Capítulo 2
Anna Silva
— Nossa Anna, como está linda! — Paula, minha sogra me abraça, ela estava deslumbrante em seu vestido vermelho. Esqueci dos hematomas pelo corpo e escapou um gemido de meus lábios.
— Anna, está tudo bem? — Balancei a cabeça esboçando meu melhor sorriso. Mas por dentro eu estava podre...
— Então, tudo bem. — Ela sorri de volta e seus olhos estavam duvidosos pela minha resposta.
Sou a esposa perfeita. Fui criada assim, minha vida inteira, aprendendo a servir para "alguma coisa", como minha mãe costumava dizer. Sirvo sim, para ser um estorvo. Para ser odiada, para ser esquecida; talvez seja bom ser esquecida. O esquecimento serve para recomeçar.
— Vem querida, quero que conheça uma grande amiga minha. — Ela segura em minha mão e agradeço por isso. Mas Estevan segura meu antebraço com força, os cortes arderam latejante a baixo do tecido caro do vestido azul marinho que usava, tal evento requer de sofisticação.
Um dia você vai notar em volta, que nunca pertenceu a lugar algum, que foi programada para viver e que há melhores pessoas do que você, com vidas melhores do que a sua. E um dia... A vida não faz mais sentido.
— Seja boazinha e talvez hoje você merece um presente. — O aniversário era de casamento dos meus sogros, e o meu. Era o meu dia, o dia em que fugia bem cedo de casa, subia a colina só para apreciar o sol nascer belo, livre, forte e único.
Balancei a cabeça concordando e mostro a ele meu sorriso, mesmo que por dentro sinto tanto medo que seria capaz de desmaiar ali. Seu olhar era frio como sempre.
— Boa garota. — Estevam toma meus lábios de forma bruta e todos do salão exagerando aplaudem, pelo cenário fingido. Sem notarem que na calmaria havia uma terrível ameaça.
O casal perfeito.
Me soltei de seus braços e segui dona Paula até as escadarias. Voltando meus olhos para o aglomerado de pessoas lá embaixo, flagrei a visão que um dia achei incrível e perfeita. Estevan ria descontraído com os amigos, o sorriso pelo qual fui apaixonada por anos!
— Aqui querida, essa é Lidyan. Lidyan, essa é minha nora Anna. — Os olhos da mulher loira brilharam e ela me cumprimenta entusiasmada.
— Muito prazer Anna! — Retribui seu abraço, tentando segurar o choro. Nos separamos e ela sorri.
— Teve sorte, nosso menino Estevam é um bom garoto! — Quando não está em casa. Completo em minha mente, sorri irônica.
— Vejo que está apaixonada por ele, menina! A quanto tempo se casaram? Um ano?
— Faremos três anos. — Respondo indiferente. Eu apenas queria chorar, queria a minha cama de hóspedes. Queria esmurrar aquele idiota de sorriso perfeito e dizer que o amo, que eu preciso dele, preciso que me ame, que mude seus atos por mim.
— Nossa, e não querem ter filhos? — Lidyan comenta e vê um brilho nos olhos de minha sogra, que vive num conto de fadas. Por um segundo inveja pulou em minhas veias e queria me punir por isso.
Paula é a melhor pessoa que conheci nesses últimos anos.
— Eu não sei se seria uma boa ideia. — Respondo no automático, talvez imaginando se as coisas poderiam melhorar com a chegada de um bebê à família.
— É claro que é! Querida, todos nós somos capazes de tudo! Um filho só vai aproximar mais vocês dois. — Paula diz segurando minha mão sobre as suas.
Talvez seja a minha chance!
Eu poderia parar de tomar os remédios. Comprá-los para apenas fingir que os tomo.
Depois eu poderia dar a notícia! E assim eu fiz. Após a festa ter terminado, cheguei em casa e corri para o banheiro, peguei a cartela e o joguei sobre o vaso dando a descarga em seguida.
Estevan entra pela porta e me agarra com força, seu hálito era puro álcool. Ele me beijava e tentava arrancar minhas roupas.
Esta seria a minha única chance.
Deixei que ele me tocasse, me fizesse sua. Foi de forma bruta e sem algum sentimento, mas minha última esperança estaria na pequena sementinha sobre meu ventre.
Quando ela fosse existente entre nós, tudo poderia mudar. Crente nisso, deitei após um bom banho sobre a minha cama pensando nas possibilidades... Nos pequenos sonhos de se criar um bebê junto do meu marido.
— Paula te disse alguma coisa? — Estevam balbucia quase dormindo ao meu lado.
— Apenas em um novo herdeiro. — Ele se mexe incomodado me deixando apreensiva.
— Isso nunca vai acontecer, Anna. — Volta a se virar para o canto me deixando sozinho novamente sendo desprezada.
As lágrimas consumiram meu rosto. Eu queria e mesmo que fosse impossível queria sentir que tinha uma vida, algo que preenchesse esse vazio dentro de mim.
— Porque você é uma inútil, mas Danah... Ela sim seria mãe de meus filhos. — Ele me odeia. Ele brinca comigo... E ele não entende, ou eu quem não quer enxergar.
Uma última lágrima pra você Estevam.
***
Rsrsrsrs com uma musiquinha boa sai algo extraordinário!
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