estamos ligando para informar que a senhorita está apta para trabalhar conosco. Começarás hoje às 18h30, horário na qual saí do colégio, correto?
Elizah- Sim, isso! ㅡ Não consegui esconder minha empolgação. Eu havia conseguido o emprego! E pela primeira vez não foi tão difícil. Geralmente eu levo uns vintes nãos até finalmente ouvir um sim.
Número desconhecido- Ok, então esteja aqui na hora para cobrir o seu turno.
Elizah- Está bem, obrigada!
O homem que exalava entusiasmo ( ironia falando) desligou a chamada sem dizer mais nada.
Coloquei o celular de volta na mesa e não pude esconder minha alegria quando dei uma leve comemorada que contou com uma dancinha.
Fechei o livro sem nem pensar duas vezes e carreguei tudo que eu tinha ali para dentro de casa. Coloquei as coisas no sofá e dei mais uma comemorada.
ㅡ Ai, mas agora vou ter que ir direto da escola para lá. Eu saio 18h20 e preciso estar lá 18h30. ㅡ Coloquei a mão no queixo. ㅡ Será que preciso levar roupa? O cara fez 300 perguntas, mas não disse nada sobre meu uniforme. Será que eu levo uma calça? Tenho que ligar para minha mãe para avisar. ㅡ Peguei o celular novamente e me sentei no sofá. ㅡ Espero não estar atrapalhando ela.
Mãe- Oi Elizah, aconteceu alguma coisa?
Elizah- Eu consegui o emprego, mãe! Lá no esporte clube.
Mãe- Mesmo, filha? Que bom! O emprego não é muito pesado?
Elizah- Não, eu só fico no balcão da lanchonete.
Mãe- Ah filha, fico muito feliz. Já comeram os lanches que deixei?
Elizah- Ah... ㅡ Parei de sorrir. ㅡ Não.
Mãe- Então comam, não quero que estraguem. Também não esqueça de almoçar antes de sair da escola.
Elizah- Pode deixar, mãe.
Mãe- Ok, vou voltar ao trabalho. Até mais tarde.
Elizah- Até.
Desliguei a chamada e encarei minha sala vazia. Seria realmente bom ter amigas para estarem comigo agora. Mas...
Dei de ombros e fui na direção da cozinha. Abri a geladeira e me deparei com dois potes de plástico fechados. Um deles continha morangos cobertos com chocolate e o outro uma espécie de biscoitos com nutella. Eram muitos.
Segundo um bilhete dela, também haviam batatinhas no armário e que o que estava na geladeira precisava ser comido hoje para não estragar.
Suspirei segurando o pote de morangos e fui para a sala. Era meio egoísta comer tudo aquilo sozinha, mas o que eu poderia fazer? Dar para minha amiga invisível? Eu liguei a televisão mas acabei não comendo nem metade de tudo aquilo.
O resto da minha manhã se consistiu em eu lendo aquele livro, almoçando e me arrumando para o colégio. Durante a maior parte do tempo alguma música soava pela minha casa para me deixar mais animada.
Quando deu a hora de eu sair de casa, eu acabei indo até a cozinha e pegando aqueles dois potes. Guardei-os na minha mochila e os levei. Por que? Sei lá. Eu poderia lancha-los no intervalo e também levá-los para o trabalho. Lá eu tinha ao menos " colegas ".
[...]
ㅡ Então a partir de 1500 aqui no Brasil nós teremos o Quinhentismo, barroco, arcadismo, Romantismo e entre outros que vamos revisar na semana que vem. ㅡ A professora de literatura falou parada na frente do quadro. ㅡ O romatismo era divido em três gerações, sendo a sua primeira chamada de?
ㅡ Indianista. ㅡ Respondi no automático pensando que toda a sala falaria o mesmo, mas só minha voz soou e isso fez com que todos me encarassem.
ㅡ Indianista... ㅡ A professora aguardou que mais alguém dissesse os outros nomes dados à geração, nomes que eu sabia mas fiquei quieta depois de receber os olhares de todos.
ㅡ Nacionalista. ㅡ Daniel respondeu atraindo a atenção do pessoal também, inclusive a minha. Senti-me envergonhada quando ele sorriu disfarçadamente para mim.
ㅡ E religiosa. ㅡ A professora completou o terceiro nome e virou-se para o quadro para anotar os nomes ali. O sinal do intervalo tocou fazendo todos se levantaram das cadeiras. ㅡ Ok, pessoal, nos vemos na semana que vem.
Alguns alunos já foram saindo da sala e eu abri a mochila para pegar o que eu iria comer.
ㅡ Aí aí! ㅡ O garoto que senta perto da porta apareceu na mesma de repente. ㅡ Professor de matemática faltou! Vamos sair depois do intervalo!
Todos comemoraram de imediato e começaram a guardar seu material. Quem já havia guardado apenas pagou a mochila e já saiu.
Ri da reação eufórica do pessoal e guardei tudo na mochila novamente. Coloquei-a em minhas costas e me dirigi até a porta.
ㅡ Que felicidade porque não vão precisar estudar. ㅡ A professora que saía junto com a gente comentou.
ㅡ Impressão sua, professora. No fundo estamos chorando porque não vamos poder descobrir o valor de X hoje. ㅡ Daniel respondeu fazendo todos rirem.
Nós descemos as escadas e assim que chegamos na parte de baixo que era de frente para o portão, a professora foi na frente para falar com Zezinho que nos encarava.
ㅡ Zezinho! ㅡ Ela chamou por ele.
ㅡ Sim, senhora. ㅡ Zezinho ajeitou a postura.
ㅡ A 3001 está liberada, mas só depois do intervalo! ㅡ Ela falou encarando o homem.
ㅡ Sim, senhora. ㅡ Ele assentiu.
ㅡ Entendeu bem? Não libera eles agora, Zezinho. Só depois do intervalo! ㅡ Ela repetiu e Zezinho assentiu de novo. ㅡ Só depois!
ㅡ Eu entendi. ㅡ Ele respondeu e a professora analisou o rosto dele antes de virar as costas e sair dali. Zezinho olhou enquanto a mulher se afastava e assim que ela virou o corredor, ele abriu o portão. ㅡAté amanhã, pessoal. ㅡ Ele sorriu para nós e todos riram saindo do colégio.
O melhor de tudo era que ele parecia tão ingênuo fazendo aquilo.
Eu pensei em ir, mas estava com fome e não tinha muita pressa de ir para casa ficar sozinha. Então decidi ir para o pátio sentar embaixo da árvore e comer enquanto lia um pouco. Eu nem gosto de ler, mas precisava terminar aquela história.
Virei as costas e me separei da minha turma indo em direção ao pátio do outro lado da escola.
O pátio era cheio como sempre, mas não havia ninguém embaixo da árvore. O que me fez sorrir.
Sentei-me na sombra que a árvore formava no chão e coloquei o pote de morangos sobre a mochila ao meu lado. Peguei o livro e comecei a ler enquanto ouvia músicas no fone.
Poucos segundos se passaram até eu sentir alguém me dar um susto tocando meus ombros.
ㅡ Bu! ㅡ Daniel sorriu para mim e eu arregalei meus olhos com o susto. ㅡ Comecei a notar que você se assusta com certa facilidade. ㅡ Ele falou rindo quando tirei os fones do ouvido.
ㅡ Também comecei a notar que você gosta de me pregar sustos. ㅡ Respondi observando enquanto ele se sentava ao meu lado e tirava uma daquelas revistinhas de sua mochila e um lápis.
ㅡ Por que não foi com o pessoal? ㅡ Ele perguntou se encostando na árvore ao meu lado e abrindo a revistinha.
ㅡ Eu estava com fome. ㅡ Respondi e só aí lembrei dos morangos. ㅡ Ah... ㅡ Peguei o pote que estava do meu outro lado e ofereci à ele. ㅡ Quer? Minha mãe exagerou um pouco na quantidade.
ㅡ Opa! ㅡ Ele sorriu e pegou um. ㅡ Valeu, eu trouxe um negócio para você também. ㅡ Ele começou a mexer na mochila.
ㅡ O que? ㅡ Perguntei meio desacreditada de que ele havia trazido algo para mim.
ㅡ Aqui. ㅡ Ele me estendeu um pote pequeno com tampa amarela. ㅡ Achei que esse pote também combinava com você. ㅡ Ele sorriu e votou a olhar para sua revista.
Abri o pote e encontrei vários gominhos de tangerina já separados ali dentro.
ㅡ Daniel... ㅡ Ri. ㅡ Você não precisava se preocupar ou se dar ao trabalho.
ㅡ Fiquei com medo de você passar mal de novo. ㅡ Ele respondeu sem tirar os olhos da revista, o que o impediu de me ver totalmente corada.
●●●
Continua...
Estava entediada hoje e escrevi mais um.
Obs: Zezinho existe de verdade e era o porteiro do meu colégio antes de eu me formar em 2019. Ele realmente liberava a gente antes da hora e era o maior caozeiro.
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