Alex
O homem alto rosnava feito um cachorro. Ao estacionar o carro na mansão de Pipo e perceber que a garagem encontrava-se espaçosa, as maçãs protuberantes de Alex avermelharam se.
"Por que diabos o carro dele não está aqui?"-- Como havia acordado a empregada Tina para abrir o portão, Alex a encheu de perguntas.
--Você não têm ideia de onde ele foi?- Perguntou inquieto na sala de estar.
-- Nao senhor Alex!-- Você tentou ligar pra ele?-- Tina ainda parecia estar acordando. Bocejava mais do que falava o que deixava Alex mais irritado ainda.
-- Você acha que se eu conseguisse falar com ele, estaria aqui perguntando para uma incompetente feito você?-- Retrucou Alex gritando em um tom arrogante.
-- Não precisa falar assim comigo seu Alex!-- Murmurou Tina atrás do sofá. Usava um pijama amarelo caramelo que cobria todo o seu corpo, e uma touca fina para prender os cabelos.
-- E como deve ser falado com uma competente igual a você?-- Sem ser convidado, o homem rabugento se sentou ao sofá.--Esta parada ai?-- Pelo menos me sirva um café!
---Claro senhor Alex-- Tina de costas revirou os olhos e jogando o peso do seu corpo aos passos foi direcionando-se à cozinha.
"Sera que aconteceu alguma coisa?''
Essa e mais uma série de perguntas que abrigavam em sua cabeça por tanto que pensava.
" Óbvio que ele me ligaria se algo acontecesse. Nunca fez nada sem meu consentimento" pensou enquanto deslizava o dedo pelo celular.
Alex ligou vinte e oito vezes para Pipo o sucessivamente.
Tina vestindo aquele lençol sobre o corpo, ressurgiu à sala, dessa vez carregando uma bandeja dourada.
Despejou o café na pequena mesa de centro e como um robô, posicionou-se ereta ao lado do homem enfurecido.
Antes de levar a xícara aos lábios o homem robusto de pernas cruzadas a olhou de canto e perguntou.
-- Vai ficar aí parada como um poste?
A empregada respirou fundo e para não ser grosseira, desconversou.
-- Você vai dormir aqui?-- Vendo que a pergunta o deixou mais irritado, ela se afastou um pouco.
-- SENHOR ALEX PARA VOCÊ, empregadinha de merda- Seus gritos roucos e arranhados só ressalvou a raiva inegável que ela havia criado por ele.
Tina não baixava o nível em consideração ao patrão que dizia a ela que Alex era assim mesmo-- Estressado.
Ao observa-lo ali, sentado com a perna direita apoiada ao joelho esquerdo e mexendo no celular sem piscar, Tina se perguntava o que um jovem rapaz viu de tão especial em um homem arrogante e sem coração.
Um frio percorreu à sua espinha ao pensar no dia em que conheceu o Alex-- Pipo tinha revelado à Tina que estava conhecendo alguém muito especial. Mais do que isso. Esse alguém o ajudaria a administrar a sua empresa.
Tina reconhece que a ingenuidade ainda abriga a personalidade rica e intelectual do seu patrão. Por conviver com o garoto ela percebe na profundeza do seu olhar que ele na verdade não está feliz.
-- Eu vou me deitar!-- A voz ríspida de Alex a despertou da longa viagem ao passado.
--- Boa noite senhor Alex!--- Sem responder, o homem de terno molhado da chuva subiu o lance de escadaria, à medida que intercalava os degraus, fuçava a tela do celular com a mão esquerda sem olhar para frente.
--- Homem nojento!-- Tina arfando de raiva verificou se ele já havia subidos as escadas.
Ao ouvir o som distante da porta batendo lá do andar de cima a empregada pegou o telefone móvel e fez uma ligação.
--- Danilo, sou eu a Tina!--- Ela cochichava e falava devagar.-- Escute, o Pipo sumiu. Ele saiu a noite sem nem me avisar, e o carrancudo do seu Alex está aqui. Você vem pra cá agora. Eu não quero dormir sozinha com ele nessa casa. Vem logo!--- Ao desligar, ela espiou através da escadaria. Silêncio total.
Danilo era o jardineiro que Pipo contratou há uns meses atrás. Ele dormia em um quarto ao final da mansão. Tina estava mais aliviada, afinal, se acontecesse algo ela não estraria sozinha.
Distante da mansão
A chuva parou. E agora os mesmos rostos que se beijavam perdidamente desejando o outro, pareciam se perder em silêncios que diziam mais do que eles.
Klaus abrigou o rapaz de terninho em sua humilde casa. O local era tão pequeno que Pipo retirou o paletó e jogou num canto qualquer. Não havia uma porta de entrada, mas sim uma garagem.
O jovem milionário sorriu sem saber o que dizer. Klaus conseguiu baixar a porta metálica da garagem depois de três tentativas sofridas. Secou a própria testa suada e foi juntando algumas peças de roupas sujas todas jogados ao seu redor. Pipo já sentado em um sofá rasgado disfarçado numa manta de crochê vermelha ofereceu ajuda, porém Klaus recusou se sentindo ainda mais constrangido.
--- Gostei do teu canto!-- Klaus não disse nada. Mas vindo de Pipo, ele admirava o quanto o ex-namorado era bom em quebrar o gelo.
---- Serio! Achei criativo!--Murmurou enquanto observava posteres, luminárias, uma estante abarrotada de pedaços de sucata que separava a inexistente sala da cozinha. A decoração de poucos orçamentos ressalvara um misto de sentimentos reversos e uma revolta que Klaus adotara dentro de sí mesmo.
--- Tu quer beber algo?-- Klaus perguntou sem vontade, e sem desvencilhar o olhar da bagunça que o deixara sem graça.
--- Eu aceito uma água!--- Pipo não hesitou em se sentir a vontade. E Klaus fora observado preciosamente por ele enquanto fazia mais barulho do que servia o copo de água.
Foi alvo de uma leve risada na hora em que quase deixou a porta da geladeira cair.
--Qual e a graça?-- Perguntou tentando manter-se firme no tom de voz e vendo que Pipo se aproximava ele permaneceu de costas e sorriu com leveza.
--- Eu já morei num lugar bem mais apertado do que esse.-- Pipo pegou em sua mão calejada no momento em que discursava.-- Não precisa se envergonhar!
-- Quem disse que eu estou com vergonha?-- Seu jeito arrogante deixou o jovem milionário na defensiva. Não sabia se seria apropriado beijá-lo novamente. Uma resma de silêncio findou por olhares curiosos em observar ambos. Pipo tomou um pequeno gole de água e despejou o restante pela pia, Klaus sentou-se ao sofá com as pernas afastadas atraindo o olhar esfomeado do rapaz.
-- A quanto tempo você mora aqui?-- Perguntou recostando-se na estante que separa as duas peças da garagem.
--- Desde que.....-- Pipo avinhando a resposta por detrás da pausa que Klaus fez se arrependeu de ter perguntado.--- Não precisa fala não. Interpôs Pipo soltando o ar dos pulmões.
--- Chega de perguntas. Senta aqui do meu lado!-- Klaus sabia exatamente como deixar Pipo arrepiado. De início ele hesitou, e não restou apenas alguns segundos já estava ao lado do homem que o despertava algo novo, mas inesquecível de sentir.
-- Aqui estamos nós.--- A voz trêmula do menino rico admirava com detalhes a mudança no corpo de Klaus. Uma mistura de tatuagens junto com pulseiras cobriam o punho esquerdo, o corpo magro mas ainda desenhado por traços; os músculos de reconhecido esforço de tanto trabalho braçal. O rosto magro ainda exaltado pelos olhos verde água era talvez, a única esperança em saber que o antigo Klaus vivia sobre aquele corpo de presidiário esperançoso.
--- Sinto falta dos cabelos lisos. Você está...mudado.--- Para Pipo transportar essas coisas do próprio pensamento era mais difícil do que olhar nos olhos fundos de Klaus.
--- As pessoas mudam.----Murmurou atrevendo-se a tocar nas coxas grossas traçadas na calça social de Pipo.
--- Tu também mudou e muito!--Eu sinto falta dos cabelos cacheados,da tua inocência. Eu vejo que tudo isso não existe mais em você.-- A mão de Klaus subiu acariciando aquele rosto que por fim sorriu e ficou mais relaxado.
-- Eu tive que deixar o meu lado ambicioso falar mais alto, e tive que agir com razão e não com coração. Klaus sentiu uma melancolia mergulhada nas palavras de Pipo.
-- Tu escolheu essa vida, é mérito seu. Tu lutou pra chegar onde está, é por isso que eu sempre admirei essa tua garra. -- A voz de príncipe negro ecoava pela voz de Klaus, era música aos ouvidos do rapaz que em sua frente sentia uma enorme vontade de beijá-lo. Nem que fosse ali no sofá.
--- Você sabe que isso não é verdade Klaus..... Pipo inquieto levantou-se. Pelo fato de se acostumar a discursar em reuniões ele gesticulava com as mãos remetendo-se a uma palestra chata sobre novas marcas do ramo tecnológico. O rebelde sentado ao sofá cruzou os braços, entretanto a vontade de despir a roupa chique não parava de alarmar em sua cabeça.
--- Eu tinha um sonho e não era esse.... Eu...--Klaus o interrompe
--- Nada disso você vai ousar a dizer é verdade. Você só não sabia que por trás de uma vida luxuosa há uma grande lacuna de responsabilidades, que as vezes te faz querer pensar que fugir ou dormir sem parar seria a solução ideal. --- Pipo engoliu em seco e não disse ao consentir que Klaus continuou..
--- Meu pai era igual tu no começo da carreira. Ele não queria levar a vida que construiu por tanto tempo de trabalho. Pelo menos eu tive a chance de crescer com ele, só não tive a inteligência de seguir os seus passos.---- Pipo engoliu um seco tão profundo que mal parecia caber no estômago de tanta queimação. Aquela desconfortou o deixava mais inquieto.
Klaus espreguiçou-se no sofá. Olhou as horas que já excediam da madrugada e procurava o olhar triste de Pipo num escuro findado apenas por uma mísera luz do abajur que raiava uma luz vermelha da cozinha.
-- Toda essa vida que eu levo hoje era pra ser a sua vida!-- A voz triste de Pipo alertou Klaus a se levantar do sofá. E parados no escuro os olhares se encontraram.
---Não diga besteira Pipo, se eu tivesse uma empresa que podia mandar, e com o pensamento que eu tinha no passado. Tudo ia por água baixo. Eu só ia perder tudo em tão pouco tempo o que o meu pai adquiriu por anos..... Estamos no lugar certo e é assim que tem quer ser.._
--- E o sentimento que agente tem um pelo o outro Klaus, como fica?--- As lágrimas de Pipo no escuro brilharam como se as próprias lágrimas faiscavam seus olhos marejados.
--- Diz você Pedro. Você esperou todo esse tempo para me procurar.-- Nada, nem mesmo aquele escuro ofuscava a mágoa que existia no coração confuso de Klaus.
-- Eu nunca tive coragem pra falar com você.-- Pipo soluçava. Respirou fundo para poder ter controle das palavras.-- Você também nunca mais me procurou.
--- A sua vida rica não tem espaço para um miserável que aqui vive numa garagem.-- Klaus enfiou a mão no bolso direito da calça e entregou Pipo a foto que eles bateram juntos meses depois da tentativa de assalto a mansão de Pipo, quando namoraram cerca de uns oito meses.
O milionário contemplou a foto como uma joia rara.
-- Eu não sabia dessa foto!-- Uma felicidade esperançosa tomou Pipo de um jeito que o fez sorrir, mesmo quando chorava.
--- Eu...posso te ajudar Klaus, posso te indicar um emprego melhor, comprar um apartamento para você.. O rapaz revoltado sacudiu a cabeça.
-- Não quero o seu dinheiro.... Eu não preciso da tua ajuda.. A resposta ofuscou o sorriso do ex amado o qual consentiu tudo com um aceno com a cabeça.
__ Certo.. Eu não concordo, mas eu te entendo... Argumentou o rapaz rico de dinheiro e podre de amor..-- Eu posso ficar com a foto?-- Pediu enquanto enxugava as lágrimas que despencavam do rosto.
--- Ela já é sua.-- Respondeu Klaus.-- E eu quero te pedir uma coisa muito importante.-- O coração do jovem acelerou.
--- O que é?-- Klaus joga as sua mãos na cintura curvada de Pedro e responde.
-- Você!-- Os lábios do garoto se afastam e esbanjam um sorriso da maneira que os olhos ascendem uma luminosidade em seus olhos. As sua boca se entreabriu e fora celada pelo dorso da mão de Klaus..-- Não precisa dizer nada, só me beije garoto!
Um beijo, dois, talvez mais de dez, deram um início a um abraço e em seguida suspiros incontáveis que diziam mais do que palavras.
Klaus exprimiu o desejo por vários beijos intercalados com um aperto que exercia sobre as nádegas curvadas de Pipo, este já excitado jogou Klaus contra o primeiro colchão velho da sala que viu.
A noite terminava com a melhor trilha sonora, um gozo, não só de fluídos, talvez de uma erupção vulcânica de prazeres e sentimentos que davam lugar as mágoas e tristezas.
Depois de transarem, os dois relaxaram as acrobacias em conversas saudáveis e por fim adormeceram abraçados.
Na empresa
Enquanto na noite passada uns se amavam, o outro se odiava e odiava a todos também.
Alex saiu decido do que haveria de ser feito. Chegando à empresa, ele explodiu com todos ao seu redor. Gritou com Sandra, uma funcionária que o deixou extremamente irritado com perguntas paralelas do sumiço de Pipo. Depois de fazê-la chorar e quase pedir demissão, ele se aliviou um pouco e. embora estivesse a um fio de explodir novamente como uma bomba, procurou se conter em sua sala.
-- Irresponsável!-- Quase enforquei aquela secretária metida a besta por sua culpa!-- Andando de um lado para o outro, Alex tinha arfava de uma raiva manifestada a ideias equivocadas que deliberadamente o impuseram a tomar uma drástica atitude.
Conhecia um detetive particular da cidade cujo trabalhou com ele no passado. Seu nome era Cleber Duarte um renomado e experiente detetive. A ligação para o detetive chamou.
-- Cleber, meu querido bom dia.-- Eu sei que faz muito tempo que não nos falamos. Eu estou te ligando, porque preciso urgente dos seu serviço.
-- Eu quero que você siga uma pessoa cautelosamente. Ele é um herdeiro aqui desta companhia onde eu atuo.
Depois de combinarem um almoço para dar continuidade ao plano, Alex desligou o telefone, pegou um retrato de que tinha de Pipo e direto do bolso do paletó prateado tirou uma foto de Klaus que roubou da gaveta do marido.
--- Eu quase tenho certeza onde você pode estar! Mas isso vai acabar. Sorriu maliciosamente.
09:00 da manhã, era a hora em que quase todos os funcionários da empresa haviam tempo, necessariamente uns vinte minutos para conversar sobre coisas não estressantes as quais não envolvessem assunto de empresa. Felizmente para Pipo que chegou cantando o pneu do carro, poucas pessoas o viram. Tomou o elevador mais próximo e chegando em seu andar, correu segurando uma maleta em sua mão direita, destino à sua sala. Seu cabelo liso estava ouriçado, suas vestes amassadas chamavam atenção já que ele sempre fora bem arrumado e nunca em hipótese alguma se atrasara no trabalho.
Antes de entrar em sua sala caminhou em direção a uma sala perto da sua. Afinal de contas seria preferível da uma desculpa ao marido que de acordo com a sua contagem; lhe ligou umas trinta e duas vezes.
Abriu a porta da sala de Alex e o viu seguramente tranquilo digitando algo em seu computador.
-- Bom dia sumido!-- Disse Alex em um perceptível tom artificial.-- Onde você estava?
-- Minha tia Zélia, estava no hospital.--- Pipo apanhou copinho e tomou rapidamente um gole café da máquina no canto esquerdo da porta. -- Passou mal.
--- E por que você não me ligou?aliás eu te liguei várias vezes!-- Alex sentia vontade de gritar com ele, porém conteve-se.
--- A bateria do celular acabou amor eu saí tão depressa que nem avisei a Tina.
-- Eu sei que você não estava com a sua tia Pedro. O jovem deixou o copo cair da mão.
-- Eu não estou entendendo o que você quer dizer com isso Alex!--
--- Eu não sou nenhum idiota!-- Alex gritou-- Você acha que eu não liguei para todas as pessoas que você conhece? Sobretudo a sua tia que está ótima!
-- Fala baixo Alex, ninguém é obrigado a ouvir os seus berros-- Resmungou Pipo em um rude tom de voz.
--- Deixa eu te dizer uma coisa;-- Os olhos de Alex pareciam salta dos rosto enquanto ele apontava o dedo para marido.-- Seja o que for que você fez, sugiro que pare, porque quando dor tarde,poderá ser pior para você!
-- Isso é uma ameaça Alex?-- Perguntou alterado.
-- Interprete como quiser, mas saiba que eu nunca brinco em serviço!-- A voz ríspida de Alex mudou para cochicho malicioso. - Pipo sem ação abriu a porta da sala e sem olhar para trás saiu desvairado.
Continua. Votem e comentem.
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